Leitura Crítica da Mídia
*TAÍS FERREIRA
Estamos passando por um momento de falta de credibilidade na mídia. Publica-se, transmite-se qualquer coisa, e quanto mais sensacionalista, melhor. Não há responsabilidade no caso de erros, de noticiário falso, vale tudo, desde que dê Ibope. É uma mídia tendenciosa, que não investiga e não ouve as opiniões divergentes, sua opinião depende das publicidades.
No Brasil, temos uma TV do ponto de vista do conteúdo e da linguagem, não retrata nossa diversidade, mas tem alta qualidade técnica, no nível das melhores do mundo. A grande maioria da população não tem outra forma de entretenimento e informação. A televisão tem o poder de pautar vidas, hábitos e a política, além de impor medo a todos os governos.
É essa mesma imprensa, que induz pessoas ao erro, que publica notícias do seu interesse. Irresponsabilidade que se configura no pior inimigo da liberdade de imprensa, porque pode provocar reações autoritárias e danos irreversíveis. O caso mais recente é o da brasileira na Suíça, que a maior rede de televisão brasileira transformou em manchete sem ao menos falar com as autoridades locais.
Escrever para um jornal, fotografar, falar no rádio ou televisão e mesmo manter um blogs e sites constitui uma responsabilidade social. Não se pode valer dessa posição para se difundir boatos, nem inverdades. É preciso checar, levantar o fato, mencionar ou desfazer as dúvidas e suspeitas existentes. É também preciso se garantir o direito de ser mencionada a versão da parte acusada para evitar a notícia tendenciosa.
Os erros das grandes redes de televisão vão ficar na história do nosso jornalismo. Sensacionalismo, irresponsabilidade e abuso de poder. É por esta e muitas outras, como o caso da escola de Base, o caso “Eloá”, garota morta no seqüestro, o recente caso da suposta agressão a uma brasileira na Suiça,entre tantos outros, que é mais que necessário seguir o exemplo de emissoras de televisão como a BBC, de Londres, onde os responsáveis pela tv têm que responder ao público em programa ao vivo sobre seus erros e acertos. Afinal, as redes de televisão são concessões públicas e os cidadãos têm o direito de questioná-las em seus erros, assim como os responsáveis têm o dever de prestar as informações como qualquer outro serviço público.
* Taís é jornalista, é editora do blog CINE JORNALISMO EM PAUTA
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
"DONOS DA MÍDIA": UM ESTUDO SOBRE O CONTROLE DA MÍDIA NO BRASIL
"Donos da Mídia" é o maior banco de dados sobre os grupos de mídia do país, uma poderosa ferramenta para a democratização da comunicação. O site www.donosdamidia.com.br revela os laços de redes de comunicação, como é exercido o controle sobre a mídia, o papel dos políticos, a ilegalidade de suas ações e a situação das empresas de comunicação. Um estudo completo sobre a concentração da mídia nacional, fruto de três décadas de pesquisas.
Criado por Daniel Herz - jornalista e um dos fundadores do FNDC, e produzido pelo Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom), entidade parceira do FNDC, também criada pelo jornalista, Donos da Mídia lista 7.275 veículos de comunicação, abrangendo rádios (inclusive as comunitárias), televisão aberta e por assinatura, revistas e jornais. Relaciona também as retransmissoras de televisão.
O controle das redes
Donos da Mídia destaca o papel estruturador das cinco maiores redes nacionais de televisão: Globo, Band, Record, SBT e Rede TV!, as quais controlam, direta e indiretamente, os principais veículos de comunicação no País. Este controle não se dá totalmente de forma explícita ou ilegal. Entretanto, se constituiu e se sustenta contrariando os princípios de qualquer sociedade democrática, que tem no pluralismo das fontes de informação um de seus pilares fundamentais.Existem 34 redes de TV, às quais estão ligados 1.535 veículos, geralmente através de grupos afiliados. São 21 as redes de emissoras de rádio FM e OM.
Também são identificados grupos nacionais e regionais. Os grupos nacionais foram definidos como o “conjunto de empresas, fundações ou órgãos públicos que controlam mais de um veículo, independentemente de seu suporte, em mais de dois estados”. Foram identificados 35 grupos, controladores de 516 veículos.
Grupos regionais são aqueles que “controlam mais de uma entidade de mídia, independentemente de seu suporte”, atuando em até dois estados. Há 142 deles, controlando 695 veículos.
Os veículos podem ser localizados geograficamente na consulta.Cada um dos 5.564 municípios brasileiros é referido.
A ilegalidade de grupos e políticos
Navegando em Donos da Mídia, é possível saber quantos veículos há em cada município, quais os grupos de mídia atuantes nas várias regiões, bem como dimensionar a cobertura das redes. Os dados sobre as empresas incluem desde os seus endereços até seus concessionários, permissionários ou proprietários.
A localização dos veículos e a identificação de seus concessionários (e seus sócios) permite, por exemplo, constatar a situação ilegal da maioria dos grupos de mídia. Quase todos controlam um número de concessões superior ao permitido por lei.
Outra ilegalidade flagrada pelo cruzamento de dados proporcionado pelo site é a participação direta de políticos no controle de emissoras de rádio e TV.
A Constituição Federal proíbe (artigo 54) os deputados e senadores participar de organização definida como “pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público”. Essa determinação constitucional aplica-se, por extensão, aos deputados estaduais e prefeitos. Entretanto, Donos da Mídia, identificou 20 senadores, 48 deputados federais, 55 deputados estaduais e 147 prefeitos como sócios ou diretores de empresas de radiodifusão.
Quanto às suas origens partidárias, predominam os políticos filiados ao DEM (58, ou 21,4%), ao PMDB (48, ou 17,71%) e ao PSDB (43, ou 15,87%. Esses dados podem ser pesquisados aqui.
A sugestão é para que todas as entidades, ongs, sindicatos, universidades conheçam estas pesquisas e entrem na luta pela democratização da comunicação no Brasil.
Postado por CINE JORNALISMO EM PAUTA
Leitura Crítica da Mídia
*TAÍS FERREIRA
Estamos passando por um momento de falta de credibilidade na mídia. Publica-se, transmite-se qualquer coisa, e quanto mais sensacionalista, melhor. Não há responsabilidade no caso de erros, de noticiário falso, vale tudo, desde que dê Ibope. É uma mídia tendenciosa, que não investiga e não ouve as opiniões divergentes, sua opinião depende das publicidades.
No Brasil, temos uma TV do ponto de vista do conteúdo e da linguagem, não retrata nossa diversidade, mas tem alta qualidade técnica, no nível das melhores do mundo. A grande maioria da população não tem outra forma de entretenimento e informação. A televisão tem o poder de pautar vidas, hábitos e a política, além de impor medo a todos os governos.
É essa mesma imprensa, que induz pessoas ao erro, que publica notícias do seu interesse. Irresponsabilidade que se configura no pior inimigo da liberdade de imprensa, porque pode provocar reações autoritárias e danos irreversíveis. O caso mais recente é o da brasileira na Suíça, que a maior rede de televisão brasileira transformou em manchete sem ao menos falar com as autoridades locais.
Escrever para um jornal, fotografar, falar no rádio ou televisão e mesmo manter um blogs e sites constitui uma responsabilidade social. Não se pode valer dessa posição para se difundir boatos, nem inverdades. É preciso checar, levantar o fato, mencionar ou desfazer as dúvidas e suspeitas existentes. É também preciso se garantir o direito de ser mencionada a versão da parte acusada para evitar a notícia tendenciosa.
Os erros das grandes redes de televisão vão ficar na história do nosso jornalismo. Sensacionalismo, irresponsabilidade e abuso de poder. É por esta e muitas outras, como o caso da escola de Base, o caso “Eloá”, garota morta no seqüestro, o recente caso da suposta agressão a uma brasileira na Suiça,entre tantos outros, que é mais que necessário seguir o exemplo de emissoras de televisão como a BBC, de Londres, onde os responsáveis pela tv têm que responder ao público em programa ao vivo sobre seus erros e acertos. Afinal, as redes de televisão são concessões públicas e os cidadãos têm o direito de questioná-las em seus erros, assim como os responsáveis têm o dever de prestar as informações como qualquer outro serviço público.
* Taís é jornalista, é editora do blog CINE JORNALISMO EM PAUTA
"DONOS DA MÍDIA": UM ESTUDO SOBRE O CONTROLE DA MÍDIA NO BRASIL
"Donos da Mídia" é o maior banco de dados sobre os grupos de mídia do país, uma poderosa ferramenta para a democratização da comunicação. O site www.donosdamidia.com.br revela os laços de redes de comunicação, como é exercido o controle sobre a mídia, o papel dos políticos, a ilegalidade de suas ações e a situação das empresas de comunicação. Um estudo completo sobre a concentração da mídia nacional, fruto de três décadas de pesquisas.
Criado por Daniel Herz - jornalista e um dos fundadores do FNDC, e produzido pelo Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom), entidade parceira do FNDC, também criada pelo jornalista, Donos da Mídia lista 7.275 veículos de comunicação, abrangendo rádios (inclusive as comunitárias), televisão aberta e por assinatura, revistas e jornais. Relaciona também as retransmissoras de televisão.
O controle das redes
Donos da Mídia destaca o papel estruturador das cinco maiores redes nacionais de televisão: Globo, Band, Record, SBT e Rede TV!, as quais controlam, direta e indiretamente, os principais veículos de comunicação no País. Este controle não se dá totalmente de forma explícita ou ilegal. Entretanto, se constituiu e se sustenta contrariando os princípios de qualquer sociedade democrática, que tem no pluralismo das fontes de informação um de seus pilares fundamentais.Existem 34 redes de TV, às quais estão ligados 1.535 veículos, geralmente através de grupos afiliados. São 21 as redes de emissoras de rádio FM e OM.
Também são identificados grupos nacionais e regionais. Os grupos nacionais foram definidos como o “conjunto de empresas, fundações ou órgãos públicos que controlam mais de um veículo, independentemente de seu suporte, em mais de dois estados”. Foram identificados 35 grupos, controladores de 516 veículos.
Grupos regionais são aqueles que “controlam mais de uma entidade de mídia, independentemente de seu suporte”, atuando em até dois estados. Há 142 deles, controlando 695 veículos.
Os veículos podem ser localizados geograficamente na consulta.Cada um dos 5.564 municípios brasileiros é referido.
A ilegalidade de grupos e políticos
Navegando em Donos da Mídia, é possível saber quantos veículos há em cada município, quais os grupos de mídia atuantes nas várias regiões, bem como dimensionar a cobertura das redes. Os dados sobre as empresas incluem desde os seus endereços até seus concessionários, permissionários ou proprietários.
A localização dos veículos e a identificação de seus concessionários (e seus sócios) permite, por exemplo, constatar a situação ilegal da maioria dos grupos de mídia. Quase todos controlam um número de concessões superior ao permitido por lei.
Outra ilegalidade flagrada pelo cruzamento de dados proporcionado pelo site é a participação direta de políticos no controle de emissoras de rádio e TV.
A Constituição Federal proíbe (artigo 54) os deputados e senadores participar de organização definida como “pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público”. Essa determinação constitucional aplica-se, por extensão, aos deputados estaduais e prefeitos. Entretanto, Donos da Mídia, identificou 20 senadores, 48 deputados federais, 55 deputados estaduais e 147 prefeitos como sócios ou diretores de empresas de radiodifusão.
Quanto às suas origens partidárias, predominam os políticos filiados ao DEM (58, ou 21,4%), ao PMDB (48, ou 17,71%) e ao PSDB (43, ou 15,87%. Esses dados podem ser pesquisados aqui.
A sugestão é para que todas as entidades, ongs, sindicatos, universidades conheçam estas pesquisas e entrem na luta pela democratização da comunicação no Brasil.
Postado por CINE JORNALISMO EM PAUTA
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Reflexões críticas sobre a mídia
É a grande imprensa transformando as notícias em apenas mais um produto para ser colocado no mercado e consumido.
A Montanha dos Sete Abutres
Diretor: Billy Wilder - EUA/1951 - Duração: 111 minutos
Repórter em decadência fareja um grande assunto quando um homem fica preso numa mina. Com a cumplicidade do xerife e da mulher da vítima, explora o fato, mas não parece muito disposto a salvar a vida da vítima.
Vale a pena conferir!
A Montanha dos Sete Abutres
Diretor: Billy Wilder - EUA/1951 - Duração: 111 minutos
Repórter em decadência fareja um grande assunto quando um homem fica preso numa mina. Com a cumplicidade do xerife e da mulher da vítima, explora o fato, mas não parece muito disposto a salvar a vida da vítima.
Vale a pena conferir!
Postado por tais.assessoria.imprensa
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Reflexões Críticas Sobre a Mídia
A programação de novembro do Cineclube Joaquim Pedro de Andrade exibe filmes que fazem reflexões críticas sobre a mídia.
A entrada é gratuita. Participe!
A presença dos meios de comunicação na educação se faz cada vez mais intensa na vida das pessoas, molda valores e perfis, principalmente no Brasil, onde a maioria (80%) da população tem na televisão sua única fonte de informação.
O papel político da televisão no Brasil é único em todo o mundo. E, poucos são os mecanismos de que dispõe a sociedade para intervir na definição dos conteúdos dos meios de comunicação ou assegurar o direito a uma informação democrática.
Para o fortalecimento da democracia e da cidadania, além de lutar politicamente pela Regulamentação da legislação de radiodifusão é importante que todos os cidadãos se articulem para fiscalizar democraticamente e participar dos debates e reflexões sobre a mídia que temos e a mídia que queremos. A realização pela primeira vez no país de uma Conferência Nacional de Comunicação é o momento propício para o diálogo com todos: governantes, empresários da comunicação, trabalhadores da comunicação e sociedade civil.
É necessária uma reflexão crítica sobre a mídia, acompanhada de ações práticas no âmbito político, para que ela não seja usada para desviar a atenção, enganar, distrair e nos isolar. Educar para a mídia é ampliar o debate para a mobilização. É bom para a democracia e, para a própria mídia.
A entrada é gratuita. Participe!
Cineclube Joaquim Pedro de Andrade
Rua Tupinambás, 179 - 14º andar
Centro - Belo Horizonte/MGEntrada franca - Informações: 3115-3000
24.nov • terça • 19h • Boa Noite e Boa Sorte
Direção: George Clooney - EUA/2005 - Duração: 93minutos
Nos anos 50, a queda do político Joseph McCarthy é causada pelos embates entre ele e o âncora da rede CBS Edward R. Murrow. O senador foi responsável pela operação "Caça às Bruxas", que acusava, sem provas, cidadãos americanos de serem comunistas.
Debatedora: Taís Ferreira - jornalista, pós-graduada em Memória e Cinema.
Leia também:
Educar para a leitura crítica da mídia
A entrada é gratuita. Participe!
A presença dos meios de comunicação na educação se faz cada vez mais intensa na vida das pessoas, molda valores e perfis, principalmente no Brasil, onde a maioria (80%) da população tem na televisão sua única fonte de informação.
O papel político da televisão no Brasil é único em todo o mundo. E, poucos são os mecanismos de que dispõe a sociedade para intervir na definição dos conteúdos dos meios de comunicação ou assegurar o direito a uma informação democrática.
Para o fortalecimento da democracia e da cidadania, além de lutar politicamente pela Regulamentação da legislação de radiodifusão é importante que todos os cidadãos se articulem para fiscalizar democraticamente e participar dos debates e reflexões sobre a mídia que temos e a mídia que queremos. A realização pela primeira vez no país de uma Conferência Nacional de Comunicação é o momento propício para o diálogo com todos: governantes, empresários da comunicação, trabalhadores da comunicação e sociedade civil.
É necessária uma reflexão crítica sobre a mídia, acompanhada de ações práticas no âmbito político, para que ela não seja usada para desviar a atenção, enganar, distrair e nos isolar. Educar para a mídia é ampliar o debate para a mobilização. É bom para a democracia e, para a própria mídia.
A entrada é gratuita. Participe!
Cineclube Joaquim Pedro de Andrade
Rua Tupinambás, 179 - 14º andar
Centro - Belo Horizonte/MGEntrada franca - Informações: 3115-3000
24.nov • terça • 19h • Boa Noite e Boa Sorte
Direção: George Clooney - EUA/2005 - Duração: 93minutos
Nos anos 50, a queda do político Joseph McCarthy é causada pelos embates entre ele e o âncora da rede CBS Edward R. Murrow. O senador foi responsável pela operação "Caça às Bruxas", que acusava, sem provas, cidadãos americanos de serem comunistas.
Debatedora: Taís Ferreira - jornalista, pós-graduada em Memória e Cinema.
Leia também:
Educar para a leitura crítica da mídia
Marcadores: CINECLUBE, Cineclube Joaquim Pedro de Andrade, LEITURA CRÍTICA DA MÍDIA, Reflexões Crítica Sobre a Mídia, Taís Ferreira
terça-feira, 22 de março de 2011
A mídia na ordem do dia
* Emiliano José
Os últimos anos têm sido pródigos em mudanças no Brasil. E elas ocorrem não aos saltos, mas por força de uma nova hegemonia que se vai construindo, que se vai tecendo pouco a pouco, conquistando corações de mentes, e vão se desenvolvendo, sobretudo, depois que o presidente Lula tomou posse em 2003. O que quer dizer que são resultado do milagre da política. Esta, no dizer de Hannah Arendt, é a única com possibilidades de produzir milagres, e certamente ela, ao dizer isso, não queria agredir aos homens e mulheres de fé, que não se discute.
Temos já outra Nação, com mais autonomia, com auto-estima elevada, exercendo a sua soberania, distribuindo renda, começando a enfrentar os nossos gigantescos problemas sociais. A presidenta Dilma dá sequência, com muito vigor, ao projeto iniciado em 2003, especialmente preocupada com o combate à pobreza extrema, ainda tão presenteem nosso País. Ainda há muito que mudar. E cito problemas que teremos que enfrentar, como o da necessidade da reforma política e o da regulação dos meios de comunicação audiovisuais.
É especificamente sobre a regulação dos meios de comunicação que pretendo me debruçar nesse artigo. E o faço porque tenho me preocupado com isso desde há muito, dada a minha condição de cidadão, militante, jornalista e professor de Comunicação, e, também, pelo fato de o líder de minha bancada na Câmara Federal, deputado Paulo Teixeira, ter me destacado para contribuir na articulação da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e pelo direito à comunicação, ao lado de parlamentares de partidos diversos, entre os quais destaco a deputada Luiza Erundina, que sempre se dedicou à luta pela democratização da comunicação no Brasil.
Não é necessário estender-me muito para dizer da importância dos meios audiovisuais ou da mídia enquanto um todo, incluindo a impressa. Desde o seu surgimento em sua forma mais moderna, a imprensa ocupou um papel essencial na construção ou desconstrução de hegemonias políticas. E ocupou o centro também da construção de novas formas de convivência, de existência na humanidade. A mídia é construtora de uma nova sociabilidade. Por isso mesmo, não há Estado contemporâneo que não se preocupe com a regulação dos meios de comunicação, especialmente, nos tempos que vivemos, regulação dos meios de comunicação audiovisuais.
Como são essenciais à construção cotidiana da democracia, os meios audiovisuais têm que ser regulados pelo Estado de Direito democrático, como ocorre nos países de democracia considerada avançada. Curioso é que no Brasil quando se fala em regulação, alguns meios sentem-se agredidos, como se isso não fosse próprio do Estado democrático, como se isso não ocorresse em nações civilizadas e de democracias muito mais longevas do que as nossas. É que o uso do cachimbo faz a boca torta.
As poucas famílias que controlam nossa mídia considerada hegemônica acostumaram-se com uma regulação completamente anacrônica, defasada, sem qualquer conexão com a contemporaneidade, uma legislação inteiramente desconectada de uma sociedade midiatizada e que, por isso mesmo, não pode ficar à mercê da boa ou má vontade dos controladores privados dos meios audiovisuais. Uma sociedade midiática, onde os meios audiovisuais são impressionantemente majoritários, e invadem, para o mal ou para o bem, todas as classes sociais e todas as idades, não pode prescindir de uma legislação que dê conta de todas as novas e impressionantes singularidades desse admirável mundo novo. Que regule esse mundo.
Parece incrível, mas é verdadeiro: o Código Brasileiro de Telecomunicações, instituído pela Lei 4.117, é de 1962. Isso mesmo. Não errei na data. É de quase meio século atrás. Quando, por exemplo, a televisão não era ainda o meio hegemônico. Quando as emissoras de rádio e os jornais tinham uma extraordinária importância. O Código sofreu alterações em 1967, sob a ditadura militar, e naturalmente para aplainar o caminho de uma sociedade que começaria a viver a ideia de um Paísem rede. No final de 1969, início dos anos 1970, surge a Rede Globo, alcançando todo o Brasil, para dar suporte político à ditadura, como todos o sabem.
Como um código desses pode dar conta dessa avassaladora presença dos meios audiovisuais, agora cada vez mais miniaturizados, concentrados em minúsculos aparelhos, admirável mundo novo da convergência digital, que pode chegar, de uma forma ou de outra, aos mais ricos e aos mais pobres, e cuja influência é gigantesca? Não pode mais. Decididamente, não pode.
Não se aceita mais que um País, com tamanha diversidade social, política e cultural, com tantas vozes e discursos, tão multifacetado, com uma cultura plural, riquíssima, se veja submetido a monopólios que insistem num pobre discurso único, de baixo nível. Democratizar a comunicação é respeitar a Constituição que veda monopólios. Democratizar a comunicação é dar voz a tantos atores sociais silenciados. Democratizar a comunicação é ampliar a propriedade dos meios para além dos monopólios. A democracia é que reclama isso.
O governo Lula, na reta final do segundo mandato, começou a discutir o problema. Teve a coragem de convocar a I Conferência Nacional de Comunicação. Isso mesmo, a primeira. E olhe que o Brasil realiza conferências populares uma atrás da outra. Mas a comunicação estava fora da agenda, não entrava na nossa pauta política. E, também, sob a direção do ex-ministro Franklin Martins, começou a elaborar um anteprojeto de regulação dos meios audiovisuais e o concluiu, deixando claro que não se iria tratar dos meios impressos. Esse anteprojeto está nas mãos do ministro Paulo Bernardo, das Comunicações.
E esse novo marco regulatório, cujo conteúdo ainda não conheço, certamente terá que discutir a concentração dos meios de comunicação audiovisuais nas mãos de poucas famílias, a propriedade cruzada desses meios (ou seja, diferentes meios de comunicação nas mãos de um único grupo), o fato de tantos meios audiovisuais se encontrarem nas mãos de políticos, as dificuldades para a constituição de rádios e tevês comunitárias, a importância do fortalecimento de um setor público audiovisual a exemplo do que ocorre nos países mais desenvolvidos, a regulamentação dos artigos da Constituição que asseguram, por exemplo, o respeito aos direitos humanos e a obrigatoriedade da produção regional entre tantos outros temas. Uma discussão, como temos defendido no início das articulações para a constituição da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e pelo direito à Comunicação, que conte com participação popular, com entidades que têm se dedicado a essa luta e à luta pelo respeito aos direitos humanos por parte dos meios audiovisuais, useiros e vezeiros em desrespeitar tais direitos.
Por ser um assunto maldito, que estava fora da pauta política, ainda há temor em tratar dele no Congresso Nacional, para além dos parlamentares eventualmente afinados com os lobbies dos monopólios. A bancada do meu partido, no entanto, estará firme nessa luta pela democratização dos meios de comunicação. E sei que bancadas como a do PSB, do PC do B, do PSol, penso que também a do PDT, espero também que do PV e de outros partidos, deverão se dedicar a essa luta. Torço e luto para que toda a base aliada do Governo da presidenta Dilma se una em torno do novo marco regulatório quando ele chegar à Câmara Federal. Nossa bancada já está nessa luta. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
* Jornalista, escritor, deputado federal (PT/BA)
Publicado no site Conversa Afiada (16/03/2011)
Os últimos anos têm sido pródigos em mudanças no Brasil. E elas ocorrem não aos saltos, mas por força de uma nova hegemonia que se vai construindo, que se vai tecendo pouco a pouco, conquistando corações de mentes, e vão se desenvolvendo, sobretudo, depois que o presidente Lula tomou posse em 2003. O que quer dizer que são resultado do milagre da política. Esta, no dizer de Hannah Arendt, é a única com possibilidades de produzir milagres, e certamente ela, ao dizer isso, não queria agredir aos homens e mulheres de fé, que não se discute.
Temos já outra Nação, com mais autonomia, com auto-estima elevada, exercendo a sua soberania, distribuindo renda, começando a enfrentar os nossos gigantescos problemas sociais. A presidenta Dilma dá sequência, com muito vigor, ao projeto iniciado em 2003, especialmente preocupada com o combate à pobreza extrema, ainda tão presente
É especificamente sobre a regulação dos meios de comunicação que pretendo me debruçar nesse artigo. E o faço porque tenho me preocupado com isso desde há muito, dada a minha condição de cidadão, militante, jornalista e professor de Comunicação, e, também, pelo fato de o líder de minha bancada na Câmara Federal, deputado Paulo Teixeira, ter me destacado para contribuir na articulação da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e pelo direito à comunicação, ao lado de parlamentares de partidos diversos, entre os quais destaco a deputada Luiza Erundina, que sempre se dedicou à luta pela democratização da comunicação no Brasil.
Não é necessário estender-me muito para dizer da importância dos meios audiovisuais ou da mídia enquanto um todo, incluindo a impressa. Desde o seu surgimento em sua forma mais moderna, a imprensa ocupou um papel essencial na construção ou desconstrução de hegemonias políticas. E ocupou o centro também da construção de novas formas de convivência, de existência na humanidade. A mídia é construtora de uma nova sociabilidade. Por isso mesmo, não há Estado contemporâneo que não se preocupe com a regulação dos meios de comunicação, especialmente, nos tempos que vivemos, regulação dos meios de comunicação audiovisuais.
Como são essenciais à construção cotidiana da democracia, os meios audiovisuais têm que ser regulados pelo Estado de Direito democrático, como ocorre nos países de democracia considerada avançada. Curioso é que no Brasil quando se fala em regulação, alguns meios sentem-se agredidos, como se isso não fosse próprio do Estado democrático, como se isso não ocorresse em nações civilizadas e de democracias muito mais longevas do que as nossas. É que o uso do cachimbo faz a boca torta.
As poucas famílias que controlam nossa mídia considerada hegemônica acostumaram-se com uma regulação completamente anacrônica, defasada, sem qualquer conexão com a contemporaneidade, uma legislação inteiramente desconectada de uma sociedade midiatizada e que, por isso mesmo, não pode ficar à mercê da boa ou má vontade dos controladores privados dos meios audiovisuais. Uma sociedade midiática, onde os meios audiovisuais são impressionantemente majoritários, e invadem, para o mal ou para o bem, todas as classes sociais e todas as idades, não pode prescindir de uma legislação que dê conta de todas as novas e impressionantes singularidades desse admirável mundo novo. Que regule esse mundo.
Parece incrível, mas é verdadeiro: o Código Brasileiro de Telecomunicações, instituído pela Lei 4.117, é de 1962. Isso mesmo. Não errei na data. É de quase meio século atrás. Quando, por exemplo, a televisão não era ainda o meio hegemônico. Quando as emissoras de rádio e os jornais tinham uma extraordinária importância. O Código sofreu alterações em 1967, sob a ditadura militar, e naturalmente para aplainar o caminho de uma sociedade que começaria a viver a ideia de um País
Como um código desses pode dar conta dessa avassaladora presença dos meios audiovisuais, agora cada vez mais miniaturizados, concentrados em minúsculos aparelhos, admirável mundo novo da convergência digital, que pode chegar, de uma forma ou de outra, aos mais ricos e aos mais pobres, e cuja influência é gigantesca? Não pode mais. Decididamente, não pode.
Não se aceita mais que um País, com tamanha diversidade social, política e cultural, com tantas vozes e discursos, tão multifacetado, com uma cultura plural, riquíssima, se veja submetido a monopólios que insistem num pobre discurso único, de baixo nível. Democratizar a comunicação é respeitar a Constituição que veda monopólios. Democratizar a comunicação é dar voz a tantos atores sociais silenciados. Democratizar a comunicação é ampliar a propriedade dos meios para além dos monopólios. A democracia é que reclama isso.
O governo Lula, na reta final do segundo mandato, começou a discutir o problema. Teve a coragem de convocar a I Conferência Nacional de Comunicação. Isso mesmo, a primeira. E olhe que o Brasil realiza conferências populares uma atrás da outra. Mas a comunicação estava fora da agenda, não entrava na nossa pauta política. E, também, sob a direção do ex-ministro Franklin Martins, começou a elaborar um anteprojeto de regulação dos meios audiovisuais e o concluiu, deixando claro que não se iria tratar dos meios impressos. Esse anteprojeto está nas mãos do ministro Paulo Bernardo, das Comunicações.
E esse novo marco regulatório, cujo conteúdo ainda não conheço, certamente terá que discutir a concentração dos meios de comunicação audiovisuais nas mãos de poucas famílias, a propriedade cruzada desses meios (ou seja, diferentes meios de comunicação nas mãos de um único grupo), o fato de tantos meios audiovisuais se encontrarem nas mãos de políticos, as dificuldades para a constituição de rádios e tevês comunitárias, a importância do fortalecimento de um setor público audiovisual a exemplo do que ocorre nos países mais desenvolvidos, a regulamentação dos artigos da Constituição que asseguram, por exemplo, o respeito aos direitos humanos e a obrigatoriedade da produção regional entre tantos outros temas. Uma discussão, como temos defendido no início das articulações para a constituição da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e pelo direito à Comunicação, que conte com participação popular, com entidades que têm se dedicado a essa luta e à luta pelo respeito aos direitos humanos por parte dos meios audiovisuais, useiros e vezeiros em desrespeitar tais direitos.
Por ser um assunto maldito, que estava fora da pauta política, ainda há temor em tratar dele no Congresso Nacional, para além dos parlamentares eventualmente afinados com os lobbies dos monopólios. A bancada do meu partido, no entanto, estará firme nessa luta pela democratização dos meios de comunicação. E sei que bancadas como a do PSB, do PC do B, do PSol, penso que também a do PDT, espero também que do PV e de outros partidos, deverão se dedicar a essa luta. Torço e luto para que toda a base aliada do Governo da presidenta Dilma se una em torno do novo marco regulatório quando ele chegar à Câmara Federal. Nossa bancada já está nessa luta. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
* Jornalista, escritor, deputado federal (PT/BA)
Publicado no site Conversa Afiada (16/03/2011)
Marcadores: DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO, MÍDIA EM DEBATE
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Sessentona e desregulada
*Venício A. de Lima
Observatório da Imprensa
Setembro é o mês de aniversário da televisão no Brasil e 2010 marca os seus 60 anos. Uma idade respeitável, sem dúvida. Ao lado das celebrações, devemos aproveitar o calendário e fazer alguns rápidos registros sobre essa instituição formidável que alcançou importância única em nossa sociedade.
O que de relevante tem acontecido com a televisão brasileira nos últimos anos?
Certamente, ela já viveu melhores dias. Aos 60 anos, há uma significativa queda na sua audiência média – conseqüência, dentre outras causas, das profundas mudanças provocadas pelas novas tecnologias de informação e comunicação (TICs). Esse, por óbvio, não é um problema exclusivamente brasileiro. Entre nós, permanece, há décadas, a liderança da mesma rede, embora seus principais programas e gêneros não alcancem mais as incríveis audiências que tiveram no passado.
Há algum tempo, merece destaque no setor a passagem do sistema analógico para o digital. A decisão sobre qual o modelo de TV digital seria adotado no país sofreu uma guinada de 180 graus entre 2003 e 2006 e a opção pelo modelo japonês, que privilegia a mobilidade e a qualidade da imagem em detrimento da abertura para novos concessionários, acabou prevalecendo. Uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que contestava a constitucionalidade da decisão foi recentemente julgada improcedente pelo STF (ver, neste Observatório, neste Observatório confirma ‘erro histórico’").
Atraso de décadas
Um importante avanço, sem dúvida, foi a criação da primeira experiência de TV pública no país – a TV Brasil da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em 2007. Embora previsto no artigo 223 da Constituição de 1988 para ser complementar aos sistemas privado e estatal de radiodifusão, não havia, até então, sequer uma positivação legal do que seria um sistema público de televisão. Apesar de enfrentar a sistemática e impiedosa hostilidade do sistema privado comercial dominante e de seus aliados na mídia impressa, a TV pública vai aos poucos se consolidando e, espera-se, possa, no médio prazo, se transformar em referência de qualidade para a televisão brasileira.
Há, no entanto, uma área em que continuamos onde sempre estivemos: a regulação do exercício da atividade televisiva.
A procuradora Vera Nusdeo, em belo capítulo intitulado "A lei da selva", no livro organizado pelo jornalista e professor Eugênio Bucci [A TV aos 50, Criticando a Televisão Brasileira no seu Cinqüentenário, Editora da Fundação Perseu Abramo], escreveu:
"Entre nós, a legislação não contribui para formar uma mentalidade, tanto do público como dos concessionários de televisão, baseada no direito à informação do primeiro e na obrigação dos segundos de prestar um serviço de qualidade, respeitando os valores éticos e sociais e não apenas atendendo aos interesses dos anunciantes. Comparada à legislação de outros países, a brasileira é de um laconismo que reflete com perfeição a falta de consciência da relevância do meio televisivo no mundo contemporâneo e, consequentemente, a responsabilidade social subjacente ao exercício dessa atividade".
Dez anos depois, a mesma avaliação pode ser feita, agora com uma agravante: apesar da sua óbvia necessidade, das propostas da 1ª Confecom e de seu atraso de seis décadas (o Código Brasileiro de Telecomunicações é de 1962!), não há sinais convincentes de que algum tipo de regulação do exercício da atividade televisiva esteja a caminho, pelo menos no médio prazo.
Sem regulação
Há poucas semanas comentei neste Observatório que o presidente Lula havia assinado decreto criando uma comissão interministerial para "elaborar estudos e apresentar propostas de revisão do marco regulatório da organização e exploração dos serviços de telecomunicações e de radiofusão" (ver "Dezesseis anos, três decretos e nada muda").
Apesar de o ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), haver declarado, à época, que "a idéia é deixar para o próximo governo propostas que permitam avançar numa área crucial e enfrentar os desafios e oportunidades abertos pela era digital na comunicação e pela convergência de mídias", circulou a informação de que o próprio presidente Lula queria enviar ao Congresso Nacional, ainda em seu governo, a proposta de marco regulatório.
Todavia, a serem verdadeiras as últimas notícias divulgadas na grande mídia sobre o assunto, "o governo desistiu de encaminhar ao Congresso Nacional, logo após as eleições, projeto de nova regulamentação das comunicações no país (...) isso, será uma tarefa do próximo governo". (cf. Luiz Carlos Azedo, "Brasília DF", Correio Braziliense, 5/9/2010, pág. 7).
Como bem disse a procuradora Vera Nusdeo, dez anos atrás, no capítulo já citado:
"No Brasil, o Estado se limita ao seu papel de conceder canais. Fora isso, o que impera, desde sempre, é a total falta de regulamentação [da atividade televisiva], talvez por medo de que qualquer discussão sobre o assunto possa dar a impressão de censura e obscurantismo."
A televisão brasileira chega, portanto, aos seus 60 anos, da mesma forma que tem estado em praticamente toda a sua história: sem um marco regulatório que discipline sua atividade.
Convenhamos, essa não é uma condição a ser celebrada.
*Professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010
Marcadores: MÍDIA EM DEBATE, TV, Venício A. de Lima
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Na Suécia, organizações, pesquisadores e emissoras debatem criança, mídia e consumo
Entre 14 e 18 de junho, foi realizado em Karlstad, na Suécia, a sexta edição do World Summit on Media for Children and Youth 2010 (Cúpula Mundial sobre Mídia para Crianças e Jovens). A Cúpula teve a participação de 1.500 delegados de 80 países, que discutiram diversos temas, com atenção especial à educação para as mídias.
As coordenadoras do Projeto Criança e Consumo, Isabella Henriques e Lais Fontenelle, acompanharam os debates com a preocupação de trazer para o Brasil experiências de produção de mídia de qualidade. “Um dos pontos fortes da Cúpula foi a discussão de como preparar as crianças para o uso das mídias, principalmente as digitais. Em alguns países da Europa, por exemplo, a internet já possibilita que esse público seja produtor de mídia, com uploads de vídeos no You Tube e elaboração de blogs e microblogs, por exemplo”, diz Lais, que é responsável pela área de Educação do Criança e Consumo.
Ela explica que a televisão tem muita penetração no Brasil e que por isso ainda estamos iniciando algumas reflexões em torno das novas plataformas. “No entanto, no exterior a questão da segurança na internet é um tema de maior relevância e parece preocupar os especialistas”, conta.
As apresentações brasileiras no evento ficaram por conta das Organizações Globo e da pesquisadora Esther Hamburger, professorada USP. Já a Esther Hamburger apresentou o trabalho “Crianças e jovens em filmes e na televisão – e filmes e televisão por crianças e jovens”.
A Cúpula é realizada a cada três anos desde 1995, já passou por cidades como Melbourne, Londres e Rio de Janeiro. O próximo evento será em Bali. Neste ano, o evento formou o Conselho Global de Juventude e Mídia com o intuito de inserir esse público nos debates sobre o tema. Os 20 jovens, com idade entre 13 e 24 anos, elaboraram um documento sobre questões como segurança na internet, representação de crianças e adolescentes meios de comunicação e responsabilidade social da mídia.
Criança e consumo
Já de 21 a 23 de junho foi a vez da realização da quarta edição do evento Child and Teen Consumption 2010 (Consumo, Criança e Adolescente 2010), na cidade de Norrköping.
O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, apresentou o trabalho “O cenário brasileiro e a ilegalidade da publicidade dirigida a crianças” que defende a tese, a partir da interpretação da Constituição Federal, do Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto da Criança e do Adolescente, de que a publicidade dirigida ao público infantil no Brasil já pode ser considerada abusiva e, conseqüentemente, ilegal.
“A publicidade dirigida a crianças não é ética, pois se aproveita da hipossuficiência infantil para induzir o consumo. Crianças são titulares da chamada proteção integral, que lhes assegura todos os direitos fundamentais e mais alguns, especificamente infantis, como o direito à convivência familiar e comunitária, o direito a brincar e a crescer a salvo de toda forma de violência, negligência, opressão, dentre outros. Esta proteção à infância deve ser prioridade absoluta”, explica Isabella Henriques, coordenadora geral do Criança e Consumo.
A próxima edição do evento será em Milão, na Itália. Entre os temas apresentados pelos palestrantes estavam a regulamentação e a autorregulamentação do mercado de publicidade e o consumo midiático.
Um dos principais debates do evento foi a reflexão sobre educação e regulação.
“Muitos pesquisadores defendem uma regulação mais severa do Estado para a questão da comunicação mercadológica dirigida a crianças; outros acreditam que a mudança virá da educação. Nós do Criança e Consumo acreditamos que o esforço deve ser conjunto, em que cada ator social cumpra seu papel da proteção integral dos direitos da criança”, explica Isabella.
Veja a programação dos eventos:
Child and Teen Consumption 2010
World Summit on Media for Children and Youth 2010
Conheça o documento do Conselho Global de Juventude e Mídia
Marcadores: mídia e consumo, MÍDIA EM DEBATE
terça-feira, 27 de abril de 2010
Quem 'controla' a mídia?
Os empresários da mídia brasileira não querem definição de regras e normas públicas que assegurem a responsabilidade social da mídia. Eles querem a autorregulação para que seus interesses econômicos e políticos sejam garantidos.
Venício Lima*
Agência Carta Maior
Você já ouviu falar em Alexander Lebedev, Alexander Pugachev, Rupert Murdoch, Carlos Slim ou Nuno Rocha dos Santos Vasconcelos? Talvez não, mas eles já “controlam” boa parte da informação e do entretenimento que circulam no planeta e, muito provavelmente, chegam diariamente até você, leitor(a).
Enquanto na América Latina, inclusive no Brasil, a grande mídia continua a “fazer de conta” que as ameaças à liberdade de expressão partem exclusivamente do Estado, em nível global, confirma-se a tendência de concentração da propriedade e controle da mídia por uns poucos mega empresários.
Na verdade, uma das conseqüências da crise internacional que atinge, sobretudo, a mídia impressa, tem sido a compra de títulos tradicionais por investidores – russos, árabes, australianos, latino-americanos, portugueses – cujo compromisso maior é exclusivamente o sucesso de seus negócios. Aparentemente, não há espaço para o interesse público.
Na Europa e nos Estados Unidos
Já aconteceu com os britânicos The Independent e The Evening Standard e com o France-Soir na França. Na Itália, rola uma briga de gigantes no mercado de televisão envolvendo o primeiro ministro e proprietário de mídia Silvio Berlusconi (Mediaset) e o australiano naturalizado americano Ropert Murdoch (Sky Itália). O mesmo acontece no leste europeu. Na Polônia, tanto o Fakt (o diário de maior tiragem), quanto o Polska (300 mil exemplares/dia) são controlados por grupos alemães.
Nos Estados Unidos, a News Corporation de Murdoch avança a passos largos: depois do New York Post, o principal tablóide do país, veio a Fox News, canal de notícias 24h na TV a cabo; o tradicionalíssimo The Wall Street Journal; o estúdio Fox Films e a editora Harper Collins. E o mexicano Carlos Slim é um dos novos acionistas do The New York Times.
E no Brasil?
Entre nós, anunciou-se recentemente que o Ongoing Media Group – apesar do nome, um grupo português – que edita o “Brasil Econômico” desde outubro, comprou o grupo “O Dia”, incluindo o “Meia Hora” e o jornal esportivo “Campeão”. O Ongoing detem 20% do grupo Impressa (português), é acionista da Portugal Telecom e controla o maior operador de TV a cabo de Portugal, o Zon Multimídia.
Aqui sempre tivemos concentração no controle da mídia, até porque , ao contrário do que acontece no resto do mundo, nunca houve preocupação do nosso legislador com a propriedade cruzada dos meios. Historicamente são poucos os grupos que controlam os principais veículos de comunicação, sejam eles impressos ou concessões do serviço público de radio e televisão. Além disso, ainda padecemos do mal histórico do coronelismo eletrônico que vincula a mídia às oligarquias políticas regionais e locais desde pelo menos a metade do século passado.
Desde que a Emenda Constitucional n. 36, de 2002, permitiu a participação de capital estrangeiro nas empresas brasileiras de mídia, investidores globais no campo do informação e do entretenimento, atuam aqui. Considerada a convergência tecnológica, pode-se afirmar que eles, na verdade, chegaram antes, isto é, desde a privatização das telecomunicações.
Apesar da dificuldade de se obter informações confiáveis nesse setor, são conhecidas as ligações do Grupo Abril com a sul-africana Naspers; da NET/Globo com a Telmex (do grupo controlado por Carlos Slim) e da Globo com a News Corporation/Sky.
Tudo indica, portanto, que, aos nossos problemas históricos, se acrescenta mais um, este contemporâneo.
Quem ameaça a liberdade de expressão?
Diante dessa tendência, aparentemente mundial, de onde partiria a verdadeira ameaça à liberdade de expressão?
Em matéria sobre o assunto publicada na revista Carta Capital n. 591 o conhecido professor da New York University, Crispin Miller, afirma em relação ao que vem ocorrendo nos Estados Unidos:
“O grande perigo para a democracia norte-americana não é a virtual morte dos jornais diários. É a concentração de donos da mídia no país. Ironicamente, há 15 anos, se dizia que era prematuro falar em uma crise cívica, com os conglomerados exercendo poder de censura sobre a imensidão de notícias disponíveis no mundo pós-internet (...)”.
Todas estas questões deveriam servir de contrapeso para equilibrar a pauta imposta pela grande mídia brasileira em torno das “ameaças” a liberdade de expressão. Afinal, diante das tendências mundiais, quem, de fato, “controla” a mídia e representa perigo para as liberdades democráticas?
*Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília - NEMP - UNB.
Venício Lima*
Agência Carta Maior
Você já ouviu falar em Alexander Lebedev, Alexander Pugachev, Rupert Murdoch, Carlos Slim ou Nuno Rocha dos Santos Vasconcelos? Talvez não, mas eles já “controlam” boa parte da informação e do entretenimento que circulam no planeta e, muito provavelmente, chegam diariamente até você, leitor(a).
Enquanto na América Latina, inclusive no Brasil, a grande mídia continua a “fazer de conta” que as ameaças à liberdade de expressão partem exclusivamente do Estado, em nível global, confirma-se a tendência de concentração da propriedade e controle da mídia por uns poucos mega empresários.
Na verdade, uma das conseqüências da crise internacional que atinge, sobretudo, a mídia impressa, tem sido a compra de títulos tradicionais por investidores – russos, árabes, australianos, latino-americanos, portugueses – cujo compromisso maior é exclusivamente o sucesso de seus negócios. Aparentemente, não há espaço para o interesse público.
Na Europa e nos Estados Unidos
Já aconteceu com os britânicos The Independent e The Evening Standard e com o France-Soir na França. Na Itália, rola uma briga de gigantes no mercado de televisão envolvendo o primeiro ministro e proprietário de mídia Silvio Berlusconi (Mediaset) e o australiano naturalizado americano Ropert Murdoch (Sky Itália). O mesmo acontece no leste europeu. Na Polônia, tanto o Fakt (o diário de maior tiragem), quanto o Polska (300 mil exemplares/dia) são controlados por grupos alemães.
Nos Estados Unidos, a News Corporation de Murdoch avança a passos largos: depois do New York Post, o principal tablóide do país, veio a Fox News, canal de notícias 24h na TV a cabo; o tradicionalíssimo The Wall Street Journal; o estúdio Fox Films e a editora Harper Collins. E o mexicano Carlos Slim é um dos novos acionistas do The New York Times.
E no Brasil?
Entre nós, anunciou-se recentemente que o Ongoing Media Group – apesar do nome, um grupo português – que edita o “Brasil Econômico” desde outubro, comprou o grupo “O Dia”, incluindo o “Meia Hora” e o jornal esportivo “Campeão”. O Ongoing detem 20% do grupo Impressa (português), é acionista da Portugal Telecom e controla o maior operador de TV a cabo de Portugal, o Zon Multimídia.
Aqui sempre tivemos concentração no controle da mídia, até porque , ao contrário do que acontece no resto do mundo, nunca houve preocupação do nosso legislador com a propriedade cruzada dos meios. Historicamente são poucos os grupos que controlam os principais veículos de comunicação, sejam eles impressos ou concessões do serviço público de radio e televisão. Além disso, ainda padecemos do mal histórico do coronelismo eletrônico que vincula a mídia às oligarquias políticas regionais e locais desde pelo menos a metade do século passado.
Desde que a Emenda Constitucional n. 36, de 2002, permitiu a participação de capital estrangeiro nas empresas brasileiras de mídia, investidores globais no campo do informação e do entretenimento, atuam aqui. Considerada a convergência tecnológica, pode-se afirmar que eles, na verdade, chegaram antes, isto é, desde a privatização das telecomunicações.
Apesar da dificuldade de se obter informações confiáveis nesse setor, são conhecidas as ligações do Grupo Abril com a sul-africana Naspers; da NET/Globo com a Telmex (do grupo controlado por Carlos Slim) e da Globo com a News Corporation/Sky.
Tudo indica, portanto, que, aos nossos problemas históricos, se acrescenta mais um, este contemporâneo.
Quem ameaça a liberdade de expressão?
Diante dessa tendência, aparentemente mundial, de onde partiria a verdadeira ameaça à liberdade de expressão?
Em matéria sobre o assunto publicada na revista Carta Capital n. 591 o conhecido professor da New York University, Crispin Miller, afirma em relação ao que vem ocorrendo nos Estados Unidos:
“O grande perigo para a democracia norte-americana não é a virtual morte dos jornais diários. É a concentração de donos da mídia no país. Ironicamente, há 15 anos, se dizia que era prematuro falar em uma crise cívica, com os conglomerados exercendo poder de censura sobre a imensidão de notícias disponíveis no mundo pós-internet (...)”.
Todas estas questões deveriam servir de contrapeso para equilibrar a pauta imposta pela grande mídia brasileira em torno das “ameaças” a liberdade de expressão. Afinal, diante das tendências mundiais, quem, de fato, “controla” a mídia e representa perigo para as liberdades democráticas?
*Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília - NEMP - UNB.
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segunda-feira, 26 de abril de 2010
Jornal argentino critica posição de Serra sobre Mercosul
Por Marco Aurélio Weissheimer, em Carta Maior
O jornal argentino Clarín questionou as declarações de José Serra, pré-candidato tucano à presidência da República, que classificou o Mercosul como uma “farsa” e “um obstáculo para que o Brasil faça seus próprios acordos individuais em comércio”. As declarações foram feitas durante encontro de Serra com empresários na Federação de Indústrias de Minas Gerais (FIEMG).
Serra disse ainda que “não tem sentido carregar o Mercosul” e que “a união aduaneira é uma farsa exceto quando serve para impor barreiras” ao Brasil.
As declarações do ex-governador de São Paulo surpreenderam negativamente várias lideranças latinoamericanas pelo desprezo que revelaram em relação ao processo de integração na América Latina. A sinalização de Serra foi clara: caso seja eleito, é o fim da integração.
As declarações do tucano, assinalou o Clarín, retomam teses já defendidas por ele quando foi derrotado por Lula em 2002. Essa visão, diz o jornal argentino, “supõe que o Brasil deva se afastar de Argentina, Paraguai e Uruguai, porque é a única maneira para seu país formar áreas de livre comércio com Estados Unidos e Europa, sem necessidade de “rastejar” diante de seus sócios”. Uma resolução do Mercosul, lembrou o jornal, estabelece que nenhum dos países do bloco pode realizar acordos comerciais separadamente sem discutir com os demais.
O Clarín também ironizou algumas afirmações do tucano. Serra disse que, sob um eventual governo seu, o mais importante será aumentar as exportações. “O certo”, diz o jornal”, “é que essa foi uma conquista obtida por Lula: desde que iniciou seu governo, no dia 1° de janeiro de 2003, o presidente conseguiu passar de 50 bilhões de vendas ao exterior para 250 bilhões. Ou seja, quintuplicou a presença brasileira nos mercados mundiais”.
Ao qualificar o Mercosul como uma farsa, Serra parece desconhecer, diz ainda o jornal, que o grosso das exportações industriais do país tem como destinatários países da América Latina. “Segundo estatísticas oficiais, 90% das vendas de produtos manufaturados de Brasil no mundo ocorrem no Mercosul e em mercados latinoamericanos”, diz ainda a publicação Argentina, que conclui:
“O candidato socialdemocrata evitou dizer como pretende reformular a posição do Brasil. Mas ignora que não é simples passar, como pretende, de um mercado comum definido por uma unia aduaneira a uma simples zona de livre comércio como a que existe no NAFTA. Ele pode desde já conquistar o desprestígio regional, além de submeter-se a severas punições por conta da ruptura de contratos internacionais”.
O jornal argentino Clarín questionou as declarações de José Serra, pré-candidato tucano à presidência da República, que classificou o Mercosul como uma “farsa” e “um obstáculo para que o Brasil faça seus próprios acordos individuais em comércio”. As declarações foram feitas durante encontro de Serra com empresários na Federação de Indústrias de Minas Gerais (FIEMG).
Serra disse ainda que “não tem sentido carregar o Mercosul” e que “a união aduaneira é uma farsa exceto quando serve para impor barreiras” ao Brasil.
As declarações do ex-governador de São Paulo surpreenderam negativamente várias lideranças latinoamericanas pelo desprezo que revelaram em relação ao processo de integração na América Latina. A sinalização de Serra foi clara: caso seja eleito, é o fim da integração.
As declarações do tucano, assinalou o Clarín, retomam teses já defendidas por ele quando foi derrotado por Lula em 2002. Essa visão, diz o jornal argentino, “supõe que o Brasil deva se afastar de Argentina, Paraguai e Uruguai, porque é a única maneira para seu país formar áreas de livre comércio com Estados Unidos e Europa, sem necessidade de “rastejar” diante de seus sócios”. Uma resolução do Mercosul, lembrou o jornal, estabelece que nenhum dos países do bloco pode realizar acordos comerciais separadamente sem discutir com os demais.
O Clarín também ironizou algumas afirmações do tucano. Serra disse que, sob um eventual governo seu, o mais importante será aumentar as exportações. “O certo”, diz o jornal”, “é que essa foi uma conquista obtida por Lula: desde que iniciou seu governo, no dia 1° de janeiro de 2003, o presidente conseguiu passar de 50 bilhões de vendas ao exterior para 250 bilhões. Ou seja, quintuplicou a presença brasileira nos mercados mundiais”.
Ao qualificar o Mercosul como uma farsa, Serra parece desconhecer, diz ainda o jornal, que o grosso das exportações industriais do país tem como destinatários países da América Latina. “Segundo estatísticas oficiais, 90% das vendas de produtos manufaturados de Brasil no mundo ocorrem no Mercosul e em mercados latinoamericanos”, diz ainda a publicação Argentina, que conclui:
“O candidato socialdemocrata evitou dizer como pretende reformular a posição do Brasil. Mas ignora que não é simples passar, como pretende, de um mercado comum definido por uma unia aduaneira a uma simples zona de livre comércio como a que existe no NAFTA. Ele pode desde já conquistar o desprestígio regional, além de submeter-se a severas punições por conta da ruptura de contratos internacionais”.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Especialistas avaliam jogos da mídia na América Latina e Europa
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais e o Instituto Cervantes promovem, no próximo dia 26, o Fórum de Debates com o tema ”América Latina, Europa e a Cobertura da Mídia”.
Para discutir o assunto foram convidados o mestre em comunicação pela USP Renato Rovai, que além de editor da Revista Fórum é também diretor editorial da Publisher Brasil;
e o jornalista espanhol Manoel Lombao. Além de presidente da Circom (organização que congrega as 300 TVs regionais européias), Lombao é autor de vários livros e comentarista da RNE e TVE Galícia.
Ambos irão revelar os bastidores da cobertura da mídia sobre as relações entre América Latina e a Europa em evento que tem início às 19h30, na sede do Sindicato dos Jornalistas.
A participação é gratuita.
Para discutir o assunto foram convidados o mestre em comunicação pela USP Renato Rovai, que além de editor da Revista Fórum é também diretor editorial da Publisher Brasil;
e o jornalista espanhol Manoel Lombao. Além de presidente da Circom (organização que congrega as 300 TVs regionais européias), Lombao é autor de vários livros e comentarista da RNE e TVE Galícia.
Ambos irão revelar os bastidores da cobertura da mídia sobre as relações entre América Latina e a Europa em evento que tem início às 19h30, na sede do Sindicato dos Jornalistas.
A participação é gratuita.
Segunda-feira - 26 de abril - 19h30
Espaço Cultural do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais
Av. Alvares Cabral, 400 - Centro - Belo Horizonte - MG
Marcadores: Fórum de Debates, Manoel Lombao, MÍDIA EM DEBATE,Renato Rovai, SJPMG
terça-feira, 6 de abril de 2010
Interesses sociais e comunitários acima dos interesses comerciais na mídia
Bolívia, Equador e Venezuela formam o “eixo da esperança”, com seus erreos e acertos, na mudança do sistema de comunicação, redimensionando o campo em bases mais pluralistas a fim de permitir a inclusão de vozes silenciadas na história.
A reportagem é de Edelberto Behs e publicada pela Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 05-04-2010.
“Percebi que uma outra mídia é possível, que é possível enfrentar os monopólios midiáticos”, disse o professor e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), Dênis de Moraes, em palestra, na segunda-feira, 29 de março, para alunos de Comunicação Social da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
Dênis viajou por países da América Latina para pesquisar como governos da região estão operando mudanças no campo da comunicação.
Ele levantou, na pesquisa, câmbios na legislação para alterar o sistema de concessão de canais de rádio e de televisão, apoio à produção nacional, apoio aos meios comunitários alternativos de comunicação e criação de emissoras públicas ou estatais.
O processo de mudança é lento, árduo e difícil, definiu o pesquisador, mas ele vem carregado de esperança e coragem na promoção das mudanças. A título de exemplos do paradigma que não seja o midiático, Dênis arrolou iniciativas que estão sendo desenvolvidas nos países do “eixo da esperança”.
No Equador, uma nova legislação não permite a concentração de mídias nas mãos de uma empresa. O governo equatoriano está apoiando, também com recursos, a constituição de redes culturais itinerantes, envolvendo comunidades que desenvolvem um sistema de informação alternativa, fugindo do monopólio informativo da grande mídia.
Na Bolívia, o governo de Evo Morales financiou a criação de cadeia de 30 emissoras de rádio comunitárias voltadas aos povos originários, para a transmissão de sua cultura, valores e tradições. A programação das emissoras é decidida em assembléias comunitárias.
O governo do presidente Hugo Chávez é o que vem sofrendo ataques da “mídia burguesa”, não só do seu país, mas de toda a imprensa da América Latina, porque decidiu enfrentar o problema da concentração da mídia, afirmou Dênis.
Rádio e televisão, lembrou, são concessões do Estado, na Venezuela, no Brasil, em qualquer país do continente, e como tal são passíveis de renovação. O governo Chávez não renovou a concessão para a RCTV, que apoiou o golpe de Estado em 2002.
A Venezuela aprovou uma nova lei de cinematografia com o intuito de incentivar produções locais e combater o cartel de Holywood, que controla a produção e a distribuição de 85% dos filmes que são assistidos em salas de cinema da América Latina. Agora, o Estado quer saber o que é exibido e determinou patamares para a margem de lucro das empresas exibidoras.
O palestrante defendeu uma comunicação “desemercantilizada”, criticou a concentração da mídia nas mãos de “dinastias familiares”, que “vendem sonhos e informações”, e defendeu o fortalecimento da sociedade civil.
No Brasil, disse, os avanços no campo da comunicação são tímidos. Ele aplaudiu a realização da Conferência de Comunicação, em dezembro do ano passado, a coragem do governo Lula na implantação da TV Brasil, mas lamentou a vigência, ainda, de uma legislação de radio e teledifusão totalmente anacrônica, a omissão do Congresso Nacional nas aprovações quase que automáticas das concessões de rádio e televisão no país.
“Não se trata de não renovar as concessões, mas de avaliar como essas redes de rádio e de televisão se comportaram no período de vigência da concessão que receberam do Estado”, explicou o pesquisador da UFF. O que as empresas de comunicação menos querem é prestar contas de suas ações, agregou.
Também não se trata, enfatizou, de não contar com empresas comerciais de mídia, mas de ter um leque de alternativas, como a implantação de fortes redes de TVs públicas, estatais e comunitárias, que traduzam a pluralidade da sociedade brasileira.
“Não se trata de alijar o contraditório, mas de colocar os interesses sociais e comunitários acima dos interesses comerciais”, definiu. Denis. Ele frisou que, apesar de alguns parcos avanços no sistema de comunicação do país, o governo Lula foi o que, paradoxalmente, mais perseguiu rádios comunitárias e renovou, quase que automaticamente, as concessões de rádio e TV para empresas de comunicação nas capitais brasileiras.
A reportagem é de Edelberto Behs e publicada pela Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 05-04-2010.
06/04/2010
Redação
IHU - Instituto Humanitas Unisinos
Dênis de Moraes é pós-doutor em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Imagem e Informação da Universidade Federal Fluminense. Publicou, entre outros livros, O Planeta Mídia: tendências da comunicação na era global (Letra Livre, 1998) e Globalização, mídia e cultura contemporânea, org. (Letra Livre, 1997).
Veja também entrevista de Malu Muniz e Marcelo Salles
Marcadores: América Latina, COMUNICAÇÃO, Dênis de Moraes, MÍDIA EM DEBATE
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
A grande mídia e a 1ª Conferência de Comunicação
* Taís Ferreira, de Brasília
O processo da 1ª Conferência Nacional de Comunicação foi positivo para os defensores da democratização da comunicação no Brasil e mostrou o verdadeiro interesse dos que a combateram. Os segmentos do setor empresarial que boicotaram a 1ª CONFECOM, veículos ligados à Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) e Associação Nacional dos Jornais (ANJ) preferem a não existência de regras para o funcionamento da radiodifusão.
Nas diversas etapas da realização da Confecom – composição da comissão organizadora, definição da temática, critérios para escolha de delegados –, notava-se a falta de interesse dos grandes grupos de radiodifusão brasileiros em debater, democraticamente, com o governo e a sociedade, políticas públicas de comunicação, o que foi comprovado pela saída de seis das oito entidades empresariais da Comissão Organizadora.
Na “cobertura jornalística”, alguns veículos ignoraram as discussões e condenaram a CONFECOM, no melhor estilo de manipulação e inversão dos fatos, caracterizaram como “ataques às liberdades de expressão e de imprensa” as posições aprovadas na Conferência com objetivo de criar regras jurídicas claras e seguras para o adequado funcionamento do mercado, que por si só é desfavorável à liberdade de expressão e comunicação social.
A radiodifusão, assim como a água e a energia elétrica requerem a utilização de bens públicos, no caso das emissoras de TV e rádio, o espectro eletromagnético, que possibilita a transmissão de conteúdos nas diversas freqüências. A televisão por radiodifusão, por exemplo, é regulada no Brasil pela Lei 4.117 de 1962, que está ultrapassada e desatualizada. Precisamos de uma lei no contexto da convergência tecnológica e compatível com as regras do estado democrático de direito previsto na Constituição de 1988.
A regulamentação é fundamental no processo permanente de democratização de qualquer sociedade. Quando é do interesse de empresas privadas, ela não somente é bem-vinda, como é demandada. É necessário admitir que a democratização da comunicação insere-se no campo dos direitos humanos fundamentais e no direito da sociedade à informação de interesse público e com qualidade.
Os debates da 1ª CONFECOM não se resumiram aos mais de dois mil participantes entre delegados, observadores e convidados da Conferência que se reuniram de 14 a 17 de dezembro na capital federal. Mais de 60 mil brasileiros se envolveram no processo desde a convocação em abril de 2009. Setores que nunca tiveram voz na grande mídia exerceram, nas diversas atividades preparatórias, seu direito à liberdade de expressão, definiram suas posições e elegeram delegados que os representaram.
* Jornalista e delegada/MG na 1ª Confecom
O processo da 1ª Conferência Nacional de Comunicação foi positivo para os defensores da democratização da comunicação no Brasil e mostrou o verdadeiro interesse dos que a combateram. Os segmentos do setor empresarial que boicotaram a 1ª CONFECOM, veículos ligados à Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) e Associação Nacional dos Jornais (ANJ) preferem a não existência de regras para o funcionamento da radiodifusão.
Nas diversas etapas da realização da Confecom – composição da comissão organizadora, definição da temática, critérios para escolha de delegados –, notava-se a falta de interesse dos grandes grupos de radiodifusão brasileiros em debater, democraticamente, com o governo e a sociedade, políticas públicas de comunicação, o que foi comprovado pela saída de seis das oito entidades empresariais da Comissão Organizadora.
Na “cobertura jornalística”, alguns veículos ignoraram as discussões e condenaram a CONFECOM, no melhor estilo de manipulação e inversão dos fatos, caracterizaram como “ataques às liberdades de expressão e de imprensa” as posições aprovadas na Conferência com objetivo de criar regras jurídicas claras e seguras para o adequado funcionamento do mercado, que por si só é desfavorável à liberdade de expressão e comunicação social.
A radiodifusão, assim como a água e a energia elétrica requerem a utilização de bens públicos, no caso das emissoras de TV e rádio, o espectro eletromagnético, que possibilita a transmissão de conteúdos nas diversas freqüências. A televisão por radiodifusão, por exemplo, é regulada no Brasil pela Lei 4.117 de 1962, que está ultrapassada e desatualizada. Precisamos de uma lei no contexto da convergência tecnológica e compatível com as regras do estado democrático de direito previsto na Constituição de 1988.
A regulamentação é fundamental no processo permanente de democratização de qualquer sociedade. Quando é do interesse de empresas privadas, ela não somente é bem-vinda, como é demandada. É necessário admitir que a democratização da comunicação insere-se no campo dos direitos humanos fundamentais e no direito da sociedade à informação de interesse público e com qualidade.
Os debates da 1ª CONFECOM não se resumiram aos mais de dois mil participantes entre delegados, observadores e convidados da Conferência que se reuniram de 14 a 17 de dezembro na capital federal. Mais de 60 mil brasileiros se envolveram no processo desde a convocação em abril de 2009. Setores que nunca tiveram voz na grande mídia exerceram, nas diversas atividades preparatórias, seu direito à liberdade de expressão, definiram suas posições e elegeram delegados que os representaram.
* Jornalista e delegada/MG na 1ª Confecom
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Mídia hegemônica será tema de debate na sede do SJPMG
A Fundação Perseu Abramo e o SJPMG realizam na terça-feira, 17, a partir das 19h, palestra com Venício A. de Lima, sobre o tema "a mídia hegemônica e a liberdade de expressão". Com apoio do site Vermelho, o evento será na sede do sindicato (avenida Álvares Cabral, 400), com entrada franca, marcando o lançamento do livroDiálogos da Perplexidade - Reflexões críticas sobre a mídia, de Venício e Bernardo Kucinski, publicado pela Editora Fundação Perseu Abramo. Além do autor, participam da mesa Nilmário Miranda, o professor Mozahir Salomão e Kerison Lopes, diretor do SJPMG.
Com prefácio de Muniz Sodré, o livro nasceu de conversas entre os dois autores. Foi depois de cinco encontros realizados em São Paulo, Campinas e Brasília, em 2008, que as muitas horas de gravação dos bate-papos entre eles inspiraram a publicação. Diálogos da Perplexidade expõe o melhor do pensamento dos dois respeitados profissionais da comunicação, que têm muito a dizer sobre temas recorrentes no jornalismo praticado hoje.
Bernardo Kucinski é professor titular aposentado da ECA/USP, graduado em Física e doutor em Comunicação pela mesma universidade. Jornalista, foi cofundador dos jornais alternativos Amanhã, Opinião, Bondinho, Movimento e Em Tempo. Trabalhou nas revistas Máquinas e Metais, Veja e Exame (Abril), no Serviço Brasileiro da BBC de Londres e TV/BBC e foi correspondente em Londres da Gazeta Mercantil e no Brasil dos jornais britânicos The Guardian, Latin America Political Report e Euromoney, além do norte-americano Lagniappe Letter. É editor do Boletim Nacional do PT e editor-associado de Ciência Hoje.
Mineiro de Sabará, Venício A. de Lima é jornalista e sociólogo, mestre, doutor e pós-doutor em Communications pela University of Illinois, além de pós-doutor pela University of Miami-Ohio, nos EUA. Professor titular aposentado de Ciência Política e Comunicação da Universidade de Brasília, é também professor visitante nas universidades de Illinois, Miami-Ohio e Havana. Fundador, primeiro coordenador e pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da UnB, entre abril de 2004 e março de 2006 foi assessor da Secretaria Geral da Presidência da República. Além de ter escrito vários livros, publicou dezenas de artigos sobre mídia e política, sendo colaborador permanente nos sites www.observatoriodaimprensa.com.br e www.cartamaior.com.br, e também na revista Teoria e Debate.
Publicado no site do Sindicato de Jornalistas de Minas Gerais
Com prefácio de Muniz Sodré, o livro nasceu de conversas entre os dois autores. Foi depois de cinco encontros realizados em São Paulo, Campinas e Brasília, em 2008, que as muitas horas de gravação dos bate-papos entre eles inspiraram a publicação. Diálogos da Perplexidade expõe o melhor do pensamento dos dois respeitados profissionais da comunicação, que têm muito a dizer sobre temas recorrentes no jornalismo praticado hoje.
Bernardo Kucinski é professor titular aposentado da ECA/USP, graduado em Física e doutor em Comunicação pela mesma universidade. Jornalista, foi cofundador dos jornais alternativos Amanhã, Opinião, Bondinho, Movimento e Em Tempo. Trabalhou nas revistas Máquinas e Metais, Veja e Exame (Abril), no Serviço Brasileiro da BBC de Londres e TV/BBC e foi correspondente em Londres da Gazeta Mercantil e no Brasil dos jornais britânicos The Guardian, Latin America Political Report e Euromoney, além do norte-americano Lagniappe Letter. É editor do Boletim Nacional do PT e editor-associado de Ciência Hoje.
Mineiro de Sabará, Venício A. de Lima é jornalista e sociólogo, mestre, doutor e pós-doutor em Communications pela University of Illinois, além de pós-doutor pela University of Miami-Ohio, nos EUA. Professor titular aposentado de Ciência Política e Comunicação da Universidade de Brasília, é também professor visitante nas universidades de Illinois, Miami-Ohio e Havana. Fundador, primeiro coordenador e pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da UnB, entre abril de 2004 e março de 2006 foi assessor da Secretaria Geral da Presidência da República. Além de ter escrito vários livros, publicou dezenas de artigos sobre mídia e política, sendo colaborador permanente nos sites www.observatoriodaimprensa.com.br e www.cartamaior.com.br, e também na revista Teoria e Debate.
Publicado no site do Sindicato de Jornalistas de Minas Gerais
Marcadores: Bernardo Kucinski, MÍDIA EM DEBATE, Venício A. de Lima
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
MÍDIA EM DEBATE
Cineclube do Sinpro discute a mídia em novembro
A programação de novembro do Cineclube Joaquim Pedro de Andrade exibe filmes que fazem reflexões críticas sobre a mídia. Confira abaixo a programação completa e participe! A entrada é gratuita.
Cineclube Joaquim Pedro de Andrade
Rua Tupinambás, 179 - 14º andar
Centro - Belo Horizonte/MG
Entrada franca - Informações: 3115-3000
Programação - novembro de 2009
Reflexões críticas sobre a mídia
3.nov • terça • 19h • A Montanha dos Sete Abutres
Diretor: Billy Wilder - EUA/1951 - Duração: 111 minutos
Repórter em decadência fareja um grande assunto quando um homem fica preso numa mina. Com a cumplicidade do xerife e da mulher da vítima, explora o fato, mas não parece muito disposto a salvar a vida da vítima. É a grande imprensa transformando as notícias em apenas mais um produto para ser colocado no mercado e consumido.
Debatedor: Valdir de Castro Oliveira - jornalista e doutor em Ciência da Comunicação (USP)
10.nov • terça • 19h • Frost/Nixon.
Direção: Ron Howard - EUA/Reino Unido/França/2008 - Duração: 122 minutos
É a história da célebre entrevista feita pelo jornalista Frost com Richard Nixon, quando o ex-presidente acabou assumindo que sabia de Watergate e, portanto, foi responsável pela espionagem. Ao final estão trechos da entrevista original.
Debatedora: Carmem Dulce Vieira – jornalista , professora do curso de Comunicação da UFMG e mestre em Sociologia.
17.nov • terça • 19h • O Quarto PoderDireção: Costa-Gravas - EUA/1997 - Duração: 114 minutos
Costa Gravas discute o poder e a manipulação da mídia para favorecer os interesses de terceiros, e em busca da conquista de audiência. Na verdade, a imprensa é o primeiro poder no momento de construir uma imagem e também de destruí-la, não importando se para isso irá prejudicar pessoas e atrapalhar vidas.
Debatedor: Arthur Lobato - jornalista e psicólogo - vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e Diretor Executivo da FENAJ
24.nov • terça • 19h • Boa Noite e Boa Sorte
Direção: George Clooney - EUA/2005 - Duração: 93minutos
Nos anos 50, a queda do político Joseph McCarthy é causada pelos embates entre ele e o âncora da rede CBS Edward R. Murrow. O senador foi responsável pela operação "Caça às Bruxas", que acusava, sem provas, cidadãos americanos de serem comunistas.
Debatedora: Taís Ferreira - jornalista, pós-graduada em Memória e Cinema.
Informativo Sinpro Minas www.sinprominas.org.br
A programação de novembro do Cineclube Joaquim Pedro de Andrade exibe filmes que fazem reflexões críticas sobre a mídia. Confira abaixo a programação completa e participe! A entrada é gratuita.
