Snowden conseguiu refúgio na Rússia, onde os EUA não podem alcançá-lo, enquanto Assange permanece em Londres
Asilados
em países com os quais os EUA mantêm relações diplomáticas, mas não
podem interferir no sistema jurídico ou político para exigir que sejam
presos, o ex-espião norte-americano Edward Snowden e o editor do site
WikiLeaks, Julian Assange, seguem na missão de expor, publicamente,
novas falhas na espionagem de agências governamentais. Para
Assange, provocar a debilitação do serviço de inteligência dos Estados
Unidos foi uma grande vitória para as denúncias do portal que vazou
documentos diplomáticos sensíveis que mostravam articulações
controversas. A declaração foi citada pela emissora persa HispanTV, nesta segunda-feira.
– Se um pequeno editor é
capaz de acertar um golpe contra o Pentágono (o Departamento de Defesa
norte-americano), então fortes grupos políticos, de diferentes países,
não deveriam ter motivos para temer os Estados Unidos como tinham antes.
Se os Estados criam as suas agências de inteligência para controlar as
pessoas, elas também têm direito de fazer o mesmo – enfatizou Assange,
em entrevista ao diário esloveno Delo.
Segundo Assange, apesar do
grande orçamento e dos recursos tecnológicos com os que contam as
agências de inteligência dos Estados Unidos, existem evidências
concretas sobre a incompetência deste sistema. Para o jornalista
australiano, os funcionários dos centros de inteligência e vigilância
“não são, em absoluto, como James Bond”, e sua maioria é composta por
“empregados de escritório que sonham com as suas próximas férias”.
Assange comparou esses
órgãos governamentais a “insetos sórdidos e repulsivos que começam a
correr de pânico quando levantam a pedra sob a qual se escondiam da luz
do dia”, e disse que a prosperidade dos seus funcionários só é alcançada
na sombra. Em referencia à sua decisão de candidatar-se ao Parlamento
da Austrália, fracassada por não conseguir votos suficientes nas
eleições do passado 7 de Setembro, Assange destacou que deve aparecer no
Senado como “um espião e trabalhar pelo bem das pessoas.”
Assange está asilado na
Embaixada do Equador no Reino Unido, para evitar a extradição à Suécia,
sob a acusação de delitos sexuais que nega veementemente, e
possivelmente aos Estados Unidos, onde pode enfrentar julgamento por espionagem e ser imputado com graves penas, inclusive a de morte.
Novos limites
Enquanto
Assange conversava com jornalistas, em Londres, oito gigantes
norte-americanas da Internet se uniram em uma campanha por novos limites
sobre como os governos coletam informações de usuários, em reação às
preocupações acerca da crescente vigilância eletrônica, nesta manhã. As
companhias – Google, Microsoft, Apple, Facebook, Twitter, LinkedIn,
Yahoo e AOL – divulgaram uma carta aberta ao presidente dos EUA, Barack
Obama, e ao Congresso norte-americano pedindo que promovam reformas e
restrições a atividades de vigilância.
Documentos vazados pelo
ex-técnico de inteligência Edward Snowden revelaram que a Agência de
Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) invadiu e
provavelmente teve algumas dessas companhia como alvo de espionagem,
o que levou Microsoft, Google e Yahoo a aumentar a criptografia de seus
dados. Na carta, as companhias dizem compreender a necessidade dos
governos protegerem a segurança de seus cidadãos, mas acreditam que as
leis e práticas atuais precisam de reformas.
“A segurança dos dados de
usuários é crítica, razão pela qual nós investimos tanto em criptografia
e lutamos por transparência acerca de solicitações por informações pelo
governo”, diz um trecho da carta replicado pelo presidente-executivo do
Google, Larry Page, em sua página na Internet. ”Isso é afetado pela
aparente coleta de dados no atacado, de maneira secreta e sem supervisão
independente, conduzidas por muitos governos ao redor do mundo. É tempo
de uma reforma e pedimos ao governo dos EUA que lidere este caminho”.
Em uma medida para acalmar
usuários insatisfeitos, a Microsoft afirmou na semana passada que vai
contestar judicialmente qualquer tentativa por parte de agências de
inteligência dos EUA de acessar dados de clientes empresariais
estrangeiros sob o julgo de leis de vigilância dos EUA.
Publicado em: http://correiodobrasil.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário