sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Prêmio Braskem de Jornalismo



Comissão de alto nível faz julgamento do Prêmio Braskem de Jornalismo


Por Sindjornal
Jornalistas de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina reforçam este ano a comissão julgadora do Prêmio Braskem de Jornalismo, que será entregue no próximo dia 30, a partir das 21 horas, na casa de eventos Pierre Chalita.
São sete os jurados de fora que vão se somar a jornalistas de Alagoas na analise dos trabalhos: Maria Júlia Coutinho (repórter da TV Globo), Amanda Carvalho (editora do portal Jornal de Brasília), André Teixeira (fotojornalista de O Globo), Luciana Moglia (coordenadora da Moglia Comunicação Empresarial), Arthur Lobato (repórter cinematográfico e psicólogo), Richard Santos (ex-apresentador da TV Brasil) e Valci Zuculoto (professora de radiojornalismo e diretora da Federação Nacional dos Jornalistas).
Os jurados de Alagoas são Nasson Paulo (professor de jornalismo da FITs), Rogério Xavier Melo (professor de jornalismo do Cesmac), Magnólia dos Santos (professora de jornalismo da Ufal), Maria Goretti Lima (jornalista da TV Assembleia) e Jalon Cabral (jornalista e radialista).
Na primeira fase do julgamento, que teve início semana passada, os jurados são divididos por categoria e dão nota individual a cada trabalho. Depois os trabalhos com melhor avaliação (média) estarão no julgamento final, quando serão definidos o 1º, 2º e 3º colocados em cada categoria. Esta etapa será no dia 29/11 (véspera da premiação) e todos os jurados julgam todas as categorias.
O Prêmio Braskem de Jornalismo inscreveu 228 trabalhos este ano, entre reportagens impressas, reportagens de TV, reportagens da Internet, reportagens de rádio, fotografias, diagramações e projetos em assessoria de imprensa. Mais de 80 jornalistas e 15 veículos de comunicação disputam as premiações, que somam R$ 39.500, além de troféus.   
Criado em 1989 pelo Sindicato dos Jornalistas e a Salgema Indústrias Químicas (atual Braskem), o prêmio Braskem de Jornalismo é o maior e mais cobiçado da imprensa alagoana. Ao longo de 24 anos tem contribuído para o jornalismo investigativo e o aprimoramento da produção jornalística no Estado.
Os organizadores esperam receber cerca de 700 convidados na festa de premiação, entre jornalistas, estudantes de jornalismo, empresários da comunicação, dirigentes de órgãos públicos e outras autoridades. A solenidade terá como apresentadora a jornalista Michelle Loreto, da TV Globo.


Cobertura fotográfica: Lucas Lobato / Arthur Lobato



































Confira os vencedores:
Categoria Estudante (Prêmio Freitas Neto):
Riacho salgadinho: um rio de lágrimas
Abdias Martins e Márcio da Silva Anastácio (Ufal)
Rádio:
Desertificação ameaça recuperação do semiárido
Carlos Madeiro e Giuliano Porto (Rádio Difusora)
Web:
Roteiro das cidades que não envelhecem
Acássia Deliê (TNH1)
Assessoria:
Júri do caso PC Farias
Maikel Marques (Tribunal de Justiça de Alagoas)
Informação cultural e turística:
Estado de cinema
Acássia Deliê (Revista Graciliano)
Reportagem de TV:
A cor da morte
Thiago Correia, José Pereira Lima e Vera Valério (TV Pajuçara)
Reportagem cinematográfica:
A mata da sálvia
Valdemir Soares Albuquerque (TV Pajuçara)
Grande prêmio:
Comissionados da Assembleia: dinheiro público que financia campanhas
José Pereira, Thiago Correia e Gésia Malheiros (TV Pajuçara)