Cineclube Joaquim Pedro de Andrade
Rua Tupinambás, 179 - 14º andar
Centro - Belo Horizonte/MG
Entrada franca - Informações: 3115-3000
Programação - novembro de 2009
Reflexões críticas sobre a mídia
3.nov • terça • 19h • A Montanha dos Sete Abutres
Diretor: Billy Wilder - EUA/1951 - Duração: 111 minutos
Repórter em decadência fareja um grande assunto quando um homem fica preso numa mina. Com a cumplicidade do xerife e da mulher da vítima, explora o fato, mas não parece muito disposto a salvar a vida da vítima. É a grande imprensa transformando as notícias em apenas mais um produto para ser colocado no mercado e consumido.
Debatedor: Valdir de Castro Oliveira - jornalista e doutor em Ciência da Comunicação (USP)
10.nov • terça • 19h • Frost/Nixon.
Direção: Ron Howard - EUA/Reino Unido/França/2008 - Duração: 122 minutos
É a história da célebre entrevista feita pelo jornalista Frost com Richard Nixon, quando o ex-presidente acabou assumindo que sabia de Watergate e, portanto, foi responsável pela espionagem. Ao final estão trechos da entrevista original.
Debatedora: Carmem Dulce Vieira – jornalista , professora do curso de Comunicação da UFMG e mestre em Sociologia.
17.nov • terça • 19h • O Quarto PoderDireção: Costa-Gravas - EUA/1997 - Duração: 114 minutos
Costa Gravas discute o poder e a manipulação da mídia para favorecer os interesses de terceiros, e em busca da conquista de audiência. Na verdade, a imprensa é o primeiro poder no momento de construir uma imagem e também de destruí-la, não importando se para isso irá prejudicar pessoas e atrapalhar vidas.
Debatedor: Arthur Lobato - jornalista e psicólogo - vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e Diretor Executivo da FENAJ
24.nov • terça • 19h • Boa Noite e Boa Sorte
Direção: George Clooney - EUA/2005 - Duração: 93minutos
Nos anos 50, a queda do político Joseph McCarthy é causada pelos embates entre ele e o âncora da rede CBS Edward R. Murrow. O senador foi responsável pela operação "Caça às Bruxas", que acusava, sem provas, cidadãos americanos de serem comunistas.
Debatedora: Taís Ferreira - jornalista, pós-graduada em Memória e Cinema.
Informativo Sinpro Minas www.sinprominas.org.br
terça-feira, 21 de abril de 2009
Em defesa da propriedade cruzada. Por Venício A. de Lima em 21/4/2009
MONOPÓLIO DA MÍDIA
Em defesa da propriedade cruzada
*Por Venício A. de Lima em 21/4/2009
Publicado o decreto que convoca a 1ª Conferencia Nacional de Comunicação (CNC), o primeiro passo para sua efetiva realização foi dado. Agora, começa a disputa pela composição da Comissão Coordenadora, pela escolha dos delegados e, sobretudo, pela definição de quais questões e como serão debatidas dentro da temática geral "Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital".
Recentemente, matéria publicada (para assinantes) na Folha de S.Paulo informava que o diretor do Comitê de Relações Governamentais da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Paulo Tonet Camargo, considera que "discutir monopólio e propriedade cruzada é um retrocesso. `O tema tem que ser conteúdo nacional e igualdade de tratamento regulatório´".
Considerando que o Comitê de Relações Governamentais tem como objetivo principal "fazer a interface da ANJ com os poderes e instituições de Estado, difundindo os princípios e os objetivos da entidade bem como monitorando ações que possam representar alguma ameaça aos jornais" (ver aqui), é de se supor que a posição do seu diretor seja também a posição da própria associação.
Como a Constituição brasileira reza que "os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio e oligopólio" (§ 5º do Artigo 220), é legítimo perguntar-se: "retrocesso" para quem?
Se considerarmos, como na famosa decisão da Suprema Corte dos EUA, que "é o direito dos telespectadores e ouvintes, não o direito dos radiodifusores, que é soberano" [juiz Byron White, "Red Lion Broadcasting vs FCC", 1969), certamente discutir monopólio e propriedade cruzada não é retrocesso para o cidadão, sujeito único do direito a uma informação plural e diversa e, mais do que isso, sujeito do direito à própria comunicação.
Brasil vs. EUA
Entre nós, nunca houve controle efetivo da propriedade cruzada e, consequentemente, do monopólio e/ou do oligopólio na mídia. Desde os decretos que iniciaram a regulação da radiodifusão, ainda na década de 1930 – decreto nº 20.047/1931 e decreto nº 21.111/1932 –, passando pelo Código Brasileiro de Telecomunicações de 1962 (lei nº 4.137/62) e pelas normas mais recentes, como por exemplo, a Lei da TV a Cabo (lei nº 8.977/95), não houve preocupação do legislador com a concentração da propriedade no setor.
É verdade, todavia, que um decreto do período autoritário estabeleceu limites para as concessões de radiodifusão. O decreto-lei 236/1967, em seu artigo 12, reza que:
"Cada entidade só poderá ter concessão ou permissão para executar serviço de radiodifusão, em todo o País, dentro dos seguintes limites: (...)
I – estações radiodifusoras de som:
locais:
ondas médias, 4;
freqüência modulada, 6;
regionais:
ondas médias, 3;
ondas tropicais, 3 (sendo no máximo 2 por estado);
nacionais;
ondas médias, 2
ondas curtas, 2;
II - estações radiodifusoras de som e imagem – 10 (dez) em todo o território nacional, sendo no máximo 5 (cinco) em VHF e 2 (duas) por estado; (...)
§ 7º - As empresas concessionárias ou permissionárias de serviço de radiodifusão não poderão estar subordinadas a outras entidades que se constituem com a finalidade de estabelecer direção ou orientação única, através de cadeias ou associações de qualquer espécie";
A interpretação que o Ministério das Comunicações faz do artigo 12, no entanto, contrariando toda evidência, é considerar "entidade" como significando "pessoa física", não levando em conta o parentesco. Da mesma forma, em relação ao parágrafo 7, não considera as "redes" – formadas com a "afiliação" contratual de emissoras – como constituindo subordinação "com a finalidade de estabelecer direção ou orientação única". Essas interpretações tornam a norma legal totalmente ineficaz.
Nos Estados Unidos, por outro lado, desde 1943 existiram normas legais para limitar a concentração da propriedade, tanto em nível local (regional), como nacional. O objetivo era o de garantir a competição econômica entre as empresas privadas de mídia e, sobretudo, preservar a pluralidade e a diversidade de idéias.
Essas normas, quando criadas, impediam (1) que um concessionário controlasse mais de uma emissora do mesmo tipo no mesmo mercado (Duopoly Rule); (2) que um mesmo concessionário controlasse mais de uma emissora de TV em VHF ou uma combinação de emissoras de rádio AM/FM (One-to-a-Market-Rule); (3) que se outorgassem concessões de radiodifusão a pessoa física ou jurídica que fosse proprietária, controlasse ou operasse jornal diário na mesma área geográfica (Cross-Ownership Rule); e, (4) que um mesmo grupo controlasse emissoras de rádio e televisão acima de certos limites percentuais de alcance dos domicílios no mercado nacional de televisão (Multiple Ownership Rules).
Além disso, desde 1941 existiram, nos Estados Unidos, normas para controlar as "redes" (networks) de radiodifusão, tanto através da legislação antitruste como de normas da agência reguladora FCC. A legislação antitruste, por exemplo, protege o produtor independente estabelecendo limites tanto para a produção como para a distribuição desses programas pelas redes nacionais de televisão.
Monopólio e propriedade cruzada
O resultado dessa ausência de regulação da propriedade cruzada fez com que a mídia no Brasil fosse historicamente concentrada.
Nos anos 1990, cerca de nove grupos de empresas familiares controlavam a grande mídia. As famílias eram Abravanel (SBT), Bloch (Manchete), Civita (Abril), Frias (Folhas), Levy (Gazeta), Marinho (Globo), Mesquita (O Estado de S.Paulo), Nascimento Brito (Jornal do Brasil) e Saad (Band). Hoje esse número está reduzido a cinco. As famílias Bloch, Levy, Nascimento Brito e Mesquita já não exercem mais o controle sobre seus antigos veículos.
Ao mesmo tempo em que se reduz o número de grupos empresariais no controle da grande mídia, alguns grupos regionais – associados aos grupos dominantes nacionais – consolidam suas posições hegemônicas.
O melhor exemplo continua sendo o Grupo RBS, que atua no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina e está sendo objeto de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, em Santa Catarina, com o objetivo de anular a aquisição do jornal A Notícia, de Joinville [ver "`É a RBS que governa o estado´"]. Além disso, o MPF quer reduzir o número de emissoras de televisão do grupo ao máximo permitido pelo decreto-lei 236 (cf. Ação nº 2008.72.00.014043-5, de janeiro de 2009).
Segundo nota do próprio MPF, ...
"...o grupo (RBS) detém no estado o controle de seis emissoras de televisão; os jornais Diário Catarinense, Hora de Santa Catarina, Jornal de Santa Catarina e, recentemente, o jornal A Notícia; além de três emissoras de rádio. O pool de emissoras e jornais utiliza o nome fantasia Grupo RBS. Com o conhecimento expresso do Ministério das Comunicações, as empresas são registradas em nome de diferentes pessoas da mesma família com o objetivo de não ultrapassar o limite estabelecido em lei.
Para o MPF, a situação de oligopólio é clara, em que um único grupo econômico possui quase a total hegemonia das comunicações no estado. Por isso, a ação discute questões como a necessidade de pluralidade dos meios de comunicação social para garantir o direito de informação e expressão; e a manutenção da livre concorrência e da liberdade econômica, ameaçadas por práticas oligopolistas" (ver aqui).
Conflito de interesses?
O site da ANJ informa que Paulo Tonet Camargo, além de diretor do Comitê de Relações Governamentais, é também diretor geral da RBS em Brasília. Talvez esse fato nos ajude a compreender porque ele considera um retrocesso que a Conferência Nacional de Comunicação discuta monopólio e propriedade cruzada.
* Pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política (NEMP) da Universidade de Brasília e autor/organizador, entre outros, de A mídia nas eleições de 2006 (Editora Fundação Perseu Abramo, 2007)
* fonte – Observatório da Imprensa
www.observatoriodaimprensa.com.br
Em defesa da propriedade cruzada
*Por Venício A. de Lima em 21/4/2009
Publicado o decreto que convoca a 1ª Conferencia Nacional de Comunicação (CNC), o primeiro passo para sua efetiva realização foi dado. Agora, começa a disputa pela composição da Comissão Coordenadora, pela escolha dos delegados e, sobretudo, pela definição de quais questões e como serão debatidas dentro da temática geral "Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital".
Recentemente, matéria publicada (para assinantes) na Folha de S.Paulo informava que o diretor do Comitê de Relações Governamentais da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Paulo Tonet Camargo, considera que "discutir monopólio e propriedade cruzada é um retrocesso. `O tema tem que ser conteúdo nacional e igualdade de tratamento regulatório´".
Considerando que o Comitê de Relações Governamentais tem como objetivo principal "fazer a interface da ANJ com os poderes e instituições de Estado, difundindo os princípios e os objetivos da entidade bem como monitorando ações que possam representar alguma ameaça aos jornais" (ver aqui), é de se supor que a posição do seu diretor seja também a posição da própria associação.
Como a Constituição brasileira reza que "os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio e oligopólio" (§ 5º do Artigo 220), é legítimo perguntar-se: "retrocesso" para quem?
Se considerarmos, como na famosa decisão da Suprema Corte dos EUA, que "é o direito dos telespectadores e ouvintes, não o direito dos radiodifusores, que é soberano" [juiz Byron White, "Red Lion Broadcasting vs FCC", 1969), certamente discutir monopólio e propriedade cruzada não é retrocesso para o cidadão, sujeito único do direito a uma informação plural e diversa e, mais do que isso, sujeito do direito à própria comunicação.
Brasil vs. EUA
Entre nós, nunca houve controle efetivo da propriedade cruzada e, consequentemente, do monopólio e/ou do oligopólio na mídia. Desde os decretos que iniciaram a regulação da radiodifusão, ainda na década de 1930 – decreto nº 20.047/1931 e decreto nº 21.111/1932 –, passando pelo Código Brasileiro de Telecomunicações de 1962 (lei nº 4.137/62) e pelas normas mais recentes, como por exemplo, a Lei da TV a Cabo (lei nº 8.977/95), não houve preocupação do legislador com a concentração da propriedade no setor.
É verdade, todavia, que um decreto do período autoritário estabeleceu limites para as concessões de radiodifusão. O decreto-lei 236/1967, em seu artigo 12, reza que:
"Cada entidade só poderá ter concessão ou permissão para executar serviço de radiodifusão, em todo o País, dentro dos seguintes limites: (...)
I – estações radiodifusoras de som:
locais:
ondas médias, 4;
freqüência modulada, 6;
regionais:
ondas médias, 3;
ondas tropicais, 3 (sendo no máximo 2 por estado);
nacionais;
ondas médias, 2
ondas curtas, 2;
II - estações radiodifusoras de som e imagem – 10 (dez) em todo o território nacional, sendo no máximo 5 (cinco) em VHF e 2 (duas) por estado; (...)
§ 7º - As empresas concessionárias ou permissionárias de serviço de radiodifusão não poderão estar subordinadas a outras entidades que se constituem com a finalidade de estabelecer direção ou orientação única, através de cadeias ou associações de qualquer espécie";
A interpretação que o Ministério das Comunicações faz do artigo 12, no entanto, contrariando toda evidência, é considerar "entidade" como significando "pessoa física", não levando em conta o parentesco. Da mesma forma, em relação ao parágrafo 7, não considera as "redes" – formadas com a "afiliação" contratual de emissoras – como constituindo subordinação "com a finalidade de estabelecer direção ou orientação única". Essas interpretações tornam a norma legal totalmente ineficaz.
Nos Estados Unidos, por outro lado, desde 1943 existiram normas legais para limitar a concentração da propriedade, tanto em nível local (regional), como nacional. O objetivo era o de garantir a competição econômica entre as empresas privadas de mídia e, sobretudo, preservar a pluralidade e a diversidade de idéias.
Essas normas, quando criadas, impediam (1) que um concessionário controlasse mais de uma emissora do mesmo tipo no mesmo mercado (Duopoly Rule); (2) que um mesmo concessionário controlasse mais de uma emissora de TV em VHF ou uma combinação de emissoras de rádio AM/FM (One-to-a-Market-Rule); (3) que se outorgassem concessões de radiodifusão a pessoa física ou jurídica que fosse proprietária, controlasse ou operasse jornal diário na mesma área geográfica (Cross-Ownership Rule); e, (4) que um mesmo grupo controlasse emissoras de rádio e televisão acima de certos limites percentuais de alcance dos domicílios no mercado nacional de televisão (Multiple Ownership Rules).
Além disso, desde 1941 existiram, nos Estados Unidos, normas para controlar as "redes" (networks) de radiodifusão, tanto através da legislação antitruste como de normas da agência reguladora FCC. A legislação antitruste, por exemplo, protege o produtor independente estabelecendo limites tanto para a produção como para a distribuição desses programas pelas redes nacionais de televisão.
Monopólio e propriedade cruzada
O resultado dessa ausência de regulação da propriedade cruzada fez com que a mídia no Brasil fosse historicamente concentrada.
Nos anos 1990, cerca de nove grupos de empresas familiares controlavam a grande mídia. As famílias eram Abravanel (SBT), Bloch (Manchete), Civita (Abril), Frias (Folhas), Levy (Gazeta), Marinho (Globo), Mesquita (O Estado de S.Paulo), Nascimento Brito (Jornal do Brasil) e Saad (Band). Hoje esse número está reduzido a cinco. As famílias Bloch, Levy, Nascimento Brito e Mesquita já não exercem mais o controle sobre seus antigos veículos.
Ao mesmo tempo em que se reduz o número de grupos empresariais no controle da grande mídia, alguns grupos regionais – associados aos grupos dominantes nacionais – consolidam suas posições hegemônicas.
O melhor exemplo continua sendo o Grupo RBS, que atua no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina e está sendo objeto de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, em Santa Catarina, com o objetivo de anular a aquisição do jornal A Notícia, de Joinville [ver "`É a RBS que governa o estado´"]. Além disso, o MPF quer reduzir o número de emissoras de televisão do grupo ao máximo permitido pelo decreto-lei 236 (cf. Ação nº 2008.72.00.014043-5, de janeiro de 2009).
Segundo nota do próprio MPF, ...
"...o grupo (RBS) detém no estado o controle de seis emissoras de televisão; os jornais Diário Catarinense, Hora de Santa Catarina, Jornal de Santa Catarina e, recentemente, o jornal A Notícia; além de três emissoras de rádio. O pool de emissoras e jornais utiliza o nome fantasia Grupo RBS. Com o conhecimento expresso do Ministério das Comunicações, as empresas são registradas em nome de diferentes pessoas da mesma família com o objetivo de não ultrapassar o limite estabelecido em lei.
Para o MPF, a situação de oligopólio é clara, em que um único grupo econômico possui quase a total hegemonia das comunicações no estado. Por isso, a ação discute questões como a necessidade de pluralidade dos meios de comunicação social para garantir o direito de informação e expressão; e a manutenção da livre concorrência e da liberdade econômica, ameaçadas por práticas oligopolistas" (ver aqui).
Conflito de interesses?
O site da ANJ informa que Paulo Tonet Camargo, além de diretor do Comitê de Relações Governamentais, é também diretor geral da RBS em Brasília. Talvez esse fato nos ajude a compreender porque ele considera um retrocesso que a Conferência Nacional de Comunicação discuta monopólio e propriedade cruzada.
* Pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política (NEMP) da Universidade de Brasília e autor/organizador, entre outros, de A mídia nas eleições de 2006 (Editora Fundação Perseu Abramo, 2007)
* fonte – Observatório da Imprensa
www.observatoriodaimprensa.com.br
Marcadores: MONOPÓLIO, MÍDIA EM DEBATE, Venício Lima
sábado, 18 de abril de 2009
A Mídia em Debate
A Mídia em Debate será o tema de mais um "Debate Carta Maior" , a ser realizado nesta próxima sexta-feira, 24 de abril. O evento acontece no Hotel Macksoud Plaza, em São Paulo, às 19 horas, e terá entrada franca. Estão confirmadas as participações de Laurindo Leal Filho , Professor da Universidade de São Paulo-USP, Venício Lima , Pesquisador da Universidade de Brasília–UnB, Luis Nassif, jornalista e de Damian Loreti, Professor da Universidade de Buenos Aires – Argentina, e com as participações especiais de Antonio Roberto Espinosa, Jornalista e Professor da Universidade de São Paulo–USP, e do jornalista Ivan Seixas . O evento terá transmissão ao vivo pela TV Carta Maior .
