segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

“The Post”


Em um mundo virtual infestado de notícias falsas, as "fake news", é cada vez mais importante refletir sobre o verdadeiro jornalismo, conteúdo de qualidade, informativo — o jornalismo como prestação de serviço aos cidadãos.

É aí que “The Post” pode ensinar algo a todos nós.

Baseado em fatos reais, o filme "The Post" traz Meryl Strep e Tom Hanks contando a história do vazamento dos papéis do Pentágono sobre a Guerra do Vietnã no jornal The Washington Post. Dirigido por Steven Spielberg, o filme é uma excelente aula de jornalismo em tempos de notícias "mentirosas".

O filme conta a história real de como The Washington Post arriscou tudo em 1971 ao publicar documentos ultrassecretos que escancararam à opinião pública americana como o governo lhes mentia escandalosamente há décadas sobre o conflito no Vietnã. O que só foi possível graças ao profissionalismo do redator Ben Bradlee (Tom Hanks) e pela coragem da publisher Katharine Graham (Meryl Streep).

Confira o trailer oficial:



Um grande trabalho de reportagem, uma luta contra a própria diretoria do jornal, o qual poderia ter falido, além da possibilidade de prisão dos jornalistas que faziam a sua obrigação em busca da verdade dos fatos. Uma história de coragem que mostrou as mentiras do governo Nixon e da Guerra do Vietnã ao mundo.

Quem tem coragem para isso atualmente?

Mais do que nunca precisamos de noticiários de alta qualidade.

Que imprensa é essa? A quem ela serve? É só ver os anúncios publicitários, não é? Ela é paga pelo sistema financeiro. Nos locais mais escondidos do "nosso" Brasil ela tem como donos, geralmente, grupos políticos/econômicos. E o que temos a ver com isso?

Nas redes, no mínimo temos a obrigação de não compartilhar notícias falsas, além de lutar pela televisão pública, já que 105 milhões de brasileiros não têm internet, mas possuem Tv em casa, segundo dados de 2016.


Porque nós cidadãos nunca nos lembramos que a televisão, é uma concessão pública, que deve nos servir, como cidadãos, com uma programação, segundo artigo 221, inciso I, que dê preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, e se transformou em uma fábrica de criação de mitos, sejam artistas ou políticos, mostrando em seus telejornais somente o que lhes interessa.

Sim, precisamos de mais Ben Bradlees e de mais Kat Grahams.

Quanto a nós, precisamos parar de acreditar em notícias só por estarem nos noticiários de Tv e parar para pensar a quem interessa aquela versão, enquanto não lutamos para ter de volta o nossos canais PÚBLICOS, sem interferência de governo de plantão, gerido pela própria sociedade através de conselhos como manda nossa constituição.

É uma obrigação não só de nós jornalistas, mas de toda a sociedade que quer informação de qualidade e de interesse público. Só assim podemos pensar em um Brasil melhor para nossos netos.


Taís Ferreira é jornalista, fotógrafa, blogueira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário