“Fomos contra a ditadura militar e vamos ser contra a ditadura da mídia”. Essa foi uma das frases dita pelos debatedores que sintetiza o clamor dos movimentos sociais contra a concentração dos meios de comunicação. O evento, que fez parte da programação da jornada pela democratização da mídia, foi realizado na Casa dos Jornalistas e lançou a Revista Princípios nº91 e o livro “A mídia nas eleições de 2006” do jornalista e pesquisador, Venício A. de Lima. Os convidados – o secretário nacional de Comunicação do PCdoB, Altamiro Borges, Venício A. de Lima e o diretor do sindicato dos Jornalistas, Arthur Lobato – puderam contar com a platéia lotada. A edição nº91 da Princípios tem como tema central a forma que a comunicação social foi sufocada pelo monopólio midiático.
A intervenção de Venício A. de Lima apontou a interferência da mídia no cenário político. Segundo o autor do livro lançado no evento, dados de uma pesquisa patrocinada pela ONU mostram como os meios de comunicação se transformaram em um autor político determinante. O estudo ouviu a elite política latino-americana, entre ex-presidentes, ministros e pesquisadores da área, sendo 34 deles brasileiros. Um dos problemas centrais apontados por Venício, com base na pesquisa, é a tensão entre o poder institucional e o poder de fato que impede de cumprir as promessas. E ainda segundo os dados do estudo, o poder de fato é exercido pela mídia para 65,2% dos entrevistados. “O político fica dependente da mídia para ter visibilidade, e mais do que isso, depende da visibilidade favorável” argumentou.
Mesmo apontando a onipresença da mídia, a intervenção política, sobretudo nas campanhas eleitorais, Lima argumentou que este poder se esbarra em limites. De acordo com ele, essa demarcação é dada pela organização da sociedade, como aconteceu nas eleições de 2006.
Para Altamiro Borges esse é um importante momento para debater esse tema estratégico para o Brasil, já que a mídia vive um paradoxo mundial. Segundo ele, se por um lado a “mídia nunca teve tanto poder no mundo, ela fica acima da constituição. Mas, por outro lado, ela nunca esteve tão vulnerável” fazendo referencia as derrotas tidas pela imprensa, em particular na América Latina. No Brasil, a mídia foi definida por Borges como um “mar de lama”. “São cinco famílias que dominam a mídia no país, com alto poder de dominação.”
O secretário de comunicação do PCdoB criticou duramente a postura da mídia nos principais acontecimentos da história do Brasil e defendeu uma reforma do ar. “Há o latifúndio da terra, mas hoje pior do que isso é o latifúndio do ar. Existe é a liberdade de monopólio não a liberdade de expressão”.
O diretor do Sindicato dos Jornalistas, Arthur Lobato questionou o processo de concessão pública de veículos de comunicação, na forma de “capitanias hereditárias”, e cobrou fiscalização das emissoras concessionárias. “Nós sabemos que essas empresas de comunicação estão em dívida e com irregularidades trabalhistas. Não depositam Fundo de Garantia, INSS, entre vários outros direitos dos trabalhadores” denunciou. Lobato lembrou casos de grandes redes de TV`s já extintas que deixaram trabalhadores “na fome e na miséria”, como a TV Tupi e TV Manchete. “Hoje a maioria dos trabalhadores da TV Tupi podem ter morrido e, com certeza, não receberam nada dos seus direitos” alertou.
Durante as intervenções ainda foram discutidos temas como a TV digital, rádios comunitárias, publicidade oficial do governo, rede de televisão pública, entre outros.
Artigo publicado no site http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=26507
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