O que: A Mídia em Debate
Quando: Sexta-feira, 24 de abril
Onde: Hotel Macksoud Plaza (Alameda Campinas, 150, São Paulo-SP)
Horário: 19h00
Transmissão ao vivo pela TV Carta Maior
Participam:
Laurindo Leal Filho
Professor da Universidade de São Paulo-SP
Venício Lima
Pesquisador da Universidade de Brasília – UnB
Luis Nassif
Jornalista
Damian Loreti
Professor da Universidade de Buenos Aires – Argentina
Participações Especiais:
Antonio Roberto Espinosa
Jornalista e Professor da Universidade de São Paulo – USP
Ivan Seixas
Jornalista
www.cartamaior.com.br
O que: A Mídia em Debate
Quando: Sexta-feira, 24 de abril
Onde: Hotel Macksoud Plaza (Alameda Campinas, 150, São Paulo-SP)
Horário: 19h00
Transmissão ao vivo pela TV Carta Maior
Participam:
Laurindo Leal Filho
Professor da Universidade de São Paulo-SP
Venício Lima
Pesquisador da Universidade de Brasília – UnB
Luis Nassif
Jornalista
Damian Loreti
Professor da Universidade de Buenos Aires – Argentina
Participações Especiais:
Antonio Roberto Espinosa
Jornalista e Professor da Universidade de São Paulo – USP
Ivan Seixas
Jornalista
www.cartamaior.com.br
quinta-feira, 16 de abril de 2009
O poder e o papel dos meios de comunicação de massa
* Taís Ferreira
No Brasil, o rádio e a Tv ocupam um status de principais veículos de cultura e informação. A televisão está presente em 98% dos domicílios brasileiros, sendo que oitenta por cento da população brasileira tem nesse meio a sua única fonte de informação.
Uma avançada indústria televisiva produz programas com alta qualidade técnica, com uma estética sedutora. Uma força poderosa, potencializada pela falta de acesso a outras fontes de informação e entretenimento – jornais, livros, filmes, peças teatrais. O papel político da televisão no Brasil é único em todo o mundo. A indústria cultural estaria cumprindo aqui seu principal papel: imobilizar e alienar o público.
A televisão pode influenciar na eleição de um líder nacional construindo ou denegrindo sua imagem. Pode fazer um desconhecido ser celebridade da noite para o dia e fazer as pessoas acreditarem pela mídia que são os melhores artistas do país. Um pequeno número de indivíduos controla o que assistimos, lemos, e ouvimos.Os meios de comunicação impõem uma percepção da realidade influenciando a opinião da maioria, transformada em meros espectadores.
Domínio Estratégico da Comunicação Audiovisual no Brasil
Aproveitando-se de uma legislação ultrapassada (1962), a concentração da mídia é uma realidade brasileira. Atualmente alguns grupos familiares controlam a televisão de sinal aberto, entre eles: Marinho (Globo), Abravanel (SBT), Saad (Bandeirantes), Sirostsky (RBS).
Além disso, um levantamento realizado em 1995, pelo professor Venício Artur de Lima, indicava que das 302 emissoras comerciais de TV existentes no país, 94 pertenciam a políticos ou ex-políticos. Dos 594 parlamentares, 130 tem uma concessão de rádio ou TV, ou uma combinação das duas.
A partir de 1990, uma nova tendência passou a integrar o elenco de proprietários da televisão brasileira e fazer parte do controle da mídia televisiva: a Igreja Universal do Reino de Deus que adquiriu por 45 milhões de dólares uma das mais tradicionais redes de televisão do Brasil – a Record. Em contrapartida, a Igreja Católica formou a Rede Vida, que soma hoje mais de três centenas de retransmissoras espalhadas pelo país.
Em outros países da América Latina, o poder político dos donos dos meios de comunicação também é notório. Na Colômbia, cinco dos presidentes que governaram o país nos últimos anos pertenciam a um dos seis grupos de famílias que dominam 75% da circulação dos jornais e revistas no país. Na Venezuela, segundo a senadora Lolita Aniyar de Castro, criminalista e estudiosa da legislação sobre a mídia, a maioria dos membros do Parlamento está vinculada a algum dos grupos que dominam a comunicação no país. No Chile, duas redes nacionais públicas têm maior audiência em relação às emissoras privadas, devido ao modelo implantado pelo regime militar, que permitiu ao estado e às universidades, o monopólio da exploração; só em 1989 se privatizou a primeira emissora naquele país. No Brasil, os militares construíram uma infra-estrutura de estações, satélites, repetidoras, etc para implantar redes nacionais, favorecendo a exploração privada e comercial em detrimento de seu caráter público.
O direito à Informação
Na verdade, poucos são os mecanismos de que dispõe a sociedade para intervir na definição dos conteúdos programáticos dos meios de comunicação de massa ou assegurar o direito a uma informação democrática.
É necessário ampliar o debate sobre uma Nova Ordem da Comunicação, assim como, em 1980, quando por decisão do 18º Congresso da FENAJ, em Brasília, foi criada uma Comissão Permanente para o Estudo da Ordem Informativa Internacional, coordenada pelo jornalista Guy de Almeida. Esse trabalho permitiu a articulação da categoria para participar na Comissão Temática que trabalhou no processo de elaboração da constituição brasileira de 1988. Já naquela época através de pesquisas e discussões ficou constatada a necessidade de uma nova ordem nacional democrática e equilibrada.
A Constituição de 1988 (Título VIII, Capítulo V) prevê alguns instrumentos que poderiam amenizar a situação atual: impede a existência de monopólio ou oligopólio na mídia; prevê a complementaridade dos sistemas – privado, público e estatal de radiodifusão; prevê a regionalização da produção cultural, artística e jornalística; e prevê, também, a criação de do Conselho de Comunicação Social como órgão auxiliar do Congresso Nacional. O Conselho foi instalado em junho de 2002, sua participação no debate é fundamental, mas sua convocação depende de convocação da Mesa do Congresso, o que não aconteceu ainda este ano.
Para o fortalecimento da democracia e da cidadania é importante lutar politicamente pela regulamentação da legislação de radiodifusão no Brasil e para que os avanços da Constituição sejam uma realidade. A sociedade necessita de formas de controle desse poder, que se sobrepõe aos poderes constituídos. Só assim poderá intervir e fortalecer o setor, onde existem claros conflitos de interesse. Outros países já criaram órgãos reguladores: Estados Unidos (FCC), Reino Unido (OFCOM), na França (CSA) e em Portugal (ERC). Precisamos de algo semelhante no Brasil.
* Jornalista, editora do blog www.cinejornalismoempauta.blogspot.com
*publicado neste blog em 10 de março de 2008
*publicado no Observatório da Imprensa e outros sites
No Brasil, o rádio e a Tv ocupam um status de principais veículos de cultura e informação. A televisão está presente em 98% dos domicílios brasileiros, sendo que oitenta por cento da população brasileira tem nesse meio a sua única fonte de informação.
Uma avançada indústria televisiva produz programas com alta qualidade técnica, com uma estética sedutora. Uma força poderosa, potencializada pela falta de acesso a outras fontes de informação e entretenimento – jornais, livros, filmes, peças teatrais. O papel político da televisão no Brasil é único em todo o mundo. A indústria cultural estaria cumprindo aqui seu principal papel: imobilizar e alienar o público.
A televisão pode influenciar na eleição de um líder nacional construindo ou denegrindo sua imagem. Pode fazer um desconhecido ser celebridade da noite para o dia e fazer as pessoas acreditarem pela mídia que são os melhores artistas do país. Um pequeno número de indivíduos controla o que assistimos, lemos, e ouvimos.Os meios de comunicação impõem uma percepção da realidade influenciando a opinião da maioria, transformada em meros espectadores.
Domínio Estratégico da Comunicação Audiovisual no Brasil
Aproveitando-se de uma legislação ultrapassada (1962), a concentração da mídia é uma realidade brasileira. Atualmente alguns grupos familiares controlam a televisão de sinal aberto, entre eles: Marinho (Globo), Abravanel (SBT), Saad (Bandeirantes), Sirostsky (RBS).
Além disso, um levantamento realizado em 1995, pelo professor Venício Artur de Lima, indicava que das 302 emissoras comerciais de TV existentes no país, 94 pertenciam a políticos ou ex-políticos. Dos 594 parlamentares, 130 tem uma concessão de rádio ou TV, ou uma combinação das duas.
A partir de 1990, uma nova tendência passou a integrar o elenco de proprietários da televisão brasileira e fazer parte do controle da mídia televisiva: a Igreja Universal do Reino de Deus que adquiriu por 45 milhões de dólares uma das mais tradicionais redes de televisão do Brasil – a Record. Em contrapartida, a Igreja Católica formou a Rede Vida, que soma hoje mais de três centenas de retransmissoras espalhadas pelo país.
Em outros países da América Latina, o poder político dos donos dos meios de comunicação também é notório. Na Colômbia, cinco dos presidentes que governaram o país nos últimos anos pertenciam a um dos seis grupos de famílias que dominam 75% da circulação dos jornais e revistas no país. Na Venezuela, segundo a senadora Lolita Aniyar de Castro, criminalista e estudiosa da legislação sobre a mídia, a maioria dos membros do Parlamento está vinculada a algum dos grupos que dominam a comunicação no país. No Chile, duas redes nacionais públicas têm maior audiência em relação às emissoras privadas, devido ao modelo implantado pelo regime militar, que permitiu ao estado e às universidades, o monopólio da exploração; só em 1989 se privatizou a primeira emissora naquele país. No Brasil, os militares construíram uma infra-estrutura de estações, satélites, repetidoras, etc para implantar redes nacionais, favorecendo a exploração privada e comercial em detrimento de seu caráter público.
O direito à Informação
Na verdade, poucos são os mecanismos de que dispõe a sociedade para intervir na definição dos conteúdos programáticos dos meios de comunicação de massa ou assegurar o direito a uma informação democrática.
É necessário ampliar o debate sobre uma Nova Ordem da Comunicação, assim como, em 1980, quando por decisão do 18º Congresso da FENAJ, em Brasília, foi criada uma Comissão Permanente para o Estudo da Ordem Informativa Internacional, coordenada pelo jornalista Guy de Almeida. Esse trabalho permitiu a articulação da categoria para participar na Comissão Temática que trabalhou no processo de elaboração da constituição brasileira de 1988. Já naquela época através de pesquisas e discussões ficou constatada a necessidade de uma nova ordem nacional democrática e equilibrada.
A Constituição de 1988 (Título VIII, Capítulo V) prevê alguns instrumentos que poderiam amenizar a situação atual: impede a existência de monopólio ou oligopólio na mídia; prevê a complementaridade dos sistemas – privado, público e estatal de radiodifusão; prevê a regionalização da produção cultural, artística e jornalística; e prevê, também, a criação de do Conselho de Comunicação Social como órgão auxiliar do Congresso Nacional. O Conselho foi instalado em junho de 2002, sua participação no debate é fundamental, mas sua convocação depende de convocação da Mesa do Congresso, o que não aconteceu ainda este ano.
Para o fortalecimento da democracia e da cidadania é importante lutar politicamente pela regulamentação da legislação de radiodifusão no Brasil e para que os avanços da Constituição sejam uma realidade. A sociedade necessita de formas de controle desse poder, que se sobrepõe aos poderes constituídos. Só assim poderá intervir e fortalecer o setor, onde existem claros conflitos de interesse. Outros países já criaram órgãos reguladores: Estados Unidos (FCC), Reino Unido (OFCOM), na França (CSA) e em Portugal (ERC). Precisamos de algo semelhante no Brasil.
* Jornalista, editora do blog www.cinejornalismoempauta.blogspot.com
*publicado neste blog em 10 de março de 2008
*publicado no Observatório da Imprensa e outros sites
domingo, 6 de julho de 2008
Palavras do Fidel
(...)"A verdade em nossos tempos navega por mares tempestuosos, onde a mídia está nas mãos dos que ameaçam a sobrevivência humana com seus imensos recursos econômicos, tecnológicos e militares. Esse é o desafio dos jornalistas cubanos!"
Fidel Castro
Confira: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=39905
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domingo, 29 de junho de 2008
Ditadura da mídia: debate ataca o "partido da mídia"
“Fomos contra a ditadura militar e vamos ser contra a ditadura da mídia”. Essa foi uma das frases dita pelos debatedores que sintetiza o clamor dos movimentos sociais contra a concentração dos meios de comunicação. O evento, que fez parte da programação da jornada pela democratização da mídia, foi realizado na Casa dos Jornalistas e lançou a Revista Princípios nº91 e o livro “A mídia nas eleições de 2006” do jornalista e pesquisador, Venício A. de Lima. Os convidados – o secretário nacional de Comunicação do PCdoB, Altamiro Borges, Venício A. de Lima e o diretor do sindicato dos Jornalistas, Arthur Lobato – puderam contar com a platéia lotada. A edição nº91 da Princípios tem como tema central a forma que a comunicação social foi sufocada pelo monopólio midiático.
A intervenção de Venício A. de Lima apontou a interferência da mídia no cenário político. Segundo o autor do livro lançado no evento, dados de uma pesquisa patrocinada pela ONU mostram como os meios de comunicação se transformaram em um autor político determinante. O estudo ouviu a elite política latino-americana, entre ex-presidentes, ministros e pesquisadores da área, sendo 34 deles brasileiros. Um dos problemas centrais apontados por Venício, com base na pesquisa, é a tensão entre o poder institucional e o poder de fato que impede de cumprir as promessas. E ainda segundo os dados do estudo, o poder de fato é exercido pela mídia para 65,2% dos entrevistados. “O político fica dependente da mídia para ter visibilidade, e mais do que isso, depende da visibilidade favorável” argumentou.
Mesmo apontando a onipresença da mídia, a intervenção política, sobretudo nas campanhas eleitorais, Lima argumentou que este poder se esbarra em limites. De acordo com ele, essa demarcação é dada pela organização da sociedade, como aconteceu nas eleições de 2006.
Para Altamiro Borges esse é um importante momento para debater esse tema estratégico para o Brasil, já que a mídia vive um paradoxo mundial. Segundo ele, se por um lado a “mídia nunca teve tanto poder no mundo, ela fica acima da constituição. Mas, por outro lado, ela nunca esteve tão vulnerável” fazendo referencia as derrotas tidas pela imprensa, em particular na América Latina. No Brasil, a mídia foi definida por Borges como um “mar de lama”. “São cinco famílias que dominam a mídia no país, com alto poder de dominação.”
O secretário de comunicação do PCdoB criticou duramente a postura da mídia nos principais acontecimentos da história do Brasil e defendeu uma reforma do ar. “Há o latifúndio da terra, mas hoje pior do que isso é o latifúndio do ar. Existe é a liberdade de monopólio não a liberdade de expressão”.
O diretor do Sindicato dos Jornalistas, Arthur Lobato questionou o processo de concessão pública de veículos de comunicação, na forma de “capitanias hereditárias”, e cobrou fiscalização das emissoras concessionárias. “Nós sabemos que essas empresas de comunicação estão em dívida e com irregularidades trabalhistas. Não depositam Fundo de Garantia, INSS, entre vários outros direitos dos trabalhadores” denunciou. Lobato lembrou casos de grandes redes de TV`s já extintas que deixaram trabalhadores “na fome e na miséria”, como a TV Tupi e TV Manchete. “Hoje a maioria dos trabalhadores da TV Tupi podem ter morrido e, com certeza, não receberam nada dos seus direitos” alertou.
Durante as intervenções ainda foram discutidos temas como a TV digital, rádios comunitárias, publicidade oficial do governo, rede de televisão pública, entre outros.
Artigo publicado no site http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=26507
A intervenção de Venício A. de Lima apontou a interferência da mídia no cenário político. Segundo o autor do livro lançado no evento, dados de uma pesquisa patrocinada pela ONU mostram como os meios de comunicação se transformaram em um autor político determinante. O estudo ouviu a elite política latino-americana, entre ex-presidentes, ministros e pesquisadores da área, sendo 34 deles brasileiros. Um dos problemas centrais apontados por Venício, com base na pesquisa, é a tensão entre o poder institucional e o poder de fato que impede de cumprir as promessas. E ainda segundo os dados do estudo, o poder de fato é exercido pela mídia para 65,2% dos entrevistados. “O político fica dependente da mídia para ter visibilidade, e mais do que isso, depende da visibilidade favorável” argumentou.
Mesmo apontando a onipresença da mídia, a intervenção política, sobretudo nas campanhas eleitorais, Lima argumentou que este poder se esbarra em limites. De acordo com ele, essa demarcação é dada pela organização da sociedade, como aconteceu nas eleições de 2006.
Para Altamiro Borges esse é um importante momento para debater esse tema estratégico para o Brasil, já que a mídia vive um paradoxo mundial. Segundo ele, se por um lado a “mídia nunca teve tanto poder no mundo, ela fica acima da constituição. Mas, por outro lado, ela nunca esteve tão vulnerável” fazendo referencia as derrotas tidas pela imprensa, em particular na América Latina. No Brasil, a mídia foi definida por Borges como um “mar de lama”. “São cinco famílias que dominam a mídia no país, com alto poder de dominação.”
O secretário de comunicação do PCdoB criticou duramente a postura da mídia nos principais acontecimentos da história do Brasil e defendeu uma reforma do ar. “Há o latifúndio da terra, mas hoje pior do que isso é o latifúndio do ar. Existe é a liberdade de monopólio não a liberdade de expressão”.
O diretor do Sindicato dos Jornalistas, Arthur Lobato questionou o processo de concessão pública de veículos de comunicação, na forma de “capitanias hereditárias”, e cobrou fiscalização das emissoras concessionárias. “Nós sabemos que essas empresas de comunicação estão em dívida e com irregularidades trabalhistas. Não depositam Fundo de Garantia, INSS, entre vários outros direitos dos trabalhadores” denunciou. Lobato lembrou casos de grandes redes de TV`s já extintas que deixaram trabalhadores “na fome e na miséria”, como a TV Tupi e TV Manchete. “Hoje a maioria dos trabalhadores da TV Tupi podem ter morrido e, com certeza, não receberam nada dos seus direitos” alertou.
