sábado, 5 de janeiro de 2008

Amarelo Manga

Texto sinóptico: Arthur Lobato

A cor do defunto.
O sabor agri-doce
da morte.

Amarelo Manga,
com Jonas Bloch
na velha
Mercedes Benz,
“road movie”
de dia
de noite
pela periferia
do Recife velho.
Pobreza, miséria,
sofrimento, solidão,
esperança, ilusão...

O “povo” é filmado,
sem maniqueísmo,
nas esquinas,
nos locais de trabalho
e viver.

Hotel Texas
olhar de Win Wenders
sobre seu hotel decadente
chamado um milhão de dólares.

Lá estão os excluídos,
abandonados,
em um hotel abandonado,
o índio, o velho, a prostituta,
a bichinha, o padre sem fé...

Perversões:
O açougueiro,
que diz
cortando um boi,
que gente
é que é bicho
que merece morrer...

Em sua casa
não falta carne
que a mulher vomita,
reza na igreja
na cama é fria
Canibal é seu apelido
devoradora
recalcada pela religião.

Moralista,
Vomita
ao comer a carne
Que nunca falta
em sua casa...
Seu marido açougueiro
tem uma amante
que quer seu divórcio
e o seduz,
e o controla
com promessas
do sexo gostoso,
que ele
não tem
em casa.

Mas quem é de fato
apaixonado por ele
é a bichinha, cozinheira,
que joga em sua comida
pozinhos mágicos
do terreiro de candomblé.

Manda cartas para
Des-velar o amor
Revelar a amante
Para que a esposa
Separe
e ele
seja
dele.

A velha prostituta,
gorda,
sempre com asma,
sem clientes,
oxigena sua vagina.

O padre sem fé
em sua igreja tricentenária
fechada, abandonada
lacrada
com cimento.

O banquete dos mendigos:
um jantar comunitário
onde a prostituta
ao sufocar
é ajudada
pelo padre,
que passa as mãos
nos seus peitos;
bolinação explícita,
de desejos implícitos
de um padre
que perdeu a fé.

O velho,
dono do hotel
não liga para nada,
e dorme,
morrendo.

O velho morre,
a bichinha
entrega a carta
revelando o encontro
do marido
com a amante
para a Santa Canibal.

Ela vê o marido
trepando na rua
arranca a orelha
da vadia
e foge.

O marido chora,
busca consolo
na bichinha.
O filtro,
o feitiço do amor
funcionou.

Ele chora
a bicha consola
Convida
a ir ao quarto,
eles vão...
Mas ante a visão do morto
marido vai para casa.
Perdeu o amor,
a família
a amante,
e sua dignidade.

O padre não tem
coragem
de enfrentar
a morte do amigo
“Chame um pastor!”

Jonas
Procura defuntos
Amarelo Manga,
cor e sabor
Lambe seu corpo
quente
atira nele
e goza
“Desvio quanto ao objeto e objetivo”.S.F,

Troca fumo
por defuntos
com o motorista
do rabecão.

A bela ruiva
que atura
os bebuns
explode
expulsa
perdoa.
Mostra
seus pelos
Pubianos
ruivos
e o homem
que amava defuntos
Amarelo Manga
sonha
com aquela
púbis ruiva
vagina delicada
e poderosa,
exibida.
ao levantar
o vestido.


O marido briga
com a amante
e desconta
no telefone.

E o homem
Que ama
Amarelo Manga
pega aquela
Canibal
que estava
morta por dentro.
Sexo Selvagem
Perversão?????
Escova de cabelo no cu
cigarrinho aceso
ela morreu?


Filme amargo,
de revoltas
cru, real, sofrido.
belíssimo
ao mostrar
o vazio do ser humano

a fragmentação
de
Desejos
paixões
Perversões,
exclusão
Abandono, revolta, desespero.

Amarelo Manga
A cor do brasileiro
mestiço
A cor do cabelo
da canibal
que renasceu
na cama
do necrófilo
pinta o cabelo
de Amarelo Manga
símbolo da libertação
da morte
de um desejo
pervertido?
Agora
bem resolvido
ao encontrar
sua
Sexualidade Canibal
não mais recalcada pela fé
luta
Evangélicos (bem)
X
O Mal (excluídos).


Amarelo Manga:
A falência de uma nação
refletida nos seres
perdidos
sofridos
anestesiados por uma tv
sempre ligada,
mesmo no velório,
junto com
o rádio
da igreja evangélica.

Amarelo Manga,
Um filme
De Cláudio Assis

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