Intervozes promove debate e lança cartilha sobre fake news e desinformação
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Nos últimos anos, a expressão fake news se popularizou mundialmente e o seu
impacto na política e na vida social passou a mobilizar esforços em
diversos pa...
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
João Pedro Stédile, líder do MST, critica governo Dilma: "ela está mal-assessorada"
O MST faz em todo o país desde o início do mês protestos contra a lentidão nos processos de assentamento de famílias de agricultores. Segundo os últimos dados disponíveis do Incra, o governo assentou 11 mil famílias, 30% da meta estabelecida para esse ano. Heródoto Barbeiro recebeu o líder do MST, João Pedro Stédile, para comentar a situação.
Em conversa com Heródoto Barbeiro, João Pedro Stédile afirmou que a medida incorporaria um potencial de mão de obra para produzir riqueza e progredir na sociedade brasileira.
sábado, 17 de novembro de 2012
Eduardo Galeano
Celebrado escritor uruguaio realizou a conferência de
encerramento do congresso do Conselho Latino-americano de Ciências
Sociais (Clacso), realizado na capital mexicana, em que tratou do tema
“Os direitos dos trabalhadores: um tema para arqueólogos?”. Em sua fala,
Galeano demonstrou como esses direitos são resultado de uma árdua luta
com 200 anos de história, mas têm sido cada vez mais violados por
governos e grandes corporações. Marcel Gomes
Publicado em: http://www.cartamaior.com.br
Cidade do México – O escritor uruguaio Eduardo Galeano encerrou na noite de sexta-feira (9) o congresso do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), realizado na capital mexicana, com uma concorrida conferência pautada em um tema caro para os cientistas sociais: a decadência do mundo do trabalho.
Intitulada “Os direitos dos trabalhadores: um tema para arqueólogos?”, a intervenção de Galeano, assistida por ao menos mil pessoas, que lotaram auditório e salas anexas do hotel onde acontecia o congresso, foi construída como um “mosaico” de histórias essenciais sobre os “200 anos de lutas dos trabalhadores do mundo”.
A maior parte delas está disponível no último livro do escritor, “Os filhos dos dias", lançado neste ano no Brasil. Galeano tratou, por exemplo, da greve operária de Chicago em primeiro de maio de 1886, violentamente reprimida pelas forças de segurança. A data tornou-se o Dia do Trabalho em muitos países, mas não nos Estados Unidos.
“Há sete ou oito anos estive em Chicago e pedi aos amigos que me receberam que me levassem onde aconteceram os protestos. Mas me surpreendi porque eles não conheciam a história”, disse ele. “Só recentemente recebi uma carta deles contanto que tinha acabado de haver uma manifestação na cidade, para lembrar as greves daquela época”, completou.
O escritor, de 72 anos e mundialmente conhecido pela obra "As veias abertas da América Latina", também lembrou o médico italiano Bernardino Ramazzini (1633-1714), precursor da medicina do trabalho. Segundo o uruguaio, o médico natural de Pádua escreveu o primeiro tratado do gênero, vinculando tipos de ocupações laborais com enfermidades específicas.
“Mas ele também escreveu que pouco poderia ser feito com as condições de vida daquelas pessoas, que comiam mal e trabalhavam de sol a sol”, afirmou. Ainda sobre a dureza do trabalho, Galeano lembrou que em 1998 a França reduziu a jornada a 35 horas por semana, mas a medida já foi desfeita.
“Era o sonho de Thomas Morus. Para que servem as máquinas, senão para ampliar nossos espaços de liberdade? Mas acabou em apenas 10 anos. Para o trabalhador, restou desemprego e angústia”, disse o uruguaio, lembrando a crise financeira global iniciada em 2008.
Galeano ainda citou o pouco interesse dos países e grandes empresas pelos 189 acordos e convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), dos quais só 14 foram ratificados pelos Estados Unidos.
“Justamente o país em que o primeiro de maio não é celebrado”, destacou. Ao encerrar sua participação, Galeano contou a história de Maruja, trabalhadora doméstica e moradora de Lima, no Peru, também disponível em seu último livro. É esta que segue:
"Marzo, 30, Día del servicio doméstico"
"Maruja no tenía edad.
De sus años de antes, nada contaba. De sus años de después, nada esperaba.
No era linda, ni fea, ni más o menos.
Caminaba arrastrando los pies, empuñando el plumero, o la escoba, o el cucharón.
Despierta, hundía la cabeza entre los hombros.
Dormida, hundía la cabeza entre las rodillas.
Cuando le hablaban, miraba el suelo, como quien cuenta hormigas.
Había trabajado en casas ajenas desde que tenía memoria.
Nunca había salido de la ciudad de Lima.
Mucho trajinó, de casa en casa, y en ninguna se hallaba. Por fin, encontró un lugar donde fue tratada como si fuera persona.
A los pocos días, se fue.
Se estaba encariñando."
* Viagem realizada a convite do Clacso
Publicado em: http://www.cartamaior.com.br
Cidade do México – O escritor uruguaio Eduardo Galeano encerrou na noite de sexta-feira (9) o congresso do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), realizado na capital mexicana, com uma concorrida conferência pautada em um tema caro para os cientistas sociais: a decadência do mundo do trabalho.
Intitulada “Os direitos dos trabalhadores: um tema para arqueólogos?”, a intervenção de Galeano, assistida por ao menos mil pessoas, que lotaram auditório e salas anexas do hotel onde acontecia o congresso, foi construída como um “mosaico” de histórias essenciais sobre os “200 anos de lutas dos trabalhadores do mundo”.
