terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Arianna Huffington: o blog revolucionou o jornalismo popular

As novas e velhas mídias podem entrar em choque e se excluir mutuamente. Mas, em seu novo livro — The Huffington Post Complete Guide to Blogging —, a célebre blogueira Arianna Huffington argumenta que os dois mundos estão se aproximando rapidamente para reforçar o que cada um tem de melhor. Jornalistas tradicionais vêm escrevendo blogs, enquanto blogueiros estão ganhando credibilidade e status na mídia tradicional.


Publicado pela editora Simon & Schuster, o guia para blogueiros oferece dicas sobre como começar e como ser notado, além de opiniões da própria Ariana Huffington. Ela é ninguém menos que a criadora de um dos sites mais influentes da internet — o blog Huffington Post, ou HuffPo —, que ganhou destaque ainda maior durante a corrida à Casa Branca deste ano.


O HuffPo fez experimentos com jornalismo cidadão em seu setor "Off the Bus", em que milhares de amadores escreveram relatos da campanha eleitoral. Um dos maiores momentos do HuffPo aconteceu quando um colaborador voluntário gravou o então candidato Barack Obama num evento de levantamento de fundos fechado à imprensa, dizendo que os moradores de cidades pequenas ficam amargos e "se agarram às armas ou à religião".


Na introdução de seu livro, Huffington escreveu: "O blogging vem sendo o maior avanço no jornalismo popular desde Tom Paine". (O panfleto Bom Senso, escrito por Paine em 1776, ajudou dramaticamente a promover a causa da independência americana.) O livro também tem seus momentos mais leves. Uma seção intitulada "Por que Você Escreve um Blog?" traz as respostas "para não parar no hospício" e "como substituto de uma terapia".


Embora Arianna Huffington defenda a boa vontade em relação à velha mídia, ela toma partido em favor dos blogs. "A imensa maioria dos jornalistas da imprensa convencional segue na direção apontada pelos editores", diz ela na introdução do livro. "Já os blogueiros saem armados com uma garantia de acesso muito mais eficaz do que uma credencial de imprensa da Casa Branca: a paixão."


"Existe uma convergência real", disse Huffington, em entrevista à Reuters, antes do lançamento de seu livro. "Basicamente, descobrimos que os materiais melhores e mais exatos sobem para o topo, quer se originem da revista Time ou do 538.com de Nate Silver, que não existia antes da eleição". O site 538.com colheu e analisou dados políticos e relativos às pesquisas de intenção de voto.


"A convergência vai continuar a crescer — como vimos neste período eleitoral — dentro de dois ou quatro anos, estou certa", acrescentou. "Os dois tipos de mídia têm que dividir o poder." O livro de Huffington alardeia a instantaneidade e a transparência dos blogs, quando comparado à mídia tradicional. Menciona alguns dos problemas que os blogs têm com padrões de reportagem e fraqueza de suas fontes.


As menções, no entanto, são apenas por alto — já que o livro se concentra, em vez disso, nos benefícios pessoais e políticos garantidos pela presença de uma multidão de vozes online. Segundo Huffington , as novas mídias não podem substituir as velhas por inteiro, nem dar os mesmos resultados que o jornalismo investigativo de valor comprovado ao longo do tempo.


A escritora e roteirista Nora Ephron, uma de várias colaboradoras do HuffPo, descreve no guia como descobriu a diferença entre escrever num blog e escrever para revistas ou livros. "Uma das razões de se escrever num blog é iniciar a conversa e criar a comunidade que se reúne para falar brevemente sobre coisas que talvez não falaria se você não escrevesse seu blog", escreveu Ephron.


Mas o mais importante, segundo a roteirista, é que "fazer um blog permite que qualquer pessoa tenha voz, mesmo sem ter acesso à Reuters ou à revista Time, e é isso que é realmente significativo." Na opinião de Nora Ephron, “as novas mídias vão continuar a dar voz às pessoas que de outro modo não teriam voz, e isso é algo que não vai desaparecer.”


Da Redação, com informações da Reuters

Publicado no site http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=47831

SEMINÁRIO MINEIRO PRÓ-CONFERÊNCIA - PROGRAMAÇÃO

19h00 – Credenciamento
19h30 – “A Importância da Conferência Nacional”

Hélio Costa – Ministro das Comunicações

Alberto Pinto Coelho – Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais

Marco Aurélio Jarjour – Presidente do Sindicato das Empresas de Rádio e TV

Celso Schröder – Coordenador- Geral Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), representante da Comissão Nacional Pró-Conferência de Comunicação

Rosane Bertotti – Secretária de Comunicação da CUT Nacional

Lidyane Ponciano (Mediadora) – Comissão Mineira Pró-Conferência Nacional de Comunicação e Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais


13/12 (Sábado)
08h00 – Credenciamento
09h00 – “Marco Regulatório e Convergência”


Maria do Carmo Lara – Deputada Federal (Comissão de Ciência e Tecnologia)

Luiza Erundina – Deputada Federal (Comissão de Ciência e Tecnologia)

Luciana Raso Sardinha – Mestre e Doutora em Direito Administrativo pela UFMG e autora de livros sobre Radiodifusão

José Sóter – Coordenador Executivo da Associação Brasileira de Radiodifusão (Abraço) Nacional e do FNDC

Aloisio Lopes (Mediador) – Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)


12h00 – Almoço

14h00 – “Comunicação, Cultura e Subjetividade”

Wemerson de Amorin – Coordenador da Rádio FAE (Faculdade de Educação da UFMG)

Edivaldo Amorin Farias – Presidente da Associação Brasileira dos Canais Comunitários (ABCCOM)

Mozahir Salomão – Secretário de Comunicação da PUC-MG

Ricardo Moretzon (Mediador) – Campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania” e Conselho Regional de Psicologia (CRP)

Entidades que compõem a Comissão Mineira Pró-Conferência Nacional de Comunicação – ABI-MG, Abraço-MG, Agenda 21-MG, Ajosp, AMI, Ética na TV, Casa Brasil, CRP-MG, CUT-MG, Fenaj, Fitert, FNDC-MG, GRES Cidade Jardim, Jornal Brasil de Fato-MG, Kolping, Mandato Dep. Almir Paraca, Mandato Dep. Carlin Moura, PCdoB-MG, PT-MG, Sind. Jornalistas- MG, Sintert-MG.

INSCRIÇÕES SEMINÁRIO PRÓ-CONFERÊNCIA BELO HORIZONTE

Inscrições abertas para o “Seminário Mineiro
Pró-Conferência Nacional de Comunicação”


Composta por 21 entidades, a Comissão Mineira Pró-Conferência Pró-Conferência Nacional de Comunicação irá realizar nos dias 12 e 13 de dezembro, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais o “Seminário Mineiro Pró-Conferência Nacional de Comunicação”.
As inscrições são gratuitas e podem ser feita pelo site http://proconferenciamg.wordpress.com/
ou pelos telefones (31) 3225-4011 e (31) 2138-6767.

O Seminário discutirá o marco regulatório da Comunicação no Brasil e a construção de políticas públicas para a Comunicação. As presenças de entidades, organizações e movimentos consolidarão, junto às autoridades e a outros segmentos da sociedade, a compreensão sobre a urgência da Conferência Nacional de Comunicação.. O Seminário é fundamental para o avanço em direção a esse objetivo.

É a primeira vez que a Conferência Nacional de Comunicação faz parte da agenda política brasileira. É preciso que a sociedade brasileira trabalhe pela realização da PRIMEIRA Conferência. Todos os cidadãos podem participar do Seminário em Minas, independente de ligação com o setor, afinal a Comunicação faz parte da vida de todos e a sociedade precisa estar atenta e agir.

A emergência em se definir políticas públicas de Comunicação para o Brasil só pode encontrar respostas em um amplo debate nacional. Sociedade civil, movimentos sociais, empresários e governo precisam estabelecer juntos as diretrizes dessa política. Este grande pacto nacional em favor de uma comunicação verdadeiramente democrática só é possível por meio de uma Conferência Nacional de Comunicação, convocada pelo Governo Federal, com etapas municipais, regionais e estaduais, nos moldes das outras 49 Conferências já realizadas pelo Governo Federal, desde 2003, mobilizando mais de quatro milhões de pessoas.

As conferências nacionais são conquistas da democracia brasileira, e têm sido eficientes como fórum amplo de reflexão e formulação de propostas. Desde 2003, 48 conferências nacionais foram realizadas em vários campos de atividade, com uma produção significativa de propostas para o poder público, o setor produtivo e a sociedade civil. Agora é hora de se pactuar a realização da I Conferência Nacional de Comunicação.

A Conferência deverá tratar a comunicação como um direito fundamental, refletindo sobre o papel da comunicação democrática na garantia da liberdade de expressão, da inclusão social, da diversidade cultural e religiosa, da participação social, regionalização da produção e da convergência tecnológica.

O Seminário Mineiro e as outras atividades ocorridas “Brasil afora” têm a clara intenção de propor um diálogo entre governo, movimentos sociais, empresários, trabalhadores do setor e sociedade civil, a fim de firmar um pacto coletivo pela realização da Conferência.

Histórico – No decorrer de 2008, o movimento em prol da 1ª Conferência Nacional de Comunicação construiu uma rede atuante em todo o País, tendo sido formadas várias comissões estaduais, entre elas a Mineira. Conferências e seminários estaduais já reuniram cerca de quatro mil de participantes em 14 Estados.

O debate sobre a democratização da comunicação é feito há décadas, mas as discussões em torno de um marco regulatório a ser discutido em uma Conferência Nacional começaram a tomar corpo durante o Encontro Nacional de Comunicação, ocorrido na Câmara dos Deputados, no auditório Nereu Ramos, no dia 21 de junho de 2007.

SEMINÁRIO MINEIRO PRÓ-CONFERÊNCIA NACIONAL DE COMUNICAÇÃO


COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA APROVA PROPOSTAS DE MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO DOS SERVIÇOS DE RADIODIFUSÃO

O relatório da subcomissão destinada a analisar os procedimentos de outorga e renovação dos serviços de radiodifusão da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados foi aprovado nesta quarta-feira, 03 de dezembro, pelo plenário na Comissão.

O documento contém propostas avançadas de democratização e garantia de maior transparência nos processos de concessões de rádio e TV, que eram alvo de intensas resistências por parte dos empresários de radiodifusão e dos parlamentares ligados a este setor.

O texto, elaborado pela deputada Maria do Carmo Lara (PT-MG), traz alterações concretas nos procedimentos de análise das outorgas, sugere mecanismos e iniciativas com vistas à melhoria das ações de fiscalização e recomenda mudanças legislativas em instrumentos que regulam a radiodifusão, sugerindo inclusive que sejam revistos dispositivos constitucionais.

O conjunto de iniciativas, alterações e medidas citadas no relatório reflete demandas de diversos setores da sociedade civil organizada, cuja penetração nas esferas de poder na área das comunicações tem sido, até hoje, muito pequena.

Segundo a presidente da subcomissão deputada Luiza Erundina (PSB-SP)“Foi muito importante a aprovação do relatório, mas ele só vai produzir efeitos a partir do encaminhamento concreto das suas recomendações". Passo importante nesta direção foi dado pela própria CCTCI, que aprovou também a manutenção da subcomissão exatamente para que esta monitore a aplicação das medidas contidas no relatório aprovado.

Pontos polêmicos
A sugestão de que os parlamentares aprovem uma Proposta de Emenda Constitucional que "expressamente proíba que parlamentares sejam proprietários, controladores, diretores ou gerentes de empresa de radiodifusão sonora e de sons e imagens", vedação também estendida a qualquer ocupante de cargo público. A relatora justifica a medida afirmando ser a propriedade e direção de emissoras por parlamentares incompatíveis "com a natureza do cargo político e o controle sobre concessões públicas, haja vista o notório conflito de interesses".

A revogação dos parágrafos 2o e 4o do Artigo 223 da Constituição. O primeiro estabelece que a não renovação de uma outorga de rádio ou TV ocorra somente com 2/5 dos congressistas negando a nova autorização em votação nominal. Esta previsão cria uma exigência que, na prática, assegura uma blindagem à possibilidade dos parlamentares vetarem a renovação de uma outorga. "Considerando que nem mesmo as leis ordinárias demandam quorum qualificado e votação nominal para aprovação, não há como justificar a preservação desse privilégio, que, ressalte-se, é garantido somente às concessionárias e permissionárias de rádio e televisão", argumenta a relatora.

Já o artigo 4o estipula que apenas o Poder Judiciário tem a prerrogativa de cancelar uma outorga de rádio e TV. Ao restringir a possibilidade de cassação das licenças, tal exigência dá estabilidade aos concessionários e cria certo clima de impunidade. A relatora recomenda a retirada deste dispositivo do capítulo Da Comunicação Social da Constituição Federal, por identificar nele um privilégio injustificável, não existente no caso de nenhum outro serviço público.

O documento também discute a regulamentação do artigo constitucional que proíbe a prática de monopólio e oligopólio. Segundo o relatório, a legislação atual é insuficiente porque estabelece limites apenas em relação ao número de emissoras que uma mesma pessoa física ou jurídica pode controlar. Maria do Carmo Lara defende a aprovação do Projeto de Lei 4.026/2004, do deputado Cláudio Magrão, que institui o critério do limite máximo de 50% de audiência para a caracterização de monopólio ou oligopólio.

Além das revisões e regulamentações constitucionais, o relatório da subcomissão propõe também um Projeto de Lei para modificar os critérios utilizados na análise de outorgas e renovações. Nas licitações para concessões de finalidade comercial, seria dado mais peso às propostas sobre "programas jornalísticos, educativos e informativos” e sobre “serviço noticioso".

Seriam exigidos, também, "percentuais mínimos de regionalização da produção cultural, artística e jornalística e de produção independente a serem cumpridos pela emissora vencedora". A valorização dos aspectos de programação na definição das concorrências por um canal implicaria em uma redução da importância dos critérios técnicos e de preço, quesitos que reforçam a predominância do elemento econômico na escolha dos concessionários nas licitações.

Em relação às permissões para rádios e TVs educativas, o PL prevê que este serviço seja explorado por órgãos da União Federal, Estados, Distrito Federal, Municípios e universidades brasileiras. Apenas onde não houver o interesse destes entes, seria permitida a outorga de uma autorização a fundações privadas, "desde que seja demonstrada vinculação da entidade com instituição de ensino".

O projeto também visa ampliar a participação da sociedade neste momento inicial na escolha dos operadores de canais de rádio e TV. Para isso, prevê a realização de consulta pública antes da abertura do processo de licitação para colher as expectativas da população.

O relatório também apresenta medidas de caráter imediato para o aperfeiçoamento dos procedimentos adotados pelo Ministério das Comunicações na análise das outorgas de radiodifusão. Ele reforça as sugestões já constantes em sua versão parcial, aprovada em julho de 2007, como a publicização dos dados sobre os processos e a fixação de prazos uniformes e razoáveis para cumprimento das exigências pelas emissoras. O texto aprovado agora também ressalta a obrigação das concessionárias manterem a regularidade fiscal durante todo o período da outorga e a necessidade de se agilizar a tramitação dos processos, com a redução da burocracia e a reabertura das delegacias regionais do Ministério das Comunicações.

Por fim, como na sua versão anterior, o relatório prevê a criação de mecanismos de controle social para avaliar periodicamente o cumprimento dos preceitos constitucionais e exigências legais referentes à exploração destes serviços.Em sua versão final, o relatório aprofunda duas indicações ao Minicom. A primeira delas visa melhorar o controle e a fiscalização da sociedade sobre os procedimentos. Para isso, deveria ser criada uma "estrutura administrativa descentralizada responsável pelo acompanhamento permanente da prestação dos serviços de radiodifusão, com a participação não somente de servidores do Ministério das Comunicações, mas também de entidades representativas da sociedade civil e das comunidades locais".

Além deste mecanismo, o texto recomenda "o estabelecimento de um canal multimídia no Poder Executivo para que o cidadão possa encaminhar denúncias de irregularidades na prestação dos serviços de rádio e televisão e apresentar sugestões para aperfeiçoamento da regulamentação, procedimentos e atividades pertinentes à radiodifusão comercial e comunitária".

As medidas não se limitam apenas a mudanças no sistema, mas em uma avaliação densa sobre como este funciona hoje. Para isso, a relatora sugere uma auditoria operacional no Ministério das Comunicações, na Presidência da República e na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre os procedimentos de análise de outorgas e renovações de concessões, permissões e autorizações. A iniciativa tem como objetivo verificar o cumprimento dos dispositivos legais e constitucionais, bem como as sanções decorrentes do seu desrespeito; avaliar a transparência, impessoalidade e eficiência do trâmite dos processos e analisar os procedimentos de verificação de denúncias. Esta auditoria seria feita de forma conjunta com o Tribunal de Contas da União.


Informações do Observatório do Direto ä comunicação.

Encontro preparatório PRÓ-CONFERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO

Aproximadamente 300 pessoas de 66 entidades lotaram um dos plenários de comissões da Câmara dos Deputados na terça-feira, 2 de dezembro para o Encontro Preparatório da Conferência Nacional de Comunicação.

Os participantes cobraram do governo federal a convocação urgente da conferência para sua realização em 2009 e a instalação de um Grupo de Trabalho com a participação de movimentos sociais, entidades da sociedade civil, empresários e poder público. O Grupo de Trabalho seria responsável pela definição do formato, metodologia, temário e organização do processo.

"A conferência é possível e necessária e precisa ser convocada pelo Executivo. Temos que sair daqui com uma data para instalar o Grupo de Trabalho apontando para a conferência no ano que vem. Esta será a grande novidade deste encontro", defendeu Celso Schröder, coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, que representou a Comissão Pró-Conferência na primeira mesa de debates do dia.

O consultor jurídico do Ministério das Comunicações, Marcelo Bechara, afirmou que a atual gestão da pasta quer ter a “honra de convocar esta conferência para que ela aconteça em 2009”. A convocação estaria, entretanto, condicionada ao preenchimento de requisitos como a previsão de recursos no orçamento e a disposição em construir um processo amplo, que chegue nas várias regiões e municípios do país.

O orçamento de 2008 já previa o valor de R$ 6 milhões para a realização da Conferência e a proposta defendida pela comissão previu, sempre, a realização de etapas locais e estaduais.

O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murilo de Andrade, sugeriu que o êxito do projeto esbarra em “discursos subterrâneos” dentro do governo federal e defendeu que a discussão sobre o mérito desta bandeira seja feita claramente.

“Quem tem medo da Conferência Nacional de Comunicação?”, questionou em tom desafiador às autoridades presentes Cristina Charão, do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

Para o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), o receio está naqueles que detêm posição privilegiada no atual status quo da área das comunicações. “Quem manda na comunicação define muita coisa na ação”, disse, em uma referência aos empresários do setor.

No entanto, as diversas manifestações favoráveis à realização da conferência por parte de representantes de associações empresariais de serviços como telefonia fixa, radiodifusão e televisão por assinatura feitas no evento reforçaram que o foco da resistência está no Executivo Federal.

Propostas
Ao final do evendo foi aprovada uma carta contendo propostas de formato, objetivos, temas e cronograma para a conferência.
O texto defende o dia 31 deste mês como prazo para a publicação do Decreto Presidencial convocando a conferência e da Portaria do Ministério das Comunicações instalando o Grupo de Trabalho.

O GT, acrescenta o documento, deveria ter perfil colegiado, sendo “assegurada a participação de representantes do poder público e da sociedade civil, profissionais, empresários, movimentos e entidades sociais, designados pelos respectivos setores”. Ele teria como funções “definir a metodologia, a estrutura, a organização, o calendário e os temas da conferência, firmando-os em um Regimento Interno, e coordenar a conferência até sua etapa nacional”.Ainda segundo a proposta aprovada no encontro de ontem, o governo federal deveria criar também uma comissão operacional do evento, responsável pelo encaminhamento das deliberações do grupo até a realização da etapa nacional.

O texto sugere ainda que as etapas municipais ou regionais aconteçam até maio de 2009as estaduais entre junho e agosto e a nacional nos dias 3, 4 e 5 de novembro do mesmo ano em Brasília.
O documento lista também um conjunto de objetivos que deveria nortear o processo:
1- identificar os principais desafios relativos ao setor da comunicação no Brasil;
2- fazer um balanço das ações do poder público na área;
3- propor diretrizes para um novo marco regulatório e para as políticas públicas de comunicação;
4- apontar prioridades de ações governamentais dentro destas diretrizes; e
5- referenciar políticas públicas, planos e projetos de organizações da sociedade civil, de empresas, instituições de ensino e pesquisa e de profissionais atuantes em comunicação nas suas diversas formas.

" Em relação ao temário, o documento defende que os debates sejam pautados por princípios como a compreensão da comunicação como um direito humano, especialmente no que incide sobre a liberdade de expressão, a diversidade de gênero, étnico-racial, sexual, cultural e religiosa, a convergência tecnológica e a regionalização da produção. E sugere que as discussões sejam organizadas ao menos nos grandes temas "meios de comunicação", "cadeia produtiva" e "sistemas de comunicação".

A Carta Final do Encontro Preparatório da Conferência Nacional de Comunicações será protocolada no Ministério das Comunicações, endereçada ao ministro Hélio Costa e aos demais dirigentes da pasta.
Os presidentes das Comissões de Ciência e Tecnologia (CCTCI), de Legislação Participativa (CLP) e de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, junto às demais entidades da Comissão Pró-Conferência, irão solicitar uma audiência com o ministro para receber uma posição de Costa a respeito das propostas apresentadas.

Cobertura da tragédia na TV foi um desastre!

* Antonio Brasil

Se você acha que jornalismo na TV é show de imagens, profusão de lágrimas e excesso de perguntas ridículas então a cobertura das enchentes em Santa Catarina pela TV foi um sucesso.

Mas se você acredita que jornalismo de verdade, mesmo na TV, deveria investigar o que realmente aconteceu, a extensão e causas da tragédia, então a cobertura em Santa Catarina foi um... desastre.

Um fantástico show de pieguices, redundâncias e improvisações com pouquíssimas informações, nenhuma investigação e ainda menos contextualização.

Jornalismo na TV ou em qualquer lugar tem que ter boas imagens e emoção.
Nada contra. Mas também tem que ter o mínimo de conteúdo. Afinal, telejornalismo é prestação de serviço obrigatório em concessão pública.

No entanto, o que fica evidente é que para as nossas redes de TV "tragédia" significa antes de tudo "oportunidade" para aumentar a audiência e investir na própria imagem.

E dá-lhe excesso de matérias que dizem pouco e não explicam nada. O verdadeiro objetivo é comover o público e ajudar a inverter a longa tendência de queda de audiência dos telejornais.

Além da pieguice da cobertura, surge uma tremenda oportunidade comercial para essas emissoras: campanhas autopromocionais de ajuda duvidosa às vítimas das tragédias, mas que fortalecem a imagem e os interesses das emissoras.

Campanhas filantrópicas?
Este domingo, o show de pieguices na TV ultrapassou todos os limites do bom senso.
Foi um excesso de lágrimas e pouquíssimas cobranças. Confesso que em muitos anos de TV não havia visto tanta bobagem e tão pouca informação em uma tragédia tão recorrente e previsível. Pobre Santa Catarina!

Já em 1984 cobria enchentes no Vale do Itajaí para agências internacionais de notícias. Repeti a dose diversas vezes. Pelo jeito, nada mudou. A pergunta dos meus editores continua relevante: por que vocês não fazem alguma coisa para evitar as próximas enchentes?

Mas pelo jeito, parece que esse tipo de pergunta não é importante. Pelo menos, não para a nossa TV. Frente às lágrimas dos sobreviventes, cidades alagadas e muitas casas destruídas, o jornalismo de verdade, pelo menos na TV, não tem vez.

Diretores na rua
Neste último domingo, teve de "quase" tudo na cobertura da tragédia em Santa Catarina pelas nossas TVs.

Na Record, a campanha "Reconstruindo Santa Catarina" ou seria "Reconstruindo a Record", ficou parecendo muito com o famigerado formato dos programas evangélicos da emissora.

Artistas e apresentadores foram convidados a fazer figuração ao vivo no lançamento da campanha. Uma das cenas mais patéticas da nossa TV. Todos em pé no fundo do palco, cada um ao lado do outro, sem saber bem muito bem o que dizer ou fazer. A improvisação e o constrangimento eram evidentes.

Enquanto isso, o mestre de cerimônia do programa, o repórter Brito Júnior, a todo instante fazia questão de elogiar a iniciativa da rede Record: arrecadar fundos para reconstruir casas em Santa Catarina.

Ele também aproveitava a ocasião para destacar a qualidade das reportagens dos colegas de emissora. Um show de matérias lacrimogêneas que não diziam muito, mas que conseguiam seu principal objetivo: emocionar o público e garantir doações e fortalecer a imagem da emissora.

Mas o ponto alto da cobertura foram os diretores da emissora caminhando pelas ruas devastadas de Blumenau. Todos vestindo ternos escuros, "men in black", homens de preto ou seriam pastores evangélicos, ouvindo as reclamações dos moradores, se reunindo com os políticos locais e garantindo ao público soluções milagrosas.

Sinceramente, foi algo inusitado na TV brasileira. Não me lembro jamais de ver diretores de emissoras de TV fazendo esse papel. Sinal dos tempos ou de desespero. Ainda não estou certo.

Doação de salários
A Record fez questão de mobilizar seus melhores jornalistas para entrevistar ou "levantar a bola" para seus próprios diretores em pleno cenário da tragédia catarinense.

Isso certamente demonstra que não há mais limites para as nossas TVs. Por um punhado de Ibopes, fazemos qualquer negócio.

Mas o momento mais singular ou patético foi a declaração ou "cobrança" ao vivo do repórter Brito Junior aos apresentadores da emissora presentes no palco da campanha.

Ele se dirige ao público telespectador para informar que naquele momento todos os apresentadores da Record teriam decidido dar o exemplo e abrir mão de dez, vinte, trinta ou até mesmo cem por cento de seus salários para ajudar as vitimas das enchentes em Santa Catarina. Corte rápido para a cara de surpresa do jornalista Paulo Henrique Amorim. Valeu a pena ter assistido a tantas bobagens para testemunhar esse momento de solidariedade surpreendente ou "forçada". Acho que o PHA não entendeu muito bem ou não gostou da brincadeira. Tanto faz!

Mas teve mais. O mesmo Paulo Henrique Amorim não perderia a oportunidade para promover o jornalismo solidário: "Não é porque a reportagem é minha, mas eu gostaria de chamar atenção dos telespectadores".

Corte rápido para mais comerciais e mais doações.

Artistas ao vivo e "ouro" para o Brasil
No outro extremo, a TV Cultura de São Paulo também embarcou na cobertura e na promoção da tragédia com campanhas de ajuda. Meio às pressas, organizou show ao vivo diretamente do auditório do Ibirapuera com muitos artistas, em sua maioria grandes desconhecidos. Foi outro show de pieguice e improvisação na TV.

Vários apresentadores da emissora compareceram ao palco improvisado e obviamente não sabiam o que dizer ou fazer. Não foi boa televisão, mas acho que valeu a intenção. Pelo menos, não prometeram doar os salários dos funcionários da emissora.

Aqui entre nós, tenho minhas dúvidas sobre a eficácia dessas campanhas filantrópicas na TV. Fazem grandes promoções, enormes promessas e dificilmente divulgam seus resultados.

TV é muito boa para mobilizar o público. Mas odeia prestar contas de seus atos ou de suas campanhas.

E como recordar é viver, seria bom lembrar uma das primeiras campanhas na TV: Ouro para o bem do Brasil. Lembram? Foi nos primeiros anos da ditadura.Assisti ao vivo pela TV. Milhares de brasileiros foram aos postos de arrecadação das Associadas levando suas alianças de ouro com o objetivo de salvar o Brasil da falência. Pobres brasileiros. Já naquela época, a TV mostrava sua força e sua farsa.

O Brasil continuou o mesmo. O ouro para o bem do país provavelmente sumiu. E a nossa TV jamais prestou contas do dinheiro arrecadado com tanta boa vontade.

Então, por que não promover um novo show ao vivo com artistas conhecidos e desconhecidos para demonstrar ao público como foi gasto todo o dinheiro arrecadado para as vítimas de Santa Catarina?

Pode não dar bom Ibope, mas garantiria mais transparência, honestidade e engajamento do público em futuras campanhas. Foi só uma sugestão.

Jornalistas bombeiros e pára-quedistas!
Afinal, o desastre de Santa Catarina sempre foi "previsível" – eu mesmo já cobri várias outras inundações no Vale do Itajaí – e outros desastres com certeza virão.

Em vez de investir em campanhas de solidariedade, talvez devêssemos investir no treinamento de profissionais para cobrir desastres e fazer um jornalismo de TV melhor. Um jornalismo que busque as causas dos desastres e que exija medidas concretas para evitá-los no futuro. Pode não dar tanto Ibope, mas pode salvar muitas vidas.

Nunca entendi por que as emissoras de TV não investem em treinamento para a cobertura de desastres. Não sabemos quando, mas eles sempre acontecem. E eles são muito importantes para a cobertura jornalística. Não podemos viver eternamente acreditando em improvisações, amadorismos ou jeitinhos de última hora. Se bombeiros fossem jornalistas, todos os incêndios ou inundações também seriam um desastre. Bombeiros ou profissionais que vivem de tragédias se preparam para as surpresas da natureza, das irresponsabilidades políticas ou da crescente especulação imobiliária.

Tragédias ou desastres são o grande momento de qualquer tipo de jornalismo.Ainda mais na TV. Não podem ser previstos ou planejados, mas a cobertura dessas tragédias pode ser preparada, equipes podem ser treinadas e os resultados finais podem ser avaliados. Temos que aprender a cometer erros novos.

No Fantástico, a cobertura não foi muito diferente das competidoras. Muitas lágrimas, imagens dramáticas, pés na lama e pouquíssimas informações relevantes.

Mas o mais "patético" foi levar a bela apresentadora do Fantástico, Patrícia Poeta, para os confins do desastre catarinense. Pobre apresentadora. A falta de jeito e experiência era evidente. Afinal, não se faz um repórter de verdade, que cubra tragédias de uma hora para outra. Além disso, a beleza e a fama muitas vezes atrapalham. Bom jornalismo não se improvisa.

Também considero essa prática jornalística um certo desrespeito com os profissionais mais dedicados, experientes, porém menos famosos. Eles ficam "ralando" durante dias para garantir uma boa cobertura, e nos grandes momentos, nas principais reportagens, nas melhores chamadas são substituídos pelos jornalistas ou apresentadores pára-quedistas. Triste vida do repórter de verdade.

Pois o ponto alto da cobertura da tragédia em Santa Catarina no Fantástico deste domingo, com direito à chamada retumbante na Internet foi: "Patrícia Poeta passa madrugada em abrigo em Ilhota(SC)". Pasmem! Ver aqui.

Destaque para algumas das melhores e mais relevantes perguntas da toda a cobertura de TV da tragédia em Santa Catarina: Patrícia Poeta: Qual vai ser o dia mais triste, o momento mais triste que você vai lembrar?

Impressionante. Mas não foi só isso. Teve mais.

Na penumbra do abrigo, altas horas, a apresentadora do Fantástico ainda esbanjava elegância e beleza com seus cabelos longos, soltos, bem cuidados e penteados e com muita, muita maquiagem no rosto. Ela estava bem preparada para enfrentar as agruras de uma longa noite no abrigo. Ao fundo, mulher sentada com ar de tristeza e resignação aguardava o desastre. Cenário perfeito para a pergunta definitiva:

Patrícia Poeta: Simone, você está na fila do banheiro?

Corte rápido para os comerciais e para mais pedidos de doações.

* Jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey.

Publicado no site Comunique-se em 01/12/2008

Publicado no site da FENAJ em 08/12/2008http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=2393

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Re- Proclamação da República na Teia 2008

por TT Catalão
Precisamos estetizar a política e criar narrativas simbólicas em aliança com os índices técnicos quando se trata da Cultura. O cortejo da Re-Proclamação da República pela Cultura trabalha sobre o reafirmar valores republicanos em rima rica com magnífica diversidade cultural brasileira e suas inúmeras linguagens em todo o território nacional.

A oportunidade surge com a data de encerramento do Terceiro Encontro Nacional dos Pontos de Cultura – a Teia, no dia 15 de novembro. Uma data cívica, realmente nacional, em Brasília, sempre ficou no calendário com o 21 de abril, sua inauguração, e o 7 de setembro. Faltava relacionar o 15 de novembro no sentido republicano mais amplo, como um projeto de construção permanente que nos mobiliza em direção à desejada sociedade justa e solidária traduzida em participação democrática e direitos culturais da arte aliada da cidadania.

Na árdua tarefa de eliminação dos abismos entre brasis, governos e sociedade se articulam. E é a gestão cultural que tem se revelado a melhor síntese dessa federal identidade: nos governos, a nova marca pela ampla política de editais que amplia a participação e o zelo com recursos públicos; na sociedade, o aperfeiçoamento de canais de participação e maior rigor no acompanhamento de bens e serviços públicos.

Brasília é nesse sentido a encruzilhada das contradições nacionais, o próprio Exu Monumental. Está, exatamente, no entroncamento das asas (desejo) e o eixo (base e fio terra) do Plano de Lúcio Costa. A Teia acontece na Rodoviária da cidade como rede e redemoinho de radiações e enredo dos novos atores da Cultura brasileira. Ali se instalam tendas, mostras, shows e debates, dali partem nossos desejos e bases para uma Cultura em Movimento permanente como eixo das mudanças no Brasil.

No espaço livre da Teia, de onde parte o cortejo, a Brasília local e a nacional se encontram. É assim que a cidade (no Planalto Central) se faz o próprio ponto das contradições nacionais. Algo que se instala no coletivo e no indivíduo.

Reproclamar e reinstaurar o sentido republicano em repúdio ao controle dos mercados que nos querem consumidores de produtos carimbados pela mesmice fragmentada do "um para cada segmento".

Reproclamar quando a expressão estética, a liberdade de opinião e a manifestação libertária da consciência repercutem na afirmação (proclamação do desejo) de uma nova configuração republicana do Brasil (eixo pelo projeto comum de nação).

A Cultura traduz essa pluralidade que nos faz singular. A soma que nos faz únicos. Iguais na diferença, não no sentido da identificação padronizada em uma só referência, mas na identidade dos muitos que se realizam enquanto se misturam nessa construção permanente e, comprometidamente, republicana.

Clamar contra a exclusão pelo despejo, reclamar pelo direito ao desejo, reproclamar pela necessidade vital de não ser objeto, mas sujeito de si e no relacionamento com outro e com o meio: para inventar, pela cultura, o outro lado de quem faz e é a própria história.

TT Catalão é poeta e jornalista.

