terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Arianna Huffington: o blog revolucionou o jornalismo popular

As novas e velhas mídias podem entrar em choque e se excluir mutuamente. Mas, em seu novo livro — The Huffington Post Complete Guide to Blogging —, a célebre blogueira Arianna Huffington argumenta que os dois mundos estão se aproximando rapidamente para reforçar o que cada um tem de melhor. Jornalistas tradicionais vêm escrevendo blogs, enquanto blogueiros estão ganhando credibilidade e status na mídia tradicional.


Publicado pela editora Simon & Schuster, o guia para blogueiros oferece dicas sobre como começar e como ser notado, além de opiniões da própria Ariana Huffington. Ela é ninguém menos que a criadora de um dos sites mais influentes da internet — o blog Huffington Post, ou HuffPo —, que ganhou destaque ainda maior durante a corrida à Casa Branca deste ano.


O HuffPo fez experimentos com jornalismo cidadão em seu setor "Off the Bus", em que milhares de amadores escreveram relatos da campanha eleitoral. Um dos maiores momentos do HuffPo aconteceu quando um colaborador voluntário gravou o então candidato Barack Obama num evento de levantamento de fundos fechado à imprensa, dizendo que os moradores de cidades pequenas ficam amargos e "se agarram às armas ou à religião".


Na introdução de seu livro, Huffington escreveu: "O blogging vem sendo o maior avanço no jornalismo popular desde Tom Paine". (O panfleto Bom Senso, escrito por Paine em 1776, ajudou dramaticamente a promover a causa da independência americana.) O livro também tem seus momentos mais leves. Uma seção intitulada "Por que Você Escreve um Blog?" traz as respostas "para não parar no hospício" e "como substituto de uma terapia".


Embora Arianna Huffington defenda a boa vontade em relação à velha mídia, ela toma partido em favor dos blogs. "A imensa maioria dos jornalistas da imprensa convencional segue na direção apontada pelos editores", diz ela na introdução do livro. "Já os blogueiros saem armados com uma garantia de acesso muito mais eficaz do que uma credencial de imprensa da Casa Branca: a paixão."


"Existe uma convergência real", disse Huffington, em entrevista à Reuters, antes do lançamento de seu livro. "Basicamente, descobrimos que os materiais melhores e mais exatos sobem para o topo, quer se originem da revista Time ou do 538.com de Nate Silver, que não existia antes da eleição". O site 538.com colheu e analisou dados políticos e relativos às pesquisas de intenção de voto.


"A convergência vai continuar a crescer — como vimos neste período eleitoral — dentro de dois ou quatro anos, estou certa", acrescentou. "Os dois tipos de mídia têm que dividir o poder." O livro de Huffington alardeia a instantaneidade e a transparência dos blogs, quando comparado à mídia tradicional. Menciona alguns dos problemas que os blogs têm com padrões de reportagem e fraqueza de suas fontes.


As menções, no entanto, são apenas por alto — já que o livro se concentra, em vez disso, nos benefícios pessoais e políticos garantidos pela presença de uma multidão de vozes online. Segundo Huffington , as novas mídias não podem substituir as velhas por inteiro, nem dar os mesmos resultados que o jornalismo investigativo de valor comprovado ao longo do tempo.


A escritora e roteirista Nora Ephron, uma de várias colaboradoras do HuffPo, descreve no guia como descobriu a diferença entre escrever num blog e escrever para revistas ou livros. "Uma das razões de se escrever num blog é iniciar a conversa e criar a comunidade que se reúne para falar brevemente sobre coisas que talvez não falaria se você não escrevesse seu blog", escreveu Ephron.


Mas o mais importante, segundo a roteirista, é que "fazer um blog permite que qualquer pessoa tenha voz, mesmo sem ter acesso à Reuters ou à revista Time, e é isso que é realmente significativo." Na opinião de Nora Ephron, “as novas mídias vão continuar a dar voz às pessoas que de outro modo não teriam voz, e isso é algo que não vai desaparecer.”


