sexta-feira, 18 de setembro de 2009

NOVAS TECNOLOGIAS E O NOVO PAPEL DO JORNALISTA NAS ASSESSORIAS DE COMUNICAÇÃO

Tese proposta para o ENJAC MINAS 2009
Proponente: Taís T Ferreira

taisttf@yahoo.com.br
Belo Horizonte, 31 de agosto de 2009


A internet cresceu muito rapidamente no Brasil. Já são 48 milhões de brasileiros conectados, segundo dados de pesquisa realizada em 2008 pelo comitê Gestor de Internet no Brasil (CETIC). Vivemos um período de profundas transformações que implicam em mudanças estruturais e regulatórias nas comunicações. Dessas transformações nasce um novo perfil de jornalistas e novas formas de jornalismo.

É a oportunidade de evoluirmos para exercícios mais instigantes do jornalismo, aproveitando ferramentas digitais e desenvolvendo formas colaborativas de produção cultural e consolidação da cidadania, através do trabalho em redes compartilhadas, fóruns de discussão, twitter, chat. Outro jornalismo é possível.

Os jornalistas em assessorias passaram a exercer atividades multimídias utilizando recursos do jornal, da televisão, rádio e internet, desenvolvendo um processo de comunicação integrada, mas é necessário explorar mais as possibilidades da rede e aproveitar com eficiência suas ferramentas. A informação online – de todo tipo – estará cada vez mais disponível. É preciso estar atento às mudanças. Jornalismo on line, webjornalismo, jornalismo eletrônico, jornalismo digital, Web rádio, web TV, blog, twiter, site.

No quadro atual, mais do que nunca precisamos de jornalistas com a perspectiva da responsabilidade social da sua profissão para a seleção de informações significativas e organização eficiente. Como bem observa o intelectual francês Dominique Wolton, quanto mais há informação, comentários e opiniões, mais indispensável é a função do jornalista, do campo do jornalismo, como mediador para selecionar, organizar e hierarquizar a informação.

Diante das novas tecnologias, temos pela frente novos desafios sobre os modos de fazer jornalismo. Se as fronteiras entre o campo jornalístico e outras formas de expressão e comunicação se estreitam, isso exige uma reflexão crítica e profunda sobre o jornalismo hoje.

Não é necessário abandonar a mídia convencional para ser multimídia. Independente da tecnologia, o objetivo da assessoria de imprensa é o relacionamento adequado e informação útil e fidedigna. Transparência, valorização de aspectos positivos, clareza, comunicação e responsabilidade social.

Katherine Fulton (2000) defende “O jornalismo e os jornalistas não vão desaparecer. Como fornecedores de significado e contexto entre todo ruído, eles podem tornar-se mais essenciais do que nunca. Eles terão novas funções, tais como facilitar boas conversações on-line, organizar arquivos e agregar e reformular informação recolhida através de muitas fontes”. Na era da comunicação digital, as características mais valorizadas dos meios do futuro serão a sua credibilidade e os seus laços com as comunidades que servem. O jornalista torna-se, assim, indispensável para dar credibilidade ao meio. Jornalistas que ajudem a distinguir notícias e opiniões confiáveis de rumores e propaganda que abarrotam a internet.

As redes sociaisAs redes sociais já desempenham papel mais importante que o acesso a emails no cenário da internet mundial. Em média, enquanto 65,1% dos usuários mundiais de internet acessam emails, 66,8% acessam redes sociais. "E o Brasil é o líder absoluto em redes sociais, com 85% de seus internautas que acessam pelo menos uma rede social" e nesta mesma proporção lêem blogs regularmente.

As “redes sociais virtuais” - sites de relacionamento que reúnem internautas com os mesmos interesses -, junto aos fotologs, videologs, listas de discussão, chats, blogs, videoconferências e programas de mensagens instantâneas, demonstram que a internet abriu espaços a milhões de vozes que agora encontram possibilidades de difusão incríveis.

