sábado, 28 de agosto de 2010

34ª Congresso Nacional dos Jornalistas:

Categoria reafirma defesa do diploma e decisão de não sindicalizar não diplomados


No dia 22 de agosto, em Porto Alegre, terminou o 34º Congresso Nacional dos Jornalistas. Dentre as principais resoluções, destacam-se as lutas pela aprovação das duas PECs jornalistas que tramitam paralelamente no Congresso e no Senado, pela democratização da comunicação, pela criação do Conselho Federal dos Jornalistas e por um nova e democrática Lei de Imprensa.

Outra resolução importante é a da manutenção da decisão de não sindicalizar não diplomados.


Dezenas de outras propostas também foram aprovadas em assembléias deliberativas.


No sábado, 21 de agosto, tomou posse, a nova diretoria da Fenaj, presidida por Celso Schröder.


Ao final do Congresso, foi divulgada a Carta de Porto Alegre que contém as principais resoluções do 34º Congresso Nacional.

8º MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação




8ª MUMIA
Mostra Udigrudi Mundial de Animação

Mostra Principal

De 10 a 16 de setembro
Cine Humberto Mauro | Palácio das Artes
Av. Afonso Pena, 1537, Centro


De 8 a 30 de setembroCentro de Cultura Belo Horizonte (Rua da Bahia, 1149, Centro)
Casa do Baile (Av. Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha)
Cine Clube Joaquim Pedro de Andrade (Rua Tupinambás, 179, Centro)
Cine Clube Sabotage (Rua Álvaro Fernandes, 144, Taquaril A)
Cine Clube Uma Tela no Meu Bairro (Rua Jaime Gomes, 198, Floresta)
Prefeitura de Betim (Rua Pará de Minas, 640, Brasileia - Betim)

ENTRADA GRATUITA

Informações para o público: (31) 3277-4699 / www.mostramumia.blogspot.com

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Entrevista de João Pedro Stedile, por Nilton Viana


Por Nilton Viana
Brasil de Fato


"A candidatura de José Serra (PSDB) representa o núcleo central dos interesses da burguesia e a volta do neoliberalismo". Esta é a avaliação João Pedro Stedile. Em sua primeira entrevista ao Brasil de Fato, o dirigente nacional do MST e da Via Campesina constata que, no atual cenário eleitoral, as candidaturas não estão debatendo programas, projetos para a sociedade. Mas, segundo ele, elas representam claramente interesses diversos de forças sociais organizadas. Nesse sentido, Stedile afirma que Serra representa os interesses da burguesia internacional, da burguesia financeira, dos industriais de São Paulo, do latifúndio atrasado, com Katia Abreu de coordenadora de finanças e setores do agronegócio do etanol. E, frente a esse cenário, defende que, “como militantes sociais, e como movimentos sociais, temos a obrigação política de derrotar a candidatura Serra”.


Brasil de Fato Com a implementação do modelo neoliberal, os bancos e o capital financeiro aumentaram seus lucros e passaram a dirigir a economia do Brasil, que se sustenta na política de juros altos, meta de inflação, arrocho fiscal e política de exportações. Quais as consequências desse modelo?

João Pedro Stedile – Estamos vivendo a etapa do capitalismo que se internacionalizou, dominou toda a economia mundial sob a hegemonia do capital financeiro e das grandes corporações que atuam em nível internacional. O mundo é dominado por 500 grandes empresas internacionalizadas, que controlam 52% do PIB mundial e dão emprego para apenas 8% da classe trabalhadora. As consequências em nível mundial são um desastre, pois toda população e os governos nacionais precisam estar subordinados a esses interesses. E eles não respeitam mais nada, para poder aumentar e manter suas taxas de lucro. Seus métodos vão desde a apropriação das riquezas naturais, deflagração de conflitos bélicos para manter as fontes de energias e controle do Estado, para se apropriarem da mais-valia social ou poupança coletiva através dos juros que os estados pagam aos bancos. No Brasil, a lógica é a mesma. Com um agravante, sendo uma economia muito grande e dependente do capital estrangeiro, aqui o processo de concentração de capital e de riqueza é ainda maior. Esta é a razão estrutural do porquê – apesar de sermos a oitava economia mundial em volume de riquezas – estamos em 72º lugar nas condições médias de vida da população e somos a quarta pior sociedade do mundo em desigualdade social. Portanto, essa fase do capitalismo, em vez de desempenhar um papel progressista no desenvolvimento das forças produtivas e sociais, como foi a etapa do capitalismo industrial; agora, os níveis de concentração e desigualdade só agravam os problemas sociais.

Mesmo com a eleição de governos mais progressistas, o Estado brasileiro mantém seu caráter antipopular, sem a realização de mudanças mais profundas que resolvam os problemas estruturais do país. Como você avalia a democracia e o Estado no Brasil?

Primeiro, há uma lógica natural do funcionamento da acumulação e da exploração do capital que sobrepõe os governos e as leis. Segundo, no período neoliberal, o que o capital fez foi justamente isso, privatizar o Estado. Ou seja, a burguesia transformou o Estado em seu refém, para que ele funcione apenas em função dos interesses econômicos. E sucateou o Estado nas áreas de políticas públicas de serviços que servem a toda população, como educação, saúde, transporte público, moradia etc. Por exemplo, temos 16 milhões de analfabetos. Para alfabetizá-los, custaria, no máximo, uns R$ 10 bilhões. Parece muito – o Estado, com todo seu aparato jurídico impede de aplicar esse dinheiro –, mas isso representa duas semanas do pagamento de juros que o Estado faz aos bancos. Construímos viadutos e estradas em semanas, mas para resolver o deficit de moradias populares é impossível? Temos ainda 10 milhões de moradias faltando para o povo.

Por último, a sociedade brasileira não é democrática. Nós nos iludimos com as liberdades democráticas de manifestação, que conquistamos contra a Ditadura, que foram importantes. Mas a verdadeira democracia é garantir a cada e a todos cidadãos direitos e oportunidades iguais, de trabalho, renda, terra, educação, moradia e cultura. Por isso, mesmo quando elegemos governos com propostas progressistas, eles não têm força sufi ciente para alterar as leis do mercado e a natureza do Estado burguês.

Na política internacional, o governo Lula investiu na relação com países do hemisfério Sul, com o fortalecimento do Mercosul e da Unasul, por exemplo. Qual a sua avaliação dessa política e quais os seus limites?

O governo Lula fez uma política externa progressista no âmbito das relações políticas de Estado. E uma política dos interesses das empresas brasileiras, nos seus aspectos econômicos. Comparado às políticas neoliberais de FHC, que eram totalmente subservientes aos interesses do imperialismo, isso é um avanço enorme, pois tivemos uma política soberana, decidida por nós. Na política, se fortaleceram os laços com governos latinos e daí nasceu a Unasul para a América do Sul, e a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) para todo o continente, excluindo-se os Estados Unidos e o Canadá. Esses dois organismo representam o fim da OEA. Aliás, já tarde. Na economia se fortaleceram laços econômicos com países do Sul. Mas ainda precisamos avançar mais na construção de uma integração continental que seja de interesse dos povos, e não apenas das empresas brasileiras, ou mexicanas e argentinas. Uma integração popular latino-americana no âmbito da economia será o fortalecimento do Banco do Sul, para substituir o FMI. O banco da Alba, para substituir o Banco Mundial. E a construção de uma moeda única latino-americana, como é proposto pela Alba, através do sucre, para sair da dependência do dólar. Se queremos independência e soberania econômica nas relações internacionais e latino-americanas, é fundamental colocarmos energias para derrotar o dólar. O dólar foi fruto da vitória estadunidense na segunda guerra mundial e tem sido, nessas décadas todas, o principal mecanismo de espoliação de todos os povos do mundo. Num aspecto mais amplo, o presidente Lula tem razão: as Nações Unidas não representam os interesses dos povos, e por isso é besteira o Brasil sonhar em ter a presidência. Precisamos é construir novos e mais representativos organismos internacionais. Mas isso não depende de propostas ou vontade política. Depende de uma nova correlação de forças mundial, em que governos progressistas sejam maioria. E hoje não são.

O sistema de televisão e rádio é extremamente concentrado no Brasil, em comparação até com os outros países da América Latina. Quais as consequências disso para a luta política?
Durante o século 20, hegemonizado pela democracia republicana e pelo capitalismo industrial que produziu uma sociedade de classes bem definida, a reprodução ideológica da burguesia se dava pelos partidos políticos, pelas igrejas e pelos sindicatos e associações de classe. Agora, na fase do capitalismo internacionalizado e financeiro, a reprodução da ideologia dominante se dá pelos meios de comunicação, em especial redes de televisão e as agências internacionais de noticias. A burguesia descartou os outros instrumentos e prioriza estes, os quais tem controle total. Por isso, no Brasil, na América Latina e em todo o mundo, os meios de comunicação estão sob controle absoluto das burguesias. E eles usam como reprodução ideológica, como fonte de ganhar dinheiro e como manipulação política. E como seus patrões estão internacionalizados, suas pautas e agendas estão também centralizadas. Por isso, a construção de um regime político mais democrático, mesmo nos marcos do capitalismo, depende fundamentalmente da democratização dos meios de comunicação. Isso é fundamental para garantir o direito ao acesso à informação honesta e impedir a manipulação das massas. E os governos deveriam começar eliminando a publicidade estatal, em qualquer nível, em qualquer meio de comunicação. É uma vergonha o que se gasta em publicidade oficial. No Paraná, para se ter uma ideia, em oito anos de governo Lerner [1995-2002], o Estado pagou mais de R$ 1 bilhão em publicidade para dois ou três grupos de comunicação.

As grandes cidades brasileiras enfrentam problemas como falta de habitação, saneamento básico, escolas, hospitais, além de trânsito e violência. Como você analisa a questão urbana?
A maior parte da população se concentra nas grandes cidades, e aí estão concentrados também os pobres e os maiores problemas resultantes desse modelo capitalista, e de um Estado que atua somente em favor dos ricos. Os pobres das grandes cidades se amontoam nas periferias, não têm direito a moradia, escola, transporte público decente, trabalho, renda. Nem a lazer. Sobram os programas de baixaria da televisão como lazer. Nesse contexto é evidente que o sistema gera um ambiente propício para o narcotráfico, para a violência social.

E o Estado, o que tem feito através dos mais diferentes governos? A única resposta tem sido a repressão. Mais polícia, mais violência oficial, mas cadeia. As cadeias estão cheias de pobres, jovens, mulatos ou negros. Há uma situação insustentável de tragédia social. Todos os dias assistimos os absurdos da desigualdade social, do descaso do Estado e da truculência do capital. As estatísticas são aterrorizantes: 40 mil assassinatos por ano nas grandes cidades, a maioria pela polícia. Por isso os movimentos sociais apoiaram a campanha pelo desarmamento. Mas a força das empresas bélicas financiou deputados, campanhas etc., e o povo caiu na ilusão de que o problema da violência urbana se resolveria tendo o direito de ter arma. Acredito que a pobreza e a desigualdade nas grandes cidades brasileiras é o problema social mais grave que temos. Infelizmente nenhum candidato está debatendo o tema, nem quando o debate é para prometer segurança! Segurança para quem? As famílias precisam de segurança de trabalho, renda, escola para os filhos.

Nas eleições presidenciais, o quadro apresenta duas candidaturas que polarizam a disputa, enquanto as outras não demonstram força para mudar essa situação. Nessa conjuntura, quem abre melhores perspetivas para a classe trabalhadora e para a reforma agrária?
As candidaturas não estão debatendo programas, projetos para a sociedade. Mas as candidaturas representam claramente interesses diversos de forças sociais organizadas. Serra representa os interesses da burguesia internacional, da burguesia financeira, dos industriais de São Paulo, do latifúndio atrasado, com sua Katia Abreu de coordenadora de finanças, e setores do agronegócio do etanol. Dilma representa setores da burguesia brasileira que resolveram se aliar com Lula, setores mais arejados do agronegócio, a classe média mais consciente, e praticamente todas as forças da classe trabalhadora organizada. Vejam, apesar de toda popularidade do Lula, nessa campanha, a Dilma reuniu mais forças da classe trabalhadora do que na eleição de 2006. A candidatura da Marina representa apenas setores ambientalistas e da classe média dos grandes centros, e por isso seu potencial eleitoral não decola. E temos três candidaturas de partidos de esquerda, com companheiros de biografia respeitada de compromisso com o povo, mas que não conseguiram aglutinar forças sociais ao seu redor, e por isso, o peso eleitoral será pequeno. Nesse cenário, nós achamos que a vitória da Dilma permitirá um cenário e correlação de forças mais favoráveis a avançarmos em conquistas sociais, inclusive em mudanças na política agrícola e agrária. E evidentemente que nesse cenário incluímos a possibilidade de um ambiente propício para maior mobilização social da classe trabalhadora como um todo, para a obtenção de conquistas. Como militantes sociais, e como movimentos sociais, temos a obrigação política de derrotar a candidatura Serra, que representa o núcleo central dos interesses da burguesia e a volta do neoliberalismo.

O MST apresentou uma avaliação de que a luta eleitoral não é sufi ciente para a realização das mudanças sociais. Por outro lado, analisa que é um momento importante no debate político. Como o MST vai se envolver nessas eleições?
A esquerda brasileira, os movimentos sociais e políticos ainda estão aturdidos com a derrota político-ideológica-eleitoral que sofremos em 1989. Isso levou a muitas confusões, e também a alguns desvios de setores da classe. Vivemos um período da história da luta de classes de nosso país – e poderíamos dizer em nível internacional, na maioria dos países – em que a estratégia para conseguir acumular forças para mudanças sociais é a combinação da luta institucional com a luta social. Na luta institucional, compreendemos a visão gramsciana na qual os interesses da classe trabalhadora precisam disputar e ter hegemonia na disputa de governos nos três níveis: municipal, estadual e federal. Nos espaços do conhecimento, universidade, meios de comunicação. Nos sindicatos, igrejas e outras instituições da sociedade de classes. E a luta social são todas as formas de mobilização de massa, que possibilitam o desenvolvimento da consciência de classe e a conquista de melhores condições de vida – sabendo que elas dependem de derrotar os interesses do capital. Pois bem, o que aconteceu no último período? Parte da esquerda e da classe trabalhadora priorizou a luta institucional da disputa apenas de governos e menosprezou, desdenhou a luta social. E parte dos movimentos sociais, desencantado com a crise ideológica, desdenhou a luta institucional, como se a luta direta, de massas, fosse sufi ciente. Luta social apenas, sem disputar projeto político na sociedade e sem disputar os rumos institucionais do Estado, não consegue acumular para a classe. Podem até eventualmente resolver problemas pontuais da classe, mas não mudam a natureza estrutural da sociedade. O MST compreende que devemos aglutinar, combinar, estimular as duas formas de luta, de forma permanente. Para que com isso possamos acumular forças, organizadas, de massa, de forma orgânica, que construa um projeto político da classe e ao mesmo tempo crie condições para o reascenso do movimento de massas, pois este é o período histórico em que a classe tem condições de ir para a ofensiva, de tomar inciativa política, de pautar seus temas para todo o povo. Por isso, claro que todo militante do MST, como cidadão consciente, deve arregaçar as mangas e ajudar a eleger os candidatos mais progressistas em todos os níveis. Isso é uma obrigação de nosso compromisso com a classe.

Desde os tempos do governo FHC, José Serra fez declarações contra a reforma agrária e o MST. No entanto, nas últimas semanas, vem intensificando os ataques. Na sua visão, por que ele vem agindo dessa forma?
Por dois motivos. Primeiro, porque as forças sociais que ele representa agora, como porta-voz maior, são as forças da classe dominante do campo e da cidade, que são contra os interesses dos camponeses, da classe trabalhadora em geral e do povo brasileiro. Portanto, ele é contra a reforma agrária não porque não goste do MST, mas por uma questão de interesse de classe. Segundo, na minha avaliação, é que a coordenação tucana acha que a única chance do Serra crescer eleitoralmente é adotar um discurso de direita, para polarizar e, então, se mostrar mais de confiança do que a Dilma. Por isso adotou todos os ícones da esquerda para bater. Bate em nós, em Fidel, em Cuba, Chávez, Evo Morales, até no bispo Lugo ele bateu. Achou uma conexão das Farc com o PT absurda. Ele sabe que o partido está mais próximo da social-democracia. Não é por ignorância, é por tática eleitoral. Acho que ele errou também na tática. E vai ficar refém de seu discurso de direita sem ampliar os votos. Eu acho ótimo que ele se revele como direitista mesmo. Ajuda a clarear os interesses de classe das candidaturas. E por isso mesmo vai perder de maior diferença do que o Alckmin perdeu do Lula em 2006.

Atualmente, o movimento sindical vem fazendo a luta pela redução da jornada, mas está fragmentado em uma série de centrais sindicais. Quais os problemas e desafios da luta sindical atualmente?
Não tenho a pretensão de dar lições a ninguém. Há valorosos companheiros que atuam na luta sindical que têm muitos elementos para analisar a situação da organização de classe. Os problemas e desafios da organização sindical são evidentes. Mas não estão no número de sindicatos ou de centrais. Isto, ao contrário, até poderia ser visto como vitalidade, já que as correntes sindicais sempre existiram, são importantes e aglutinam por vertentes ideológicas. Os desafios da unidade da classe nos sindicatos passam pela necessidade de recuperarmos o trabalho de base, a organização, de toda a classe, lá no local de trabalho e no de moradia. Ninguém mais quer fazer reunião na porta de fábrica, na fábrica (mesmo que de forma clandestina, como era nos tempos do Lula). Precisamos recuperar o sentido da luta de massas como a única expressão da força da classe. Precisamos recuperar o debate de temas políticos, relacionados com um programa para a sociedade que extrapole as demandas salariais e corporativas. Precisamos recuperar a importância de o movimento sindical ter seus próprios meios de comunicação de massa. Saúdo a chegada da televisão dos trabalhadores no ABC. Mas precisaríamos ter antes, e em todas regiões metropolitanas. Precisamos recuperar a formação de militantes da classe trabalhadora, em todos os níveis. Sem conhecimento, sem teoria, não haverá mudanças. E, com essas iniciativas, certamente poderemos construir um processo de maior unidade, já que os interesses da classe como um todo serão o denominador comum, e de construção do reascenso do movimento de massas.

Um grupo de dirigentes e estudiosos avalia que a sociedade brasileira passou por uma transformação, e sindicatos e partidos políticos não são suficientes para organizar o povo brasileiro, especialmente com o aumento da informalidade. Com isso, seria necessário construir novos instrumentos para a luta política. Como você avalia os desafios organizativos da classe trabalhadora?
As formas de organização da classe em partidos, sindicatos e associações de bairro foram desenvolvidas pela classe, como respostas ao desenvolvimento da exploração pelo capitalismo industrial, desde os tempos de Marx até os dias atuais. Acho que o problema não é ficar analisando se serve ou não, jogar tudo fora e pensar novos instrumentos. Cada tempo histórico tem suas formas de organização, suas formas de luta de massa e produz suas próprias lideranças. Estamos vivendo um período de derrota político-ideológica que gerou crise ideológica e organizativa na classe. Um período de refluxo do movimento de massas. Mas isso faz parte de um período, de uma onda. Logo ingressaremos em novos períodos. Acho que o principal não é discutir a forma, mas tratar de organizar de todas as maneiras possíveis todos os setores da classe trabalhadora. E evidentemente que a forma sindical ou partidária não está conseguindo chegar na juventude pobre, da classe trabalhadora das periferias. E precisamos descobrir novos métodos e novas formas. As formas podem ter outros rótulos, outros apelidos, mas o principal é que a classe precisa se organizar do ponto de vista econômico, corporativo, para resolver suas necessidades e problemas imediatos; e precisa ter organização política, para disputar projetos para a sociedade. E só vamos resolver os problemas de organização organizando. A prática é a melhor conselheira, do que grandes teses, nesse caso.

Dentro de um modelo que tem hegemonia de bancos e do capital financeiro, com o enfraquecimento da indústria, baseado no consumo de massa, quais as perspectivas de futuro para a juventude?
A juventude pobre, da classe trabalhadora urbana, não tem espaço nesse modelo de dominação do capital financeiro e internacionalizado. Nem nos países chamados ricos, como na Europa, onde o desemprego atinge até 40% da juventude. O futuro da juventude está justamente em desenvolver uma consciência como classe trabalhadora. Se apenas ficar se olhando como jovem e sem oportunidades, não vai encontrar as respostas, vai ficar velho sem as respostas. Precisamos desenvolver consciência de classe, e motivá-los para que se mobilizem, lutem. E como estão fora das fábricas, da escola, temos que desenvolver novas formas de trabalho político com a juventude, que a ajude a debater, a se aglutinar, para que descubra que o futuro é agora. Tenho esperanças, há uma massa enorme da juventude trabalhadora urbana que está em silêncio. Ou ainda alienada, iludida. Alguns tentando entrar no mercado consumidor, como se fosse a felicidade geral. Logo perceberão que precisam ter uma atitude, uma participação ativa na sociedade.

O MST vem fazendo a avaliação de que a reforma agrária não avançou durante o governo Lula. Por quê?
É preciso ter claro os conceitos e o significado da reforma agrária. Reforma agrária é uma política pública, desenvolvida pelo Estado, para democratizar a propriedade da terra e garantir o acesso a todos os camponeses que queiram trabalhar na terra. Do ponto de vista histórico, ela surgiu numa aliança da burguesia industrial no poder com os camponeses que precisavam terra, para sair da exploração dos latifundiários. E, assim, a maioria das sociedades modernas fez reforma agrária a partir do século 19 e ao longo do século 20. Depois tivemos as reformas agrárias populares e socialistas, que foram feitas por governos populares ou revolucionários, no bojo de outras mudanças sociais. Aqui no Brasil nunca tivemos reforma agrária. A burguesia brasileira nunca quis democratizar a propriedade da terra. Ela preferiu manter aliança com os latifundiários para que continuassem exportando matérias-primas (e aí ela usaria os dólares da exportação para bancar a importação de máquinas) e sobretudo preferiu expulsar os camponeses para a cidade, para criar um amplo exército industrial de reserva, que manteve ao longo do século 20 os salários industriais mais baixos de todas as economias industriais do mundo. E os camponeses brasileiros nunca tiveram forças, sozinhos nem em aliança com os trabalhadores da cidade, para impor uma reforma agrária aos latifundiários. Chegamos mais perto disso em 1964. E tivemos um baita programa de reforma agrária, em aliança com o governo Goulart. A resposta da burguesia foi se aliar com Império e impor a ditadura militar de classe. As políticas dos governos no Brasil e do governo Lula são de assentamentos rurais. Ou seja, aqui e acolá, pela força da pressão camponesa, desapropria algumas fazendas para aliviar os problemas sociais. Mas isso não é reforma agrária. Tanto que o censo do IBGE de 2006 revelou que agora a concentração da propriedade da terra é maior do que no censo de 1920, quando recém saímos da escravidão. E no governo Lula não tivemos espaço para debater um processo de reforma agrária verdadeiro, e nem tivemos força de massas para pressionar o governo e a sociedade. Por isso, a atual política de assentamentos é insuficiente por um lado, mas reflete a correlação de forças políticas que há na sociedade. Lamentamos apenas que algumas forças dentro do governo se iludam a si mesmas, fazendo propaganda ou achando que essa política de assentamentos – insuficiente – fosse reforma agrária.