Durante as intervenções ainda foram discutidos temas como a TV digital, rádios comunitárias, publicidade oficial do governo, rede de televisão pública, entre outros.
Artigo publicado no site http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=26507
Marcadores: MÍDIA EM DEBATE
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Cineclube Curta Circuito | Primeiro a 29 de novembro
Cine Humberto Mauro
Guardados | Christiane Sampaio, Leonardo Tanure, Lucinéia Dias, Maria Lima, MG, 2000, 13’06’’
Debate após a sessão com os realizadores Junior Presotti e José Américo Ribeiro.
29.11 – PANORAMAS [DOC: SOBRE A GENTE]
Sobre A Gente é um documentário sobre os Agentes Penitenciários de Minas Gerais. Uma crônica urbana sobre a história de profissionais que dedicam suas vidas a cuidar de pessoas que a sociedade muitas vezes não quer conhecer e nem ter notícia. Partindo de uma narrativa baseada em histórias que os agentes contam sobre suas vidas e sobre a profissão, o filme revela um pouco do lado de lá dos muros das unidades prisionais. Uma tentativa de desmitificar teorias e apresentar uma realidade do universo carcerário brasileiro sob o ponto de vista deles, dos agentes de segurança prisional. Em sua pré-estréia, Sobre A Gente traz ao Curta Circuito um olhar leve e humano sobre um profissional, muitas vezes erroneamente estigmatizado. Uma tentativa de desvendar um pouco da história e dos casos do sistema penitenciário mineiro.
Sobre A Gente | Guilherme Penido, MG, 2010, 75'
Debate em BH após a sessão com o realizador Guilherme Penido.
Serviço:
Evento: Cineclube Curta Circuito
Local: Cinema Humberto Mauro
Data: 01, 08 e 29 de novembro
Horário: 19h
Entrada franca
Informações: 3236-7400
Cine Humberto Mauro
01.11 – EIXO BRASIL [DOC: VLADO]
“Homem das letras, do jornalismo, da televisão e do cinema, Vladimir Herzog foi também vítima de um dos regimes de exceção mais cruéis da América Latina: a ditadura militar brasileira, iniciada com o golpe de 1964. Discípulo de Fernando Birri, o mestre do documentarismo argentino, com quem aprendeu lições fundamentais sobre a sétima arte, Vladimir Herzog morreu covardemente torturado nos porões da repressão em outubro de 1975. Neste programa, (...) parte da história recente brasileira: Vlado, trinta anos depois, realizado por João Batista de Andrade, filme que permite conhecer, inclusive, o pouco comentado jogo de poder por trás da morte de Herzog; (...)”
Vlado, trinta anos depois| João Batista de Andrade, SP, 2005, 84’
08.11 – NOVOS OLHARES [DOC: MEMÓRIA E CINEMA – IMAGENS DE MINAS]
“O curso Memória e Cinema, que lançou onze documentários em vídeo produzidos pelos alunos, integra o projeto Imagens de Minas, que propõe formas variadas de resgatar a memória cinematográfica mineira, inclusive com a recuperação do acervo de filmes. O projeto teve duas edições e da 1ª edição exibiremos um recorte com três vídeos. É uma bela e prazerosa viagem em que se lançaram a Escola de Belas Artes da UFMG, por meio de seu Departamento de Fotografia, Teatro e Cinema, e a Prefeitura de Belo Horizonte, através da Secretaria Municipal de Cultura (hoje Fundação) e de seu Centro de Referência Audiovisual (CRAV).”
Elementos | Junior Presotti, MG, 2000, 27’
O Menino que trocou a Bicicleta pelo Cinema | Mauro Reis, Elaine Alfenas, Taís Ferreira, Junia Bertolina, MG, 2000,13’
“Homem das letras, do jornalismo, da televisão e do cinema, Vladimir Herzog foi também vítima de um dos regimes de exceção mais cruéis da América Latina: a ditadura militar brasileira, iniciada com o golpe de 1964. Discípulo de Fernando Birri, o mestre do documentarismo argentino, com quem aprendeu lições fundamentais sobre a sétima arte, Vladimir Herzog morreu covardemente torturado nos porões da repressão em outubro de 1975. Neste programa, (...) parte da história recente brasileira: Vlado, trinta anos depois, realizado por João Batista de Andrade, filme que permite conhecer, inclusive, o pouco comentado jogo de poder por trás da morte de Herzog; (...)”
Vlado, trinta anos depois| João Batista de Andrade, SP, 2005, 84’
08.11 – NOVOS OLHARES [DOC: MEMÓRIA E CINEMA – IMAGENS DE MINAS]
“O curso Memória e Cinema, que lançou onze documentários em vídeo produzidos pelos alunos, integra o projeto Imagens de Minas, que propõe formas variadas de resgatar a memória cinematográfica mineira, inclusive com a recuperação do acervo de filmes. O projeto teve duas edições e da 1ª edição exibiremos um recorte com três vídeos. É uma bela e prazerosa viagem em que se lançaram a Escola de Belas Artes da UFMG, por meio de seu Departamento de Fotografia, Teatro e Cinema, e a Prefeitura de Belo Horizonte, através da Secretaria Municipal de Cultura (hoje Fundação) e de seu Centro de Referência Audiovisual (CRAV).”
Elementos | Junior Presotti, MG, 2000, 27’
O Menino que trocou a Bicicleta pelo Cinema | Mauro Reis, Elaine Alfenas, Taís Ferreira, Junia Bertolina, MG, 2000,13’
O Menino que trocou a Bicicleta pelo Cinema | Mauro Reis, Elaine Alfenas, Taís Ferreira, Junia Bertolina, MG, 2000,13’
Documentário sobre Carlos Scalla, cineasta nascido em Muriaé (MG) que, em 1968, aos 14 anos, decidiu fazer cinema sem recursos técnicos e financeiros.
Guardados | Christiane Sampaio, Leonardo Tanure, Lucinéia Dias, Maria Lima, MG, 2000, 13’06’’
Debate após a sessão com os realizadores Junior Presotti e José Américo Ribeiro.
29.11 – PANORAMAS [DOC: SOBRE A GENTE]
Sobre A Gente é um documentário sobre os Agentes Penitenciários de Minas Gerais. Uma crônica urbana sobre a história de profissionais que dedicam suas vidas a cuidar de pessoas que a sociedade muitas vezes não quer conhecer e nem ter notícia. Partindo de uma narrativa baseada em histórias que os agentes contam sobre suas vidas e sobre a profissão, o filme revela um pouco do lado de lá dos muros das unidades prisionais. Uma tentativa de desmitificar teorias e apresentar uma realidade do universo carcerário brasileiro sob o ponto de vista deles, dos agentes de segurança prisional. Em sua pré-estréia, Sobre A Gente traz ao Curta Circuito um olhar leve e humano sobre um profissional, muitas vezes erroneamente estigmatizado. Uma tentativa de desvendar um pouco da história e dos casos do sistema penitenciário mineiro.
Sobre A Gente | Guilherme Penido, MG, 2010, 75'
Debate em BH após a sessão com o realizador Guilherme Penido.
Serviço:
Evento: Cineclube Curta Circuito
Local: Cinema Humberto Mauro
Data: 01, 08 e 29 de novembro
Horário: 19h
Entrada franca
Informações: 3236-7400
Marcadores: 2000, DOC: MEMÓRIA E CINEMA – IMAGENS DE MINAS,Elaine Alfenas, Junia Bertolina, Mauro Reis, MG, O Menino que trocou a Bicicleta pelo Cinema, Taís Ferreira
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Memória: Direito de resposta que a justiça concedeu contra a Globo, em pleno Jornal Nacional
Cid Moreira leu uma nota escrita por Leonel Brizola em 15 de março de 1994. O direito de resposta foi concedido a Brizola depois que o Jornal Nacional da TV Globo falou inverdades sobre o líder do PDT, na época.
Brizola responde à Globo no Jornal Nacional
Brizola responde à Globo no Jornal Nacional
Marcadores: Cid Moreira, direito de resposta, Globo, Jornal Nacional
domingo, 8 de março de 2009
Tempos de crise e a mídia
*TAÍS FERREIRA
A grande mídia, patrocinada pelos grandes grupos econômicos e pela publicidade governamental, inverte fatos deliberadamente, controlando a opinião pública em todo mundo e abafando as diferentes vozes existentes na sociedade. Antecedentes, memória, contexto, análise e reflexão - indispensáveis para se fazer jornalismo de qualidade, infelizmente, parecem não fazer parte das reportagens e editorias, principalmente na televisão brasileira.
As empresas e os bancos que acumulam lucros exorbitantes, agora querem bilhões para "salvar os empregos". A “VALE”, empresa brasileira vendida pelo governo FHC a grupos estrangeiros por 3 bilhões e 400 mil reais, quando só o depósito de ouro de Eldorado dos Carajás valia 150 bilhões de dólares, já disse que vivemos "um período de exceção e medidas de exceção se justificam para salvar a economia". Essas medidas de exceção são os direitos trabalhistas que querem flexibilizar. Os que acumularam lucros, agora socializam os possíveis prejuízos.
Esse é o modelo político e econômico no qual vivemos - o neoliberalismo. Um estado mínimo e privatizado quando se trata de saúde, educação e problemas sociais que afligem milhões de pessoas pelo mundo, e máximo no apoio aos seus principais acionistas – as montadoras de automóveis e os bancos. O mercado é que comanda. Os bancos e as montadoras disputam o controle e determinam que o automóvel – símbolo do capitalismo, vale mais que um ser humano.
Nas estradas brasileiras, durante os feriados de natal e ano novo morreram mais pessoas em acidentes que no conflito Israel/Palestina. Para a mídia, isso parece normal, assim como o território invadido ser considerado o algoz. Em Belo Horizonte o problema das chuvas é o grande volume das águas. Não se fala das obras no Ribeirão Arrudas, em barragens de contenção. Não se consulta engenheiros para saber as causas, e sim, especialistas em metereologia.
O que a mídia faz é tentar transformar, cada vez mais, pessoas em objeto. Para que as mortes, de palestinos ou brasileiros não atrapalhem os ditos "negócios". A mídia, neste contexto, é mera empregada de seus patrocinadores, os donos do mundo.
Estas e outras questões, reforçam a necessidade do debate democrático sobre a comunicação que queremos. Depois de mais de duas décadas de discussões, não há dúvidas sobre a necessidade de uma política nacional de comunicação que garanta um jornalismo voltado para o interesse público. Neste debate deve ser colocada também a questão da criação de um Conselho profissional que seja instrumento de defesa para o exercício autonomo e ético do jornalismo. Com a convocação pelo governo, da Conferência Nacional de Comunicação ,programada para ser realizada de 1 a 3 de dezembro de 2009, o que se espera é que a reflexão crítica e engajada se constitua em uma ação política que respeite a soberania dos países e seja ao mesmo tempo democrática.
* Taís é jornalista, é editora do blog CINE JORNALISMO EM PAUTA
Matéria publicada no site da FENAJ em 09-03-2009
Leia também:
Alberto Dines
Urariano Mota
Cães de Guarda
Agradecemos a publicação deste artigo, sempre citando a fonte e solicitamos o favor de enviar para nosso endereço eletrônico o LINK da página onde o texto foi reproduzido.
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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Leitura Crítica da Mídia
*TAÍS FERREIRA
Estamos passando por um momento de falta de credibilidade na mídia. Publica-se, transmite-se qualquer coisa, e quanto mais sensacionalista, melhor. Não há responsabilidade no caso de erros, de noticiário falso, vale tudo, desde que dê Ibope. É uma mídia tendenciosa, que não investiga e não ouve as opiniões divergentes, sua opinião depende das publicidades.
No Brasil, temos uma TV do ponto de vista do conteúdo e da linguagem, não retrata nossa diversidade, mas tem alta qualidade técnica, no nível das melhores do mundo. A grande maioria da população não tem outra forma de entretenimento e informação. A televisão tem o poder de pautar vidas, hábitos e a política, além de impor medo a todos os governos.
É essa mesma imprensa, que induz pessoas ao erro, que publica notícias do seu interesse. Irresponsabilidade que se configura no pior inimigo da liberdade de imprensa, porque pode provocar reações autoritárias e danos irreversíveis. O caso mais recente é o da brasileira na Suíça, que a maior rede de televisão brasileira transformou em manchete sem ao menos falar com as autoridades locais.
Escrever para um jornal, fotografar, falar no rádio ou televisão e mesmo manter um blogs e sites constitui uma responsabilidade social. Não se pode valer dessa posição para se difundir boatos, nem inverdades. É preciso checar, levantar o fato, mencionar ou desfazer as dúvidas e suspeitas existentes. É também preciso se garantir o direito de ser mencionada a versão da parte acusada para evitar a notícia tendenciosa.
Os erros das grandes redes de televisão vão ficar na história do nosso jornalismo. Sensacionalismo, irresponsabilidade e abuso de poder. É por esta e muitas outras, como o caso da escola de Base, o caso “Eloá”, garota morta no seqüestro, o recente caso da suposta agressão a uma brasileira na Suiça,entre tantos outros, que é mais que necessário seguir o exemplo de emissoras de televisão como a BBC, de Londres, onde os responsáveis pela tv têm que responder ao público em programa ao vivo sobre seus erros e acertos. Afinal, as redes de televisão são concessões públicas e os cidadãos têm o direito de questioná-las em seus erros, assim como os responsáveis têm o dever de prestar as informações como qualquer outro serviço público.
* Taís é jornalista, é editora do blog CINE JORNALISMO EM PAUTA
Estamos passando por um momento de falta de credibilidade na mídia. Publica-se, transmite-se qualquer coisa, e quanto mais sensacionalista, melhor. Não há responsabilidade no caso de erros, de noticiário falso, vale tudo, desde que dê Ibope. É uma mídia tendenciosa, que não investiga e não ouve as opiniões divergentes, sua opinião depende das publicidades.
No Brasil, temos uma TV do ponto de vista do conteúdo e da linguagem, não retrata nossa diversidade, mas tem alta qualidade técnica, no nível das melhores do mundo. A grande maioria da população não tem outra forma de entretenimento e informação. A televisão tem o poder de pautar vidas, hábitos e a política, além de impor medo a todos os governos.
É essa mesma imprensa, que induz pessoas ao erro, que publica notícias do seu interesse. Irresponsabilidade que se configura no pior inimigo da liberdade de imprensa, porque pode provocar reações autoritárias e danos irreversíveis. O caso mais recente é o da brasileira na Suíça, que a maior rede de televisão brasileira transformou em manchete sem ao menos falar com as autoridades locais.
Escrever para um jornal, fotografar, falar no rádio ou televisão e mesmo manter um blogs e sites constitui uma responsabilidade social. Não se pode valer dessa posição para se difundir boatos, nem inverdades. É preciso checar, levantar o fato, mencionar ou desfazer as dúvidas e suspeitas existentes. É também preciso se garantir o direito de ser mencionada a versão da parte acusada para evitar a notícia tendenciosa.
Os erros das grandes redes de televisão vão ficar na história do nosso jornalismo. Sensacionalismo, irresponsabilidade e abuso de poder. É por esta e muitas outras, como o caso da escola de Base, o caso “Eloá”, garota morta no seqüestro, o recente caso da suposta agressão a uma brasileira na Suiça,entre tantos outros, que é mais que necessário seguir o exemplo de emissoras de televisão como a BBC, de Londres, onde os responsáveis pela tv têm que responder ao público em programa ao vivo sobre seus erros e acertos. Afinal, as redes de televisão são concessões públicas e os cidadãos têm o direito de questioná-las em seus erros, assim como os responsáveis têm o dever de prestar as informações como qualquer outro serviço público.
* Taís é jornalista, é editora do blog CINE JORNALISMO EM PAUTA
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terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Cobertura da tragédia na TV foi um desastre!
* Antonio Brasil
Se você acha que jornalismo na TV é show de imagens, profusão de lágrimas e excesso de perguntas ridículas então a cobertura das enchentes em Santa Catarina pela TV foi um sucesso.
Mas se você acredita que jornalismo de verdade, mesmo na TV, deveria investigar o que realmente aconteceu, a extensão e causas da tragédia, então a cobertura em Santa Catarina foi um... desastre.
Um fantástico show de pieguices, redundâncias e improvisações com pouquíssimas informações, nenhuma investigação e ainda menos contextualização.
Jornalismo na TV ou em qualquer lugar tem que ter boas imagens e emoção.
Nada contra. Mas também tem que ter o mínimo de conteúdo. Afinal, telejornalismo é prestação de serviço obrigatório em concessão pública.
No entanto, o que fica evidente é que para as nossas redes de TV "tragédia" significa antes de tudo "oportunidade" para aumentar a audiência e investir na própria imagem.
E dá-lhe excesso de matérias que dizem pouco e não explicam nada. O verdadeiro objetivo é comover o público e ajudar a inverter a longa tendência de queda de audiência dos telejornais.
Além da pieguice da cobertura, surge uma tremenda oportunidade comercial para essas emissoras: campanhas autopromocionais de ajuda duvidosa às vítimas das tragédias, mas que fortalecem a imagem e os interesses das emissoras.
Campanhas filantrópicas?
Este domingo, o show de pieguices na TV ultrapassou todos os limites do bom senso.
Foi um excesso de lágrimas e pouquíssimas cobranças. Confesso que em muitos anos de TV não havia visto tanta bobagem e tão pouca informação em uma tragédia tão recorrente e previsível. Pobre Santa Catarina!
Já em 1984 cobria enchentes no Vale do Itajaí para agências internacionais de notícias. Repeti a dose diversas vezes. Pelo jeito, nada mudou. A pergunta dos meus editores continua relevante: por que vocês não fazem alguma coisa para evitar as próximas enchentes?
Mas pelo jeito, parece que esse tipo de pergunta não é importante. Pelo menos, não para a nossa TV. Frente às lágrimas dos sobreviventes, cidades alagadas e muitas casas destruídas, o jornalismo de verdade, pelo menos na TV, não tem vez.
Diretores na rua
Neste último domingo, teve de "quase" tudo na cobertura da tragédia em Santa Catarina pelas nossas TVs.
Na Record, a campanha "Reconstruindo Santa Catarina" ou seria "Reconstruindo a Record", ficou parecendo muito com o famigerado formato dos programas evangélicos da emissora.
