segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Mazelas da educação e do jornalismo

Fotografia Taís Ferreira

Artigo de Rogério Hilário/Vicente Paulo dos Anjos - Diretores do SJPMG
Publicado no jornal Pauta 173


Ao se negar a aplicar os recursos públicos – impostos pagos pelo cidadão – na educação, o governo de Minas Gerais constrói a curto, médio e longo prazos, o aumento da violência no nosso Estado, além de retardar o nosso desenvolvimento. Seguindo a mesma lógica, os proprietários da mídia também optam por poupar o governo, ao deixar de tratar o tema educação pública com mais profundidade e compromisso com todo o povo mineiro.


Nós jornalistas, talvez pela remota possibilidade de uma greve da categoria, face à pressão do governo do Estado sobre as redações e/ou por interesses inconfessáveis dos donos da mídia, produzimos uma cobertura na maioria das vezes equivocada da paralisação dos educadores de Minas Gerais.


Desde o dia 8 de junho, os trabalhadores em educação estão de braços cruzados pelo cumprimento de uma lei federal, que a administração estadual interpreta de forma claramente prejudicial aos profissionais do ensino e, sobretudo, às crianças, adolescentes e jovens. Será que é difícil entender que o piso de R$ 712, 20 para 24 horas semanais de aula, que nivela por baixo toda uma categoria e acaba com a carreira do magistério, é inaceitável? Ou que o subsídio, que traz as mesmas armadilhas, também é um absurdo?


Não é admissível que, diante deste quadro de precariedade das escolas, onde falta investimento e sobra violência e desprezo, o mais importante para a mídia, que influencia a opinião de boa parte da população, seja o congestionamento. Afinal, engarrafamentos acontecem, por incompetência na administração do trânsito, todos os dias. E nem por isso há questionamentos mais contundentes. Aliás, educação pública só dá pauta quando há greves, agressões ou furtos em escolas.


Há mais de 40 anos os profissionais do ensino público em Minas Gerais travam verdadeiras batalhas contra governos que, incompetentes e insensíveis, insistem em destruir a educação, talvez com o objetivo de privatizá-la.


O povo mineiro precisa acordar: o governo recolhe impostos e não aplica na educação, obrigando o contribuinte a pagar escola privada para seus filhos. Portanto, o contribuinte paga duas vezes pelo mesmo serviço.


A realidade da educação pública em Minas explica o aumento da violência no nosso Estado, em praticamente todo o seu território. Os recursos que hoje não são investidos no setor serão gastos no futuro com os presidiários, exatamente as crianças, adolescentes e jovens aos quais é negada uma escola pública de qualidade.

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