A diretora de Conteúdo do Pajuçara Sistema de Comunicação, Daniella Sarmento, destacou a importância do reconhecimento da premiação promovida pelo Sindjornal e pela Braskem, cujos resultados obtidos pelo PSCOM é resutlado do empenho da equipe.  .
"Destaco a relevância desse prêmio – uma iniciativa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas em parceria com a Braskem -, que está consolidado como instrumento de valorização dos jornalistas alagoanos. Ao mesmo tempo que me orgulha de ver o trabalho da equipe do PSCOM sendo reconhecido mais uma vez, reforçando a máxima de que o empenho em equipe é o caminho para a construção do jornalismo de qualidade".
A editora do TNH1 Acássia Deliê também levou para casa o troféu na categoria de Informação Cultural e Turística com a reportagem “Estado de cinema”, publicada na revista Graciliano. Já na categoria Rádio, Carlos Madeiro e Giuliano Porto levaram a melhor com matéria sobre a desertificação no semiárido.
O jornal Gazeta de Alagoas venceu nas categorias de Foto, com “Violência sem limites”, de José Feitosa; Design Gráfico, com “Mente criativa”, de Antônio dos Santos Júnior, Informação, Economia e Política, com “Mapa da violência: a cobertura de uma crise”, de Davi Soares; e Informação Esportiva, com “Racismo no futebol alagoano”, de Wellington Santos e Lelo Macena.
Abdias Martins e Márcio da Silva Anastácio, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foram os melhores na categoria estudante com a reportagem “Riacho salgadinho: um rio de lágrimas”. Abdias é estagiário do PSCOM, na produção do programa Feito Pra Você.  .
O case de assessoria vencedor foi de Maikel Markes, do Tribunal de Justiça, com o júri do caso PC Farias.
Acássia Deliê, editora do TNH1, venceu na categoria melhor matéria webjornalismo. (Crédito: Edvaldo Moura.)





Prêmio Braskem de Jornalismo será entregue no sábado

Postado em 29/11/2013 por Arnaldo Santtos
imgPrêmio Braskem de Jornalismo será entregue no sábado

Mais de 80 jornalistas de Alagoas aguardam com ansiedade o resultado do Prêmio Braskem de Jornalismo, cujo anúncio será no próximo sábado (30), durante festa na casa de eventos Pierre Chalita. A solenidade, que terá início às 21 horas, vai reunir cerca de 700 convidados, entre profissionais da imprensa, estudantes de jornalismo, empresários da comunicação e autoridades.

Realizado pelo Sindicato dos Jornalistas e a Braskem, o prêmio voltou a contar este ano com uma comissão julgadora de renomados profissionais, de Alagoas e de outros estados. Eles estarão reunidos nesta sexta-feira (29) para fazer a avaliação dos trabalhos finalistas e apontar os vencedores em 13 categorias.

Esta é a 24ª edição do Prêmio Braskem de Jornalismo. Criado em 1989, com o patrocínio da Salgema Indústrias Químicas – atual Braskem, ele é considerado o “Oscar” do jornalismo alagoano. Na edição deste ano participam mais de 80 jornalistas, ligados a 15 veículos de comunicação e a algumas instituições que possuem assessoria de imprensa. Ao todo foram inscritos 228 trabalhos.

O Prêmio Braskem de Jornalismo 2013 premiará os autores das melhores reportagens produzidas em Alagoas entre outubro de 2012 e novembro de 2013, além de trabalhos estudantis e de assessoria de imprensa. Participam repórteres, editores, produtores, diagramadores e outros profissionais da área do jornalismo. Eles atuam na TV Gazeta, Tribuna Independente, TV Pajuçara e Gazeta de Alagoas, entre outros veículos. A empresa com mais trabalhos inscritos será agraciada com um troféu.

Os jornalistas concorrem em onze categorias: Reportagem de TV, Reportagem Impressa, Fotografia, Diagramação, Webjornalismo, Informação Esportiva, Informação Econômica/Política, Informação Cultural/Turística, Radiojornalismo, Reportagem Cinematográfica e Assessoria de Imprensa. Estudantes de jornalismo concorrem na categoria especial Prêmio Freitas Neto.

O vencedor de cada categoria receberá troféu e uma premiação em dinheiro. Serão distribuídos R$ 39.500,00 com os ganhadores, incluindo o vencedor da categoria principal, que é o Grande Prêmio Braskem de Jornalismo.
Também será homenageado no sábado o jornalista Bartolomeu Dresch, que receberá dos jornalistas alagoanos a Medalha Denis Agra. A homenagem é um reconhecimento à vida profissional, à retidão de caráter e ao esforço pessoal dedicados pelo profissional à luta e à organização da categoria.

