Intervozes promove debate e lança cartilha sobre fake news e desinformação
-
Nos últimos anos, a expressão fake news se popularizou mundialmente e o seu
impacto na política e na vida social passou a mobilizar esforços em
diversos pa...
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Dunga custa dinheiro à Globo. Simples assim
Redação
Carta Capital
Publicamos ontem a opinião de Juca Kfouri e Carlos Heitor Cony sobre a desavença entre o Dunga e a TV Globo. Agora, os jornalistas Luiz Carlos Azenha e Rodrigo Vianna falam o que pensam sobre a saia justa entre o técnico e a emissora carioca
Técnico sabe que ‘inimigos’ externos podem motivar qualquer grupo
Por Luiz Carlos Azenha*
O primeiro jogo do Brasil na Copa rendeu 45 pontos no Ibope à TV Globo. Contra a Costa do Marfim, num domingo, foram 41 pontos. A Bandeirantes marcou 10 pontos nas duas ocasiões. Do total de televisores ligados na hora do jogo, 87% estavam sintonizados nas partidas. É menos que no passado, ainda assim uma enormidade. É preciso levar em conta que hoje há outras opções para ver o jogo: emissoras a cabo e via satélite, por exemplo.
Além disso, como muitas pessoas se reúnem para ver as partidas em bares ou em casas de parentes, fica difícil quantificar a audiência exata. Mas o fato é que a Globo ganha em qualquer circunstância: ganha na própria Globo, na SporTv, nas assinaturas de TV a cabo e assim por diante. Portanto, de fato, a Globo não tem nenhum motivo para torcer contra o Brasil. Quanto mais longe for o Brasil, maior o retorno e o lucro.
Onde é que Dunga prejudica a Globo, então? Nos dias e horários em que não há jogo. Para a emissora, a Copa do Mundo era no passado um evento importante para alavancar a audiência de toda a programação. Os jogadores da seleção brasileira costumavam desempenhar o papel de um cast alternativo. O acesso exclusivo aos jogadores e integrantes da comissão técnica garantia aos telejornais audiências bem acima da média durante a Copa do Mundo. A exclusividade no acesso à seleção teria um papel ainda mais crucial este ano. Hoje as pessoas se informam em tempo real através de emissoras de rádio ou da internet e não precisam mais ficar sujeitas à ditadura da programação para obter notícias somente depois das 8 da noite, no Jornal Nacional. A não ser que uma emissora tivesse o monopólio das notícias importantes sobre a seleção, o que deixou de acontecer.
É cedo, obviamente, para fazer qualquer tipo de análise da audiência de TV durante a Copa. Até agora parece não ter havido uma revolução nos números, a não ser durante os jogos do Brasil. Nos últimos dias a Record, por exemplo, tem perdido alguns pontos de audiência aqui ou ali, de acordo com a importância do jogo transmitido pelas rivais. Mas, curiosamente, o Jornal da Record, que compete diretamente com o Jornal Nacional, tem tido números consistentes com a audiência que tinha antes do evento.
Será que o Dunga pensou em prejudicar a Globo ao implantar a isonomia na seleção, ou seja, tratamento igual para iguais? Claro que não. O técnico da seleção brasileira sabe que um fator importante para motivar qualquer grupo é encontrar um ou mais “inimigos” externos. Sabe que é absolutamente essencial passar ao grupo a impressão de que não privilegia este ou aquele jogador, especialmente quando a exposição na TV, durante uma campanha vitoriosa, pode render contratos milionários. Sabe o quanto a ciumeira despertada por um relacionamento “especial” de um jogador com este ou aquele repórter, este ou aquele narrador, pode custar caro ao grupo.
A diferença entre Dunga e a Globo encontra-se no calendário distinto pelo qual ambos se regem: a emissora precisa ganhar tudo agora, comercialmente tem pouco a faturar depois que o Brasil chegar à final; Dunga só irá ao banco descontar o cheque milionário se e quando garantir o título. A Globo precisa de um cast. Dunga precisa de um time. Minha sugestão à emissora do Jardim Botânico é que crie uma seleção cenográfica lá no Projac. Garanto que pouca gente vai notar a diferença.
Dunga dá uma surra na TV Globo: os meninos mimados perderam privilégios
Por Rodrigo Vianna**
A política suicida da Globo parece não ter limites. Primeiro foi na cobertura política. Depois de anos de esforço para superar a marca de emissora golpista e manipuladora (esse esforço se deu na gestão de Evandro Carlos de Andrade como Diretor de Jornalismo, e com a participação ativa de Amauri Soares na sucursal de São Paulo), a Globo mostrou as garras na eleição de 2006. Acompanhei tudo de perto; eu era repórter de política na Globo, e estive no grupo de jornalistas que internamente não aceitaram a linha de cobertura adotada pela emissora. Por causa disso, saí da Globo, e expus meus motivos numa carta interna aos colegas de Redação; carta essa que acabou vazando na internet.
Agora, a direção da Globo empurra a emissora para o suicídio também na cobertura esportiva. A Globo manda no futebol brasileiro. Isso todo mundo sabe. Muitos clubes sobrevivem da grana que a Globo adianta, como pagamento por “direitos de transmissão”. A Globo sempre teve, também, privilégios na cobertura da seleção brasileira. Todo jornalista sabe disso. Aqui na África do Sul, um colega lembrava da Copa da França, em que a Globo tinha uma “salinha” exclusiva para as entrevistas com jogadores. Tudo acertado com a CBF. As outras emissoras esperneavam, e a Globo manobrava nos bastidores. Com habilidade.
Pois bem. A atual direção da Globo resolveu explicitar as coisas. Fez um striptease público. Tudo porque o técnico Dunga decidiu acabar com as “salinhas” da Globo. No domingo, Dunga brigou com o Alex Escobar (comentarista da Globo). O motivo? Escobar queria entrevistas exclusivas com jogadores, e Dunga vetou. O jornalista Mauricio Stycer conta . tudo aqui
No passado, a Globo manobraria nos bastidores, e talvez arrancasse alguma concessão de Dunga. Mas a arrogância (e a burrice) da atual direção da emissora não tem limites. Resolveram fazer um editorial contra o Dunga! É tudo muito didático para o público…
É como se houvesse um menino rico acostumado a comer sempre o primeiro pedaço do bolo nas festinhas da escola. Um dia chega o professor novo e diz: “você pode ser rico, mas aqui tem que pegar fila pra comer o bolo”. O menino rico, em vez de avisar o pai e manobrar em silêncio pela demissão do professor, resolve chorar no meio do pátio, e ainda pendura um manifesto na porta da escola: “eu sou rico, tenho direito ao primeiro pedaço do bolo”.
O menino rico, e mimado, joga a escola inteira contra ele. Talvez consiga a demissão do professor. Mas a comunidade inteira agora sabe que esses privilégios existem.
A Globo conseguiu isso. Na guerra entre Globo e Dunga, o Brasil fica ao lado do técnico.Vejam a enquete do UOL sobre o assunto: o Dunga dá uma surra na Globo.
O povo não aguenta mais a arrogância da Globo. Os Marinho vão pagar caro por ter dado poder a gente como Ratzinger e sua turma.
Mas o Dunga que se cuide. A Globo vai tentar triturá-lo. Diante da primeira derrota, ele será demolido. O Dunga devia bater um papo com o Lula…
*Matéria originalmente publicada no site Vi o mundo
Vi o mundo
**Matéria publicada originalmente no site
O Escrevinhador
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário