domingo, 11 de abril de 2010

"Teatro Oficina: um dia para não esquecer, diferente daqueles, dos anos de chumbo"

Teatro Oficina. São Paulo, 0704/2010. Foto: Clayton de Souza/AE

“Por muitos anos tentei recalcar para poder sobreviver e viver de novo os danos causados pela ditadura no meu corpo, na minha alma, no meu trabalho profissional e no de minha criação o que vale também para o corpo físico do Teatro Oficina. Posso afirmar que a ditadura operou sobre mim e o Oficina o que Glauber Rocha chamava de assassinato cultural. Eu e o teatro fomos assassinados socialmente. Muitos achavam mesmo que eu tinha morrido, me apontavam como vítima que a ditadura tinha eliminado, consideravam que eu e o teatro não teríamos mais uma segunda vida. Foram 15 anos de uma luta enorme para provar a mim mesmo que eu estava vivo de novo. Não falava quase em tortura ou em repressão, somente através de atos teatrais. Reaberto o teatro, foram mais de dez anos de muito sucesso para provar que nós tínhamos ressuscitado.”

Palavras do diretor teatral Zé Celso que sofreu na pele as arbitrariedades da Ditadura Militar.O diretor teatral foi preso, torturado e exilado durante os anos de chumbo. Em cerimônia realizada hoje (07/04), no Teatro Oficina, Zé Celso recebeu membros da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que tem a função de analisar os requerimentos de pessoas que foram vítimas de perseguição política entre 1946 e 1988 (lei 10.559/2002).

Teatro Oficina. São Paulo, 0704/2010. Foto: Clayton de Souza/AE

Como bom anfitrião, o diretor recebeu a 35.ª Caravana da Anistia, com a peça ‘O Banquete’. Realidade e ficção se misturaram no evento. Zé Celso enviou requerimento de pedido de ‘indenização por prejuízos causados pela ditadura militar’ no dia 8 de dezembro de 2004 à Comissão da Anistia.

Teatro Oficina. São Paulo, 0704/2010. Foto: Clayton de Souza/AE


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