segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Re- Proclamação da República na Teia 2008

por TT Catalão
Precisamos estetizar a política e criar narrativas simbólicas em aliança com os índices técnicos quando se trata da Cultura. O cortejo da Re-Proclamação da República pela Cultura trabalha sobre o reafirmar valores republicanos em rima rica com magnífica diversidade cultural brasileira e suas inúmeras linguagens em todo o território nacional.

A oportunidade surge com a data de encerramento do Terceiro Encontro Nacional dos Pontos de Cultura – a Teia, no dia 15 de novembro. Uma data cívica, realmente nacional, em Brasília, sempre ficou no calendário com o 21 de abril, sua inauguração, e o 7 de setembro. Faltava relacionar o 15 de novembro no sentido republicano mais amplo, como um projeto de construção permanente que nos mobiliza em direção à desejada sociedade justa e solidária traduzida em participação democrática e direitos culturais da arte aliada da cidadania.

Na árdua tarefa de eliminação dos abismos entre brasis, governos e sociedade se articulam. E é a gestão cultural que tem se revelado a melhor síntese dessa federal identidade: nos governos, a nova marca pela ampla política de editais que amplia a participação e o zelo com recursos públicos; na sociedade, o aperfeiçoamento de canais de participação e maior rigor no acompanhamento de bens e serviços públicos.

Brasília é nesse sentido a encruzilhada das contradições nacionais, o próprio Exu Monumental. Está, exatamente, no entroncamento das asas (desejo) e o eixo (base e fio terra) do Plano de Lúcio Costa. A Teia acontece na Rodoviária da cidade como rede e redemoinho de radiações e enredo dos novos atores da Cultura brasileira. Ali se instalam tendas, mostras, shows e debates, dali partem nossos desejos e bases para uma Cultura em Movimento permanente como eixo das mudanças no Brasil.

No espaço livre da Teia, de onde parte o cortejo, a Brasília local e a nacional se encontram. É assim que a cidade (no Planalto Central) se faz o próprio ponto das contradições nacionais. Algo que se instala no coletivo e no indivíduo.

Reproclamar e reinstaurar o sentido republicano em repúdio ao controle dos mercados que nos querem consumidores de produtos carimbados pela mesmice fragmentada do "um para cada segmento".

Reproclamar quando a expressão estética, a liberdade de opinião e a manifestação libertária da consciência repercutem na afirmação (proclamação do desejo) de uma nova configuração republicana do Brasil (eixo pelo projeto comum de nação).

A Cultura traduz essa pluralidade que nos faz singular. A soma que nos faz únicos. Iguais na diferença, não no sentido da identificação padronizada em uma só referência, mas na identidade dos muitos que se realizam enquanto se misturam nessa construção permanente e, comprometidamente, republicana.

Clamar contra a exclusão pelo despejo, reclamar pelo direito ao desejo, reproclamar pela necessidade vital de não ser objeto, mas sujeito de si e no relacionamento com outro e com o meio: para inventar, pela cultura, o outro lado de quem faz e é a própria história.

TT Catalão é poeta e jornalista.

Cronologia da impunidade


Cronologia da impunidade em Unaí

28 de janeiro 2004
24 de novembro 2008

O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004. Foram vítimas de emboscada na região rural de Unaí (MG) os Auditores Fiscais do Trabalho – AFTs Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira. A fiscalização foi considerada pela Delegacia Regional do Trabalho de Minas Gerais (hoje Superintendência), como uma operação de rotina.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal fizeram as investigações e, em julho de 2004, anunciaram o desvendamento do caso, que tem nove pessoas envolvidas como mandantes, intermediários e executores. O indiciamento foi feito e o processo começou a correr no Tribunal Regional Federal, em Belo Horizonte.

O Juiz Federal Francisco de Assis Betti, da 9ª Vara Federal em BH, publicou a Sentença de Pronúncia em dezembro de 2004, indicando que oito dos nove acusados devem ir a Júri Popular. A exceção é Antério Mânica, que tem direito a julgamento em foro especial, por ser prefeito de Unaí, reeleito no ano passado.

Os acusados recorreram ao TRF em Brasília. Os recursos foram julgados em 16 de janeiro de 2006, sendo negados. Um dos recursos porém, ficou prejudicado e precisou ser novamente julgado. Mas tudo foi, mais uma vez, negado. Os acusados entraram com Embargos de Declaração, que também já foram apreciados e negados.
Três réus (Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Norberto Mânica) entraram com Agravos de Instrumento no Superior Tribunal de Justiça. Dois pedidos (de Hugo e Norberto) já foram negados e resta mais um a ser apreciado.

O número do processo no TRF é 20043800036647-4 MG e está em Brasília desde fevereiro de 2005. O site para acompanhamento do processo é TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL ou JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS.

Em Minas Gerais, quem acompanha o caso na Procuradoria Geral da República (Ministério Público Federal) são os Procuradores Miriam Lima e Edmundo Antônio Dias Netto Júnior. Miriam já afirmou que, quando o processo retornar a Minas, o julgamento será marcado com rapidez. Também o Procurador Carlos Alberto Vilhena do Ministério Público do DF acompanha o caso.
O SINAIT constituiu, em nome das famílias, dois advogados criminais para atuarem como assistentes da Promotoria. São os drs. Rogério Del-Corsi e Antônio Francisco Patente.