Da Redação, com informações da Reuters

Publicado no site http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=47831

SEMINÁRIO MINEIRO PRÓ-CONFERÊNCIA - PROGRAMAÇÃO

19h00 – Credenciamento
19h30 – “A Importância da Conferência Nacional”

Hélio Costa – Ministro das Comunicações

Alberto Pinto Coelho – Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais

Marco Aurélio Jarjour – Presidente do Sindicato das Empresas de Rádio e TV

Celso Schröder – Coordenador- Geral Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), representante da Comissão Nacional Pró-Conferência de Comunicação

Rosane Bertotti – Secretária de Comunicação da CUT Nacional

Lidyane Ponciano (Mediadora) – Comissão Mineira Pró-Conferência Nacional de Comunicação e Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais


13/12 (Sábado)
08h00 – Credenciamento
09h00 – “Marco Regulatório e Convergência”


Maria do Carmo Lara – Deputada Federal (Comissão de Ciência e Tecnologia)

Luiza Erundina – Deputada Federal (Comissão de Ciência e Tecnologia)

Luciana Raso Sardinha – Mestre e Doutora em Direito Administrativo pela UFMG e autora de livros sobre Radiodifusão

José Sóter – Coordenador Executivo da Associação Brasileira de Radiodifusão (Abraço) Nacional e do FNDC

Aloisio Lopes (Mediador) – Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)


12h00 – Almoço

14h00 – “Comunicação, Cultura e Subjetividade”

Wemerson de Amorin – Coordenador da Rádio FAE (Faculdade de Educação da UFMG)

Edivaldo Amorin Farias – Presidente da Associação Brasileira dos Canais Comunitários (ABCCOM)

Mozahir Salomão – Secretário de Comunicação da PUC-MG

Ricardo Moretzon (Mediador) – Campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania” e Conselho Regional de Psicologia (CRP)

Entidades que compõem a Comissão Mineira Pró-Conferência Nacional de Comunicação – ABI-MG, Abraço-MG, Agenda 21-MG, Ajosp, AMI, Ética na TV, Casa Brasil, CRP-MG, CUT-MG, Fenaj, Fitert, FNDC-MG, GRES Cidade Jardim, Jornal Brasil de Fato-MG, Kolping, Mandato Dep. Almir Paraca, Mandato Dep. Carlin Moura, PCdoB-MG, PT-MG, Sind. Jornalistas- MG, Sintert-MG.

INSCRIÇÕES SEMINÁRIO PRÓ-CONFERÊNCIA BELO HORIZONTE

Inscrições abertas para o “Seminário Mineiro
Pró-Conferência Nacional de Comunicação”


Composta por 21 entidades, a Comissão Mineira Pró-Conferência Pró-Conferência Nacional de Comunicação irá realizar nos dias 12 e 13 de dezembro, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais o “Seminário Mineiro Pró-Conferência Nacional de Comunicação”.
As inscrições são gratuitas e podem ser feita pelo site http://proconferenciamg.wordpress.com/
ou pelos telefones (31) 3225-4011 e (31) 2138-6767.

O Seminário discutirá o marco regulatório da Comunicação no Brasil e a construção de políticas públicas para a Comunicação. As presenças de entidades, organizações e movimentos consolidarão, junto às autoridades e a outros segmentos da sociedade, a compreensão sobre a urgência da Conferência Nacional de Comunicação.. O Seminário é fundamental para o avanço em direção a esse objetivo.

É a primeira vez que a Conferência Nacional de Comunicação faz parte da agenda política brasileira. É preciso que a sociedade brasileira trabalhe pela realização da PRIMEIRA Conferência. Todos os cidadãos podem participar do Seminário em Minas, independente de ligação com o setor, afinal a Comunicação faz parte da vida de todos e a sociedade precisa estar atenta e agir.

A emergência em se definir políticas públicas de Comunicação para o Brasil só pode encontrar respostas em um amplo debate nacional. Sociedade civil, movimentos sociais, empresários e governo precisam estabelecer juntos as diretrizes dessa política. Este grande pacto nacional em favor de uma comunicação verdadeiramente democrática só é possível por meio de uma Conferência Nacional de Comunicação, convocada pelo Governo Federal, com etapas municipais, regionais e estaduais, nos moldes das outras 49 Conferências já realizadas pelo Governo Federal, desde 2003, mobilizando mais de quatro milhões de pessoas.

As conferências nacionais são conquistas da democracia brasileira, e têm sido eficientes como fórum amplo de reflexão e formulação de propostas. Desde 2003, 48 conferências nacionais foram realizadas em vários campos de atividade, com uma produção significativa de propostas para o poder público, o setor produtivo e a sociedade civil. Agora é hora de se pactuar a realização da I Conferência Nacional de Comunicação.

A Conferência deverá tratar a comunicação como um direito fundamental, refletindo sobre o papel da comunicação democrática na garantia da liberdade de expressão, da inclusão social, da diversidade cultural e religiosa, da participação social, regionalização da produção e da convergência tecnológica.

O Seminário Mineiro e as outras atividades ocorridas “Brasil afora” têm a clara intenção de propor um diálogo entre governo, movimentos sociais, empresários, trabalhadores do setor e sociedade civil, a fim de firmar um pacto coletivo pela realização da Conferência.

Histórico – No decorrer de 2008, o movimento em prol da 1ª Conferência Nacional de Comunicação construiu uma rede atuante em todo o País, tendo sido formadas várias comissões estaduais, entre elas a Mineira. Conferências e seminários estaduais já reuniram cerca de quatro mil de participantes em 14 Estados.

O debate sobre a democratização da comunicação é feito há décadas, mas as discussões em torno de um marco regulatório a ser discutido em uma Conferência Nacional começaram a tomar corpo durante o Encontro Nacional de Comunicação, ocorrido na Câmara dos Deputados, no auditório Nereu Ramos, no dia 21 de junho de 2007.

SEMINÁRIO MINEIRO PRÓ-CONFERÊNCIA NACIONAL DE COMUNICAÇÃO


COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA APROVA PROPOSTAS DE MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO DOS SERVIÇOS DE RADIODIFUSÃO

O relatório da subcomissão destinada a analisar os procedimentos de outorga e renovação dos serviços de radiodifusão da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados foi aprovado nesta quarta-feira, 03 de dezembro, pelo plenário na Comissão.

O documento contém propostas avançadas de democratização e garantia de maior transparência nos processos de concessões de rádio e TV, que eram alvo de intensas resistências por parte dos empresários de radiodifusão e dos parlamentares ligados a este setor.

O texto, elaborado pela deputada Maria do Carmo Lara (PT-MG), traz alterações concretas nos procedimentos de análise das outorgas, sugere mecanismos e iniciativas com vistas à melhoria das ações de fiscalização e recomenda mudanças legislativas em instrumentos que regulam a radiodifusão, sugerindo inclusive que sejam revistos dispositivos constitucionais.

O conjunto de iniciativas, alterações e medidas citadas no relatório reflete demandas de diversos setores da sociedade civil organizada, cuja penetração nas esferas de poder na área das comunicações tem sido, até hoje, muito pequena.

Segundo a presidente da subcomissão deputada Luiza Erundina (PSB-SP)“Foi muito importante a aprovação do relatório, mas ele só vai produzir efeitos a partir do encaminhamento concreto das suas recomendações". Passo importante nesta direção foi dado pela própria CCTCI, que aprovou também a manutenção da subcomissão exatamente para que esta monitore a aplicação das medidas contidas no relatório aprovado.

Pontos polêmicos
A sugestão de que os parlamentares aprovem uma Proposta de Emenda Constitucional que "expressamente proíba que parlamentares sejam proprietários, controladores, diretores ou gerentes de empresa de radiodifusão sonora e de sons e imagens", vedação também estendida a qualquer ocupante de cargo público. A relatora justifica a medida afirmando ser a propriedade e direção de emissoras por parlamentares incompatíveis "com a natureza do cargo político e o controle sobre concessões públicas, haja vista o notório conflito de interesses".

A revogação dos parágrafos 2o e 4o do Artigo 223 da Constituição. O primeiro estabelece que a não renovação de uma outorga de rádio ou TV ocorra somente com 2/5 dos congressistas negando a nova autorização em votação nominal. Esta previsão cria uma exigência que, na prática, assegura uma blindagem à possibilidade dos parlamentares vetarem a renovação de uma outorga. "Considerando que nem mesmo as leis ordinárias demandam quorum qualificado e votação nominal para aprovação, não há como justificar a preservação desse privilégio, que, ressalte-se, é garantido somente às concessionárias e permissionárias de rádio e televisão", argumenta a relatora.

Já o artigo 4o estipula que apenas o Poder Judiciário tem a prerrogativa de cancelar uma outorga de rádio e TV. Ao restringir a possibilidade de cassação das licenças, tal exigência dá estabilidade aos concessionários e cria certo clima de impunidade. A relatora recomenda a retirada deste dispositivo do capítulo Da Comunicação Social da Constituição Federal, por identificar nele um privilégio injustificável, não existente no caso de nenhum outro serviço público.

O documento também discute a regulamentação do artigo constitucional que proíbe a prática de monopólio e oligopólio. Segundo o relatório, a legislação atual é insuficiente porque estabelece limites apenas em relação ao número de emissoras que uma mesma pessoa física ou jurídica pode controlar. Maria do Carmo Lara defende a aprovação do Projeto de Lei 4.026/2004, do deputado Cláudio Magrão, que institui o critério do limite máximo de 50% de audiência para a caracterização de monopólio ou oligopólio.

Além das revisões e regulamentações constitucionais, o relatório da subcomissão propõe também um Projeto de Lei para modificar os critérios utilizados na análise de outorgas e renovações. Nas licitações para concessões de finalidade comercial, seria dado mais peso às propostas sobre "programas jornalísticos, educativos e informativos” e sobre “serviço noticioso".

Seriam exigidos, também, "percentuais mínimos de regionalização da produção cultural, artística e jornalística e de produção independente a serem cumpridos pela emissora vencedora". A valorização dos aspectos de programação na definição das concorrências por um canal implicaria em uma redução da importância dos critérios técnicos e de preço, quesitos que reforçam a predominância do elemento econômico na escolha dos concessionários nas licitações.

Em relação às permissões para rádios e TVs educativas, o PL prevê que este serviço seja explorado por órgãos da União Federal, Estados, Distrito Federal, Municípios e universidades brasileiras. Apenas onde não houver o interesse destes entes, seria permitida a outorga de uma autorização a fundações privadas, "desde que seja demonstrada vinculação da entidade com instituição de ensino".

O projeto também visa ampliar a participação da sociedade neste momento inicial na escolha dos operadores de canais de rádio e TV. Para isso, prevê a realização de consulta pública antes da abertura do processo de licitação para colher as expectativas da população.

O relatório também apresenta medidas de caráter imediato para o aperfeiçoamento dos procedimentos adotados pelo Ministério das Comunicações na análise das outorgas de radiodifusão. Ele reforça as sugestões já constantes em sua versão parcial, aprovada em julho de 2007, como a publicização dos dados sobre os processos e a fixação de prazos uniformes e razoáveis para cumprimento das exigências pelas emissoras. O texto aprovado agora também ressalta a obrigação das concessionárias manterem a regularidade fiscal durante todo o período da outorga e a necessidade de se agilizar a tramitação dos processos, com a redução da burocracia e a reabertura das delegacias regionais do Ministério das Comunicações.

Por fim, como na sua versão anterior, o relatório prevê a criação de mecanismos de controle social para avaliar periodicamente o cumprimento dos preceitos constitucionais e exigências legais referentes à exploração destes serviços.Em sua versão final, o relatório aprofunda duas indicações ao Minicom. A primeira delas visa melhorar o controle e a fiscalização da sociedade sobre os procedimentos. Para isso, deveria ser criada uma "estrutura administrativa descentralizada responsável pelo acompanhamento permanente da prestação dos serviços de radiodifusão, com a participação não somente de servidores do Ministério das Comunicações, mas também de entidades representativas da sociedade civil e das comunidades locais".

Além deste mecanismo, o texto recomenda "o estabelecimento de um canal multimídia no Poder Executivo para que o cidadão possa encaminhar denúncias de irregularidades na prestação dos serviços de rádio e televisão e apresentar sugestões para aperfeiçoamento da regulamentação, procedimentos e atividades pertinentes à radiodifusão comercial e comunitária".