Artistas e apresentadores foram convidados a fazer figuração ao vivo no lançamento da campanha. Uma das cenas mais patéticas da nossa TV. Todos em pé no fundo do palco, cada um ao lado do outro, sem saber bem muito bem o que dizer ou fazer. A improvisação e o constrangimento eram evidentes.
Enquanto isso, o mestre de cerimônia do programa, o repórter Brito Júnior, a todo instante fazia questão de elogiar a iniciativa da rede Record: arrecadar fundos para reconstruir casas em Santa Catarina.
Ele também aproveitava a ocasião para destacar a qualidade das reportagens dos colegas de emissora. Um show de matérias lacrimogêneas que não diziam muito, mas que conseguiam seu principal objetivo: emocionar o público e garantir doações e fortalecer a imagem da emissora.
Mas o ponto alto da cobertura foram os diretores da emissora caminhando pelas ruas devastadas de Blumenau. Todos vestindo ternos escuros, "men in black", homens de preto ou seriam pastores evangélicos, ouvindo as reclamações dos moradores, se reunindo com os políticos locais e garantindo ao público soluções milagrosas.
Sinceramente, foi algo inusitado na TV brasileira. Não me lembro jamais de ver diretores de emissoras de TV fazendo esse papel. Sinal dos tempos ou de desespero. Ainda não estou certo.
Doação de salários
A Record fez questão de mobilizar seus melhores jornalistas para entrevistar ou "levantar a bola" para seus próprios diretores em pleno cenário da tragédia catarinense.
Isso certamente demonstra que não há mais limites para as nossas TVs. Por um punhado de Ibopes, fazemos qualquer negócio.
Mas o momento mais singular ou patético foi a declaração ou "cobrança" ao vivo do repórter Brito Junior aos apresentadores da emissora presentes no palco da campanha.
Ele se dirige ao público telespectador para informar que naquele momento todos os apresentadores da Record teriam decidido dar o exemplo e abrir mão de dez, vinte, trinta ou até mesmo cem por cento de seus salários para ajudar as vitimas das enchentes em Santa Catarina. Corte rápido para a cara de surpresa do jornalista Paulo Henrique Amorim. Valeu a pena ter assistido a tantas bobagens para testemunhar esse momento de solidariedade surpreendente ou "forçada". Acho que o PHA não entendeu muito bem ou não gostou da brincadeira. Tanto faz!
Mas teve mais. O mesmo Paulo Henrique Amorim não perderia a oportunidade para promover o jornalismo solidário: "Não é porque a reportagem é minha, mas eu gostaria de chamar atenção dos telespectadores".
Corte rápido para mais comerciais e mais doações.
Artistas ao vivo e "ouro" para o Brasil
No outro extremo, a TV Cultura de São Paulo também embarcou na cobertura e na promoção da tragédia com campanhas de ajuda. Meio às pressas, organizou show ao vivo diretamente do auditório do Ibirapuera com muitos artistas, em sua maioria grandes desconhecidos. Foi outro show de pieguice e improvisação na TV.
Vários apresentadores da emissora compareceram ao palco improvisado e obviamente não sabiam o que dizer ou fazer. Não foi boa televisão, mas acho que valeu a intenção. Pelo menos, não prometeram doar os salários dos funcionários da emissora.
Aqui entre nós, tenho minhas dúvidas sobre a eficácia dessas campanhas filantrópicas na TV. Fazem grandes promoções, enormes promessas e dificilmente divulgam seus resultados.
TV é muito boa para mobilizar o público. Mas odeia prestar contas de seus atos ou de suas campanhas.
E como recordar é viver, seria bom lembrar uma das primeiras campanhas na TV: Ouro para o bem do Brasil. Lembram? Foi nos primeiros anos da ditadura.Assisti ao vivo pela TV. Milhares de brasileiros foram aos postos de arrecadação das Associadas levando suas alianças de ouro com o objetivo de salvar o Brasil da falência. Pobres brasileiros. Já naquela época, a TV mostrava sua força e sua farsa.
O Brasil continuou o mesmo. O ouro para o bem do país provavelmente sumiu. E a nossa TV jamais prestou contas do dinheiro arrecadado com tanta boa vontade.
Então, por que não promover um novo show ao vivo com artistas conhecidos e desconhecidos para demonstrar ao público como foi gasto todo o dinheiro arrecadado para as vítimas de Santa Catarina?
Pode não dar bom Ibope, mas garantiria mais transparência, honestidade e engajamento do público em futuras campanhas. Foi só uma sugestão.
Jornalistas bombeiros e pára-quedistas!
Afinal, o desastre de Santa Catarina sempre foi "previsível" – eu mesmo já cobri várias outras inundações no Vale do Itajaí – e outros desastres com certeza virão.
Em vez de investir em campanhas de solidariedade, talvez devêssemos investir no treinamento de profissionais para cobrir desastres e fazer um jornalismo de TV melhor. Um jornalismo que busque as causas dos desastres e que exija medidas concretas para evitá-los no futuro. Pode não dar tanto Ibope, mas pode salvar muitas vidas.
Nunca entendi por que as emissoras de TV não investem em treinamento para a cobertura de desastres. Não sabemos quando, mas eles sempre acontecem. E eles são muito importantes para a cobertura jornalística. Não podemos viver eternamente acreditando em improvisações, amadorismos ou jeitinhos de última hora. Se bombeiros fossem jornalistas, todos os incêndios ou inundações também seriam um desastre. Bombeiros ou profissionais que vivem de tragédias se preparam para as surpresas da natureza, das irresponsabilidades políticas ou da crescente especulação imobiliária.
Tragédias ou desastres são o grande momento de qualquer tipo de jornalismo.Ainda mais na TV. Não podem ser previstos ou planejados, mas a cobertura dessas tragédias pode ser preparada, equipes podem ser treinadas e os resultados finais podem ser avaliados. Temos que aprender a cometer erros novos.
No Fantástico, a cobertura não foi muito diferente das competidoras. Muitas lágrimas, imagens dramáticas, pés na lama e pouquíssimas informações relevantes.
Mas o mais "patético" foi levar a bela apresentadora do Fantástico, Patrícia Poeta, para os confins do desastre catarinense. Pobre apresentadora. A falta de jeito e experiência era evidente. Afinal, não se faz um repórter de verdade, que cubra tragédias de uma hora para outra. Além disso, a beleza e a fama muitas vezes atrapalham. Bom jornalismo não se improvisa.
Também considero essa prática jornalística um certo desrespeito com os profissionais mais dedicados, experientes, porém menos famosos. Eles ficam "ralando" durante dias para garantir uma boa cobertura, e nos grandes momentos, nas principais reportagens, nas melhores chamadas são substituídos pelos jornalistas ou apresentadores pára-quedistas. Triste vida do repórter de verdade.
Pois o ponto alto da cobertura da tragédia em Santa Catarina no Fantástico deste domingo, com direito à chamada retumbante na Internet foi: "Patrícia Poeta passa madrugada em abrigo em Ilhota(SC)". Pasmem! Ver aqui.
Destaque para algumas das melhores e mais relevantes perguntas da toda a cobertura de TV da tragédia em Santa Catarina: Patrícia Poeta: Qual vai ser o dia mais triste, o momento mais triste que você vai lembrar?
Impressionante. Mas não foi só isso. Teve mais.
Na penumbra do abrigo, altas horas, a apresentadora do Fantástico ainda esbanjava elegância e beleza com seus cabelos longos, soltos, bem cuidados e penteados e com muita, muita maquiagem no rosto. Ela estava bem preparada para enfrentar as agruras de uma longa noite no abrigo. Ao fundo, mulher sentada com ar de tristeza e resignação aguardava o desastre. Cenário perfeito para a pergunta definitiva:
Patrícia Poeta: Simone, você está na fila do banheiro?
Corte rápido para os comerciais e para mais pedidos de doações.
* Jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey.
Publicado no site Comunique-se em 01/12/2008
Publicado no site da FENAJ em 08/12/2008http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=2393
Se você acha que jornalismo na TV é show de imagens, profusão de lágrimas e excesso de perguntas ridículas então a cobertura das enchentes em Santa Catarina pela TV foi um sucesso.
Mas se você acredita que jornalismo de verdade, mesmo na TV, deveria investigar o que realmente aconteceu, a extensão e causas da tragédia, então a cobertura em Santa Catarina foi um... desastre.
Um fantástico show de pieguices, redundâncias e improvisações com pouquíssimas informações, nenhuma investigação e ainda menos contextualização.
Jornalismo na TV ou em qualquer lugar tem que ter boas imagens e emoção.
Nada contra. Mas também tem que ter o mínimo de conteúdo. Afinal, telejornalismo é prestação de serviço obrigatório em concessão pública.
No entanto, o que fica evidente é que para as nossas redes de TV "tragédia" significa antes de tudo "oportunidade" para aumentar a audiência e investir na própria imagem.
E dá-lhe excesso de matérias que dizem pouco e não explicam nada. O verdadeiro objetivo é comover o público e ajudar a inverter a longa tendência de queda de audiência dos telejornais.
Além da pieguice da cobertura, surge uma tremenda oportunidade comercial para essas emissoras: campanhas autopromocionais de ajuda duvidosa às vítimas das tragédias, mas que fortalecem a imagem e os interesses das emissoras.
Campanhas filantrópicas?
Este domingo, o show de pieguices na TV ultrapassou todos os limites do bom senso.
Foi um excesso de lágrimas e pouquíssimas cobranças. Confesso que em muitos anos de TV não havia visto tanta bobagem e tão pouca informação em uma tragédia tão recorrente e previsível. Pobre Santa Catarina!
Já em 1984 cobria enchentes no Vale do Itajaí para agências internacionais de notícias. Repeti a dose diversas vezes. Pelo jeito, nada mudou. A pergunta dos meus editores continua relevante: por que vocês não fazem alguma coisa para evitar as próximas enchentes?
Mas pelo jeito, parece que esse tipo de pergunta não é importante. Pelo menos, não para a nossa TV. Frente às lágrimas dos sobreviventes, cidades alagadas e muitas casas destruídas, o jornalismo de verdade, pelo menos na TV, não tem vez.
Diretores na rua
Neste último domingo, teve de "quase" tudo na cobertura da tragédia em Santa Catarina pelas nossas TVs.
Na Record, a campanha "Reconstruindo Santa Catarina" ou seria "Reconstruindo a Record", ficou parecendo muito com o famigerado formato dos programas evangélicos da emissora.
Artistas e apresentadores foram convidados a fazer figuração ao vivo no lançamento da campanha. Uma das cenas mais patéticas da nossa TV. Todos em pé no fundo do palco, cada um ao lado do outro, sem saber bem muito bem o que dizer ou fazer. A improvisação e o constrangimento eram evidentes.
Enquanto isso, o mestre de cerimônia do programa, o repórter Brito Júnior, a todo instante fazia questão de elogiar a iniciativa da rede Record: arrecadar fundos para reconstruir casas em Santa Catarina.
Ele também aproveitava a ocasião para destacar a qualidade das reportagens dos colegas de emissora. Um show de matérias lacrimogêneas que não diziam muito, mas que conseguiam seu principal objetivo: emocionar o público e garantir doações e fortalecer a imagem da emissora.
Mas o ponto alto da cobertura foram os diretores da emissora caminhando pelas ruas devastadas de Blumenau. Todos vestindo ternos escuros, "men in black", homens de preto ou seriam pastores evangélicos, ouvindo as reclamações dos moradores, se reunindo com os políticos locais e garantindo ao público soluções milagrosas.
Sinceramente, foi algo inusitado na TV brasileira. Não me lembro jamais de ver diretores de emissoras de TV fazendo esse papel. Sinal dos tempos ou de desespero. Ainda não estou certo.
Doação de salários
A Record fez questão de mobilizar seus melhores jornalistas para entrevistar ou "levantar a bola" para seus próprios diretores em pleno cenário da tragédia catarinense.
Isso certamente demonstra que não há mais limites para as nossas TVs. Por um punhado de Ibopes, fazemos qualquer negócio.
Mas o momento mais singular ou patético foi a declaração ou "cobrança" ao vivo do repórter Brito Junior aos apresentadores da emissora presentes no palco da campanha.
Ele se dirige ao público telespectador para informar que naquele momento todos os apresentadores da Record teriam decidido dar o exemplo e abrir mão de dez, vinte, trinta ou até mesmo cem por cento de seus salários para ajudar as vitimas das enchentes em Santa Catarina. Corte rápido para a cara de surpresa do jornalista Paulo Henrique Amorim. Valeu a pena ter assistido a tantas bobagens para testemunhar esse momento de solidariedade surpreendente ou "forçada". Acho que o PHA não entendeu muito bem ou não gostou da brincadeira. Tanto faz!
Mas teve mais. O mesmo Paulo Henrique Amorim não perderia a oportunidade para promover o jornalismo solidário: "Não é porque a reportagem é minha, mas eu gostaria de chamar atenção dos telespectadores".
Corte rápido para mais comerciais e mais doações.
Artistas ao vivo e "ouro" para o Brasil
No outro extremo, a TV Cultura de São Paulo também embarcou na cobertura e na promoção da tragédia com campanhas de ajuda. Meio às pressas, organizou show ao vivo diretamente do auditório do Ibirapuera com muitos artistas, em sua maioria grandes desconhecidos. Foi outro show de pieguice e improvisação na TV.
Vários apresentadores da emissora compareceram ao palco improvisado e obviamente não sabiam o que dizer ou fazer. Não foi boa televisão, mas acho que valeu a intenção. Pelo menos, não prometeram doar os salários dos funcionários da emissora.
Aqui entre nós, tenho minhas dúvidas sobre a eficácia dessas campanhas filantrópicas na TV. Fazem grandes promoções, enormes promessas e dificilmente divulgam seus resultados.
TV é muito boa para mobilizar o público. Mas odeia prestar contas de seus atos ou de suas campanhas.
E como recordar é viver, seria bom lembrar uma das primeiras campanhas na TV: Ouro para o bem do Brasil. Lembram? Foi nos primeiros anos da ditadura.Assisti ao vivo pela TV. Milhares de brasileiros foram aos postos de arrecadação das Associadas levando suas alianças de ouro com o objetivo de salvar o Brasil da falência. Pobres brasileiros. Já naquela época, a TV mostrava sua força e sua farsa.
O Brasil continuou o mesmo. O ouro para o bem do país provavelmente sumiu. E a nossa TV jamais prestou contas do dinheiro arrecadado com tanta boa vontade.
Então, por que não promover um novo show ao vivo com artistas conhecidos e desconhecidos para demonstrar ao público como foi gasto todo o dinheiro arrecadado para as vítimas de Santa Catarina?
Pode não dar bom Ibope, mas garantiria mais transparência, honestidade e engajamento do público em futuras campanhas. Foi só uma sugestão.
Jornalistas bombeiros e pára-quedistas!
Afinal, o desastre de Santa Catarina sempre foi "previsível" – eu mesmo já cobri várias outras inundações no Vale do Itajaí – e outros desastres com certeza virão.
Em vez de investir em campanhas de solidariedade, talvez devêssemos investir no treinamento de profissionais para cobrir desastres e fazer um jornalismo de TV melhor. Um jornalismo que busque as causas dos desastres e que exija medidas concretas para evitá-los no futuro. Pode não dar tanto Ibope, mas pode salvar muitas vidas.
Nunca entendi por que as emissoras de TV não investem em treinamento para a cobertura de desastres. Não sabemos quando, mas eles sempre acontecem. E eles são muito importantes para a cobertura jornalística. Não podemos viver eternamente acreditando em improvisações, amadorismos ou jeitinhos de última hora. Se bombeiros fossem jornalistas, todos os incêndios ou inundações também seriam um desastre. Bombeiros ou profissionais que vivem de tragédias se preparam para as surpresas da natureza, das irresponsabilidades políticas ou da crescente especulação imobiliária.
Tragédias ou desastres são o grande momento de qualquer tipo de jornalismo.Ainda mais na TV. Não podem ser previstos ou planejados, mas a cobertura dessas tragédias pode ser preparada, equipes podem ser treinadas e os resultados finais podem ser avaliados. Temos que aprender a cometer erros novos.
No Fantástico, a cobertura não foi muito diferente das competidoras. Muitas lágrimas, imagens dramáticas, pés na lama e pouquíssimas informações relevantes.
Mas o mais "patético" foi levar a bela apresentadora do Fantástico, Patrícia Poeta, para os confins do desastre catarinense. Pobre apresentadora. A falta de jeito e experiência era evidente. Afinal, não se faz um repórter de verdade, que cubra tragédias de uma hora para outra. Além disso, a beleza e a fama muitas vezes atrapalham. Bom jornalismo não se improvisa.
Também considero essa prática jornalística um certo desrespeito com os profissionais mais dedicados, experientes, porém menos famosos. Eles ficam "ralando" durante dias para garantir uma boa cobertura, e nos grandes momentos, nas principais reportagens, nas melhores chamadas são substituídos pelos jornalistas ou apresentadores pára-quedistas. Triste vida do repórter de verdade.
Pois o ponto alto da cobertura da tragédia em Santa Catarina no Fantástico deste domingo, com direito à chamada retumbante na Internet foi: "Patrícia Poeta passa madrugada em abrigo em Ilhota(SC)". Pasmem! Ver aqui.
Destaque para algumas das melhores e mais relevantes perguntas da toda a cobertura de TV da tragédia em Santa Catarina: Patrícia Poeta: Qual vai ser o dia mais triste, o momento mais triste que você vai lembrar?
Impressionante. Mas não foi só isso. Teve mais.
Na penumbra do abrigo, altas horas, a apresentadora do Fantástico ainda esbanjava elegância e beleza com seus cabelos longos, soltos, bem cuidados e penteados e com muita, muita maquiagem no rosto. Ela estava bem preparada para enfrentar as agruras de uma longa noite no abrigo. Ao fundo, mulher sentada com ar de tristeza e resignação aguardava o desastre. Cenário perfeito para a pergunta definitiva:
Patrícia Poeta: Simone, você está na fila do banheiro?
Corte rápido para os comerciais e para mais pedidos de doações.
* Jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey.
Publicado no site Comunique-se em 01/12/2008
Publicado no site da FENAJ em 08/12/2008http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=2393
Postado por tais.assessoria.imprensa