Cronologia da impunidade


Cronologia da impunidade em Unaí

28 de janeiro 2004
24 de novembro 2008

O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004. Foram vítimas de emboscada na região rural de Unaí (MG) os Auditores Fiscais do Trabalho – AFTs Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira. A fiscalização foi considerada pela Delegacia Regional do Trabalho de Minas Gerais (hoje Superintendência), como uma operação de rotina.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal fizeram as investigações e, em julho de 2004, anunciaram o desvendamento do caso, que tem nove pessoas envolvidas como mandantes, intermediários e executores. O indiciamento foi feito e o processo começou a correr no Tribunal Regional Federal, em Belo Horizonte.

O Juiz Federal Francisco de Assis Betti, da 9ª Vara Federal em BH, publicou a Sentença de Pronúncia em dezembro de 2004, indicando que oito dos nove acusados devem ir a Júri Popular. A exceção é Antério Mânica, que tem direito a julgamento em foro especial, por ser prefeito de Unaí, reeleito no ano passado.

Os acusados recorreram ao TRF em Brasília. Os recursos foram julgados em 16 de janeiro de 2006, sendo negados. Um dos recursos porém, ficou prejudicado e precisou ser novamente julgado. Mas tudo foi, mais uma vez, negado. Os acusados entraram com Embargos de Declaração, que também já foram apreciados e negados.
Três réus (Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Norberto Mânica) entraram com Agravos de Instrumento no Superior Tribunal de Justiça. Dois pedidos (de Hugo e Norberto) já foram negados e resta mais um a ser apreciado.

O número do processo no TRF é 20043800036647-4 MG e está em Brasília desde fevereiro de 2005. O site para acompanhamento do processo é TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL ou JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS.

Em Minas Gerais, quem acompanha o caso na Procuradoria Geral da República (Ministério Público Federal) são os Procuradores Miriam Lima e Edmundo Antônio Dias Netto Júnior. Miriam já afirmou que, quando o processo retornar a Minas, o julgamento será marcado com rapidez. Também o Procurador Carlos Alberto Vilhena do Ministério Público do DF acompanha o caso.
O SINAIT constituiu, em nome das famílias, dois advogados criminais para atuarem como assistentes da Promotoria. São os drs. Rogério Del-Corsi e Antônio Francisco Patente.

Acusados:
Antério Mânica - Considerado o maior produtor de feijão do País, tem propriedades rurais no Paraná e Unaí (MG) e era alvo freqüente de fiscalizações, a maioria delas realizadas pelo Auditor Fiscal do Trabalho Nelson José da Silva, lotado na subdelegacia de Paracatu. Em novembro de 2003, ameaçou o Auditor de morte durante uma das inspeções, conforme ele mesmo confessou em depoimento à Polícia Federal. (está em liberdade, tem direito a julgamento em foro especial, porque foi eleito prefeito de Unaí em 2004 e reeleito em 2008)

Norberto Mânica – Fazendeiro, irmão de Antério Mânica, também sofria fiscalizações freqüentes em suas fazendas. É considerado mandante, junto com o irmão (está em liberdade desde 28 de novembro/2006, por força de habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ)
a
Hugo Alves Pimenta - Empresário cerealista, é acusado de ser o mandante das execuções dos Auditores e do motorista. É proprietário das empresas Huma Transportes, com sede em Unaí, e Huma Cereais Ltda, que tem filial também em Taguatinga, cidade-satélite do Distrito Federal. Tem como sócia Marta de Fátima Santos e mantém relações comerciais com vários fazendeiros da região. Deve R$ 2 milhões aos fazendeiros e irmãos Celso e Norberto Mânica, alvos das fiscalizações dos Auditores. Ele teria pago R$ 45 mil pelas quatro mortes. Pimenta se recusou a prestar depoimento à Polícia Federal e disse que só fala em juízo. Chegou a ser libertado mas foi novamente preso em 9 de junho de 2006, quando foi descoberto um esquema de compra do silêncio de testemunhas. (está em liberdade por força de habeas corpus).

José Alberto Costa - Conhecido como Zezinho, é empresário, dono da Lucky - Flocos de Cereais, com sede em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Representante da empresa Huma na capital mineira, é suspeito de ter intermediado a contratação dos pistoleiros, a pedido do amigo Hugo Pimenta. Para isso, fez contato com o sitiante Francisco Elder Pinheiro, que arregimentou o grupo. (está em liberdade desde dezembro 2004, beneficiado por habeas corpus do TRF 1ª Região)

Francisco Elder Pinheiro - Conhecido como Chico Pinheiro, é apontado como o homem que se encarregou de montar toda a estrutura para a chacina e também acompanhou a execução do plano pessoalmente. Confessa que respondeu por três homicídios e que foi ele quem contratou os três homens para executar os auditores, encarregando-se também de receber o dinheiro das mãos de Zezinho e de fazer a divisão entre os participantes do crime. (está preso)

Erinaldo de Vasconcelos Silva - É suspeito de ter executado, com sua pistola 380, três das quatro vítimas. Integrante de uma quadrilha de roubo de carga e de veículos que atua na região de Goiás e Noroeste de Minas, agia ao lado de Rogério Alan Rocha Rios, chamado por ele para matar os auditores. Ele confessa que foi procurado por Chico Pinheiro, aceitou o trabalho sujo e acertou com ele o pagamento. Por ter executado mais pessoas, recebeu R$ 17 mil, além de R$ 6 mil, a título de adiantamento. (está preso)

Rogério Alan Rocha Rios - É suspeito de ter participado diretamente das execuções. Armado de um revólver calibre 38, deu vários tiros no auditor fiscal Nelson José da Silva, o verdadeiro alvo dos mandantes do crime, conforme sua confissão. Encarregou-se ainda de roubar os celulares das vítimas, que depois foram atirados em um riacho. Depois do crime, fugiu para seu estado natal, a Bahia, onde responde a processos. Diz ter recebido R$ 6 mil para participar do crime. (está preso)

William Gomes de Miranda - Foi contratado para atuar como motorista dos pistoleiros durante a chacina. Sua função era fazer o levantamento dos passos dos fiscais depois que eles deixassem o hotel em que se hospedavam. No entanto, não participou diretamente do crime, porque o carro alugado que conduzia, um Gol vermelho, furou um pneu. Por sua participação, confessa ter recebido R$ 11 mil. (está preso)

Humberto Ribeiro dos Santos - O “Beto” é apontado como o homem que teria se encarregado de apagar uma das provas do crime. Depois das mortes, foi contratado por Erinaldo para arrancar a folha do livro de registros do Hotel Athos, em Unaí, onde os pistoleiros ficaram hospedados. Rogério Alan foi quem se lembrou de ter fornecido seus dados verdadeiros ao fazer registro no local. Ele estava preso em Formosa (GO) por outro crime. Beto não estabeleceu preço pelo serviço. (está preso)

Cronologia dos fatos
28 de janeiro de 2004
Três auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Nelson José da Silva, João Batista Lages, Erastótenes de Almeida Gonçalves, e o motorista que os acompanhava, Aílton Pereira de Oliveira, são assassinados em uma emboscada no município de Unaí (MG), durante uma fiscalização de rotina em fazendas da região.

26 de julho de 2004
O inquérito que apurava a chacina de Unaí é encerrado pela Polícia Federal.

30 de agosto de 2004
Ministério Público Federal (MPF) denuncia à justiça oito envolvidos na chacina de Unaí.

30 de agosto de 2004
Ministério Público Federal (MPF) denuncia à justiça oito envolvidos na chacina de Unaí.

20 de setembro de 2004
MPF inclui Antério Mânica na denúncia contra os envolvidos na chacina como mandante do crime, ao lado do seu irmão Norberto Mânica. Ele permaneceu na prisão por 19 dias e conseguiu liberação por hábeas corpus para concorrer às eleições municipais.

13 de outubro de 2004
Antério Mânica é eleito prefeito de Unaí (MG), o que lhe garante foro privilegiado.

10 de dezembro de 2004
Juiz Francisco de Assis Betti, da 9ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte, publica Sentença de Pronúncia autorizando o julgamento dos réus, com exceção de Humberto Ribeiro dos Santos. Desde então, a defesa vem adiando o julgamento através da apresentação de sucessivos recursos.

Janeiro de 2005
O processo sobre para o Tribunal Regional Federal – TRF da 1ª Região em Brasília quando os acusados entram com pedido de anulação da Sentença de Pronúncia. Começa aí a apresentação de uma série de recursos que vem protelando a marcação do julgamento.

30 de agosto de 2005
Supremo Tribunal Federal (STF) concede habeas corpus a Norberto Mânica.

Dezembro de 2005
Congresso Nacional aprova indenização no valor de R$ 200 mil para cada família dos servidores mortos, e concede aos dependentes matriculados no ensino fundamental uma bolsa especial até os 18 anos, e uma bolsa universitária até os 24 anos.

18 de janeiro de 2006
O TRF 1ª Região negou o pedido de anulação da Sentença de Pronúncia e confirmou que oito réus irão a júri popular.

9 de junho de 2006
Hugo Alves Pimenta, em liberdade, foi novamente preso porque tentava comprar o silêncio dos pistoleiros por 400 mil reais.

17 de julho de 2006
Norberto Mânica foi preso por obstruir investigações através da compra de testemunhas.

28 de novembro de 2006
Superior Tribunal de Justiça (STJ) concede habeas corpus a Norberto Mânica, que deixa a prisão.

19 de dezembro de 2006
Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região em Brasília mantém a competência do julgamento com a 9ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte, negando pedido de Norberto Mânica para que seu julgamento acontecesse em Patos de Minas, próximo a Unaí.

28 de janeiro de 2007
SINAIT e AAFIT/MG, apoiados por dezenas de entidades e instituições fazem manifestação por Justiça Já em Unaí, marcando os três anos do assassinato, sem punição dos culpados.

2007
O caso não teve avanços processuais significativos e permanece no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. O SINAIT e a AAFIT/MG tiveram audiências com autoridades, que confirmaram que ainda existem vários recursos dos acusados, que impedem o retorno do processo a Minas Gerais, para que o julgamento seja marcado.

21 de janeiro de 2008
O réu José Alberto de Castro entrou com pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal.

28 de janeiro de 2008
O crime completou quatro anos, sem que nenhum dos nove envolvidos tenha sido julgado e punido pela morte de quatro servidores do Ministério do Trabalho e Emprego.
Publicada decisão do TRF 1ª Região negando todos os recursos pendentes no órgão.
O processo contra Antério Mânica foi suspenso até que todos os acusados de executores do crime sejam julgados.

Fevereiro de 2008
Os réus Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Norberto Mânica entraram com Agravo de Instrumento no Superior Tribunal de Justiça.

13 de junho de 2008
Publicada decisão do Ministro Napoleão Nunes Maia Dilho, do STJ, negando Agravo de Instrumento de Norberto Mânica.

5 de agosto de 2008
Publicada decisão do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, do STJ, negando Agravo de Instrumento de Hugo Alves Pimenta.

12 de agosto de 2008
STF arquiva pedido de habeas corpus de Francisco Elder Pinheiro.

24 de novembro de 2008
A Assembléia Legislativa de Minas Gerais concedeu comenda a Antério Mânica.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

PROGRAMAÇÃO JORNADA DE CINECLUBES

27ª JORNADA NACIONAL DE CINECLUBES
DE 17 A 21 DE NOVEMBRO DE 2008
SESC VENDA NOVA - BELO HORIZONTE, MG

Programação17.11- Segunda- Feira
09h30 as 12:00
Recepção, credenciamento, inscrições Grupos de Trabalho(GTs)
13h às 14h
Mostra de Cinema
(1)Local: Teatro Cine
14:30 às 17:30
Grupos de Trabalho (GT's)
Coordenação Geral : Frank Ferreira (FPCC/SP)
Coordenadores: Dario Goulart (ASCINE/RJ), Sebastião Ribeiro Filho (ES/FCCES)
GT 01
Direitos do Público / Legislação
Orientador: Felipe Macedo – Federação Paulista de Cineclubes
Coordenador: Definido pelo Grupo
Relator: Regina Machado – Jurista - RJ
Local: Teatro Cine
GT 02
Cineclubismo na Educação
Orientador: Antonio Claudino de Jesus – CNC/FICC
Coordenador: Definido pelo Grupo
Relator: Mariza Teixeira – Associação de Cineclubes de Vila Velha - ES
Local: Sala Marilia de Dirceu
GT 03
Memória
Orientador: Giovanni Rodrigues – Giovanni Rodrigues (CNC/RN)
Coordenador: Definido pelo GrupoRelatora: Saskia Sá – Mestre em Educação – ABDeC - ES
Local: Sala de Vídeo
GT 04
ComunicaçãoOrientadora: Daniela Fernandes – Curta Minas
Coordenador: Definido pelo Grupo
Relator:Local: Salão Mariana
GT 05
Acervo e Difusão
Orientador: Carlos Seabra
Coordenador: a definir
Relator: Patrícia Andrade – Federação Paulista de Cineclubes
Local: Salão Ouro Preto
20h
Abertura Oficial
21h30
Mesa 1: 80 Anos do CineclubismoAntonio Claudino de Jesus, Presidente do CNC_FICC
Local: Teatro Cine
23h
Mostra de Cinema (2)
Caminhos do Cineclubismo

Direção: Diomédio Piskator Brasil,2008, 110'
Caminhos do movimento cineclubista, que foi escola de cinema para a formação de gerações de cineastas do mundo todo e que, no Brasil, completa 80 anos de vida, graças a um grupo de amigos amantes do cinema que, em 1928, fundou o Chaplin Club, no Rio de Janeiro. De lá pra cá, o cineclubismo passou pelo brilhantismo de Paulo Emilio Salles Gomes, com o Clube de Cinema de São Paulo e, depois, a Cinemateca Brasileira; pela repressão política imposta pelos militares de plantão, nas décadas de 1960, 1970 e metade de 1980, com a perseguição, a censura e o fechamento de cineclubes. A organização política do movimento. O marasmo e o quase falecimento nos anos de 1990, enquanto organização. Já nos anos 2000, a reorganização, a revitalização das salas, a adaptação às novas tecnologias - e rumo ao grande encontro comemorativo de 2008.
Local: Teatro Cine
18.11- Terça- Feira
09h30 às 12:30
Grupos de Trabalho
Local: os mesmos
10h30 às 12:00
Reunião da Diretoria do CNC
Local: a definir
Tarde
13h às 14h
Mostra de Cinema (1): Tela Livre
Local: Teatro Cine
14:30 às 17:30
Grupos de Trabalho
Local: os mesmos
15:30 às 17:00
Reunião Conjunta da Diretoria / Conselho de Representantes do CNC
Local: a definir
20h
Mesa 2: Projeto Cineclubista
Participantes
Alfredo Manevy – Secretário Executivo do MinC (a confirmar)
João Baptista Pimentel Neto - Secretário Geral do CNC
João Batista de Andrade – cineasta
Orlando Bonfim Netto – Cineasta/ABDeC – ES
Lú Cachoeira – Fórum Baiano de Cineclubes
Gê Carvalho – Federação Pernambucana de Cineclubes
Moderador: Cláudio Constantino – Associação Curta Minas / Cineclube Curta Circuito
Local: Teatro Cine
22h
Mostra de Cinema (2)
Depoimentos Cineclubistas
Direção: Calebe Pimentel
Brasil,2006, 25'
Estruturado através de depoimentos coletados durante diversos encontros realizados dentro do processo de rearticulação do movimento cineclubista brasileiro iniciado em 2003, Depoimento Cineclubista retrata a importância e a diversidade do cineclubismo no Brasil registrando depoimentos testemunhais sobre o tema de inúmeras autoridades e celebridades brasileiras, entre os quais do ex-ministro da cultura Gilberto Gil.
O Homem que virou Suco
Direção: João Batista de Andrade Brasil,1980, 90'
Deraldo, poeta popular recém-chegado do Nordeste a São Paulo, sobrevivendo de suas poesias e folhetos, é confundido com operário de uma multinacional que mata o patrão na festa em que recebe o título de operário-símbolo. O poeta passa a ser perseguido pela polícia, é obrigado a trabalhar e perfaz então a trajetória de um migrante na grande metrópole: a construção civil, os serviços domésticos, o metrô, a humilhação, a violência. Arrasado, o poeta só vê uma saída: encontrar o verdadeiro assassino, e dessa procura escrever a história do operário que matou o patrão. Essa busca revela um outro lado da operação. O poeta completa sua visão crítica, irônica e demolidora sobre o esmagamento do homem na sociedade industrial. E escreve o folheto que dá o título de "O Homem Que Virou Suco".
Local: Teatro Cine
19.11- Quarta- Feira
09h30 às 12:30
Grupos de Trabalho
Local: os mesmos
Seminário Circuito em Construção - Minas Gerais
Local: Salão dos Jasmins
13h às 14h
Mostra de Cinema (1)
Local: Salão Ouro Preto
14:30h às 18:00h
Reunião dos Relatores /Coordenação dos GTs
Local: a definir
Experiências em Difusão Audiovisual - apresentação de "cases"Participantes
Programadora Brasil – Caio Cezaro
Circuito Brasil – Frederico Cardoso / Rodrigo Bouillet
Alessandra Stropp - CUCA UNE
Janela Indiscreta – Esmon Primo / BA
Rede Brazucah – Cinthia Alario / SP
FEPA – Marcio Blanco / RJ
Cineclube Curta Circuito – Cláudio Constantino / MG
Rede Audiovisual do Nordeste – Liúba Medeiros / PB
Casa Curta-SE – Rosângela Rocha / SE
Cineclube Ideário – Hermano Figueiredo
Moderador:Caio Brasil – Federação Paulista de Cineclubes / Difusão Cineclube, SP
(cada apresentação deverá ter no máximo 10 minutos)
Local: a definir
Seminário Circuito em Construção - Minas Gerais
Local: Salão dos Jasmins
20h
Mesa 3: Direitos do Público
Participantes convidados
Marcos Souza – Secretário de Políticas Culturais do MinC (a confirmar)
Felipe Macedo - Presidente da Federação Paulista de Cineclubes
Regina Machado – Jurista
Paulo Canabrava Filho – APIJOR
Leandro Mendonça –Geraldo Moraes - Coalizão Brasileira pela Diversidade Cultural
Moderador:Carlos Seabra – IPSO / Cineclube Vila Buarque
Local: Salão Ouro Preto
22h
Mostra de Cinema (2)
Matera Cineclubista
Direção: Luiz Alberto Cassol, Brasil,2008,6'25'
''Vídeo sobre a participação do cineclubista brasileiro, Antônio Claudino de Jesus no 9º Festival Internacional de Cineclubes realizado em Matera, na Itália, em junho de 2007. Claudino de Jesus é Presidente do CNC - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros e Vice-Presidente da FICC, Federação Internacional de Cineclubes. Durante o festival foi lançado o catálogo CINESUD, distribuído para cineclubistas dos cinco continentes. O catálogo contém produções de vários países. ´"Matera Cineclubista", celebra os 80 anos de Cineclubismo no Brasil, os 30 anos do Cineclube Lanterninha Aurélio e da CESMA, em 2008, e os 60 anos da FICC, celebrados em 2007.
Fome de quê
Direção: Luiz Alberto Cassol, Brasil,2008,13'
A sociedade acredita que eles nasceram nas ruas. Zé é um deles. Ninguém sabe de sua vida. Todos vão e vêm e ninguém o vê. Ele tem passado. Têm fome. Fome de quê?
Sete dias de agonia (O Encalhe)
Direção: Denoy de Oliveira Brasil,1982, 105'
Baseado em conto de Domingos Pellegrino Jr.. Numa estrada de terra, durante forte chuva, inúmeros veículos atolam, e ficam impedidos de sair dali durante sete dias.
Local: Salão Ouro Preto
20.11- Quinta- Feira
09h30 as 12:30
Aprovação do relatório dos GTs e de outros Documentos
Relatório da Gestão 2006 – 2008
Local: a definir
Seminário Circuito em Construção - Minas Gerais
Local: Salão dos Jasmins
13h às 14h
Mostra de Cinema (1)
Local: Auditório Lusíadas
14:30 às 17:30
Mesa 4: Relações Institucionais do CNC
Participantes
Sílvio Da Rin / Frederico Cardoso - SAV MinC (a confirmar)
Fred Maia – Secretaria de Articulação Institucional do MinC (a confirmar)
Gustavo Dahl – CTAV / Centro Técnico Audiovisual
Geraldo Moares – Coalizão Brasileira pela Diversidade Cultural
Solange Lima – ABD/N – Associação Brasileira de Documentaristas
Jorge Moreno – CBC – Congresso Brasileiro de Cinema
Antonio Leal – Fórum dos Festivais
Ale Camargo – ABCA – Associação Brasileira de Cinema de Animação (a confirmar)
Leopoldo Nunes – TV Brasil (a confirmar)
Moderador
João Baptista Pimentel Neto – Secretário Geral do CNC
Local: Auditório Lusíadas
Seminário Circuito em Construção - Minas Gerais
Local: Salão dos Jasmins
20h
Mesa 5: Cineclubismo na Educação – Cinema Escola e Comunidade
Participantes
Antonio Claudino de Jesus – Presidente do CNC
Rosana Paste – Secretaria de Cultura da UFES
Solange Lima – ABD/N
Marialva Monteiro – CINEDUC – RJ (a confirmar)
Márcio Blanco – FEPA
Milene de Cássia Silveira Gusmão - Janela Indiscreta – BA
Inês Assunção de Castro Teixeira – UFMG
Moderadora:Saskia Sá – Mestre em Educação / Diretora da ABD N
Local: Auditório Lusíadas.
22h
Mostra de Cinema (2)
Pretos
Direção: Estudantes do ensino fundamental – Escola Lauriete Nardi, sob a supervisão dos oficineiros Gabriel Perrone e Gui Castor
Brasil,2007, 22'
Depoimentos sobre a vivência com o racismo. Histórias pessoais traçam um perfil da sociedade moderna e a busca de igualdade entre os cidadãos.
Boi Balaio
Direção: Criação Coletiva
Brasil,2008, 07'
Animação de criação coletiva, resultado de oficina do projeto Escola Animada, promovido pela Casa de Animação de Sabará¡, MG.
Realizada no Centro Cultural de Venda Nova, Belo Horizonte, MG, de julho a setembro de 2008. Alunos: Alessandra Franco, Gláucio Lima, Curt Duo, Juliana Coelho, Priscila Borges, Rodrigo Neves, Ronaldo Meireles,Uadi Franco,Vânia Silvario,Wagner A. Silva, Weverton H. da Silva.
Local Auditório Lusíadas
21.11- Sexta- Feira
Manhã
09h30 às 12:30
Eleição e Posse da nova Diretoria do CNC
Moções de Encerramento
Local: Auditório Lusíadas
Tarde13h às 14h
Mostra de Encerramento
Sessão Especial Cineclube Curta CircuitoDuralex Sedlex
Direção: Henrique Silveira, Luciana Tanure e Marília Rocha
Brasil,2001, 12'
Documentário sobre um homem simples que reúne em si tradição e modernidade, arte e técnica, auto-determinação e destino.
Era uma vez...
Direção: Gisele Werneck, Guilherme Reis e Byron O'Neill
Brasil, 2006, 10'
Era uma vez a noite escura e uma fada esperando o ônibus passar...Somos Passageiros...
Direção e animação: Jefferson AV Brasil, 2006,1' .
Através de janelas, que emolduram formas, imagens fantasmas dançam sob fotografias fugidias, onde cavam-se linhas, explodem-se cores, figuras transformadas na marcha do movimento, trilha primitiva, de sons sintéticos, batidas secas, no ritmo de uma locomotiva.
Os Filmes que não Fiz
Direção Gilberto Scarpa
Brasil, 2008,16'.
Nos moldes dos documentários onde diretores de cinema falam de seus filmes, o nosso filme mostra de forma divertida e cínica a filmografia de um diretor que tem muitos projetos, mas não tem nenhum filme realizado.
"Back stage em BH"
Direção:Cláudio Constantino
Brasil, 2008,15' .
Palavras de Seu Jorge em um depoimento exclusivo sobre cinema nacional, vida e o curta Tarantino´s Mind.
Local: Auditório Lusíadas
14:30Almoço de Encerramento e despedida


Realização
CNC - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros
Curta Minas
Cineclube Cuita Circuito
Promoção
Associação de Cineclubes de Vila Velha
ApoioFICC - Federação Internacional de Cineclubes
SESC Minas Gerais
PatrocínioMinistério da CulturaSAV - Secretaria do Audiovisual
FNC - Fundo Nacional de Cultura

Jornada Nacional de Cineclubes em Belo Horizonte

Desde o último dia 17 até o próximo sábado, 21 de novembro, cerca de 250 membros de 126 cineclubes de 18 estados brasileiros reúnem-se na 27ª Jornada Nacional de Cineclubes, em Belo Horizonte. O evento celebra os 80 anos de cineclubismo no Brasil e a retomada do movimento a partir de 2003, quando foi rearticulado o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, com ações que reuniram cineclubistas e o incentivo do Ministério da Cultura. Naquele ano, apenas 40 grupos participavam do CNC, atualmente composto por cerca de 200 instituições preocupadas com a difusão da produção audiovisual nacional.

Difusão é, aliás, o tema de uma das atividades da Jornada. Na tarde desta quarta-feira (dia 19), a partir das 14h30, serão apresentadas e debatidas Experiências em Difusão Audiovisual, entre elas duas iniciativas do MinC: a Programadora Brasil e o Circuito Brasil.

A Programadora Brasil é um projeto de disponibilização de filmes e vídeos para pontos de exibição de circuitos não-comerciais (Pontos de Cultura, escolas, universidades, cineclubes, centros culturais) para promover o encontro do público com o cinema brasileiro. “Os cineclubes formam o circuito norteador do trabalho da Programadora Brasil por serem de fundamental importância para a circulação e a reflexão sobre o filme brasileiro”, avalia Caio Cesaro, coordenador de comunicação e circuitos do projeto da Secretaria do Audiovisual que participará da mesa.

Já o Circuito Brasil é o segmento do Mais Cultura Audiovisual voltado para a consolidação de um circuito de exibição não-comercial de abrangência nacional, nos moldes dos Pontos de Difusão Digital, e será apresentado por seu coordenador-executivo, Frederico Cardoso.

Outras experiências relatadas serão o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA), da União Nacional dos Estudantes; Janela Indiscreta, na Bahia; Rede Brazucah, em São Paulo; Fórum de Experiências Populares em Audiovisual (FEPA), no Rio de Janeiro; Cineclube Curta Circuito, em Minas Gerais; Rede Audiovisual do Nordeste, na Paraíba; Casa Curta, em Sergipe; e Cineclube Ideário, em Alagoas.

A programação conta com cinco mesas de debates: 80 Anos do Cineclubismo, Projeto Cineclubista, Direitos do Público, Relações Institucionais do CNC e Cineclubismo na Educação - Cinema Escola e Comunidade. Também serão realizadas mostras de filmes e promovidos grupos de trabalho sobre assuntos como Direitos do Público/Legislação, Memória, Comunicação, Acervo e Difusão.

Na avaliação de João Batista Pimentel, secretário-geral do CNC, o movimento tem muito a comemorar. “Avançamos muito, principalmente nos últimos dois anos. E as perspectivas apontam para dias ainda melhores e para a possibilidade de implantação definitiva de políticas públicas de fomento ao cineclubismo. Estamos entusiasmados e sentimos este entusiasmo em todo o movimento”, afirma.

Esta edição da Jornada está sendo promovida pela Associação de Cineclubes de Vila Velha e realizada pelo Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, em parceria com a Associação Curta Minas/Cineclube Curta Circuito. O evento - que conta com o apoio do Ministério da Cultura e recursos do Fundo Nacional de Cultura para a sua realização - ocorre no SESC Venda Nova, na capital mineira.

Informações: cineclubes.org.br.

http://www.cultura.gov.br/site/2008/11/18/cineclubes-2/

Regionalização da programação: o Brasil não conhece o Brasil

Pergunte a um morador de Rio Branco, no Acre, onde fica o Leblon. Ele dirá, sem titubear, que este é um bairro do Rio de Janeiro e ainda descreverá sua paisagem.Experimente fazer o inverso: pergunte a um carioca onde ficam o 1º e o 2º distritos. É quase certo que nada se ouvirá. Um dos principais motivos para exemplos como esse serem tão comuns está na maneira como se constrói a programação televisiva no país.

Criada com caráter local nos anos 50, a televisão se difundiu nos anos 60 e 70 estimulada pelos governos militares, que viam nela uma missão integradora. Emissoras das cinco regiões brasileiras tornaram-se afiliadas das cabeças-de-rede, aquelas instaladas em regiões de forte industrialização e urbanização. Até hoje, todas as redes nacionais têm sede no Rio ou em São Paulo. As emissoras regionais tornaram-se simples reprodutoras de conteúdo, com uma mínima grade de programação local.

Muitas vezes as emissoras locais se resumem a gerentes comerciais; retransmitem a produção nacional e ganham o slogan da empresa nacional, usando essa marca para vender seus anúncios locais. As afiliadas ficam sem o custo de produção e as cabeças-de-rede ganham em dobro. Amortizam parte do valor já investido e aumentam o público que recebe as mensagens de seus anunciantes.

A defesa da regionalização da programação da televisão não parte de uma leitura “folclórica” da realidade, mas do fato de que é por meio da expressão do cotidiano local que os cidadãos podem construir significados e se reconhecer nos meios de comunicação. Hoje, os pontos de vista que circulam e se consolidam na opinião pública são geralmente de especialistas do sudeste. O mesmo fenômeno se repete no campo dos valores e da cultura. As novelas, por exemplo, há 40 anos difundem diariamente os valores da classe média-alta paulistana e carioca para o restante do Brasil. As poucas exceções, em geral, tendem a reforçar estereótipos, como os tipos e sotaques nordestinos.

Nesse contexto, a presença da diversidade cultural na telas significa ao mesmo tempo garantir o conhecimento das diferentes realidades do Brasil e viabilizar que essas diferentes realidades tenham espaço similar na construção da opinião pública. A regionalização é ainda um estímulo ao mercado de produção local, criando trabalho para jornalistas, produtores e técnicos.

Dependendo do objetivo, pode haver diferentes interpretações do que significa regionalizar a programação. Pode ser a realização do programa naquela região, sobre aquela região, feito por produtores locais ou ainda qualquer combinação dessas três variantes. O importante é a referência da regionalização como um elemento fundamental para garantir o direito humano dos diversos cidadãos a ter voz.

A questão é que essa regionalização não se dá espontaneamente. Produzir localmente é mais custoso do que simplesmente reproduzir a programação. Além disso, a ausência de limites legais faz com que uma afiliada possa transmitir 100% da programação da cabeça-de-rede, sem nenhuma inserção de programação local.

Assim, fica evidente a necessidade de que se dê suporte legal à regionalização. Embora o artigo 221 da Constituição Federal estabeleça que as emissoras devam atender ao princípio da “regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei”, até hoje essa obrigação não foi regulamentada. Desde 1991, há um projeto de lei em debate no Congresso Nacional sobre o assunto, mas por conta da pressão dos donos das emissoras de TV, ele até hoje não foi aprovado.

Além das motivações econômicas, a resistência das emissoras está baseada numa combinação de preconceito e espírito civilizatório. Em 1996, Luiz Eduardo Borgerth, à época vice-presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), declarou à revista da própria entidade que “[a regionalização da programação] é um absurdo, pois implica condenar a população das localidades distantes a ficar vendo eternamente seu bumba-meu-boi”.

Na última década, estudos mostram que algumas emissoras passaram a investir mais na produção local, por verificar que o público tem grande interesse em conteúdos que dialoguem com sua realidade. No entanto, essa mudança é pontual, e acontece apenas onde é economicamente vantajosa. Mesmo assim, com a diminuição do custo de produção, há um aumento da produção audiovisual local, que todavia não encontra janelas de exibição. Sem a regulamentação da Constituição, o Brasil segue refém dos interesses comerciais das emissoras e o cidadão segue sem saber onde ficam o 1º e o 2º distritos.

João Brant e Rosário de Pompéia*

Publicado originalmente na Revista SescTV em 17.03.2008

* João Brant é membro do Intervozes. Mestre em regulação e políticas de comunicação pela LSE (Londres).
* Rosário de Pompéia é membro do Intervozes e jornalista do Centro de Cultura Luiz Freire. Mestranda em Comunicação Social pela UFPE.
OmbudsPE é um projeto de comunicação do CCLF - Centro de Cultura Luiz Freire.

É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que a fonte seja citada e esta nota seja incluída - comunicacao@cclf.org.br.
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Mídia e o caso Eloá

O papel da mídia no caso Eloá está sendo discutido dentro de várias redes do movimento de comunicação no Brasil. Disponibilizamos, aqui, um artigo de Nelson Hoineff.

Nelson Hoineff: quem matou Eloá?

A desastrada participação da mídia eletrônica no episódio do seqüestro de Santo André (SP) revela menos sobre o seqüestro do que sobre a própria mídia. O seqüestrador não tinha antecedentes e estava tomado pela emoção. Tornou-se um assassino pela sua inabilidade em lidar com uma situação circunstancial. A televisão, porém, essa incentivou – e provocou – o assassinato.

Por Nelson Hoineff, no Observatório da Imprensa
A mídia tinha inúmeros antecedentes — e estava movida pela cobiça. O seqüestrador vai passar alguns anos numa penitenciária, apanharbastante, possivelmente ser estuprado e ser devolvido para a sociedadeinutilizado. A mídia, nesse período, já terá tirado proveito de váriasdezenas de casos semelhantes. Para os programas policialescos, o casode Santo André será na melhor das hipóteses lembrado como um número.Um bom número que só interessa ao Comercial.

A impunidade de um tipo de ”jornalismo” (o nome vai entre aspas para preservar a dignidade da atividade) movido pela hipocrisia, pela estupidez e pela maldade só não é maior que o dinheiro que ele gera. No episódio de Santo André, a mídia (ou uma certa mídia) foi um agenteativo dos acontecimentos.

O desfecho só foi possível pela ação direta da cobertura ao vivo da TV sobre o seqüestrador, pela sua capacidade em entronizá-lo como uma rápida celebridade midiática (não mais efêmera do que qualquer outra), de transtorná-lo, de amplificar uma ação criminosa pueril e deixar o seqüestrador sem opções. Tudo, enfim, o que já é conhecido por quem acompanhou o caso.

Não há dúvida possível sobre quem de fato matou a jovem de 15 anos. Para a mídia que matou a jovem não há punição e muito menos remorso. Já na manhã seguinte, as emissoras disputavam o privilégio de falar com a nova advogada do seqüestrador, uma pobre senhora já àquela altura deslumbrada com os holofotes, isca viva de repórteres e ”âncoras” à espera da carniça.

Quem saca primeiro
O mau jornalismo que se pratica em boa parte da televisão brasileira tem a perversa característica de não alimentar dúvidas do espectador sobre o que ele está vendo. Ele — que para as emissoras não é um indivíduo, mas um consumidor — dificilmente se dá conta das circunstâncias que levam à espetacularização do fato policial e do que isso representa para a sua banalização.