As medidas não se limitam apenas a mudanças no sistema, mas em uma avaliação densa sobre como este funciona hoje. Para isso, a relatora sugere uma auditoria operacional no Ministério das Comunicações, na Presidência da República e na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre os procedimentos de análise de outorgas e renovações de concessões, permissões e autorizações. A iniciativa tem como objetivo verificar o cumprimento dos dispositivos legais e constitucionais, bem como as sanções decorrentes do seu desrespeito; avaliar a transparência, impessoalidade e eficiência do trâmite dos processos e analisar os procedimentos de verificação de denúncias. Esta auditoria seria feita de forma conjunta com o Tribunal de Contas da União.


Informações do Observatório do Direto ä comunicação.

Encontro preparatório PRÓ-CONFERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO

Aproximadamente 300 pessoas de 66 entidades lotaram um dos plenários de comissões da Câmara dos Deputados na terça-feira, 2 de dezembro para o Encontro Preparatório da Conferência Nacional de Comunicação.

Os participantes cobraram do governo federal a convocação urgente da conferência para sua realização em 2009 e a instalação de um Grupo de Trabalho com a participação de movimentos sociais, entidades da sociedade civil, empresários e poder público. O Grupo de Trabalho seria responsável pela definição do formato, metodologia, temário e organização do processo.

"A conferência é possível e necessária e precisa ser convocada pelo Executivo. Temos que sair daqui com uma data para instalar o Grupo de Trabalho apontando para a conferência no ano que vem. Esta será a grande novidade deste encontro", defendeu Celso Schröder, coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, que representou a Comissão Pró-Conferência na primeira mesa de debates do dia.

O consultor jurídico do Ministério das Comunicações, Marcelo Bechara, afirmou que a atual gestão da pasta quer ter a “honra de convocar esta conferência para que ela aconteça em 2009”. A convocação estaria, entretanto, condicionada ao preenchimento de requisitos como a previsão de recursos no orçamento e a disposição em construir um processo amplo, que chegue nas várias regiões e municípios do país.

O orçamento de 2008 já previa o valor de R$ 6 milhões para a realização da Conferência e a proposta defendida pela comissão previu, sempre, a realização de etapas locais e estaduais.

O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murilo de Andrade, sugeriu que o êxito do projeto esbarra em “discursos subterrâneos” dentro do governo federal e defendeu que a discussão sobre o mérito desta bandeira seja feita claramente.

“Quem tem medo da Conferência Nacional de Comunicação?”, questionou em tom desafiador às autoridades presentes Cristina Charão, do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

Para o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), o receio está naqueles que detêm posição privilegiada no atual status quo da área das comunicações. “Quem manda na comunicação define muita coisa na ação”, disse, em uma referência aos empresários do setor.

No entanto, as diversas manifestações favoráveis à realização da conferência por parte de representantes de associações empresariais de serviços como telefonia fixa, radiodifusão e televisão por assinatura feitas no evento reforçaram que o foco da resistência está no Executivo Federal.

Propostas
Ao final do evendo foi aprovada uma carta contendo propostas de formato, objetivos, temas e cronograma para a conferência.
O texto defende o dia 31 deste mês como prazo para a publicação do Decreto Presidencial convocando a conferência e da Portaria do Ministério das Comunicações instalando o Grupo de Trabalho.

O GT, acrescenta o documento, deveria ter perfil colegiado, sendo “assegurada a participação de representantes do poder público e da sociedade civil, profissionais, empresários, movimentos e entidades sociais, designados pelos respectivos setores”. Ele teria como funções “definir a metodologia, a estrutura, a organização, o calendário e os temas da conferência, firmando-os em um Regimento Interno, e coordenar a conferência até sua etapa nacional”.Ainda segundo a proposta aprovada no encontro de ontem, o governo federal deveria criar também uma comissão operacional do evento, responsável pelo encaminhamento das deliberações do grupo até a realização da etapa nacional.

O texto sugere ainda que as etapas municipais ou regionais aconteçam até maio de 2009as estaduais entre junho e agosto e a nacional nos dias 3, 4 e 5 de novembro do mesmo ano em Brasília.
O documento lista também um conjunto de objetivos que deveria nortear o processo:
1- identificar os principais desafios relativos ao setor da comunicação no Brasil;
2- fazer um balanço das ações do poder público na área;
3- propor diretrizes para um novo marco regulatório e para as políticas públicas de comunicação;
4- apontar prioridades de ações governamentais dentro destas diretrizes; e
5- referenciar políticas públicas, planos e projetos de organizações da sociedade civil, de empresas, instituições de ensino e pesquisa e de profissionais atuantes em comunicação nas suas diversas formas.

" Em relação ao temário, o documento defende que os debates sejam pautados por princípios como a compreensão da comunicação como um direito humano, especialmente no que incide sobre a liberdade de expressão, a diversidade de gênero, étnico-racial, sexual, cultural e religiosa, a convergência tecnológica e a regionalização da produção. E sugere que as discussões sejam organizadas ao menos nos grandes temas "meios de comunicação", "cadeia produtiva" e "sistemas de comunicação".

A Carta Final do Encontro Preparatório da Conferência Nacional de Comunicações será protocolada no Ministério das Comunicações, endereçada ao ministro Hélio Costa e aos demais dirigentes da pasta.
Os presidentes das Comissões de Ciência e Tecnologia (CCTCI), de Legislação Participativa (CLP) e de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, junto às demais entidades da Comissão Pró-Conferência, irão solicitar uma audiência com o ministro para receber uma posição de Costa a respeito das propostas apresentadas.

Cobertura da tragédia na TV foi um desastre!

* Antonio Brasil

Se você acha que jornalismo na TV é show de imagens, profusão de lágrimas e excesso de perguntas ridículas então a cobertura das enchentes em Santa Catarina pela TV foi um sucesso.

Mas se você acredita que jornalismo de verdade, mesmo na TV, deveria investigar o que realmente aconteceu, a extensão e causas da tragédia, então a cobertura em Santa Catarina foi um... desastre.

Um fantástico show de pieguices, redundâncias e improvisações com pouquíssimas informações, nenhuma investigação e ainda menos contextualização.

Jornalismo na TV ou em qualquer lugar tem que ter boas imagens e emoção.
Nada contra. Mas também tem que ter o mínimo de conteúdo. Afinal, telejornalismo é prestação de serviço obrigatório em concessão pública.

No entanto, o que fica evidente é que para as nossas redes de TV "tragédia" significa antes de tudo "oportunidade" para aumentar a audiência e investir na própria imagem.

E dá-lhe excesso de matérias que dizem pouco e não explicam nada. O verdadeiro objetivo é comover o público e ajudar a inverter a longa tendência de queda de audiência dos telejornais.

Além da pieguice da cobertura, surge uma tremenda oportunidade comercial para essas emissoras: campanhas autopromocionais de ajuda duvidosa às vítimas das tragédias, mas que fortalecem a imagem e os interesses das emissoras.

Campanhas filantrópicas?
Este domingo, o show de pieguices na TV ultrapassou todos os limites do bom senso.
Foi um excesso de lágrimas e pouquíssimas cobranças. Confesso que em muitos anos de TV não havia visto tanta bobagem e tão pouca informação em uma tragédia tão recorrente e previsível. Pobre Santa Catarina!

Já em 1984 cobria enchentes no Vale do Itajaí para agências internacionais de notícias. Repeti a dose diversas vezes. Pelo jeito, nada mudou. A pergunta dos meus editores continua relevante: por que vocês não fazem alguma coisa para evitar as próximas enchentes?

Mas pelo jeito, parece que esse tipo de pergunta não é importante. Pelo menos, não para a nossa TV. Frente às lágrimas dos sobreviventes, cidades alagadas e muitas casas destruídas, o jornalismo de verdade, pelo menos na TV, não tem vez.

Diretores na rua
Neste último domingo, teve de "quase" tudo na cobertura da tragédia em Santa Catarina pelas nossas TVs.

