por TT Catalão
Precisamos estetizar a política e criar narrativas simbólicas em aliança com os índices técnicos quando se trata da Cultura. O cortejo da Re-Proclamação da República pela Cultura trabalha sobre o reafirmar valores republicanos em rima rica com magnífica diversidade cultural brasileira e suas inúmeras linguagens em todo o território nacional.
Precisamos estetizar a política e criar narrativas simbólicas em aliança com os índices técnicos quando se trata da Cultura. O cortejo da Re-Proclamação da República pela Cultura trabalha sobre o reafirmar valores republicanos em rima rica com magnífica diversidade cultural brasileira e suas inúmeras linguagens em todo o território nacional.
A oportunidade surge com a data de encerramento do Terceiro Encontro Nacional dos Pontos de Cultura – a Teia, no dia 15 de novembro. Uma data cívica, realmente nacional, em Brasília, sempre ficou no calendário com o 21 de abril, sua inauguração, e o 7 de setembro. Faltava relacionar o 15 de novembro no sentido republicano mais amplo, como um projeto de construção permanente que nos mobiliza em direção à desejada sociedade justa e solidária traduzida em participação democrática e direitos culturais da arte aliada da cidadania.
Na árdua tarefa de eliminação dos abismos entre brasis, governos e sociedade se articulam. E é a gestão cultural que tem se revelado a melhor síntese dessa federal identidade: nos governos, a nova marca pela ampla política de editais que amplia a participação e o zelo com recursos públicos; na sociedade, o aperfeiçoamento de canais de participação e maior rigor no acompanhamento de bens e serviços públicos.
Brasília é nesse sentido a encruzilhada das contradições nacionais, o próprio Exu Monumental. Está, exatamente, no entroncamento das asas (desejo) e o eixo (base e fio terra) do Plano de Lúcio Costa. A Teia acontece na Rodoviária da cidade como rede e redemoinho de radiações e enredo dos novos atores da Cultura brasileira. Ali se instalam tendas, mostras, shows e debates, dali partem nossos desejos e bases para uma Cultura em Movimento permanente como eixo das mudanças no Brasil.
No espaço livre da Teia, de onde parte o cortejo, a Brasília local e a nacional se encontram. É assim que a cidade (no Planalto Central) se faz o próprio ponto das contradições nacionais. Algo que se instala no coletivo e no indivíduo.
Reproclamar e reinstaurar o sentido republicano em repúdio ao controle dos mercados que nos querem consumidores de produtos carimbados pela mesmice fragmentada do "um para cada segmento".
Reproclamar quando a expressão estética, a liberdade de opinião e a manifestação libertária da consciência repercutem na afirmação (proclamação do desejo) de uma nova configuração republicana do Brasil (eixo pelo projeto comum de nação).
A Cultura traduz essa pluralidade que nos faz singular. A soma que nos faz únicos. Iguais na diferença, não no sentido da identificação padronizada em uma só referência, mas na identidade dos muitos que se realizam enquanto se misturam nessa construção permanente e, comprometidamente, republicana.
Clamar contra a exclusão pelo despejo, reclamar pelo direito ao desejo, reproclamar pela necessidade vital de não ser objeto, mas sujeito de si e no relacionamento com outro e com o meio: para inventar, pela cultura, o outro lado de quem faz e é a própria história.
TT Catalão é poeta e jornalista.
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