A maior parte delas está disponível no último livro do escritor, “Os filhos dos dias", lançado neste ano no Brasil. Galeano tratou, por exemplo, da greve operária de Chicago em primeiro de maio de 1886, violentamente reprimida pelas forças de segurança. A data tornou-se o Dia do Trabalho em muitos países, mas não nos Estados Unidos.
“Há sete ou oito anos estive em Chicago e pedi aos amigos que me receberam que me levassem onde aconteceram os protestos. Mas me surpreendi porque eles não conheciam a história”, disse ele. “Só recentemente recebi uma carta deles contanto que tinha acabado de haver uma manifestação na cidade, para lembrar as greves daquela época”, completou.
O escritor, de 72 anos e mundialmente conhecido pela obra "As veias abertas da América Latina", também lembrou o médico italiano Bernardino Ramazzini (1633-1714), precursor da medicina do trabalho. Segundo o uruguaio, o médico natural de Pádua escreveu o primeiro tratado do gênero, vinculando tipos de ocupações laborais com enfermidades específicas.
“Mas ele também escreveu que pouco poderia ser feito com as condições de vida daquelas pessoas, que comiam mal e trabalhavam de sol a sol”, afirmou. Ainda sobre a dureza do trabalho, Galeano lembrou que em 1998 a França reduziu a jornada a 35 horas por semana, mas a medida já foi desfeita.
“Era o sonho de Thomas Morus. Para que servem as máquinas, senão para ampliar nossos espaços de liberdade? Mas acabou em apenas 10 anos. Para o trabalhador, restou desemprego e angústia”, disse o uruguaio, lembrando a crise financeira global iniciada em 2008.
Galeano ainda citou o pouco interesse dos países e grandes empresas pelos 189 acordos e convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), dos quais só 14 foram ratificados pelos Estados Unidos.
“Justamente o país em que o primeiro de maio não é celebrado”, destacou. Ao encerrar sua participação, Galeano contou a história de Maruja, trabalhadora doméstica e moradora de Lima, no Peru, também disponível em seu último livro. É esta que segue:
"Marzo, 30, Día del servicio doméstico"
"Maruja no tenía edad.
De sus años de antes, nada contaba. De sus años de después, nada esperaba.
No era linda, ni fea, ni más o menos.
Caminaba arrastrando los pies, empuñando el plumero, o la escoba, o el cucharón.
Despierta, hundía la cabeza entre los hombros.
Dormida, hundía la cabeza entre las rodillas.
Cuando le hablaban, miraba el suelo, como quien cuenta hormigas.
Había trabajado en casas ajenas desde que tenía memoria.
Nunca había salido de la ciudad de Lima.
Mucho trajinó, de casa en casa, y en ninguna se hallaba. Por fin, encontró un lugar donde fue tratada como si fuera persona.
A los pocos días, se fue.
Se estaba encariñando."
* Viagem realizada a convite do Clacso
FENAJ lança relatório de violências contra jornalistas e Comissão Memória, Verdade e Justiça
Publicado em: http://www.fenaj.org.br/ | |
Em
solenidade realizada no dia 10 de novembro, durante o 35o Congresso
Nacional dos Jornalistas, a FENAJ lançou o relatório “Violência e
Liberdade de Imprensa no Brasil 2011”, elaborado por sua Comissão de
Direitos Humanos e anunciou os preparativos para a instalação da
Comissão Nacional “Memória, Verdade e Justiça” dos jornalistas, que visa
colher informações e depoimentos sobre jornalistas agredidos na
ditadura militar a serem, posteriormente, encaminhados à Comissão
Nacional da Verdade do Governo Federal.
"Os autores dos crimes, por quererem calar aquele que por ofício denuncia, revela e exige justiça, quase sempre representam o surgimento de um estado dentro do estado. Uma espécie de pára-estado que, à revelia da lei e da justiça, julga e justicia aqueles que incomodam seus interesses. A morte de jornalista é o início da morte do estado de direito", sentencia o presidente da FENAJ, Celso Schröder, na apresentação do relatório “Violência e Liberdade de Imprensa no Brasil 2011”. O documento, distribuído aos Sindicatos de Jornalistas e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, entre outros órgãos federais e internacionais, registra 60 casos de violências contra jornalistas praticadas em 2011. Delas constam 24 agressões físicas e verbais, 10 ameaças, 6 assassinatos, 3 atentados, 7 censuras e processos judiciais e 3 casos de detenção e tortura. O estado "campeão" em número de registros foi o Pará, com 9 casos, seguido de São Paulo, com 8 registros. Entre os temas que motivaram a violência contra jornalistas no país, destacaram-se as denúncias contra políticos ou contra a administração pública, com 16 registros. Presente na solenidade onde também foi anunciada a criação da Comissão Nacional “Memória, Verdade e Justiça” dos jornalistas, Gilney Viana, assessor especial da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e coordenador do Projeto Direito à Memória e à Verdade da SDH, exibiu um documentário produzido em 2009, alusivo aos 30 anos da anistia, com imagens inéditas do período da ditadura. Nos debates, destacou-se que, apesar da ampla campanha Nacional pela Anistia Geral e Irrestrita, a Lei da Anistia aprovada foi um acordo das elites que não reparou os crimes cometidos contra os ativistas políticos e seus familiares que foram vitimas da repressão e isentou os autores e mandantes da violência de Estado. Os trabalhos da Comissão Nacional “Memória, Verdade e Justiça” dos jornalistas serão coordenados pelo diretor da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade. Entre os nomes cotados para compor a Comissão estão Audálio Dantas, Carlos Alberto Oliveira (Caó), Nilmário Miranda e Rose Nogueira. Após consulta aos indicados, a FENAJ fará o lançamento oficial da Comissão. A expectativa é de que o levantamento esteja concluído até agosto de 2013. |
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