Acusados:
Antério Mânica - Considerado o maior produtor de feijão do País, tem propriedades rurais no Paraná e Unaí (MG) e era alvo freqüente de fiscalizações, a maioria delas realizadas pelo Auditor Fiscal do Trabalho Nelson José da Silva, lotado na subdelegacia de Paracatu. Em novembro de 2003, ameaçou o Auditor de morte durante uma das inspeções, conforme ele mesmo confessou em depoimento à Polícia Federal. (está em liberdade, tem direito a julgamento em foro especial, porque foi eleito prefeito de Unaí em 2004 e reeleito em 2008)

Norberto Mânica – Fazendeiro, irmão de Antério Mânica, também sofria fiscalizações freqüentes em suas fazendas. É considerado mandante, junto com o irmão (está em liberdade desde 28 de novembro/2006, por força de habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ)
a
Hugo Alves Pimenta - Empresário cerealista, é acusado de ser o mandante das execuções dos Auditores e do motorista. É proprietário das empresas Huma Transportes, com sede em Unaí, e Huma Cereais Ltda, que tem filial também em Taguatinga, cidade-satélite do Distrito Federal. Tem como sócia Marta de Fátima Santos e mantém relações comerciais com vários fazendeiros da região. Deve R$ 2 milhões aos fazendeiros e irmãos Celso e Norberto Mânica, alvos das fiscalizações dos Auditores. Ele teria pago R$ 45 mil pelas quatro mortes. Pimenta se recusou a prestar depoimento à Polícia Federal e disse que só fala em juízo. Chegou a ser libertado mas foi novamente preso em 9 de junho de 2006, quando foi descoberto um esquema de compra do silêncio de testemunhas. (está em liberdade por força de habeas corpus).

José Alberto Costa - Conhecido como Zezinho, é empresário, dono da Lucky - Flocos de Cereais, com sede em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Representante da empresa Huma na capital mineira, é suspeito de ter intermediado a contratação dos pistoleiros, a pedido do amigo Hugo Pimenta. Para isso, fez contato com o sitiante Francisco Elder Pinheiro, que arregimentou o grupo. (está em liberdade desde dezembro 2004, beneficiado por habeas corpus do TRF 1ª Região)

Francisco Elder Pinheiro - Conhecido como Chico Pinheiro, é apontado como o homem que se encarregou de montar toda a estrutura para a chacina e também acompanhou a execução do plano pessoalmente. Confessa que respondeu por três homicídios e que foi ele quem contratou os três homens para executar os auditores, encarregando-se também de receber o dinheiro das mãos de Zezinho e de fazer a divisão entre os participantes do crime. (está preso)

Erinaldo de Vasconcelos Silva - É suspeito de ter executado, com sua pistola 380, três das quatro vítimas. Integrante de uma quadrilha de roubo de carga e de veículos que atua na região de Goiás e Noroeste de Minas, agia ao lado de Rogério Alan Rocha Rios, chamado por ele para matar os auditores. Ele confessa que foi procurado por Chico Pinheiro, aceitou o trabalho sujo e acertou com ele o pagamento. Por ter executado mais pessoas, recebeu R$ 17 mil, além de R$ 6 mil, a título de adiantamento. (está preso)

Rogério Alan Rocha Rios - É suspeito de ter participado diretamente das execuções. Armado de um revólver calibre 38, deu vários tiros no auditor fiscal Nelson José da Silva, o verdadeiro alvo dos mandantes do crime, conforme sua confissão. Encarregou-se ainda de roubar os celulares das vítimas, que depois foram atirados em um riacho. Depois do crime, fugiu para seu estado natal, a Bahia, onde responde a processos. Diz ter recebido R$ 6 mil para participar do crime. (está preso)

William Gomes de Miranda - Foi contratado para atuar como motorista dos pistoleiros durante a chacina. Sua função era fazer o levantamento dos passos dos fiscais depois que eles deixassem o hotel em que se hospedavam. No entanto, não participou diretamente do crime, porque o carro alugado que conduzia, um Gol vermelho, furou um pneu. Por sua participação, confessa ter recebido R$ 11 mil. (está preso)

Humberto Ribeiro dos Santos - O “Beto” é apontado como o homem que teria se encarregado de apagar uma das provas do crime. Depois das mortes, foi contratado por Erinaldo para arrancar a folha do livro de registros do Hotel Athos, em Unaí, onde os pistoleiros ficaram hospedados. Rogério Alan foi quem se lembrou de ter fornecido seus dados verdadeiros ao fazer registro no local. Ele estava preso em Formosa (GO) por outro crime. Beto não estabeleceu preço pelo serviço. (está preso)

Cronologia dos fatos
28 de janeiro de 2004
Três auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Nelson José da Silva, João Batista Lages, Erastótenes de Almeida Gonçalves, e o motorista que os acompanhava, Aílton Pereira de Oliveira, são assassinados em uma emboscada no município de Unaí (MG), durante uma fiscalização de rotina em fazendas da região.