A world wide web é uma teia gigantesca que conecta o global e o local em um tempo-espaço não-linear e instantâneo. Na cobertura de eventos ao vivo, a instantaneidade da transmissão, a abrangência global, a rapidez e o barateamento dos custos. A audiência se dá por compartilhamento.

Transparência, motivação e colaboração são elementos essências para a boa utilização de ferramentas nas redes sociais. Os caminhos do jornalismo apontam, então, para os interessados: os leitores, telespectadores, ou seja, o cidadão.
A tendência é a contextualização, análise e organização de conteúdos, inclusive os jornalísticos, em sites e blogs. Englobam textos, imagens – fixas e em movimento – e som, com conteúdos organizados por temas e as tecnologias que possibilitam processar e organizar.

As redes são uma realidade. Participar das mídias sociais significa falar com milhões de consumidores sobre sua empresa e exige monitoramento constante. É necessário planejamento de comunicação, disciplina, definição de público e plataforma a ser utilizada.

Uma nova ética profissional que leve em conta as complexidades contemporâneas talvez se constitua em um dos principais desafios do campo das Comunicações nos próximos anos.

"É a idéia de trabalhar para a comunidade, não para o comércio, não para si próprio, mas primariamente para o público, que precisa ser ensinada. A Escola de Jornalismo é para ser, em minha concepção, não somente não-comercial, mas anticomercial". ("The College of Journalism", North American Review, cit. por J. Scheuer in The Big Picture, 2008)

Talvez seja tempo de pensar menos na ameaça à liberdade de imprensa, e, pensar mais na responsabilidade social daqueles que escolheram a mídia como atividade profissional e empresarial, diz Venício Lima, citando o relatório da Hutchins Commission, publicado pela primeira vez em 1947, resumindo as exigências que os meios de comunicação teriam de cumprir em cinco pontos:

1. Propiciar relatos fiéis e exatos, separando notícias (reportagens objetivas) das opiniões (que deveriam ser restritas às páginas de opinião);
2. Servir como fórum para intercâmbio de comentários e críticas, dando espaço para que pontos de vista contrários sejam publicados;
3. Retratar a imagem dos vários grupos com exatidão, registrando uma imagem representativa da sociedade, sem perpetuar os estereótipos;
4. Apresentar e clarificar os objetivos e valores da sociedade, assumindo um papel educativo; e, por fim,
5. Distribuir amplamente o maior número de informações possíveis.

Esses cinco pontos se tornariam a origem dos critérios profissionais do chamado "bom jornalismo" - objetividade, exatidão, isenção, diversidade de opiniões, interesse público - adotado nos Estados Unidos e presente nos Manuais de Redação de boa parte dos jornais nas democracias liberais.

Cabe aos jornalistas brasileiros e suas organizações de classe:

• Atuar na Conferência Nacional de Comunicação para a exigência de ouvidorias ou ombudsman nos grupos de mídia brasileiros e para a criação de observatórios de mídia para garantir sua manutenção.
• Atuar na Confecom para a regulamentação do controle público da infra-estrutura da rede de internet.
• Lutar pelo Conselho Federal de Jornalistas e pela regulamentação da profissão.
• Refletir e informar a sociedade sobre a responsabilidade social da mídia como atividade profissional e empresarial.
• Realizar cursos de capacitação em jornalismo on-line e suas ferramentas.
• Criar grupos para refletir e fazer uma leitura crítica da mídia.
• Divulgar e debater o código de ética dos jornalistas brasileiros.
• Lutar para que as empresas de comunicação respeitem o código de ética.
• Lutar pelo direito ágil de resposta na mídia brasileira.
Implementar campanha específica de sindicalização em Assessorias.
• Implementar campanha de conscientização sobre a importância da contratação de jornalistas profissionais nas diversas funções possibilitadas pelas novas tecnologias dentro das Assessorias (web rádio, web tv, sites, blogs, twiter)

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