Alguns estudiosos e setores sociais, até mesmo na esquerda, avaliam que passou o tempo da reforma agrária no Brasil. Qual o papel da reforma agrária dentro do atual estágio de desenvolvimento?
É verdade, nós também dizemos isso. Não há mais espaço para uma reforma agrária clássica, que visava apenas distribuir terra aos camponeses e eles produziriam com suas próprias forças e família para o mercado interno. Esse modelo era viável no auge e para o desenvolvimento nacional e do capitalismo industrial. Mas ele é inviável não porque o MST desdenha, e sim porque as forças políticas e sociais que poderiam ter interesse não têm mais. Se houvesse uma reviravolta nas classes que dominam o Brasil, e um novo projeto de desenvolvimento nacional e industrial entrasse na pauta política, aí a reforma agrária clássica teria lugar. Mas não é isso que se desenha. Então, qual a alternativa agora? É lutar por um novo tipo de reforma agrária. Uma reforma agrária que nós chamamos de popular. Que o movimento de pequenos agricultores chama de Plano Camponês, que a própria Contag e Fetraf chamam de agricultura familiar. São rótulos diferentes para um conteúdo semelhante. Ou seja, nós precisamos reorganizar o modelo de produção agrícola do país. Nós queremos usar nossa natureza para uma agricultura diversificada, fixando as pessoas no meio rural com melhoria das condições de vida, eliminando o latifúndio (não precisa ser muitos, apenas os acima de 1.500 hectares), adotando técnicas de produção de agroecologia, respeitosas ao meio ambiente e, sobretudo, produzindo alimentos sadios para o mercado interno. Nossa proposta de reforma agrária popular, no entanto, depende de um novo modelo de desenvolvimento, que tenha distribuição de renda, soberania nacional, rompimento com o domínio do capital estrangeiro sobre a agricultura e a natureza.


Como a reforma agrária pode beneficiar o conjunto da sociedade, especialmente a população das cidades?
A reforma agrária e a fixação do homem no campo são fundamentais para reduzir o desemprego na cidade e elevar os patamares do salário mínimo e a média salarial. A burguesia só paga baixos salários e aumenta o número de empregados domésticos porque todos os dias chegam milhares de novos trabalhadores se oferecendo para serem explorados. A reforma agrária é a única que pode produzir sem venenos. A grande propriedade do agronegócio só consegue produzir com veneno, porque não quer mão de obra, e esse veneno vai para o estômago de todos nós. Na última safra foram um bilhão de litros de venenos, 6 litros por pessoa, 150 litros por hectares. Uma vergonha. Um atentado. A reforma agrária ajuda a resolver o problema de moradia e do inchaço das cidades. Também vai reequilibrar o meio ambiente e com isso teremos menos mudanças climáticas que estão afetando agora, com mais força, as cidades. Vejam o que aconteceu no Nordeste. Num dia, 13 cidades foram varridas do mapa pelas chuvas torrenciais. Não foi a chuva a culpada, e sim o monocultivo da cana que alterou o equilíbrio e empurrou o povo para a beira do rio. Mas isso só o general Nelson Jobim viu e teve coragem de dizer. A Globo ficou quietinha procurando acobertar. Nenhuma área de reforma agrária de Pernambuco e Alagoas foi atingida, por que será? E nossos assentamentos foram os primeiros, antes do governo, a dar guarida aos desabrigados.


Por que a Via Campesina e o MST vêm realizando protestos contra as grandes empresas do agronegócio? As ocupações de terras não são sufi cientes ou não servem mais para a luta pela reforma agrária?
Como disse antes, agora a disputa não é mais apenas entre os pobres sem-terra e os latifundiários. Agora é uma disputa de modelo para produção e uso dos bens da natureza. De um lado temos o agronegócio, que é a aliança entre os grandes proprietários, o capital financeiro, que os financia – veja que, de uma produção de R$ 112 bilhões, os bancos adiantam R$ 100 bi para eles poderem produzir –, as empresas transnacionais que controlam a produção de insumos, sementes, o mercado nacional e internacional e as empresas de mídia. E, de outro lado, os sem-terra, os camponeses com pouca terra e a agricultura familiar em geral. E nesse marco de disputa, nosso inimigo principal são os bancos e as empresas transnacionais. Então, fazemos a luta de classes contra nossos inimigos principais e ao mesmo tempo devemos seguir lutando para melhorar as condições de vida, com novos assentamentos, moradia rural, luz para todos, programa de compra de alimentos pela Conab, um novo crédito rural etc. Essas medidas, embora setoriais, também ajudam a acumular força como classe.

Nos próximos dias, o MST vai realizar atividades pela reforma agrária. Como serão essas mobilizações e quais seus objetivos? Elas têm alguma relação com o período eleitoral?
A coordenação nacional do MST escolheu há tempos essa semana de meados de agosto para realizar uma campanha nacional de debates em torno da reforma agrária. É uma forma concentrada de esforços para desenvolver diferentes maneiras de agitação e propaganda; para levar nossas ideias à classe trabalhadora urbana; para denunciar os problemas e malefícios que o agronegócio, com seus venenos e sua sanha concentradora, causa para toda a sociedade; e, ao mesmo tempo, mostrar justamente os benefícios de uma reforma agrária popular. Esperamos que nossa militância se engaje em todo país, para essa jornada de conscientização de massas.


João Pedro Stedile, economista e ativista social, membro da direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e um de seus fundadores.

Núcleo Piratininga de Comunicação

Meios de Comunicação

Por João Pedro Stédile

"Agora, na fase do capitalismo internacionalizado e financeiro, a reprodução da ideologia dominante se dá pelos meios de comunicação, em especial redes de televisão e as agências internacionais de noticias. [...] Por isso, no Brasil, na América Latina e em todo o mundo, os meios de comunicação estão sob controle absoluto das burguesias. E eles usam como reprodução ideológica, como fonte de ganhar dinheiro e como manipulação política".


- Por João Pedro Stédile, em entrevista publicada no Brasil de Fato.

Jornalistas brasileiros divulgam a Carta de Porto Alegre

Carta de Porto Alegre

Os jornalistas brasileiros, reunidos em seu 34º Congresso Nacional, realizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, de 18 a 22 de agosto de 2010, dirigem-se à Nação Brasileira para reafirmar a defesa do Jornalismo como bem público essencial à democracia e a defesa dos jornalistas como categoria profissional responsável pela efetiva produção jornalística, dentro do princípio do direito da sociedade à informação.

Há no país uma ação permanente patrocinada pelos grandes grupos de comunicação para desqualificar o Jornalismo, confundindo propositadamente a produção de informação jornalística com entretenimento, ficção e mera opinião. Igualmente, a categoria dos jornalistas sofre ataques à sua constituição e organização.

Por isso, mais uma vez, os jornalistas brasileiros afirmam a defesa da regulamentação da profissão e conclamam a sociedade a apoiar a luta pela aprovação das Propostas de Emendas Constitucionais (PECs), em tramitação no Congresso Nacional, que restituem a exigência da formação de nível superior específica para o exercício da profissão.

Os jornalistas brasileiros entendem que a luta pela regulamentação da profissão e pela democratização da comunicação é de interesse público. Por isso, pedem a continuidade da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) como instância democrática e plural de discussão e deliberação das políticas públicas para o setor.

Em seu 34º Congresso Nacional, os jornalistas brasileiros afirmam a necessidade de dar consequência às decisões da 1ª Confecom e destacam como prioridade a criação do Conselho Nacional de Comunicação como instância deliberativa, a criação do Conselho Federal de Jornalistas (CFJ) e do Código de Ética do Jornalismo e a aprovação de uma nova e democrática Lei de Imprensa para o país.

Não por acaso, no mesmo período de realização do 34º Congresso dos Jornalistas, a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) reuniu-se no Rio de Janeiro para defender seus interesses empresariais, antagônicos aos da grande maioria do povo brasileiro. Falsamente, a ANJ afirma defender a liberdade de expressão e de imprensa, mas aponta para uma autorregulamentação do setor, sob o controle do patronato, em contraposição às propostas de regulação e regulamentação, por lei, defendidas pelos trabalhadores.

Os jornalistas brasileiros denunciam a exploração a que são submetidos pelos donos dos veículos de comunicação, que violam abertamente os mais comuns direitos trabalhistas. Reafirmam sua luta por melhores condições de salário e trabalho, pelo respeito à jornada diária, pela aplicação do Código de Ética da profissão, pela garantia de segurança no exercício profissional e contra a precarização das relações de trabalho. Tomam, ainda, a iniciativa de fortalecer a posição dos jornalistas no âmbito da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de outras centrais sindicais.

Além das lutas sindicais específicas, os jornalistas brasileiros se comprometem a trabalhar no combate ao racismo e pela promoção de políticas de equidade de gênero, raça e etnia na organização da categoria e na produção jornalística. Também destacam a importância de fortalecer os veículos públicos de comunicação e seus serviços noticiosos, como a Voz do Brasil, ameaçada atualmente por um projeto de lei apoiado pelas empresas jornalísticas.

As lutas da categoria no Brasil somam-se às dos jornalistas de outros países da América Latina e do Caribe, do continente africano e dos demais países reunidos na Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), que estiveram presentes no 34º Congresso Nacional.

Por fim, às vésperas de eleições gerais no país, os jornalistas brasileiros conclamam os candidatos, em nível nacional e estadual, a se comprometerem com as bandeiras da democratização dos meios de comunicação e com a defesa do Jornalismo e da regulamentação profissional dos jornalistas.

Porto Alegre, 21 de agosto de 2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

VIII CBC - Congresso Brasileiro de Cinema

Com o tema “O que nos separa já sabemos, mas o que nos une?”,o evento será realizado de 12 a 15 de setembro, em Porto Alegre (RS).

No último dia 11 de agosto, durante o 38º. Festival de Cinema de Gramado, aconteceu o lançamento oficial do 8º. Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual.

O Congresso deste ano, que será realizado no próximo mês de setembro, em Porto Alegre, visa articular e agregar uma discussão ampla entre os mais diversos segmentos do audiovisual brasileiro.

Profissionais e especialistas de todo o Brasil, analisarão e debaterão temas como produção, infraestrutura, film comission, coproduções internacionais, pesquisa, preservação, crítica, políticas públicas, novas mídias, convergência, exibição, direitos autorais e direitos do público, formação, etc.

“Será sem dúvida nenhuma a grande discussão ampla e agregadora das diversas cadeias e segmentos que abrangem o audiovisual em seus aspectos mais amplos. Abrindo-se a palavra audiovisual como guarda-chuva para abrigar a produção de filmes, vídeos, desenhos animados, programas e seriados de TV, jogos eletrônicos, softwares, músicas, conteúdo para telefonia móvel e para todas as convergências digitais, em trânsito, na revolução tecnológica contemporânea”, afirmou o cineasta Rosemberg Cariry, presidente do CBC. “Destas discussões sairão propostas e diretrizes que certamente nortearão a atividade para os próximos anos” concluiu

O evento contou ainda com a participação da Diretora Financeira do CBC, Edina Fujii; do Diretor de Articulação e Comunicação, João Baptista Pimentel Neto; do Diretor Executivo, Cícero Aragón e do Diretor de Projetos e Captação de Recursos, Antonio Leal.

É significativo o fato do 8º. Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual deste ano ser realizado em Porto Alegre. Isto porque em 2010 comemoram-se exatos 10 anos da realização do 3º. Congresso, que foi um marco histórico da integração dos profissionais e das diretrizes do setor, evento este realizado justamente na capital gaúcha.

Sob o tema “O que nos separa já sabemos, mas o que nos une?”, o 8º. Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual abre suas discussões a todos os interessados, associados ou não ao CBC, sem restrições.

Durante o evento, foi anunciado ainda que o evento terá como Presidente de Honra o cineasta Nelson Pereira dos Santos, um dos nomes mais respeitados, premiados e reverenciados da cinematografia brasileira.

Serviço:

8ºCongresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual
De 12 a 15 de setembro de 2010.
Hotel Plaza São Rafael, Av. Alberto Bins, 514
Porto Alegre – RS


Realização:
CBC – Congresso Brasileiro de Cinema
Fundacine – Fundação Cinema RS

Patrocínio:
Ministério da Cultura – Secretaria do Audiovisual
Prefeitura de Porto Alegre
Governo do Estado do Rio Grande do Sul

Informações para a Imprensa:
Regina Cintra
regina@focojornalistico.com.br
(11) 3023.5814

Carolina Bressane
carolinabressane@planetatela.com.br
(11) 5575-1092

Jornalista Responsável
Celso Sabadin – MT 14.823
celsosabadin@planetatela.com.br

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O escândalo Lula


Emir Sader

Quem olhasse para o Brasil através da imprensa, não conseguiria entender a popularidade do Lula. Foi o que constatou o ex-presidente português Mario Soares, que a essa dicotomia soma a projeção internacional extraordinária do Lula e do Brasil no governo atual e não conseguia entender como a imprensa brasileira não reflete, nem essa imagem internacional, nem o formidável e inédito apoio interno do Lula.

Acontece que Lula não se subordinou ao que as elites tradicionais acreditavam reservar para ele: que fosse eternamente um opositor denuncista, sem capacidade de agregar, de fazer alianças, se construir uma força hegemônica no país. Ficaria ali, isolado, rejeitado, até mesmo como prova da existência de uma oposição – incapaz de deixar de sê-lo.

Quando Lula contornou isso, constituiu um arco de alianças majoritário e triunfou, lhe reservavam o fracasso: ataque especulativo, fuga de capitais, onda de reivindicações, descontrole inflacionário, que levasse a população a suplicar pela volta dos tucanos-pefelistas, enterrando definitivamente a esquerda no Brasil por vinte anos.

Lula contornou esse problema. Aí o medo era de que permanecesse muito tempo, se consolidasse. Reservaram-lhe então o papel de “presidente corrupto”, vitima de campanhas orquestradas pela mídia privada – como em 1964 -, a partir de movimentos como o “Cansei”. Ou o derrubariam por impeachment ou supunham que ele pudesse capitular, não se candidatando de novo, ou que fosse, sangrado pela oposição, ser derrotado nas eleições de 2006. Tinham lhe reservado o destino do presidente solitário no poder, isolado do povo, rejeitado pelos “formadores de opinião”, vitima de mais um desses movimentos que escolhem cores para exibir repudio a governos antidemocráticos e antipopulares.