Na Record, a campanha "Reconstruindo Santa Catarina" ou seria "Reconstruindo a Record", ficou parecendo muito com o famigerado formato dos programas evangélicos da emissora.

Artistas e apresentadores foram convidados a fazer figuração ao vivo no lançamento da campanha. Uma das cenas mais patéticas da nossa TV. Todos em pé no fundo do palco, cada um ao lado do outro, sem saber bem muito bem o que dizer ou fazer. A improvisação e o constrangimento eram evidentes.

Enquanto isso, o mestre de cerimônia do programa, o repórter Brito Júnior, a todo instante fazia questão de elogiar a iniciativa da rede Record: arrecadar fundos para reconstruir casas em Santa Catarina.

Ele também aproveitava a ocasião para destacar a qualidade das reportagens dos colegas de emissora. Um show de matérias lacrimogêneas que não diziam muito, mas que conseguiam seu principal objetivo: emocionar o público e garantir doações e fortalecer a imagem da emissora.

Mas o ponto alto da cobertura foram os diretores da emissora caminhando pelas ruas devastadas de Blumenau. Todos vestindo ternos escuros, "men in black", homens de preto ou seriam pastores evangélicos, ouvindo as reclamações dos moradores, se reunindo com os políticos locais e garantindo ao público soluções milagrosas.

Sinceramente, foi algo inusitado na TV brasileira. Não me lembro jamais de ver diretores de emissoras de TV fazendo esse papel. Sinal dos tempos ou de desespero. Ainda não estou certo.

Doação de salários
A Record fez questão de mobilizar seus melhores jornalistas para entrevistar ou "levantar a bola" para seus próprios diretores em pleno cenário da tragédia catarinense.

Isso certamente demonstra que não há mais limites para as nossas TVs. Por um punhado de Ibopes, fazemos qualquer negócio.

Mas o momento mais singular ou patético foi a declaração ou "cobrança" ao vivo do repórter Brito Junior aos apresentadores da emissora presentes no palco da campanha.

Ele se dirige ao público telespectador para informar que naquele momento todos os apresentadores da Record teriam decidido dar o exemplo e abrir mão de dez, vinte, trinta ou até mesmo cem por cento de seus salários para ajudar as vitimas das enchentes em Santa Catarina. Corte rápido para a cara de surpresa do jornalista Paulo Henrique Amorim. Valeu a pena ter assistido a tantas bobagens para testemunhar esse momento de solidariedade surpreendente ou "forçada". Acho que o PHA não entendeu muito bem ou não gostou da brincadeira. Tanto faz!

Mas teve mais. O mesmo Paulo Henrique Amorim não perderia a oportunidade para promover o jornalismo solidário: "Não é porque a reportagem é minha, mas eu gostaria de chamar atenção dos telespectadores".

Corte rápido para mais comerciais e mais doações.

Artistas ao vivo e "ouro" para o Brasil
No outro extremo, a TV Cultura de São Paulo também embarcou na cobertura e na promoção da tragédia com campanhas de ajuda. Meio às pressas, organizou show ao vivo diretamente do auditório do Ibirapuera com muitos artistas, em sua maioria grandes desconhecidos. Foi outro show de pieguice e improvisação na TV.

Vários apresentadores da emissora compareceram ao palco improvisado e obviamente não sabiam o que dizer ou fazer. Não foi boa televisão, mas acho que valeu a intenção. Pelo menos, não prometeram doar os salários dos funcionários da emissora.

Aqui entre nós, tenho minhas dúvidas sobre a eficácia dessas campanhas filantrópicas na TV. Fazem grandes promoções, enormes promessas e dificilmente divulgam seus resultados.

TV é muito boa para mobilizar o público. Mas odeia prestar contas de seus atos ou de suas campanhas.

E como recordar é viver, seria bom lembrar uma das primeiras campanhas na TV: Ouro para o bem do Brasil. Lembram? Foi nos primeiros anos da ditadura.Assisti ao vivo pela TV. Milhares de brasileiros foram aos postos de arrecadação das Associadas levando suas alianças de ouro com o objetivo de salvar o Brasil da falência. Pobres brasileiros. Já naquela época, a TV mostrava sua força e sua farsa.

O Brasil continuou o mesmo. O ouro para o bem do país provavelmente sumiu. E a nossa TV jamais prestou contas do dinheiro arrecadado com tanta boa vontade.

Então, por que não promover um novo show ao vivo com artistas conhecidos e desconhecidos para demonstrar ao público como foi gasto todo o dinheiro arrecadado para as vítimas de Santa Catarina?

Pode não dar bom Ibope, mas garantiria mais transparência, honestidade e engajamento do público em futuras campanhas. Foi só uma sugestão.

Jornalistas bombeiros e pára-quedistas!
Afinal, o desastre de Santa Catarina sempre foi "previsível" – eu mesmo já cobri várias outras inundações no Vale do Itajaí – e outros desastres com certeza virão.

Em vez de investir em campanhas de solidariedade, talvez devêssemos investir no treinamento de profissionais para cobrir desastres e fazer um jornalismo de TV melhor. Um jornalismo que busque as causas dos desastres e que exija medidas concretas para evitá-los no futuro. Pode não dar tanto Ibope, mas pode salvar muitas vidas.

Nunca entendi por que as emissoras de TV não investem em treinamento para a cobertura de desastres. Não sabemos quando, mas eles sempre acontecem. E eles são muito importantes para a cobertura jornalística. Não podemos viver eternamente acreditando em improvisações, amadorismos ou jeitinhos de última hora. Se bombeiros fossem jornalistas, todos os incêndios ou inundações também seriam um desastre. Bombeiros ou profissionais que vivem de tragédias se preparam para as surpresas da natureza, das irresponsabilidades políticas ou da crescente especulação imobiliária.

Tragédias ou desastres são o grande momento de qualquer tipo de jornalismo.Ainda mais na TV. Não podem ser previstos ou planejados, mas a cobertura dessas tragédias pode ser preparada, equipes podem ser treinadas e os resultados finais podem ser avaliados. Temos que aprender a cometer erros novos.

No Fantástico, a cobertura não foi muito diferente das competidoras. Muitas lágrimas, imagens dramáticas, pés na lama e pouquíssimas informações relevantes.

Mas o mais "patético" foi levar a bela apresentadora do Fantástico, Patrícia Poeta, para os confins do desastre catarinense. Pobre apresentadora. A falta de jeito e experiência era evidente. Afinal, não se faz um repórter de verdade, que cubra tragédias de uma hora para outra. Além disso, a beleza e a fama muitas vezes atrapalham. Bom jornalismo não se improvisa.

Também considero essa prática jornalística um certo desrespeito com os profissionais mais dedicados, experientes, porém menos famosos. Eles ficam "ralando" durante dias para garantir uma boa cobertura, e nos grandes momentos, nas principais reportagens, nas melhores chamadas são substituídos pelos jornalistas ou apresentadores pára-quedistas. Triste vida do repórter de verdade.

Pois o ponto alto da cobertura da tragédia em Santa Catarina no Fantástico deste domingo, com direito à chamada retumbante na Internet foi: "Patrícia Poeta passa madrugada em abrigo em Ilhota(SC)". Pasmem! Ver aqui.

Destaque para algumas das melhores e mais relevantes perguntas da toda a cobertura de TV da tragédia em Santa Catarina: Patrícia Poeta: Qual vai ser o dia mais triste, o momento mais triste que você vai lembrar?

Impressionante. Mas não foi só isso. Teve mais.

Na penumbra do abrigo, altas horas, a apresentadora do Fantástico ainda esbanjava elegância e beleza com seus cabelos longos, soltos, bem cuidados e penteados e com muita, muita maquiagem no rosto. Ela estava bem preparada para enfrentar as agruras de uma longa noite no abrigo. Ao fundo, mulher sentada com ar de tristeza e resignação aguardava o desastre. Cenário perfeito para a pergunta definitiva:

Patrícia Poeta: Simone, você está na fila do banheiro?

Corte rápido para os comerciais e para mais pedidos de doações.

* Jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey.

Publicado no site Comunique-se em 01/12/2008

Publicado no site da FENAJ em 08/12/2008http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=2393