quarta-feira, 14 de julho de 2010

Na Suécia, organizações, pesquisadores e emissoras debatem criança, mídia e consumo



Entre 14 e 18 de junho, foi realizado em Karlstad, na Suécia, a sexta edição do World Summit on Media for Children and Youth 2010 (Cúpula Mundial sobre Mídia para Crianças e Jovens). A Cúpula teve a participação de 1.500 delegados de 80 países, que discutiram diversos temas, com atenção especial à educação para as mídias.

As coordenadoras do Projeto Criança e Consumo, Isabella Henriques e Lais Fontenelle, acompanharam os debates com a preocupação de trazer para o Brasil experiências de produção de mídia de qualidade. “Um dos pontos fortes da Cúpula foi a discussão de como preparar as crianças para o uso das mídias, principalmente as digitais. Em alguns países da Europa, por exemplo, a internet já possibilita que esse público seja produtor de mídia, com uploads de vídeos no You Tube e elaboração de blogs e microblogs, por exemplo”, diz Lais, que é responsável pela área de Educação do Criança e Consumo.

Ela explica que a televisão tem muita penetração no Brasil e que por isso ainda estamos iniciando algumas reflexões em torno das novas plataformas. “No entanto, no exterior a questão da segurança na internet é um tema de maior relevância e parece preocupar os especialistas”, conta.

As apresentações brasileiras no evento ficaram por conta das Organizações Globo e da pesquisadora Esther Hamburger, professorada USP. Já a Esther Hamburger apresentou o trabalho “Crianças e jovens em filmes e na televisão – e filmes e televisão por crianças e jovens”.

A Cúpula é realizada a cada três anos desde 1995, já passou por cidades como Melbourne, Londres e Rio de Janeiro. O próximo evento será em Bali. Neste ano, o evento formou o Conselho Global de Juventude e Mídia com o intuito de inserir esse público nos debates sobre o tema. Os 20 jovens, com idade entre 13 e 24 anos, elaboraram um documento sobre questões como segurança na internet, representação de crianças e adolescentes meios de comunicação e responsabilidade social da mídia.

Criança e consumo
Já de 21 a 23 de junho foi a vez da realização da quarta edição do evento Child and Teen Consumption 2010 (Consumo, Criança e Adolescente 2010), na cidade de Norrköping.

O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, apresentou o trabalho “O cenário brasileiro e a ilegalidade da publicidade dirigida a crianças” que defende a tese, a partir da interpretação da Constituição Federal, do Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto da Criança e do Adolescente, de que a publicidade dirigida ao público infantil no Brasil já pode ser considerada abusiva e, conseqüentemente, ilegal.

“A publicidade dirigida a crianças não é ética, pois se aproveita da hipossuficiência infantil para induzir o consumo. Crianças são titulares da chamada proteção integral, que lhes assegura todos os direitos fundamentais e mais alguns, especificamente infantis, como o direito à convivência familiar e comunitária, o direito a brincar e a crescer a salvo de toda forma de violência, negligência, opressão, dentre outros. Esta proteção à infância deve ser prioridade absoluta”, explica Isabella Henriques, coordenadora geral do Criança e Consumo.

A próxima edição do evento será em Milão, na Itália. Entre os temas apresentados pelos palestrantes estavam a regulamentação e a autorregulamentação do mercado de publicidade e o consumo midiático.

Um dos principais debates do evento foi a reflexão sobre educação e regulação.

“Muitos pesquisadores defendem uma regulação mais severa do Estado para a questão da comunicação mercadológica dirigida a crianças; outros acreditam que a mudança virá da educação. Nós do Criança e Consumo acreditamos que o esforço deve ser conjunto, em que cada ator social cumpra seu papel da proteção integral dos direitos da criança”, explica Isabella.

Veja a programação dos eventos:
Child and Teen Consumption 2010


World Summit on Media for Children and Youth 2010

Conheça o documento do Conselho Global de Juventude e Mídia

Nenhum comentário:

Postar um comentário