Lula superou esses obstáculos, conquistou popularidade que nenhum governante tinha conseguido, o povo o apóia. Mas nenhum espaço da mídia expressa esse sentimento popular – o mais difundido no país. O povo não ouve discursos do Lula na televisão, nem no rádio, nem os pode ler nos jornais. Lula não pode falar ao povo, sem a intermediação da mídia privada, que escolhe o que deseja fazer chegar à população.
Nunca publica um discurso integral do presidente da republica mais popular que o Brasil já teve. Ao contrário, se opõem frenética e sistematicamente a ele, conquistando e expressando os 3% da população que o rejeita, contra os 82% que o apóiam.

Talvez nada reflita melhor a distância e a contraposição entre os dois países que convivem, um ao lado do outro. Revela como, apesar da moderação do seu governo, sua imagem, sua trajetória, o que ele representa para o povo brasileiro, é algo inassimilável para as elites tradicionais. Essa mesma elite que tinha uma imensa e variada equipe de apologetas de Collor e de FHC, não tolera o fracasso deles e o sucesso nacional e internacional, político e de massas, de um imigrante nordestino, que perdeu um dedo na máquina, como torneiro mecânico, dirigente sindical e um Partido dos Trabalhadores, que não aceitou a capitulação ou a derrota.

Lula é o melhor fenômeno para entender o que é o Brasil hoje, em todas as posições da estrutura social, em todas as dimensões da nossa história. Quase se pode dizer: diga-me o que você acha do Lula e eu te direi quem és.

Crise, luta e esperança



Por Miguel Urbano Rodrigues


O fim da actual crise de civilização é imprevisível. Inevitável, conduzirá ao desmoronar do capitalismo ou a uma era de barbárie.

Prever datas para o desfecho seria, porém, um exercício de futurologia.

Mas uma certeza se esboça já no horizonte: a derrota espera o imperialismo nas guerras criminosas que os EUA desencadearam para manter e ampliar o sistema de dominação mundial do capital.

OS EUA estão atolados em guerras perdidas no Afeganistão e no Iraque e a sua aliança com o Estado neofascista de Israel é um factor de tensão permanente no Médio Oriente. As estratégias agressivas que desenvolvem na América Latina, na África e na Ásia Oriental são também incompatíveis com as aspirações dos povos ameaçados, contribuindo para o subir da maré anti-americana

Nesta fase, iniciada com as agressões no Médio Oriente e Ásia Central, o imperialismo estadounidense encontrou situações históricas muito diferentes da que precedeu o seu envolvimento no Vietname e a humilhante derrota que ali sofreu. Nos EUA somente uma minoria percebeu que a guerra estava perdida quando Giap desfechou a ofensiva do Tet. A resposta de Johnson e Kissinger, cedendo aos generais do Pentágono, foi a ampliação da escalada. A agressão alastrou para o Laos e Washington e enviou mais tropas para a fornalha vietnamita, semeando a morte a devastação no Sudeste Asiático. Transcorreram anos até à retirada dos EUA. Os povos foram lentos a compreender que o desfecho da trágica agressão ao Vietname era o prólogo de uma crise que significou a perda da hegemonia que Washington exercia sobre a economia do Ocidente desde o final da II Guerra. Nada foi igual desde então.

Mas o establishment norte-americano não extraiu as lições implícitas no fracasso das guerras da Coreia e do Vietname. A estratégia foi reformulada, mas a ambição imperial permaneceu, assumindo novas formas.

O cenário das agressões adquiriu proporções planetárias a partir do desaparecimento da União Soviética.

A primeira guerra do Golfo foi decidida no final da presidência de George Bush pai perante a passividade da URSS, prestes a desintegrar-se. Washington proclamou então que a humanidade havia entrado numa era de paz permanente, sob a égide dos EUA, garantes da Nova Ordem Mundial. Um obscuro epígono do capitalismo, Francis Fukuyama, saudou a morte do comunismo e anunciou o «Fim da História», apontando o neoliberalismo como a ideologia para a eternidade.

O desmentido aos profetas imperiais não tardou.

Quando as torres do Word Trade Center desabaram, o mundo entrou numa fase de turbulências anunciatórias de uma profunda crise de civilização. Após o 11 de Setembro de 2001, Bush filho, alegando necessidade de uma «cruzada contra o terrorismo», e afirmando que Deus estava com os EUA, invadiu o Afeganistão, semeando a morte a destruição naquele remoto pais da Ásia Central.

Depois chegou a segunda guerra iraquiana, iniciada à revelia do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A terra milenária da Mesopotâmia foi ocupada, os seus museus saqueados, o seu petróleo e gás entregues às petrolíferas dos EUA, dezenas de milhares de iraquianos chacinados.

Autoproclamando-se nação predestinada, com vocação para redimir a humanidade dos seus pecados, os EUA, sob a batuta da extrema-direita republicana, passaram a actuar como um Estado terrorista, disseminando o terrorismo pelo planeta.

Essa trágica situação somente foi possível pela cumplicidade da União Europeia, do Japão e do Canadá, estados ditos civilizados. Com o seu aval ao establishment bushiano abriram as portas à barbárie.

A eleição de um negro para a Presidência dos EUA gerou a ilusão de que o pesadelo iria findar. Mas Barack Obama, que chegou à Casa Branca com o apoio entusiástico do grande capital, mudou o discurso, mas manteve a politica imperialista. Pior, agravou-a.

O pântano afegão

Admiradores do Presidente norte-americano afirmam que ele é um humanista, vítima de uma engrenagem que o instrumentaliza. Mas a defesa que dele fazem não convence.

O Prémio Nobel da Paz tomou decisões que contribuíram para aprofundar a crise mundial. No plano interno a sua política tem sido, no fundamental, de capitulação perante as exigências do grande capital. Significativamente, o seu secretário do Tesouro, Geithner é um político que goza da confiança total de Wall Street.

No terreno internacional, o Presidente aumentou muito o orçamento do Pentágono, pediu ao Congresso verbas colossais para as guerras asiáticas, enviou mais 30 000 militares para o Afeganistão, e faz da vitória nessa guerra uma prioridade da sua politica exterior.

Entretanto, acumula derrotas no teatro afegão. A ofensiva no Helmand foi um fracasso; a de Kandahar foi sucessivamente adiada.

A divulgação dos documentos secretos oferecidos pela WikiLeaks ao NY Times, ao Guardian e ao Der Spiegel instalou o pânico na Casa Branca, e o inquérito do sobre a fuga de informações classificadas abalou fortemente a confiança dos americanos no sistema de segurança do Pentágono.

Em declarações recentes, Julian Assange, o australiano que criou o WikiLeaks, afirmou que crimes cometidos pelo exército dos EUA excedem em horror os massacres do Vietname. A chamada Força Tarefa Conjunta 373 tem por missão abater secretamente chefes talibãs e elementos suspeitos de pertencer à Al Qaeda.

Grupos de matadores especiais intitulados Kia são responsáveis pelo assassínio de centenas de civis em ataques cujas vítimas são designadas nos relatórios como «mortos em acções».

O rol dos crimes das tropas de ocupação da NATO também ocuparia muitas páginas. A chacina de Kunduz, da responsabilidade do contingente alemão, abalou o governo da chanceler Merkel, mas foi apenas uma das muitas matanças de civis cometidas pelas tropas de ocupação.

Julian Assange cita como exemplo das atrocidades dos aliados o bombardeamento de uma aldeia por uma força polaca. Dezenas de pessoas ali reunidas para festejar um casamento morreram num acto de retaliação concebido com crueldade.