26 de julho de 2004
O inquérito que apurava a chacina de Unaí é encerrado pela Polícia Federal.

30 de agosto de 2004
Ministério Público Federal (MPF) denuncia à justiça oito envolvidos na chacina de Unaí.

30 de agosto de 2004
Ministério Público Federal (MPF) denuncia à justiça oito envolvidos na chacina de Unaí.

20 de setembro de 2004
MPF inclui Antério Mânica na denúncia contra os envolvidos na chacina como mandante do crime, ao lado do seu irmão Norberto Mânica. Ele permaneceu na prisão por 19 dias e conseguiu liberação por hábeas corpus para concorrer às eleições municipais.

13 de outubro de 2004
Antério Mânica é eleito prefeito de Unaí (MG), o que lhe garante foro privilegiado.

10 de dezembro de 2004
Juiz Francisco de Assis Betti, da 9ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte, publica Sentença de Pronúncia autorizando o julgamento dos réus, com exceção de Humberto Ribeiro dos Santos. Desde então, a defesa vem adiando o julgamento através da apresentação de sucessivos recursos.

Janeiro de 2005
O processo sobre para o Tribunal Regional Federal – TRF da 1ª Região em Brasília quando os acusados entram com pedido de anulação da Sentença de Pronúncia. Começa aí a apresentação de uma série de recursos que vem protelando a marcação do julgamento.

30 de agosto de 2005
Supremo Tribunal Federal (STF) concede habeas corpus a Norberto Mânica.

Dezembro de 2005
Congresso Nacional aprova indenização no valor de R$ 200 mil para cada família dos servidores mortos, e concede aos dependentes matriculados no ensino fundamental uma bolsa especial até os 18 anos, e uma bolsa universitária até os 24 anos.

18 de janeiro de 2006
O TRF 1ª Região negou o pedido de anulação da Sentença de Pronúncia e confirmou que oito réus irão a júri popular.

9 de junho de 2006
Hugo Alves Pimenta, em liberdade, foi novamente preso porque tentava comprar o silêncio dos pistoleiros por 400 mil reais.

17 de julho de 2006
Norberto Mânica foi preso por obstruir investigações através da compra de testemunhas.

28 de novembro de 2006
Superior Tribunal de Justiça (STJ) concede habeas corpus a Norberto Mânica, que deixa a prisão.

19 de dezembro de 2006
Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região em Brasília mantém a competência do julgamento com a 9ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte, negando pedido de Norberto Mânica para que seu julgamento acontecesse em Patos de Minas, próximo a Unaí.

28 de janeiro de 2007
SINAIT e AAFIT/MG, apoiados por dezenas de entidades e instituições fazem manifestação por Justiça Já em Unaí, marcando os três anos do assassinato, sem punição dos culpados.

2007
O caso não teve avanços processuais significativos e permanece no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. O SINAIT e a AAFIT/MG tiveram audiências com autoridades, que confirmaram que ainda existem vários recursos dos acusados, que impedem o retorno do processo a Minas Gerais, para que o julgamento seja marcado.

21 de janeiro de 2008
O réu José Alberto de Castro entrou com pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal.

28 de janeiro de 2008
O crime completou quatro anos, sem que nenhum dos nove envolvidos tenha sido julgado e punido pela morte de quatro servidores do Ministério do Trabalho e Emprego.
Publicada decisão do TRF 1ª Região negando todos os recursos pendentes no órgão.
O processo contra Antério Mânica foi suspenso até que todos os acusados de executores do crime sejam julgados.

Fevereiro de 2008
Os réus Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Norberto Mânica entraram com Agravo de Instrumento no Superior Tribunal de Justiça.

13 de junho de 2008
Publicada decisão do Ministro Napoleão Nunes Maia Dilho, do STJ, negando Agravo de Instrumento de Norberto Mânica.

5 de agosto de 2008
Publicada decisão do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, do STJ, negando Agravo de Instrumento de Hugo Alves Pimenta.

12 de agosto de 2008
STF arquiva pedido de habeas corpus de Francisco Elder Pinheiro.

24 de novembro de 2008
A Assembléia Legislativa de Minas Gerais concedeu comenda a Antério Mânica.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

PROGRAMAÇÃO JORNADA DE CINECLUBES

27ª JORNADA NACIONAL DE CINECLUBES
DE 17 A 21 DE NOVEMBRO DE 2008
SESC VENDA NOVA - BELO HORIZONTE, MG

Programação17.11- Segunda- Feira
09h30 as 12:00
Recepção, credenciamento, inscrições Grupos de Trabalho(GTs)
13h às 14h
Mostra de Cinema
(1)Local: Teatro Cine
14:30 às 17:30
Grupos de Trabalho (GT's)
Coordenação Geral : Frank Ferreira (FPCC/SP)
Coordenadores: Dario Goulart (ASCINE/RJ), Sebastião Ribeiro Filho (ES/FCCES)
GT 01
Direitos do Público / Legislação
Orientador: Felipe Macedo – Federação Paulista de Cineclubes
Coordenador: Definido pelo Grupo
Relator: Regina Machado – Jurista - RJ
Local: Teatro Cine
GT 02
Cineclubismo na Educação
Orientador: Antonio Claudino de Jesus – CNC/FICC
Coordenador: Definido pelo Grupo
Relator: Mariza Teixeira – Associação de Cineclubes de Vila Velha - ES
Local: Sala Marilia de Dirceu
GT 03
Memória
Orientador: Giovanni Rodrigues – Giovanni Rodrigues (CNC/RN)
Coordenador: Definido pelo GrupoRelatora: Saskia Sá – Mestre em Educação – ABDeC - ES
Local: Sala de Vídeo
GT 04
ComunicaçãoOrientadora: Daniela Fernandes – Curta Minas
Coordenador: Definido pelo Grupo
Relator:Local: Salão Mariana
GT 05
Acervo e Difusão
Orientador: Carlos Seabra
Coordenador: a definir
Relator: Patrícia Andrade – Federação Paulista de Cineclubes
Local: Salão Ouro Preto
20h
Abertura Oficial
21h30
Mesa 1: 80 Anos do CineclubismoAntonio Claudino de Jesus, Presidente do CNC_FICC
Local: Teatro Cine
23h
Mostra de Cinema (2)
Caminhos do Cineclubismo

Direção: Diomédio Piskator Brasil,2008, 110'
Caminhos do movimento cineclubista, que foi escola de cinema para a formação de gerações de cineastas do mundo todo e que, no Brasil, completa 80 anos de vida, graças a um grupo de amigos amantes do cinema que, em 1928, fundou o Chaplin Club, no Rio de Janeiro. De lá pra cá, o cineclubismo passou pelo brilhantismo de Paulo Emilio Salles Gomes, com o Clube de Cinema de São Paulo e, depois, a Cinemateca Brasileira; pela repressão política imposta pelos militares de plantão, nas décadas de 1960, 1970 e metade de 1980, com a perseguição, a censura e o fechamento de cineclubes. A organização política do movimento. O marasmo e o quase falecimento nos anos de 1990, enquanto organização. Já nos anos 2000, a reorganização, a revitalização das salas, a adaptação às novas tecnologias - e rumo ao grande encontro comemorativo de 2008.
Local: Teatro Cine
18.11- Terça- Feira
09h30 às 12:30
Grupos de Trabalho
Local: os mesmos
10h30 às 12:00
Reunião da Diretoria do CNC
Local: a definir
Tarde
13h às 14h
Mostra de Cinema (1): Tela Livre
Local: Teatro Cine
14:30 às 17:30
Grupos de Trabalho
Local: os mesmos
15:30 às 17:00
Reunião Conjunta da Diretoria / Conselho de Representantes do CNC
Local: a definir
20h
Mesa 2: Projeto Cineclubista
Participantes
Alfredo Manevy – Secretário Executivo do MinC (a confirmar)
João Baptista Pimentel Neto - Secretário Geral do CNC
João Batista de Andrade – cineasta
Orlando Bonfim Netto – Cineasta/ABDeC – ES
Lú Cachoeira – Fórum Baiano de Cineclubes
Gê Carvalho – Federação Pernambucana de Cineclubes
Moderador: Cláudio Constantino – Associação Curta Minas / Cineclube Curta Circuito
Local: Teatro Cine
22h
Mostra de Cinema (2)
Depoimentos Cineclubistas
Direção: Calebe Pimentel
Brasil,2006, 25'
Estruturado através de depoimentos coletados durante diversos encontros realizados dentro do processo de rearticulação do movimento cineclubista brasileiro iniciado em 2003, Depoimento Cineclubista retrata a importância e a diversidade do cineclubismo no Brasil registrando depoimentos testemunhais sobre o tema de inúmeras autoridades e celebridades brasileiras, entre os quais do ex-ministro da cultura Gilberto Gil.
O Homem que virou Suco
Direção: João Batista de Andrade Brasil,1980, 90'
Deraldo, poeta popular recém-chegado do Nordeste a São Paulo, sobrevivendo de suas poesias e folhetos, é confundido com operário de uma multinacional que mata o patrão na festa em que recebe o título de operário-símbolo. O poeta passa a ser perseguido pela polícia, é obrigado a trabalhar e perfaz então a trajetória de um migrante na grande metrópole: a construção civil, os serviços domésticos, o metrô, a humilhação, a violência. Arrasado, o poeta só vê uma saída: encontrar o verdadeiro assassino, e dessa procura escrever a história do operário que matou o patrão. Essa busca revela um outro lado da operação. O poeta completa sua visão crítica, irônica e demolidora sobre o esmagamento do homem na sociedade industrial. E escreve o folheto que dá o título de "O Homem Que Virou Suco".
Local: Teatro Cine
19.11- Quarta- Feira
09h30 às 12:30
Grupos de Trabalho
Local: os mesmos
Seminário Circuito em Construção - Minas Gerais
Local: Salão dos Jasmins
13h às 14h
Mostra de Cinema (1)
Local: Salão Ouro Preto
14:30h às 18:00h
Reunião dos Relatores /Coordenação dos GTs
Local: a definir
Experiências em Difusão Audiovisual - apresentação de "cases"Participantes
Programadora Brasil – Caio Cezaro
Circuito Brasil – Frederico Cardoso / Rodrigo Bouillet
Alessandra Stropp - CUCA UNE
Janela Indiscreta – Esmon Primo / BA
Rede Brazucah – Cinthia Alario / SP
FEPA – Marcio Blanco / RJ
Cineclube Curta Circuito – Cláudio Constantino / MG
Rede Audiovisual do Nordeste – Liúba Medeiros / PB
Casa Curta-SE – Rosângela Rocha / SE
Cineclube Ideário – Hermano Figueiredo
Moderador:Caio Brasil – Federação Paulista de Cineclubes / Difusão Cineclube, SP
(cada apresentação deverá ter no máximo 10 minutos)
Local: a definir
Seminário Circuito em Construção - Minas Gerais
Local: Salão dos Jasmins
20h
Mesa 3: Direitos do Público
Participantes convidados
Marcos Souza – Secretário de Políticas Culturais do MinC (a confirmar)
Felipe Macedo - Presidente da Federação Paulista de Cineclubes
Regina Machado – Jurista
Paulo Canabrava Filho – APIJOR
Leandro Mendonça –Geraldo Moraes - Coalizão Brasileira pela Diversidade Cultural
Moderador:Carlos Seabra – IPSO / Cineclube Vila Buarque
Local: Salão Ouro Preto
22h
Mostra de Cinema (2)
Matera Cineclubista
Direção: Luiz Alberto Cassol, Brasil,2008,6'25'
''Vídeo sobre a participação do cineclubista brasileiro, Antônio Claudino de Jesus no 9º Festival Internacional de Cineclubes realizado em Matera, na Itália, em junho de 2007. Claudino de Jesus é Presidente do CNC - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros e Vice-Presidente da FICC, Federação Internacional de Cineclubes. Durante o festival foi lançado o catálogo CINESUD, distribuído para cineclubistas dos cinco continentes. O catálogo contém produções de vários países. ´"Matera Cineclubista", celebra os 80 anos de Cineclubismo no Brasil, os 30 anos do Cineclube Lanterninha Aurélio e da CESMA, em 2008, e os 60 anos da FICC, celebrados em 2007.
Fome de quê
Direção: Luiz Alberto Cassol, Brasil,2008,13'
A sociedade acredita que eles nasceram nas ruas. Zé é um deles. Ninguém sabe de sua vida. Todos vão e vêm e ninguém o vê. Ele tem passado. Têm fome. Fome de quê?
Sete dias de agonia (O Encalhe)
Direção: Denoy de Oliveira Brasil,1982, 105'
Baseado em conto de Domingos Pellegrino Jr.. Numa estrada de terra, durante forte chuva, inúmeros veículos atolam, e ficam impedidos de sair dali durante sete dias.
Local: Salão Ouro Preto
20.11- Quinta- Feira
09h30 as 12:30
Aprovação do relatório dos GTs e de outros Documentos
Relatório da Gestão 2006 – 2008
Local: a definir
Seminário Circuito em Construção - Minas Gerais
Local: Salão dos Jasmins
13h às 14h
Mostra de Cinema (1)
Local: Auditório Lusíadas
14:30 às 17:30
Mesa 4: Relações Institucionais do CNC
Participantes
Sílvio Da Rin / Frederico Cardoso - SAV MinC (a confirmar)
Fred Maia – Secretaria de Articulação Institucional do MinC (a confirmar)
Gustavo Dahl – CTAV / Centro Técnico Audiovisual
Geraldo Moares – Coalizão Brasileira pela Diversidade Cultural
Solange Lima – ABD/N – Associação Brasileira de Documentaristas
Jorge Moreno – CBC – Congresso Brasileiro de Cinema
Antonio Leal – Fórum dos Festivais
Ale Camargo – ABCA – Associação Brasileira de Cinema de Animação (a confirmar)
Leopoldo Nunes – TV Brasil (a confirmar)
Moderador
João Baptista Pimentel Neto – Secretário Geral do CNC
Local: Auditório Lusíadas
Seminário Circuito em Construção - Minas Gerais
Local: Salão dos Jasmins
20h
Mesa 5: Cineclubismo na Educação – Cinema Escola e Comunidade
Participantes
Antonio Claudino de Jesus – Presidente do CNC
Rosana Paste – Secretaria de Cultura da UFES
Solange Lima – ABD/N
Marialva Monteiro – CINEDUC – RJ (a confirmar)
Márcio Blanco – FEPA
Milene de Cássia Silveira Gusmão - Janela Indiscreta – BA
Inês Assunção de Castro Teixeira – UFMG
Moderadora:Saskia Sá – Mestre em Educação / Diretora da ABD N
Local: Auditório Lusíadas.
22h
Mostra de Cinema (2)
Pretos
Direção: Estudantes do ensino fundamental – Escola Lauriete Nardi, sob a supervisão dos oficineiros Gabriel Perrone e Gui Castor
Brasil,2007, 22'
Depoimentos sobre a vivência com o racismo. Histórias pessoais traçam um perfil da sociedade moderna e a busca de igualdade entre os cidadãos.
Boi Balaio
Direção: Criação Coletiva
Brasil,2008, 07'
Animação de criação coletiva, resultado de oficina do projeto Escola Animada, promovido pela Casa de Animação de Sabará¡, MG.
Realizada no Centro Cultural de Venda Nova, Belo Horizonte, MG, de julho a setembro de 2008. Alunos: Alessandra Franco, Gláucio Lima, Curt Duo, Juliana Coelho, Priscila Borges, Rodrigo Neves, Ronaldo Meireles,Uadi Franco,Vânia Silvario,Wagner A. Silva, Weverton H. da Silva.
Local Auditório Lusíadas
21.11- Sexta- Feira
Manhã
09h30 às 12:30
Eleição e Posse da nova Diretoria do CNC
Moções de Encerramento
Local: Auditório Lusíadas
Tarde13h às 14h
Mostra de Encerramento
Sessão Especial Cineclube Curta CircuitoDuralex Sedlex
Direção: Henrique Silveira, Luciana Tanure e Marília Rocha
Brasil,2001, 12'
Documentário sobre um homem simples que reúne em si tradição e modernidade, arte e técnica, auto-determinação e destino.
Era uma vez...
Direção: Gisele Werneck, Guilherme Reis e Byron O'Neill
Brasil, 2006, 10'
Era uma vez a noite escura e uma fada esperando o ônibus passar...Somos Passageiros...
Direção e animação: Jefferson AV Brasil, 2006,1' .
Através de janelas, que emolduram formas, imagens fantasmas dançam sob fotografias fugidias, onde cavam-se linhas, explodem-se cores, figuras transformadas na marcha do movimento, trilha primitiva, de sons sintéticos, batidas secas, no ritmo de uma locomotiva.
Os Filmes que não Fiz
Direção Gilberto Scarpa
Brasil, 2008,16'.
Nos moldes dos documentários onde diretores de cinema falam de seus filmes, o nosso filme mostra de forma divertida e cínica a filmografia de um diretor que tem muitos projetos, mas não tem nenhum filme realizado.
"Back stage em BH"
Direção:Cláudio Constantino
Brasil, 2008,15' .
Palavras de Seu Jorge em um depoimento exclusivo sobre cinema nacional, vida e o curta Tarantino´s Mind.
Local: Auditório Lusíadas
14:30Almoço de Encerramento e despedida