Fonte: Sindicato dos Jornalistas - Sindjornal 

Braskem e Sindjornal lançam maior prêmio de jornalismo de Alagoas

Destinado a premiar os autores das melhores reportagens produzidas em Alagoas, o Prêmio Braskem de Jornalismo 2013 foi criado em 1989 pelo Sindicato dos Jornalistas e a Salgema Indústrias Químicas (atual Braskem), o prêmio Braskem de Jornalismo é o maior e mais cobiçado da imprensa alagoana. Ao longo de mais de duas décadas tem contribuído para o jornalismo investigativo e o aprimoramento da produção jornalística no Estado.

Este ano os vencedores receberão, além de troféus, R$ 39.500,00 em dinheiro. A expectativa dos organizadores é receber este ano cerca de 250 trabalhos, superando os 219 que foram inscritos em 2012. Ao todo, devem concorrer ao Prêmio mais de 100 jornalistas, além de estudantes que disputam a categoria especial “Prêmio Freitas Neto”. Os trabalhos serão julgados por renomados profissionais da área do jornalismo, que virão, em sua maioria, de outros estados.

Este é o 24º ano em que os jornalistas de Alagoas são reconhecidos por seus trabalhos. Neste ano, o evento vai premiar o trabalho de profissionais em 13 categorias nas áreas de impresso, rádio, assessoria, internet e televisão.

“O Braskem de Jornalismo está se consolidando em Alagoas há 24 anos e as expectativas são as melhores possíveis. Este é um prêmio que busca estimular a categoria dos jornalistas aqui em Alagoas”, enfatizou Valdice Gomes, presidente do Sindjornal.
Durante o evento de lançamento, o diretor de comunicação da Braskem, Milton Pradines, reafirmou a importância do Prêmio Braskem. “Acredito que essa seja uma forma de fazer com que os jornalistas não precisem sair de Alagoas para serem reconhecidos”, argumentou.
“Poucos prêmios no Nordeste têm uma duração de vida de tantos anos como o nosso. São mais de duas décadas realizando essa premiação que visa estimular a categoria aqui no Estado”, complementou.

A festa de premiação será no dia 30 de novembro, na casa de eventos Pierre Chalita (Jaraguá). Participarão da solenidade cerca de 600 jornalistas e convidados, entre eles autoridades e empresários da comunicação no Estado. A empresa que tiver mais trabalhos inscritos no Prêmio Braskem de Jornalismo 2013 também será homenageada com troféu pelos organizadores do evento.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Ley de Medios: A desinformação deliberada

* Venício Lima

A Lei de Meios da Argentina resulta de um longo processo de construção que mobilizou os mais diversos setores da sociedade civil e do governo.



(*) Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa.
 
A Lei de Meios da Argentina resulta de um longo processo de construção que mobilizou os mais diversos setores da sociedade civil e do governo. Néstor Busso e Diego Jaimes organizaram um livro – La Cocina de la Ley. El Processo de Incidencia em la elaboración de la ley de servicios de comunicación audiovisual em Argentina (Foro Argentino de Radios Comunitárias; 2011) – que, além de descrever todo o processo, reúne os principais documentos que deram origem ao projeto original (disponível aqui).

Depois de tramitar e receber mais de duzentas emendas no Congresso Nacional, a lei foi finalmente aprovada por ampla maioria e sancionada pela presidente da República em outubro de 2009, substituindo um decreto-lei da ditadura militar, promulgado em 1981 (ver aqui o texto integral da lei).

A Lei de Meios busca impedir a continuidade de um mercado oligopolizado de mídia, historicamente excludente de vozes, corruptor da opinião pública e protetor da liberdade de expressão de apenas uns poucos. Para isso, estabelece limites – em nível nacional e local – para o número de concessões de emissoras de rádio e de televisão a ser controlado por um mesmo grupo.

Na prática, nenhum dos três setores prestadores dos serviços de comunicação audiovisual – de gestão estatal, de gestão privada com fins lucrativos e de gestão privada sem fins lucrativos – poderá controlar mais de um terço das concessões que serão outorgadas por um prazo máximo de dez anos.

Impede-se assim a concentração da propriedade e garante-se a liberdade de expressão de setores até aqui excluídos do “espaço público da mídia” – povos originários, sindicatos, associações, fundações, universidades, isto é, entidades privadas sem fins lucrativos.

São também garantidas cotas de exibição para o cinema argentino, para a produção independente nacional, o fomento à produção de conteúdos educativos e para a infância, e o acesso universal à transmissão de eventos esportivos. As novas concessões e as renovações de concessões terão que passar por audiências públicas e foi criada uma Autoridade Federal de sete membros e um Conselho Federal de quinze membros, ambos colegiados plurais e representativos, que zelarão pelo cumprimento da lei.

Uma das inovações da Lei de Meios é que foram nela didaticamente incluídas trinta e sete “Notas Explicativas” (NE) sobre a origem e/ou as razões para a adoção de princípios e normas. Essas NE são descrições que não só especificam os documentos de organismos multilaterais (ONU, Unesco, União Europeia, OEA, Cepal, UIT, dentre outros) que recomendam a adoção das normas e princípios, como também oferecem uma análise comparada de regulações praticadas em outras democracias representativas (Estados Unidos, Canadá, França, Espanha, Reino Unido, Austrália, dentre outros). Além disso, a lei traz quase uma centena de “notas de rodapé” que remetem para entidades, pessoas, referências bibliográficas e/ou propostas que estão na origem e fundamentam vários artigos.

Quem alegava a inconstitucionalidade de que?

Imediatamente após sua promulgação, quatro dos 166 artigos da lei foram questionados na Justiça pelo maior grupo privado oligopolista de comunicação argentino: o Grupo Clarín. Liminares e medidas protelatórias diversas impediram o cumprimento pleno da lei ao longo de mais de quatro anos, até que se chegasse a uma decisão da Suprema Corte argentina.

O Grupo Clarín, alegava a inconstitucionalidade dos artigos 41, 45, do parágrafo 2º do artigo 48 e do artigo 161. São as normas que tratam da transferência de concessões; da multiplicidade de concessões; da impossibilidade de se evocar o “regime de multiplicidade de concessões” previsto na lei como direito adquirido e a obrigatoriedade de adequação à lei, em prazo de um ano a partir da definição dos mecanismos de transição, por parte de grupos já detentores de concessões.

Veja abaixo o texto (traduzido) dos artigos questionados:

>> ARTIGO 41. – Transferência das concessões. As autorizações e concessões de serviços de comunicação audiovisual são intransferíveis. (...)

>> ARTIGO 45. – Multiplicidade de concessões. A fim de garantir os princípios da diversidade, pluralidade e respeito pelo que é local, ficam estabelecidas limitações à concentração de concessões.

Nesse sentido, uma pessoa de existência física ou jurídica poderá ser titular ou ter participação em sociedades titulares de concessões de serviços de radiodifusão, de acordo com os seguintes limites:

1. No âmbito nacional:

a) Uma (1) concessão de serviços de comunicação audiovisual sobre suporte de satélite. A titularidade de uma concessão de serviços de comunicação audiovisual via satélite por assinatura exclui a possibilidade de titularidade de qualquer outro tipo de concessão de serviços de comunicação audiovisual;

b) Até dez (10) concessões de serviços de comunicação audiovisual mais a titularidade do registro de um sinal de conteúdo, quando se trate de serviços de radiodifusão sonora, de radiodifusão televisiva aberta e de radiodifusão televisiva por assinatura com uso de espectro radioelétrico;

c) Até vinte e quatro (24) concessões, sem prejuízo das obrigações decorrentes de cada concessão outorgada, quando se trate de concessões para a exploração de serviços de radiodifusão por assinatura com vínculo físico em diferentes localidades. A autoridade de execução determinará os alcances territoriais e de população das concessões.

A multiplicidade de concessões – em nível nacional e para todos os serviços –, em nenhuma hipótese, poderá implicar na possibilidade de se prestar serviços a mais de trinta e cinco por cento (35%) do total nacional de habitantes ou de assinantes dos serviços referidos neste artigo, conforme o caso.

2. No âmbito local:

a) Até uma (1) concessão de radiodifusão sonora por modulação de amplitude (AM);

b) Uma (1) concessão de radiodifusão sonora por modulação de frequência (FM) ou até duas (2) concessões quando existam mais de oito (8) concessões na área primária do serviço;

c) Até uma (1) concessão de radiodifusão televisiva por assinatura, sempre que o solicitante não seja titular de uma concessão de televisão aberta;

d) Até uma (1) concessão de radiodifusão televisiva aberta sempre que o solicitante não seja titular de uma concessão de televisão por assinatura;

Em nenhuma hipótese, a soma do total das concessões outorgadas na mesma área primária de serviço ou o conjunto delas que se sobreponham de modo majoritário, poderá exceder a quantidade de três (3) concessões.

3. Sinais:

A titularidade de registros de sinais deverá se conformar às seguintes regras:

a) Para os prestadores designados no item 1, subitem “b”, será permitida a titularidade do registro de um (1) sinal de serviços audiovisuais;

b) Os prestadores de serviços de televisão por assinatura não poderão ser titulares de registro de sinais, com exceção de sinal de geração própria.

Quando o titular de um serviço solicite a adjudicação de outra concessão na mesma área ou em uma área adjacente com ampla superposição, ela não poderá ser concedida se o serviço solicitado utilizar uma única frequência disponível na referida zona.

>> ARTIGO 48. – (...)

O regime de multiplicidade de concessões previsto nesta lei não poderá ser invocado como direito adquirido frente às normas gerais que, em matéria de desregulamentação, desmonopolização ou de defesa da concorrência, sejam estabelecidas pela presente lei ou que venham a ser estabelecidas no futuro.

>> ARTIGO 161. – Adequação. Os titulares de concessões dos serviços e registros regulados por esta lei, que até o momento de sua sanção não reúnam ou não cumpram os requisitos previstos por ela; ou as pessoas jurídicas que, no momento de entrada em vigor desta lei sejam titulares de uma quantidade maior de concessões, ou com uma composição societária diferente da permitida, deverão ajustar-se às disposições da presente lei num prazo não maior do que um (1) ano, desde que a autoridade de execução estabeleça os mecanismos de transição. Vencido tal prazo, serão aplicáveis as medidas que correspondam ao descumprimento, em cada caso.

Apenas para efeito da adequação prevista neste artigo, será permitida a transferência de concessões. Será aplicável o disposto pelo último parágrafo do Artigo 41.

A leitura desses artigos evidencia que, ao questioná-los, o Grupo Clarín procurava se excluir do âmbito da lei e manter o seu enorme oligopólio.

Em 29 de outubro de 2013, todavia, a Suprema Corte declarou a constitucionalidade de todos os artigos questionados reconhecendo a legitimidade do Congresso Nacional em legislar sobre o tema e, sobretudo, a garantia da liberdade de expressão e da liberdade da imprensa (ver aqui a íntegra da decisão).

Interditar o debate e falsear a verdade

Reduzir a Lei de Meios e a decisão da Suprema Corte argentina apenas a uma disputa entre o governo de Cristina Kirchner e o Grupo Clarín e/ou “a mais um episódio da ascendente violação da liberdade de imprensa na América Latina” – como afirma o editorial de um jornal brasileiro –, é faltar deliberadamente com a verdade e sonegar informação de interesse público.

Diante da constrangedora omissão do poder público, que se recusa a enfrentar abertamente a questão, o que reiteradamente vem ocorrendo entre nós é a omissão e o falseamento descarados de informações referentes à regulação da mídia – refiram-se elas ao Brasil, à Argentina, à Inglaterra ou a qualquer outro país –, sempre e paradoxalmente em nome da liberdade de expressão e da liberdade da imprensa.

No que se refere à regulação democrática da mídia, o Brasil continua no século passado.

(*) Venício A. de Lima é jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado), pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (Cerbras) da UFMG e autor de Conselhos de Comunicação Social – A interdição de um instrumento da democracia participativa (FNDC, 2013), entre outros livros 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Sílvio Tendler sobre a mídia: "existem alternativas além do choro"

Paulo Vasconcellos


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A democratização é um dilema inevitável para a imprensa brasileira. Ou bem ela supera os ranços que a divorciam da cidadania ou corre o risco de assistir passivamente a ocupação do espaço não mais por pasquins ou jornais alternativos, mas pela mídia de guerrilha liderada pelos videoativistas, que usam câmaras pessoais e celulares para registrar tudo o que acontece e substituem com a vantagem de dispensar a intermediação de repórteres e fotógrafos profissionais.

O cenário atual já teria a primeira vítima: o cinema. “O filme político voltou ao exílio. O pensamento hegemônico tenta fixar a ideia de que o cinema brasileiro se resume a comédias com estrelas de novela, enquanto restringe as salas aos shoppings centers e não leva em conta o que é exibido nas universidades e videoclubes. A lógica é restringir o acesso do público e dos financiamentos públicos e privados à produção que interessa aos grandes grupos”, disse o cineasta Sílvio Tendler, de “Os anos JK” e “Jango”, no 2º Seminário Livre pela Democratização da Mídia, realizado na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. “O cinema brasileiro enfrenta uma grande tragédia.”

O debate parece quase uma miragem no deserto. O encontro reuniu alguns poucos jornalistas, professores e militantes de movimentos sociais e partidos políticos de esquerda. O palco, a sede da ABI, no Centro do Rio, fica a poucas quadras da Cinelândia, onde um dia antes manifestantes e policiais voltaram a se enfrentar violentamente. O noticiário sobre a batalha, que começou numa passeata pacífica de professores em greve há dois meses, só deu mais munição aos conferencistas. Jornais da grande imprensa e telejornais das grandes redes de televisão foram reprovados pela mesa. A alternativa continua sendo a internet. A rede, afinal, costuma transmitir os acontecimentos ao vivo, do ponto de vista de quem protesta e sem a interferência de comentaristas que só conseguem enxergar um lado dos fatos.

“As manifestações sociais têm um cardápio variado de reivindicações, mas a mídia hegemônica só destaca a violência. Também diz que, com plano de cargos e salários, os professores vão ganhar muito bem - o que não é verdade - e esconde denúncias como o acordo da Prefeitura do Rio para que as escolas municipais usem apostilas produzidas pela Fundação Roberto Marinho,” afirmou Mario Augusto Jakobskind, presidente da Comissão de Defesa da Liberdade e Direitos Humanos da ABI no painel “A ditadura do pensamento único, o prejuízo desse modelo para a sociedade”.

“Qualquer discurso anti-hegemônico é criminalizado”, reforçou o historiador Gílson Moura. “A mentira repetida é uma técnica do nazismo usada pela imprensa uniformizada”, endossou o professor universitário André Moureau. “A verdade não está na grande mídia”, completou Sílvio Tendler, que prepara mais dois filmes para lançamento no ano que vem, “Advogados contra a ditadura” e “Militares pela democracia”, com novos olhares sobre um tema recorrente em sua obra: o golpe de 1964.

O paralelo entre o regime instaurado no Brasil com a deposição do presidente João Goulart e o uso de forças policiais para combater os protestos que desde junho agitam as ruas brasileiras deu mais subsídio ainda aos palestrantes do seminário da ABI. Afinal, se a pauta agora pede muito mais coisas além da liberdade reivindicada há quatro, cinco décadas, em um caso e no outro há pouca ou nenhuma diferença entre a repressão adotada pelos governos estaduais e o tom das notícias de jornais e televisão. O movimento popular de 2013 repete o processo de redemocratização, até que ela se tornasse inevitável e passasse a fazer parte do cardápio de cobertura da grande imprensa, também na falta de capacidade de diálogo das autoridades com os manifestantes.

“A ditadura militar estagnou o pensamento reflexivo. Nas manifestações de rua de agora é possível perceber uma fuga aos grandes dilemas nacionais, desta vez porque o pensamento hegemônico da mídia inviabiliza a reflexão”, disse o ex-secretário nacional de direitos humanos João Luiz Duboc Pinaud. “Não há muita diferença entre 1964 e a força do pensamento hegemônico hoje. Enquanto a população não recuperar sua capacidade de reflexão seremos reféns fáceis das várias formas de ditadura.”

O desafio é fazer um jornalismo compromissado com a cidadania para escapar às amarras impostas pelos compromissos dos jornais e emissoras de televisão com anunciantes e grupos econômicos. O caminho, acreditam os participantes do seminário da ABI, passa pela discussão de um projeto de regulação da imprensa como já existe na Europa e nos Estados Unidos. “É preciso partir da democratização da informação”, diz o professor Gílson Moura. “A democratização precisa chegar à publicidade oficial, que contempla os grandes grupos de mídia e deixa à míngua os jornais do interior do país”, afirma Mario Augusto Jakobskind, da ABI. “A verdade ainda prevalece, não na TV, mas no Facebook ou no Youtube. Existem alternativas além do choro”, ensina Sílvio Tendler.