Rotineiramente, o alto comando norte-americano promove inquéritos nesses casos para «apurar responsabilidades». Mas ninguém é punido.

Hamid Karzai, o presidente fantoche, protesta e pede providências, mas a indignação é simulada.

Milhares de civis nas aldeias da fronteira paquistanesa foram mortos pelos bombardeamentos realizados pelos drones- os aviões sem piloto. O actual comandante Supremo, o general Petraeus, define essas «missões» assassinas como indispensáveis ao êxito da nova estratégia de luta «contra o terrorismo»

Farsa dramática

Hillary Clinton, o vice-presidente Joe Binden e James Baker, o secretário da Defesa, têm visitado frequentemente o Afeganistão.

A encenação pouco varia. Deslocam-se para levantar o moral das tropas, dizer lhes que estão a lutar pela pátria, pela liberdade e a democracia contra o terrorismo, que a luta exige grandes sacrifícios, mas que a vitória na guerra afegã é uma certeza.

Todos aproveitam para pedir ao Presidente Karzai que «governe democraticamente», afaste colaboradores que não merecem a confiança dos EUA, e ponha termo à corrupção implantada no país.

Karzai faz promessas, reune assembleias tribais que lhe aprovam a política e repete que é fundamental negociar com os «talibãs recuperáveis». É ele, chefe da mafia, o primeiro responsável pelo sumiço de milhares de milhões de dólares doados em conferências internacionais para o desenvolvimento e reconstrução do país, destruído pela invasão americana. A realidade não alterou o método. Em Kabul, a última dessas conferências acaba de aprovar mais uns milhares de milhões para «ajudar» o Afeganistão.

Entretanto, a produção de ópio, insignificante à data da invasão, aumentou 90% na última década.

É do domínio público que familiares do presidente mantêm íntimas ligações com o negócio da droga.

Nas suas periódicas visitas ao Paquistão, Hillary Clinton admoesta o presidente Asif Zardari pela insuficiência do esforço de guerra nas áreas tribais do Waziristão na fronteira do Afeganistão. Joe Binden repete-lhe o discurso. Ambos insinuam cumplicidade do Exército com as chefias talibãs.

O Primeiro-ministro britânico Cameron ao visitar o país foi tão longe nas suas críticas que o governo de Islamabad cancelou uma visita a Londres do chefe dos serviços de inteligência paquistaneses convidado pelo Intelligence Service.

Crónicas de correspondente europeus em Kabul e declarações de soldados dos EUA regressados da guerra afegã esclarecem que a moral das tropas de combate caiu para um nível muito baixo.

A demissão do general Stanley McChrystal, que criticara numa entrevista o presidente Obama, contribuiu para acentuar o mal-estar no Alto Comando. O general tem um currículo de criminoso, mas as suas opiniões sobre a condução da guerra são partilhadas por muitos oficiais.

Assim vão as coisas na guerra podre do Afeganistão.

No Iraque, a «pacificação» é um mito como demonstra o aumento de mortos em atentados bombistas em Bagdad e na região Norte, controlada pelos kurdos. O discurso de Obama aos veteranos deficientes, no dia 1 de Agosto, sobre a retirada das tropas foi um exercício de hipocrisia, semeado de mentiras e estatísticas falsas.

Na Palestina, Israel continua a bloquear Gaza, bombardeada com frequência, e amplia a construção de casas na Jerusalém árabe e em colonatos na Cisjordânia.

O Irão é atingido por novas sanções, aprovadas pelo Conselho de Segurança, e a CIA promove atentados terroristas no Kuzistao, fronteiro do Iraque, e na província baluche, vizinha do Paquistão.

Na América Latina, Uribe, nas vésperas de ceder a presidência a Juan Manuel Santos, seu filhote político, criou uma crise com a Venezuela bolivariana ao forjar acusações sobre a presença das FARC em território daquele país. Os EUA, que vão instalar 7 novas bases militares na Colômbia, aprovaram imediatamente a provocação.

XXX

Neste contexto de escalada militar em múltiplas frentes, a crise interna prossegue. O magro crescimento do PIB esconde a realidade.

O número de casas vendidas é o mais baixo dos últimos anos. Milhares de empresas fecham todos os meses. Em cidades outrora famosas pela riqueza, como Detroit e Pittsburg, bairros inteiros estão hoje desabitados. O desemprego alastra. Nas universidades aumenta o ensino elitista. A tão elogiada reforma dos «cuidados de saúde» dificultou mais o acesso de milhões de imigrantes ilegais aos hospitais (v.Fred Goldstein, odiario.info, 22.04.2010).

A Finança, essa prospera. Os gestores dos grandes bancos continuam a receber reformas e prémios fabulosos. Um desses gigantes, o Wells Fargo, acumulou lucros de milhares de milhões de dólares com a lavagem do dinheiro da droga (v.Cadima, «avante!», 29.07.2010).

O controle hegemónico do sistema mediático pelo grande capital impede, porem, a humanidade de tomar consciência da profundidade da crise. Nos EUA, pólo do sistema, o discurso do Presidente transmite um panorama optimista da situação, anunciando melhores tempos e vitórias imaginárias.

Somente uma minoria de cidadãos, nos EUA, na Europa, e nos demais continentes estão em condições de descodificar o discurso da mentira irradiado pelo grande capital.

Para as forças progressistas ajudar os povos a compreender a complexidade e a extrema gravidade da crise do sistema é, por isso mesmo, uma tarefa revolucionária. Porque essa compreensão é fundamental para o incremento e dinamização da luta dos trabalhadores em cada país contra o projecto de dominação imposto pelo sistema que ameaça mergulhar a humanidade na barbárie.


Vila Nova de Gaia, 2 de Agosto de 2010

Definitivo

Carlos Drummond de Andrade

Bento Ferreira Júnior
In Memoriam
Saudades Eternas!
30-08-1930
05-08-2010




Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

34º Congresso Nacional dos Jornalistas Brasileiros




"O jornalismo a serviço da sociedade
e a defesa da profissão"




Hotel Plaza São Rafael

Porto Alegre/2010

18 a 22 de agosto de 2010



Oficinas e Espaços de Articulação » Ética na Comunicação
» Jornalismo Ambiental
» Novas Tecnologias
» A organização dos Jornalistas de Imagem

» Gênero, Raça e Etnia
» Saúde do Trabalhador
» Estratégias dos Jornalistas de Língua Portuguesa
» Luta pelos Direitos Autorais

18 de agosto – quarta-feira

14h Credenciamento

17h Aprovação Regimento Interno

19h Cerimônia de Abertura com:

Paulo Pimenta – Jornalista, Deputado Federal, autor da PEC do Diploma na Câmara Federal;

Sandro Boka – Deputado estadual autor da Lei Estadual 13.462 que institui a obrigatoriedade do Diploma no serviço público do RS

Gustavo Granero – Vice-presidente da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ)

Younouss Mjahed – Vice-presidente Sênior da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e presidente do Sindicato dos Jornalistas do Marrocos
Sérgio Murilo de Andrade – Presidente da Fenaj

José Maria Rodrigues Nunes – Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e Vice-presidente eleito da Regional Sul da Fenaj

Celso Augusto Schröder – Presidente da Federação dos Periodistas da América Latina e Caribe (Fepalc)

20h30 Coquetel de Boas vindas

19 de Agosto – quinta-feira
Manhã

9h Painel 1: O Jornalismo como necessidade social e a Conjuntura Nacional

Painelistas:
Nildo Ouriques – Departamento de Economia da UFSC – Santa Catarina
Gustavo Granero – Vice-presidente da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ)
Elmar Bones – Editor do Jornal Já e diretor da Já Editores
Mediador: Beth Costa – Ex-presidente da Fenaj