Os espectadores são levados a acompanhar o desfecho de um seqüestro da mesma forma como acompanham o grand finale de uma série de ficção, sem perceber que ambas estão sendo escritas da mesma maneira: a ficcional tendo como base o papel, a real como matéria-prima a manipulação dos sentimentos dos protagonistas — a audiência e os diretamente envolvidos nos acontecimentos. Uns como os outros, seres humanos. Na cobertura do dia-a-dia, helicópteros e holofotes acompanham ao vivo até as mais banais rixas de rua, e é um milagre que não as transformem todos os dias em crimes pesados. Isso acontece para gerar um ponto percentual de audiência, e para que isso aconteça os espectadores são induzidos a acreditar na relevância daquelas pequenas disputas.

A má televisão não hesitou um segundo em transformar um obscuro namorado abandonado de 22 anos numa celebridade instantânea, como se fosse um reality show com direitos gratuitos. A morte de uma menina e a destruição de famílias foram corolários espetaculares desse sucesso.

Está na hora das suítes, depois os especiais e as matérias requentadas, até que essa mesma televisão transforme outro infeliz no sucesso do momento — e o repórter que sacar primeiro um celular gere aquele 0,1% de audiência capaz de vender algumas caixas de iogurte a mais.

A propósito: como era mesmo o nome completo daquela menina que jogaram pela janela?

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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Karl Marx mais que atual

Karl Marx
mais que atual...
http://www.sinpermiso.info/#

La crisis del capitalismo y la
importancia actual de Marx
150 años después de los Grundrisse.

Uma tradução dessa entrevista
para o português foi publicada no
jornal: BRASIL DE FATO
http://www3.brasildefato.com.br/v01/agencia/entrevistas/a-crise-do-capitalismo-e-a-importancia-atual-de-marx

A crise do capitalismo e a importância atual de Marx
Em entrevista, o historiador Eric Hobsbawm analisa a atualidade da obra de Karl Marx e o renovado interesse que vem despertando nos últimos anos, mais ainda agora após a nova crise de Wall Street
30/09/2008
Marcelo Musto,
Sin Permiso

“Marx não regressará como uma inspiração política para a esquerda até que se compreenda que seus escritos não devem ser tratados como programas políticos, mas sim como um caminho para entender a natureza do desenvolvimento capitalista”. A análise é de Eric Hobsbawm, considerado um dos maiores historiadores vivos.

Em entrevista, Hobsbawm analisa a atualidade da obra de Karl Marx e o renovado interesse que vem despertando nos últimos anos, mais ainda agora após a nova crise de Wall Street. E fala sobre a necessidade de voltar a ler o pensador alemão.

Hobsbawm é presidente do Birbeck College (London University) e professor emérito da New School for Social Research (Nova Iorque). Entre suas muitas obras, encontra-se a trilogia acerca do “longo século XIX”: “A Era da Revolução: Europa 1789-1848” (1962); “A Era do Capital: 1848-1874” (1975); “A Era do Império: 1875-1914 (1987) e o livro “A Era dos Extremos: o breve século XX, 1914-1991 (1994), todos traduzidos em vários idiomas.

Sin Permiso - Duas décadas depois de 1989, quando foi apressadamente relegado ao esquecimento, Karl Marx regressou ao centro das atenções. Livre do papel de intrumentum regni que lhe foi atribuído na União Soviética e das ataduras do “marxismo-leninismo”, não só tem recebido atenção intelectual pela nova publicação de sua obra, como também tem sido objeto de crescente interesse. Em 2003, a revista francesa Nouvel Observateur dedicou um número especial a Marx, com um título provocador: “O pensador do terceiro milênio?”. Um ano depois, na Alemanha, em uma pesquisa organizada pela companhia de televisão ZDF para estabelecer quem eram os alemães mais importantes de todos os tempos, mais de 500 mil espectadores votaram em Karl Marx, que obteve o terceiro lugar na classificação geral e o primeiro na categoria de “relevância atual”. Em 2005, o semanário alemão Der Spiegel publicou uma matéria especial que tinha como título “Ein Gespenst Kehrt zurük” (A volta de um espectro), enquanto os ouvintes do programa “In Our Time” da rádio 4, da BBC, votavam em Marx como o maior filósofo de todos os tempos. Em uma conversa com Jacques Attali, recentemente publicada, você disse que, paradoxalmente, “são os capitalistas, mais que outros, que estão redescobrindo Marx” e falou também de seu assombro ao ouvir da boca do homem de negócios e político liberal, George Soros, a seguinte frase: “Ando lendo Marx e há muitas coisas interessantes no que ele diz”. Ainda que seja débil e mesmo vago, quais são as razões para esse renascimento de Marx? É possível que sua obra seja considerada como de interesse só de especialistas e intelectuais, para ser apresentada em cursos universitários como um grande clássico do pensamento moderno que não deveria ser esquecido? Ou poderá surgir no futuro uma nova “demanda de Marx”, do ponto de vista político?
Eric Hobsbawm - Há um indiscutível renascimento do interesse público por Marx no mundo capitalista, com exceção, provavelmente, dos novos membros da União Européia, do leste europeu. Este renascimento foi provavelmente acelerado pelo fato de que o 150° aniversário da publicação do Manifesto Comunista coincidiu com uma crise econômica internacional particularmente dramática em um período de uma ultra-rápida globalização do livre-mercado. Marx previu a natureza da economia mundial no início do século 21, com base na análise da “sociedade burguesa”, cento e cinqüenta anos antes. Não é surpreendente que os capitalistas inteligentes, especialmente no setor financeiro globalizado, fiquem impressionados com Marx, já que eles são necessariamente mais conscientes que outros sobre a natureza e as instabilidades da economia capitalista na qual eles operam.

A maioria da esquerda intelectual já não sabe o que fazer com Marx. Ela foi desmoralizada pelo colapso do projeto social-democrata na maioria dos estados do Atlântico Norte, nos anos 1980, e pela conversão massiva dos governos nacionais à ideologia do livre mercado, assim como pelo colapso dos sistemas políticos e econômicos que afirmavam ser inspirados por Marx e Lênin. Os assim chamados “novos movimentos sociais”, como o feminismo, tampouco tiveram uma conexão lógica com o anti-capitalismpo (ainda que, individualmente, muitos de seus membros possam estar alinhados com ele) ou questionaram a crença no progresso sem fim do controle humano sobre a natureza que tanto o capitalismo como o socialismo tradicional compartilharam. Ao mesmo tempo, o “proletariado”, dividido e diminuído, deixou de ser crível como agente histórico da transformação social preconizada por Marx.

Devemos levar em conta também que, desde 1968, os mais proeminentes movimentos radicais preferiram a ação direta não necessariamente baseada em muitas leituras e análises teóricas. Claro, isso não significa que Marx tenha deixado de ser considerado como um grande clássico e pensador, ainda que, por razões políticas, especialmente em países como França e Itália, que já tiveram poderosos Partidos Comunistas, tenha havido uma apaixonada ofensiva intelectual contra Marx e as análises marxistas, que provavelmente atingiu seu ápice nos anos oitenta e noventa. Há sinais agora de que a água retomará seu nível.


Ao longo de sua vida, Marx foi um agudo e incansável investigador, que percebeu e analisou melhor do que ninguém em seu tempo o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial. Ele entendeu que o nascimento de uma economia internacional globalizada era inerente ao modo capitalista de produção e previu que este processo geraria não somente o crescimento e prosperidade alardeados por políticos e teóricos liberais, mas também violentos conflitos, crises econômicas e injustiça social generalizada. Na última década, vimos a crise financeira do leste asiático, que começou no verão de 1997; a crise econômica Argentina de 1999-2002 e, sobretudo, a crise dos empréstimos hipotecários que começou nos Estados Unidos em 2006 e agora tornou-se a maior crise financeira do pós-guerra. É correto dizer, então, que o retorno do interesse pela obra de Marx está baseado na crise da sociedade capitalista e na capacidade dele ajudar a explicar as profundas contradições do mundo atual?
Se a política da esquerda no futuro será inspirada uma vez mais nas análises de Marx, como ocorreu com os velhos movimentos socialistas e comunistas, isso dependerá do que vai acontecer no mundo capitalista. Isso se aplica não somente a Marx, mas à esquerda considerada como um projeto e uma ideologia política coerente. Posto que, como você diz corretamente, a recuperação do interesse por Marx está consideravelmente – eu diria, principalmente – baseado na atual crise da sociedade capitalista, a perspectiva é mais promissora do que foi nos anos noventa. A atual crise financeira mundial, que pode transformar-se em uma grande depressão econômica nos EUA, dramatiza o fracasso da teologia do livre mercado global descontrolado e obriga, inclusive o governo norte-americano, a escolher ações públicas esquecidas desde os anos trinta.

As pressões políticas já estão debilitando o compromisso dos governos neoliberais em torno de uma globalização descontrolada, ilimitada e desregulada. Em alguns casos, como a China, as vastas desigualdades e injustiças causadas por uma transição geral a uma economia de livre mercado, já coloca problemas importantes para a estabilidade social e mesmo dúvidas nos altos escalões de governo. É claro que qualquer “retorno a Marx” será essencialmente um retorno à análise de Marx sobre o capitalismo e seu lugar na evolução histórica da humanidade – incluindo, sobretudo, suas análises sobre a instabilidade central do desenvolvimento capitalista que procede por meio de crises econômicas auto-geradas com dimensões políticas e sociais. Nenhum marxista poderia acreditar que, como argumentaram os ideólogos neoliberais em 1989, o capitalismo liberal havia triunfado para sempre, que a história tinha chegado ao fim ou que qualquer sistema de relações humanas possa ser definitivo para todo o sempre.


Você não acha que, se as forças políticas e intelectuais da esquerda internacional, que se questionam sobre o que poderia ser o socialismo do século 21, renunciarem às idéias de Marx, estarão perdendo um guia fundamental para o exame e a transformação da realidade atual?
Nenhum socialista pode renunciar às idéias de Marx, na medida que sua crença em que o capitalismo deve ser sucedido por outra forma de sociedade está baseada, não na esperança ou na vontade, mas sim em uma análise séria do desenvolvimento histórico, particularmente da era capitalista. Sua previsão de que o capitalismo seria substituído por um sistema administrado ou planejado socialmente parece razoável, ainda que certamente ele tenha subestimado os elementos de mercado que sobreviveriam em algum sistema pós-capitalista.

Considerando que Marx, deliberadamente, absteve-se de especular acerca do futuro, não pode ser responsabilizado pelas formas específicas em que as economias “socialistas” foram organizadas sob o chamado “socialismo realmente existente”. Quanto aos objetivos do socialismo, Marx não foi o único pensador que queria uma sociedade sem exploração e alienação, em que os seres humanos pudessem realizar plenamente suas potencialidades, mas foi o que expressou essa idéia com maior força e suas palavras mantêm seu poder de inspiração.

No entanto, Marx não regressará como uma inspiração política para a esquerda até que se compreenda que seus escritos não devem ser tratados como programas políticos, autoritariamente ou de outra maneira, nem como descrições de uma situação real do mundo capitalista de hoje, mas sim como um caminho para entender a natureza do desenvolvimento capitalista. Tampouco podemos ou devemos esquecer que ele não conseguiu realizar uma apresentação bem planejada, coerente e completa de suas idéias, apesar das tentativas de Engels e outros de construir, a partir dos manuscritos de Marx, um volume II e III de “O Capital”. Como mostram os “Grundrisse”, aliás. Inclusive, um Capital completo teria conformado apenas uma parte do próprio plano original de Marx, talvez excessivamente ambicioso.

Por outro lado, Marx não regressará à esquerda até que a tendência atual entre os ativistas radicais de converter o anti-capitalismo em anti-globalização seja abandonada. A globalização existe e, salvo um colapso da sociedade humana, é irreversível. Marx reconheceu isso como um fato e, como um internacionalista, deu as boas vindas, teoricamente. O que ele criticou e o que nós devemos criticar é o tipo de globalização produzida pelo capitalismo.


Um dos escritos de Marx que suscitaram o maior interesse entre os novos leitores e comentadores são os “Grundrisse”. Escritos entre 1857 e 1858, os “Grundrisse” são o primeiro rascunho da crítica da economia política de Marx e, portanto, também o trabalho inicial preparatório do Capital, contendo numerosas reflexões sobre temas que Marx não desenvolveu em nenhuma outra parte de sua criação inacabada. Por que, em sua opinião, estes manuscritos da obra de Marx, continuam provocando mais debate que qualquer outro texto, apesar do fato dele tê-los escrito somente para resumir os fundamentos de sua crítica da economia política? Qual é a razão de seu persistente interesse?
Desde o meu ponto de vista, os ''Grundrisse'' provocaram um impacto internacional tão grande na cena marxista intelectual por duas razões relacionadas. Eles permaneceram virtualmente não publicados antes dos anos cinqüenta e, como você diz, contendo uma massa de reflexões sobre assuntos que Marx não desenvolveu em nenhuma outra parte. Não fizeram parte do largamente dogmatizado corpus do marxismo ortodoxo no mundo do socialismo soviético. Mas não podiam simplesmente ser descartados. Puderam, portanto, ser usados por marxistas que queriam criticar ortodoxamente ou ampliar o alcance da análise marxista mediante o apelo a um texto que não podia ser acusado de herético ou anti-marxista. Assim, as edições dos anos setenta e oitenta, antes da queda do Muro de Berlim, seguiram provocando debate, fundamentalmente porque nestes escritos Marx coloca problemas importantes que não foram considerados no “Capital”, como por exemplo as questões assinaladas em meu prefácio ao volume de ensaios que você organizou (Karl Marx's Grundrisse. Foundations of the Critique of Political Economy 150 Years Later).


No prefácio deste livro, escrito por vários especialistas internacionais para comemorar o 150° aniversário de sua composição, você escreveu: “Talvez este seja o momento correto para retornar ao estudo dos “Grundrisse”, menos constrangidos pelas considerações temporais das políticas de esquerda entre a denúncia de Stalin, feita por Nikita Khruschev, e a queda de Mikhail Gorbachev”. Além disso, para destacar o enorme valor deste texto, você diz que os “Grundrisse” “trazem análise e compreensão, por exemplo, da tecnologia, o que leva o tratamento de Marx do capitalismo para além do século 19, para a era de uma sociedade onde a produção não requer já mão-de-obra massiva, para a era da automatização, do potencial de tempo livre e das transformações do fenômeno da alienação sob tais circunstâncias. Este é o único texto que vai, de alguma maneira, mais além dos próprios indícios do futuro comunista apontados por Marx na “Ideologia Alemã”. Em poucas palavras, esse texto tem sido descrito corretamente como o pensamento de Marx em toda sua riqueza. Assim, qual poderia ser o resultado da releitura dos “Grundrisse” hoje?
Não há, provavelmente, mais do que um punhado de editores e tradutores que tenham tido um pleno conhecimento desta grande e notoriamente difícil massa de textos. Mas uma releitura ou leitura deles hoje pode ajudar-nos a repensar Marx: a distinguir o geral na análise do capitalismo de Marx daquilo que foi específico da situação da sociedade burguesa na metade do século XIX. Não podemos prever que conclusões podem surgir desta análise. Provavelmente, somente podemos dizer que certamente não levarão a acordos unânimes.


Para terminar, uma pergunta final. Por que é importante ler Marx hoje?
Para qualquer interessado nas idéias, seja um estudante universitário ou não, é patentemente claro que Marx é e permanecerá sendo uma das grandes mentes filosóficas, um dos grandes analistas econômicos do século 19 e, em sua máxima expressão, um mestre de uma prosa apaixonada. Também é importante ler Marx porque o mundo no qual vivemos hoje não pode ser entendido sem levar em conta a influência que os escritos deste homem tiveram sobre o século 20. E, finalmente, deveria ser lido porque, como ele mesmo escreveu, o mundo não pode ser transformado de maneira efetiva se não for entendido. Marx permanece sendo um soberbo pensador para a compreensão do mundo e dos problemas que devemos enfrentar.

(Tradução: Marco Aurélio Weissheimer da Agência Carta Maior)

INDIE 2008 TRAZ OLHAR CONTEMPORÂNEO ATRAVÉS DO CINEMA INDEPENDENTE

A mostra, nesta oitava edição, apresentará
de 130 filmes nacionais e internacionais
em Belo Horizonte, 70 inéditos no país.

O futuro pode estar começando agora. O cinema não é uma arte simples e pode, ao mesmo tempo, ser popular e hermético, entreter, incomodar, ser leve ou difícil. Este cinema múltiplo, tão amplo e rico de possibilidades, e direcionado para o futuro estará em exibição em Belo Horizonte entre os dias 09 e 16 de outubro. Há oito anos, o INDIE – MOSTRA DE CINEMA MUNDIAL encontrou seu espaço na cidade, desde 2001, foram 150.000 espectadores, 981 filmes exibidos, em 1.427 sessões gratuitas.

O INDIE 2008 exibirá 134 filmes, sendo 72 inéditos no Brasil, e será inteiramente dedicado ao cinema contemporâneo de 17 países. Serão 121 sessões, todas com entrada franca.

Nesta oitava edição, a programação do INDIE 2008 apresenta seções dedicadas as últimas novidades que vêm do cinema realizado no Japão, Alemanha e França. O Nippon Connection on Tour é um amplo espaço para assistir ao audiovisual japonês jovem e atual; para entender qual o movimento que acontece hoje no cinema alemão é preciso ver os filmes da Nova Escola de Berlim; e as esperanças francesas estão nos seus diretores dos primeiros filmes. Mas o INDIE é também a Mostra Mundial, com seus lançamentos, estréias e expoentes do cinema internacional de 12 países; o Indie Brasil com uma geração autoral de realizadores brasileiros; e o Música do Underground que traz os mais importantes documentários sobre música do ano.

Destaques de cada um dos 7 programas:

[MOSTRA MUNDIAL] Está subdividida em duas seções - Novos Diretores/ Novos Filmes e Première - traz ao todo 29 filmes, de 12 países.> A Novos Diretores/ Novos Filmes representa o conceito curatorial principal do INDIE ao selecionar 15 filmes inéditos no país, de uma nova geração de cineastas. Apresentar estes novos diretores, da cena ficcional e documental, e tornar possível que estes filmes sejam conhecidos no país é um dos objetivos do INDIE. Vale destacar: Anywhere USA, de Chusy Haney-Jardine, Prêmio Especial do Júri no Sundance (2008); o inglês Como Ser, de Oliver Irving, Menção Honrosa do Júri no Slamdance Film Festival (2008); Loren Cass, de Chris Fuller que vem de uma carreira de dezenas de festivais internacionais; ou o oportunista dos documentários políticos como A Ameaça - que acompanha o polêmico Hugo Chávez e o povo venezuelano.> Já na seção Première, estão 14 filmes em pré-estréia. O INDIE adianta o lançamento dos filmes que chegarão ao circuito comercial: importantes nomes do cinema europeu como A Fronteira da Alvorada, de Philippe Garrel; e O Silêncio de Lorna, dos irmãos Dardenne; as produções asiáticas como o filme chinês Destino Traçado, de Conrad Clark, e o indonésio A Fotografia; além do cinema americano independente como Hannah Takes The Stairs, de Joe Swanberg.

[INDIE BRASIL] Quatro documentários e dois filmes de ficção estão no programa dedicado à produção nacional recente. O diretor Eryk Rocha apresenta Pachamama, um registro da sua viagem pela América Latina; o videoartista Carlos Nader exibe seu filme-homenagem ao cativante Waly Salomão em Pan-Cinema Permanente; a estréia do mineiro Gibi Cardoso na direção em Tomba Homem; e a pré-estréia do documentário da paulista Carla Gallo, O Aborto dos Outros. Para completar, duas ficções bem diferentes: o paulista Marcelo Galvão apresenta o já polêmico Rinha; e o cinema do cearense Petrus Cariry em O Grão. Como complemento às exibições do Indie Brasil, os diretores brasileiros estarão nos dias 10 e 11 discutindo o processo de criação na série Diálogos Independentes que terá mediação do jornalista Cássio Starling. (veja programação abaixo).

[NIPPON CONNECTION ON TOUR] O audiovisual japonês jovem e contemporâneo é a característica da programação apresentada no Nippon Connection Film Festival. Realizado há oito anos na Alemanha, em Frankfurt, o festival é responsável por promover um intercâmbio com o novo cinema japonês e apresentá-lo também em outros países. É a primeira vez que é exibido no Brasil. A curadoria apresentada no Indie 2008 é focada em obras digitais e que apresentam idéias autorais em animação, video-arte, documentários, longas de ficção e curtas. São 49 obras, sendo 4 longas e 45 curtas divididos em 6 programas. Programa realizado com o apoio da Fundação Japão.

[MÚSICA DO UNDERGROUND] Dedicado aos documentários sobre música, o foco este ano são os artistas. Dos músicos solitários do filme inglês Uma Banda de um Homem Só, às figuras emblemáticas de Arthur Russell e Gary Wilson, passando pelos artistas sobreviventes da região do Tsunami, na Ásia, do filme Laya Project. Um dos mais badalados documentários deste ano, Combinação Selvagem: Um Retrato de Arthur Russell traz toda a importância da obra desse músico reconhecido na cena erudita, experimental e disco. Já o filme, Você Acha Que Me Conhece Realmente, de Michael Wolk, tenta entender como um artista como Gary Wilson faz um disco memorável e desaparece. O programa traz também o documentário sobre a banda Joy Division, e os jovens de Reno, EUA, que puderam filmar e acompanhar os bastidores do show da banda Sonic Youth.

[PREMIERS FILMS] Numa edição na qual o INDIE está focado no cinema contemporâneo e na nova geração de diretores não poderia faltar um programa dedicado aos primeiros filmes. São cinco cineastas estreantes vindos do sólido cinema francês. Destaque para os filmes que estarão estreando no país: Tudo Perdoado, da ex-crítica da Cahiers du Cinéma, Mia Hansen-Love, que foi exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes (2008); e 7 anos, de Jean-Pascal Hattu que participou de diversos festivais tais como Veneza, Roterdã, Toronto e San Francisco.

[NOVA ESCOLA DE BERLIM] Um novo movimento surge em 2001 no cinema alemão. Alguns começam a chamá-lo de “Nova Escola de Berlim”, mas críticos alemães arriscam e o catalogam como “Nouvelle Vague Alemã”. Três novos diretores fazem parte do início desta “nova onda”: Angela Schanelec, Thomas Arslan e Christian Petzold. Todos estudaram na dffb (Deutsche Film und Fernsehakademie Berlin) com artistas importantes como Harun Farocki. A filosofia da Escola se consagra no espírito indie: muita energia e baixo orçamento. Serão exibidos 5 filmes importantes dessa nova onda como Entardecer, de Angela Schanelec; Fantasmas, de Christian Petzold; e Bangalô, de Ulrich Köhler.

[CINEMA DE GARAGEM] O INDIE abre espaço ao vídeo autoral brasileiro. São 34 curtas – divididos pelos temas Sonhos, Gravidade, Caracteres, Inclassificáveis - realizados de forma independente, num programa que teve curadoria do artista Dellani Lima. O vídeo brasileiro, lírico, poético, punk e documental.

O INDIE 2008 acontecerá no Cine Humberto Mauro e nas 4 salas do Usina Unibanco de Cinema. Os ingressos estarão disponíveis nas bilheterias dos cinemas, 30 minutos antes de cada sessão (não há entrega antecipada).