Realização
CNC - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros
Curta Minas
Cineclube Cuita Circuito
Promoção
Associação de Cineclubes de Vila Velha
ApoioFICC - Federação Internacional de Cineclubes
SESC Minas Gerais
PatrocínioMinistério da CulturaSAV - Secretaria do Audiovisual
FNC - Fundo Nacional de Cultura

Jornada Nacional de Cineclubes em Belo Horizonte

Desde o último dia 17 até o próximo sábado, 21 de novembro, cerca de 250 membros de 126 cineclubes de 18 estados brasileiros reúnem-se na 27ª Jornada Nacional de Cineclubes, em Belo Horizonte. O evento celebra os 80 anos de cineclubismo no Brasil e a retomada do movimento a partir de 2003, quando foi rearticulado o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, com ações que reuniram cineclubistas e o incentivo do Ministério da Cultura. Naquele ano, apenas 40 grupos participavam do CNC, atualmente composto por cerca de 200 instituições preocupadas com a difusão da produção audiovisual nacional.

Difusão é, aliás, o tema de uma das atividades da Jornada. Na tarde desta quarta-feira (dia 19), a partir das 14h30, serão apresentadas e debatidas Experiências em Difusão Audiovisual, entre elas duas iniciativas do MinC: a Programadora Brasil e o Circuito Brasil.

A Programadora Brasil é um projeto de disponibilização de filmes e vídeos para pontos de exibição de circuitos não-comerciais (Pontos de Cultura, escolas, universidades, cineclubes, centros culturais) para promover o encontro do público com o cinema brasileiro. “Os cineclubes formam o circuito norteador do trabalho da Programadora Brasil por serem de fundamental importância para a circulação e a reflexão sobre o filme brasileiro”, avalia Caio Cesaro, coordenador de comunicação e circuitos do projeto da Secretaria do Audiovisual que participará da mesa.

Já o Circuito Brasil é o segmento do Mais Cultura Audiovisual voltado para a consolidação de um circuito de exibição não-comercial de abrangência nacional, nos moldes dos Pontos de Difusão Digital, e será apresentado por seu coordenador-executivo, Frederico Cardoso.

Outras experiências relatadas serão o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA), da União Nacional dos Estudantes; Janela Indiscreta, na Bahia; Rede Brazucah, em São Paulo; Fórum de Experiências Populares em Audiovisual (FEPA), no Rio de Janeiro; Cineclube Curta Circuito, em Minas Gerais; Rede Audiovisual do Nordeste, na Paraíba; Casa Curta, em Sergipe; e Cineclube Ideário, em Alagoas.

A programação conta com cinco mesas de debates: 80 Anos do Cineclubismo, Projeto Cineclubista, Direitos do Público, Relações Institucionais do CNC e Cineclubismo na Educação - Cinema Escola e Comunidade. Também serão realizadas mostras de filmes e promovidos grupos de trabalho sobre assuntos como Direitos do Público/Legislação, Memória, Comunicação, Acervo e Difusão.

Na avaliação de João Batista Pimentel, secretário-geral do CNC, o movimento tem muito a comemorar. “Avançamos muito, principalmente nos últimos dois anos. E as perspectivas apontam para dias ainda melhores e para a possibilidade de implantação definitiva de políticas públicas de fomento ao cineclubismo. Estamos entusiasmados e sentimos este entusiasmo em todo o movimento”, afirma.

Esta edição da Jornada está sendo promovida pela Associação de Cineclubes de Vila Velha e realizada pelo Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, em parceria com a Associação Curta Minas/Cineclube Curta Circuito. O evento - que conta com o apoio do Ministério da Cultura e recursos do Fundo Nacional de Cultura para a sua realização - ocorre no SESC Venda Nova, na capital mineira.

Informações: cineclubes.org.br.

http://www.cultura.gov.br/site/2008/11/18/cineclubes-2/

Regionalização da programação: o Brasil não conhece o Brasil

Pergunte a um morador de Rio Branco, no Acre, onde fica o Leblon. Ele dirá, sem titubear, que este é um bairro do Rio de Janeiro e ainda descreverá sua paisagem.Experimente fazer o inverso: pergunte a um carioca onde ficam o 1º e o 2º distritos. É quase certo que nada se ouvirá. Um dos principais motivos para exemplos como esse serem tão comuns está na maneira como se constrói a programação televisiva no país.

Criada com caráter local nos anos 50, a televisão se difundiu nos anos 60 e 70 estimulada pelos governos militares, que viam nela uma missão integradora. Emissoras das cinco regiões brasileiras tornaram-se afiliadas das cabeças-de-rede, aquelas instaladas em regiões de forte industrialização e urbanização. Até hoje, todas as redes nacionais têm sede no Rio ou em São Paulo. As emissoras regionais tornaram-se simples reprodutoras de conteúdo, com uma mínima grade de programação local.

Muitas vezes as emissoras locais se resumem a gerentes comerciais; retransmitem a produção nacional e ganham o slogan da empresa nacional, usando essa marca para vender seus anúncios locais. As afiliadas ficam sem o custo de produção e as cabeças-de-rede ganham em dobro. Amortizam parte do valor já investido e aumentam o público que recebe as mensagens de seus anunciantes.

A defesa da regionalização da programação da televisão não parte de uma leitura “folclórica” da realidade, mas do fato de que é por meio da expressão do cotidiano local que os cidadãos podem construir significados e se reconhecer nos meios de comunicação. Hoje, os pontos de vista que circulam e se consolidam na opinião pública são geralmente de especialistas do sudeste. O mesmo fenômeno se repete no campo dos valores e da cultura. As novelas, por exemplo, há 40 anos difundem diariamente os valores da classe média-alta paulistana e carioca para o restante do Brasil. As poucas exceções, em geral, tendem a reforçar estereótipos, como os tipos e sotaques nordestinos.

Nesse contexto, a presença da diversidade cultural na telas significa ao mesmo tempo garantir o conhecimento das diferentes realidades do Brasil e viabilizar que essas diferentes realidades tenham espaço similar na construção da opinião pública. A regionalização é ainda um estímulo ao mercado de produção local, criando trabalho para jornalistas, produtores e técnicos.

Dependendo do objetivo, pode haver diferentes interpretações do que significa regionalizar a programação. Pode ser a realização do programa naquela região, sobre aquela região, feito por produtores locais ou ainda qualquer combinação dessas três variantes. O importante é a referência da regionalização como um elemento fundamental para garantir o direito humano dos diversos cidadãos a ter voz.

A questão é que essa regionalização não se dá espontaneamente. Produzir localmente é mais custoso do que simplesmente reproduzir a programação. Além disso, a ausência de limites legais faz com que uma afiliada possa transmitir 100% da programação da cabeça-de-rede, sem nenhuma inserção de programação local.

Assim, fica evidente a necessidade de que se dê suporte legal à regionalização. Embora o artigo 221 da Constituição Federal estabeleça que as emissoras devam atender ao princípio da “regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei”, até hoje essa obrigação não foi regulamentada. Desde 1991, há um projeto de lei em debate no Congresso Nacional sobre o assunto, mas por conta da pressão dos donos das emissoras de TV, ele até hoje não foi aprovado.

Além das motivações econômicas, a resistência das emissoras está baseada numa combinação de preconceito e espírito civilizatório. Em 1996, Luiz Eduardo Borgerth, à época vice-presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), declarou à revista da própria entidade que “[a regionalização da programação] é um absurdo, pois implica condenar a população das localidades distantes a ficar vendo eternamente seu bumba-meu-boi”.

Na última década, estudos mostram que algumas emissoras passaram a investir mais na produção local, por verificar que o público tem grande interesse em conteúdos que dialoguem com sua realidade. No entanto, essa mudança é pontual, e acontece apenas onde é economicamente vantajosa. Mesmo assim, com a diminuição do custo de produção, há um aumento da produção audiovisual local, que todavia não encontra janelas de exibição. Sem a regulamentação da Constituição, o Brasil segue refém dos interesses comerciais das emissoras e o cidadão segue sem saber onde ficam o 1º e o 2º distritos.

João Brant e Rosário de Pompéia*

Publicado originalmente na Revista SescTV em 17.03.2008

* João Brant é membro do Intervozes. Mestre em regulação e políticas de comunicação pela LSE (Londres).
* Rosário de Pompéia é membro do Intervozes e jornalista do Centro de Cultura Luiz Freire. Mestranda em Comunicação Social pela UFPE.
OmbudsPE é um projeto de comunicação do CCLF - Centro de Cultura Luiz Freire.

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Mídia e o caso Eloá

O papel da mídia no caso Eloá está sendo discutido dentro de várias redes do movimento de comunicação no Brasil. Disponibilizamos, aqui, um artigo de Nelson Hoineff.

Nelson Hoineff: quem matou Eloá?

A desastrada participação da mídia eletrônica no episódio do seqüestro de Santo André (SP) revela menos sobre o seqüestro do que sobre a própria mídia. O seqüestrador não tinha antecedentes e estava tomado pela emoção. Tornou-se um assassino pela sua inabilidade em lidar com uma situação circunstancial. A televisão, porém, essa incentivou – e provocou – o assassinato.

Por Nelson Hoineff, no Observatório da Imprensa
A mídia tinha inúmeros antecedentes — e estava movida pela cobiça. O seqüestrador vai passar alguns anos numa penitenciária, apanharbastante, possivelmente ser estuprado e ser devolvido para a sociedadeinutilizado. A mídia, nesse período, já terá tirado proveito de váriasdezenas de casos semelhantes. Para os programas policialescos, o casode Santo André será na melhor das hipóteses lembrado como um número.Um bom número que só interessa ao Comercial.

A impunidade de um tipo de ”jornalismo” (o nome vai entre aspas para preservar a dignidade da atividade) movido pela hipocrisia, pela estupidez e pela maldade só não é maior que o dinheiro que ele gera. No episódio de Santo André, a mídia (ou uma certa mídia) foi um agenteativo dos acontecimentos.

O desfecho só foi possível pela ação direta da cobertura ao vivo da TV sobre o seqüestrador, pela sua capacidade em entronizá-lo como uma rápida celebridade midiática (não mais efêmera do que qualquer outra), de transtorná-lo, de amplificar uma ação criminosa pueril e deixar o seqüestrador sem opções. Tudo, enfim, o que já é conhecido por quem acompanhou o caso.

Não há dúvida possível sobre quem de fato matou a jovem de 15 anos. Para a mídia que matou a jovem não há punição e muito menos remorso. Já na manhã seguinte, as emissoras disputavam o privilégio de falar com a nova advogada do seqüestrador, uma pobre senhora já àquela altura deslumbrada com os holofotes, isca viva de repórteres e ”âncoras” à espera da carniça.

Quem saca primeiro
O mau jornalismo que se pratica em boa parte da televisão brasileira tem a perversa característica de não alimentar dúvidas do espectador sobre o que ele está vendo. Ele — que para as emissoras não é um indivíduo, mas um consumidor — dificilmente se dá conta das circunstâncias que levam à espetacularização do fato policial e do que isso representa para a sua banalização.

Os espectadores são levados a acompanhar o desfecho de um seqüestro da mesma forma como acompanham o grand finale de uma série de ficção, sem perceber que ambas estão sendo escritas da mesma maneira: a ficcional tendo como base o papel, a real como matéria-prima a manipulação dos sentimentos dos protagonistas — a audiência e os diretamente envolvidos nos acontecimentos. Uns como os outros, seres humanos. Na cobertura do dia-a-dia, helicópteros e holofotes acompanham ao vivo até as mais banais rixas de rua, e é um milagre que não as transformem todos os dias em crimes pesados. Isso acontece para gerar um ponto percentual de audiência, e para que isso aconteça os espectadores são induzidos a acreditar na relevância daquelas pequenas disputas.

A má televisão não hesitou um segundo em transformar um obscuro namorado abandonado de 22 anos numa celebridade instantânea, como se fosse um reality show com direitos gratuitos. A morte de uma menina e a destruição de famílias foram corolários espetaculares desse sucesso.

Está na hora das suítes, depois os especiais e as matérias requentadas, até que essa mesma televisão transforme outro infeliz no sucesso do momento — e o repórter que sacar primeiro um celular gere aquele 0,1% de audiência capaz de vender algumas caixas de iogurte a mais.

A propósito: como era mesmo o nome completo daquela menina que jogaram pela janela?

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