11horas - Miniconferência
A política e os conflitos sociais na América Latina
Juremir Machado – Professor de Jornalismo
Mediador: Roberto Revoredo Castro – Jornalista peruano

12h30min às 14h Almoço


Tarde

Oficinas e Espaços de Articulação – 14h às 15h
Auditório Itapema - Gênero, Raça e Etnia Coordenadora – Vera Daisy Barcellos (Diretora do Sindicato do RS)

Sala Cambará - Estratégias dos Jornalistas de Língua Portuguesa - Coordenador – Alcimir do Carmo (Diretor da Fenaj)

Sala Paineira –

Plenária – 15h às 18h

19h Encontro Latino-Americano de Jornalistas

Política Internacional Fenaj – FiJ - Fepalc
Celso Schroeder – Pres. da FEPALC
Younouss Mjahed – Vice-presidente Sênior da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ)
Zuliana Laines – Peru
Gustavo Granero – Argentina

Mediador: José Carlos Torves – Diretor da Fenaj 20 de Agosto – sexta-feira

20 de Agosto – sexta-feira
Manhã

9h Painel 2:
O Judiciário na contra mão dos avanços democráticos - A desregulamentação das profissões no Brasil

Painelistas:
Ibsen Pinheiro – Deputado Federal
Antonio Carlos Porto – Assessor Jurídico do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul
João Roberto Pizza – Advogado da Fenaj no processo do Diploma no STF
Mediador: Prudente José Melo - SC

11h15min Parada para o Café

11h30min Miniconferência
A Regulamentação – Uma luta de 40 Anos
Lucidio Castelo Branco – Castelinho – Ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e da Federação Nacional dos Jornalistas
Mediador: Celso Schroder

12h30min às 14h Almoço

Tarde

Oficinas e Espaços de Articulação – 14h às 15h
Auditório Itapema - Luta pelos Direitos Autorais – Coordenador - Paulo Cannabrava (Presidente da Apijor)

Sala Cambará - Estratégias dos Jornalistas de Língua Portuguesa – Coordenador – Alcimir do Carmo (Diretor da Fenaj)

Sala Paineira – Gênero, Raça e Etnia – Coordenadora – Vera Daisy Barcelos (Diretora do Sindicato do RS)

Plenária – 15h às 18h



21 de Agosto - sábado


Manhã

9h Painel 3: A Defesa da Profissão e o Futuro do Jornalismo no Brasil

Painelistas:
Juliano Carvalho – Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo
Marcelo Canellas – Repórter da Rede Globo
Antônio Hohlfeldt - Jornalista, Escritor,Professor Universitário
Mediadora: Maria José Braga

11h15min Parada para o Café

11h30min Miniconferência
Perspectivas do Ensino do Jornalismo no Brasil

José Marques de Melo - Presidente de Honra da Intercom
Mediadora: Christa Berger – Professora de jornalismo

12h30min às 14h Almoço

Tarde

Oficinas e Espaços de Articulação – 14h às 15h
Auditório Itapema - Estratégias dos Jornalistas de Língua Portuguesa - Coordenador – Alcimir do Carmo (Diretor da Fenaj)

Sala Paineira – Gênero, Raça e Etnia Coordenadora – Vera Daisy Barcelos (Diretora do Sindicato do RS)

Sala Cambará - Novas Tecnologias – Coordenador – Paulo Gilvane (Diretor da Agência Radioweb)
Plenária – 15h às 18h

Noite – 20 horas
Salão São José – Plaza São Rafael
Entrega da Comenda da FENAJ
Posse novas direções Sindicato do RS e Fenaj
Festa de Encerramento

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Carta Aberta dos jornalistas do México à sociedade



Tradução:
Taís Ferreira - Jornalista brasileira

México, 03 de agosto de 2010.


"POR SEU DIREITO DE SABER E MEU DIREITO DE INFORMAR"
ABAIXO A IMPUNIDADE
CONTRA AS AGRESSÕES AOS JORNALISTAS


Em 26 de julho, quatro jornalistas foram seqüestrados após fazerem a cobertura de eventos violentos no Centro de Reabilitação Social (CERESO 2) de Gomez Palacio, Durango.

Este é apenas um dos mais recentes acontecimentos violentos contra jornalistas no México. Até hoje, de acordo com o Conselho Nacional de Direitos Humanos – CNDH, são 64 mortos e 11 desaparecidos em menos de dez anos. De agressões e ameaças, nem se fala, são centenas e o número cresce com a impunidade. É inaceitável.

Até agora, os jornalistas estiveram em silêncio nesses anos de violência, mas hoje dizemos: BASTA! Para a sociedade e para nós. Pelo direito dos cidadãos a serem informados. Pelo direito a uma imprensa livre e a liberdade de expressão. Porque, aos poucos, se vê no país um silêncio velado, pelo medo, que mais cedo ou mais tarde irá afetar não só a nossa fraca democracia, mas a convivência e os nossos direitos: SEU DIREITO DE SABER E MEU DIREITO DE INFORMAR.

Por isso, hoje, os jornalistas saíram às ruas para exigir um fim da impunidade e da indiferença das autoridades; para garantir a segurança dos jornalistas, dos trabalhadores da comunicação social e todos os cidadãos.

Propusemo-nos a defender o direito à liberdade de expressão como direito individual e coletivo, porque as agressões afetam a sociedade, que deixa de receber a informação correta, objetiva e plural; essencial para a participação plena na tomada de decisões de uma democracia.

Hoje os jornalistas necessitam de todos os cidadãos, das organizações da sociedade civil e de todas as instituições dispostas a defender a liberdade de expressão e a necessidade de segurança no exercício da profissão para jornalistas, repórteres, fotógrafos e cinegrafistas.

Agradecemos, antecipadamente, a se juntarem a nós para a manifestação terá lugar em 7 de agosto, às 12 horas, em Angel de la Independência. Lá, juntos, podemos referendar o vínculo entre jornalistas e sociedade.

Hoje, precisamos de vocês
COMITÊ ORGANIZADOR
TE QUEREMOS VIVOS

Carta Abierta de los periodistas

Secuestro de reporteros (línea del tiempo)

CNN México

notícias do México/Terra

TV Cultura nega demissão em massa

A Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, negou que a emissora reduzirá o número de funcionários de 1,8 mil para 400, segundo informou o Blog do Daniel Castro. Entretanto, não negou demissões e, por meio de comunicado divulgado à imprensa, afirma que a TV “precisa se renovar”, pois “perdeu audiência, qualidade e se tornou cara e ineficiente”.
De acordo com Daniel Castro, além das demissões, que representariam cerca de 80% do quadro de funcionários, a Fundação Padre Anchieta já teria encomendado estudo sobre a viabilidade de vender seus estúdios e edifícios na Água Branca, em São Paulo.
O jornalista afirma que a intenção do presidente da TV Cultura, João Sayad, é transformar a emissora da atual produtora de conteúdo em uma coprodutora, enchendo a grade com programas comprados. Também cita mudanças que seriam implementadas no jornalismo, que deixaria a cobertura do factual para investir em debates.
“Ex-secretário de Cultura do Estado de São Paulo, João Sayad assumiu a presidência da TV Cultura em junho com a missão de reduzir a TV pública paulista a uma simples TV estatal”, afirma Daniel Castro.
A Fundação Padre Anchieta não nega as informações. Em comunicado, informa que “esta é a proposta de renovação que a Administração levará ao Conselho da Fundação Padre Anchieta: a revitalização dos programas admirados, a modernização dos processos administrativos, bem como dos equipamentos, e contando com os talentos que a emissora possui e com a contratação de novos apresentadores e jornalistas”.

Confira a matéria completa no Blog do DANIEL CASTRO.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010